Astonishing X-Men: obra-prima de Joss Whedon e John Cassaday.

Este post foi originado na época da estreia de X-Men – Primeira Classe, em 2011, mas desde então, foi atualizado. Aqui, se inicia uma série de 4 Posts Especiais nos quais o HQRock traz a história dos X-Men nos quadrinhos para aqueles que não conhecem a equipe em profundidade em sua mídia de origem poderem saber um pouco mais como o grupo evoluiu em sua cronologia; e para aqueles que conhecem relembrarem seus melhores momentos.

Àqueles não muito familiarizados com os X-Men nas HQs, vale a nota: a equipe surgiu em sua própria revista em 1963 nas mãos dos arquitetos maiores do Universo Marvel, Stan Lee e Jack Kirby, mas passou longe de ser a melhor obra da dupla. Os mutantes prosseguiram sendo publicados ao longo da década de 1960 sem muito sucesso e foram cancelados e sumiram das bancas em 1970. Foi somente a partir de 1975 que os X-Men foram totalmente reformulados por artistas como Len Wein, Dave Crockum, Chris Claremont e John Byrne, e foi nessa segunda leva que se tornaram os heróis que a maioria conhece, inclusive, adicionando membros como Wolverine e Tempestade.

Nesta primeiro post, vamos nos concentrar nessa primeira parte indo do início até meados dos anos 1980.

Magneto na Arte de Dave Crockum.

Direitos Civis

Os anos 1960, nos Estados Unidos, foram marcados pela emergência dos movimentos pelos direitos civis. Os afrodescendentes sofriam uma situação social de marginalidade que era instituicionalizada e gerou uma reação ainda na década anterior. Ao confrontar a sociedade “padrão” dos brancos, os negros sofreram grande resistência e reagiram. Para se ter uma ideia, o ambiente dos EUA na passagem da década de 1950 para a seguinte não era tão diferente do Aparthaid da África do Sul nos anos 1980, por exemplo. Nos EUA, os negros do Sul não podiam sentar nos assentos dos ônibus ou, se pudessem, tinham que ceder lugar para um branco caso ele estivesse em pé. As escolas eram segregadas e os espaços públicos também.

O visual “com farda” dos X-Men no início dos anos 1960.

Por isso, surgiram vários movimentos de resistência, alguns bem radicais. Havia uma ala mais “moderada” que pregava a convivência pacífica entre brancos e negros, liderada pelo pastor Martin Luther King Jr., que organizou a famosa Marcha pelos Direitos Civis em Washington, DC, em 1964; e, por outro lado, existia uma facção que pregava a violência e a supremacia dos negros perante os brancos, liderada por Malcoln X. Nenhum dos dois sobreviveu aos anos 1960, pois ambos foram assassinados.

Antes disso, porém, esse conflito de ideias influenciou os quadrinistas Stan Lee e Jack Kirby a escreverem sobre isso. Ambos vinham de famílias judias e entendiam de segregação. Como o tema era muito inflamado e os quadrinhos sofriam rigorosa fiscalização moral, a dupla criadora do Universo Marvel decidiu disfarçar um pouco a questão e criou o conceito de mutantes: seres humanos que nascem com habilidades especiais (superpoderes) que os diferem dos outros, normais. Isso leva a um ambiente de segregação e perseguição por parte da sociedade, nascendo a famosa frase de Lee: “heróis que são odiados pela humanidade que juraram defender”.

A capa de “Uncanny X-Men 01”, de 1963, por Jack Kirby.

Assim, o Professor Charles Xavier encarna o ideal de convivência pacífica de Martin Luther King, e funda os X-Men para proteger a humanidade e os mutantes (inclusive deles próprios); por outro lado, há o terrorista conhecido como Magneto, que reúne a Irmandade de Mutantes, encarnando o ideal violento de supremacia de Malcoln X.

Lee e Kirby dlinearam esse contexto complexo e de fundo político desde o primeiro número de The Uncanny X-Men 01, lançada em setembro de 1963.

Os Patinhos Feios da Marvel

Como se incorporassem o conceito no qual estavam inseridos, a revista dos X-Men nunca “decolou”, nunca fez sucesso como suas irmãs que traziam o Quarteto Fantástico, Homem-Aranha, os Vingadores, Homem de Ferro, Hulk, Thor etc., também produzidas por Lee, Kirby e outros colaboradores. Apesar disso, Lee – que também era o Editor-Chefe da Marvel – insistiu o máximo que pôde para que a revista ganhasse mais leitores, produzindo histórias muito interessantes.

Os primeiros números de X-Men traziam justamente confrontos dos X-Men com a Irmandade de Mutantes de Magneto, procurando delinear bem as personalidades de cada um de seus membros e os ideias que perseguiam.

Magneto (ao centro) lidera a Irmandade de Mutantes na capa de “Uncanny X-Men 04”, de 1964, por Kirby.

A equipe original dos X-Men era formada por: Ciclope (Scott Summers), o líder de campo e capaz de disparar rajadas ópticas de grande intensidade; Garota Marvel (Jean Grey), uma telecinética, ou seja, podia mover objetos com o poder da mente; Fera (Hank McCoy), um jovem brilhante que tem aparência meio animalesca (pés e mãos muito grandes, corpo arqueado) e força, velocidade e agilidade muito acima dos níveis normais, também o mais velho do grupo; Homem de Gelo (Bobby Drake), capaz de recobrir o corpo com uma rígida camada de gelo e manipular a umidade para formar peças de gelo como pontes, estacas e bolas, além de ser o caçula da equipe; e Anjo (Warren Worthington III), um jovem milionário dotado de asas que lhe permitiam voar. Todos eram adolescentes, na faixa dos 14 aos 17 anos.

Lee e Kirby definiram que Xavier era não somente um telepata, mas “a mente mais poderosa do planeta” e financiava os X-Men com sua fortuna, transformando sua mansão na Escola para Jovens Superdotados do Professor Charles Xavier, uma fachada para treinar mutantes no uso pacífico de seus poderes. Além disso, havia certo drama nele pelo fato de uma mente tão poderosa ser confinada em um corpo paralítico, de modo que usava uma cadeira de rodas. Sua calvice total lhe dava uma imagem idosa, mas os autores terminaram mostrando que ele era mais jovem do que aparentava e que a ausência de cabelos era consequência de seus vastos poderes telepáticos, de modo que era calvo desde a adolescência. Como a equipe era adolescente e Xavier um “adulto”, seu papel era paternal com todas as vantagens e desvantagens inclusas: podia ser chato e controlador muitas vezes.

Já a Irmandade de Mutantes era formada por Magneto (seu nome Erik Lehnsherr só seria revelado décadas depois), dotado de poderosos poderes magnéticos que o permitiam manipular qualquer substância metálica; os outros membros eram mais voláteis: o velocista Mércurio (Pietro Maximoff) e sua irmã Feiticeira Escarlate (Wanda Maximoff), capaz de manipular a realidade, eram mantidos na equipe quase como reféns, porque Magneto havia lhes salvado a vida e não concordavam inteiramente com os métodos do vilão.

Os X-Men combatem os Sentinelas na arte de Jack Kirby.

Os outros membros da Irmandade eram meros coadjuvantes, como Groxo (dotado de agilidade), Mestre Mental (podia manipular mentes e criar ilusões) e Blob (um sujeito gordo que era invulnerável e impossível de ser removido de um lugar).

As tramas de Lee e Kirby investiam ainda na caracterização adolescente de seus protagonistas e seus problemas. Drake sofria por ser o caçula, “quase uma criança”, McCoy sofria por sua aparência; Worthington era arrogante e autoconfiante, “dando em cima” sem piedade da colega Jean Grey, que por sua vez, era apaixonada por Scott Summers que, entretanto, era muito tímido para declarar-se a ela. O líder, além da pressão de comandar os companheiros, também tinha que viver cercado de cuidados, porque suas rajadas ópticas eram incontroláveis, o que lhe obrigava a usar um óculos com lentes de quartzo de rubi vermelho que era a única substância conhecida capaz de contê-las. A vigilância tinha que ser constante, pois um simples tropeço que fizesse seus óculos caírem podiam causar uma tragédia ou matar alguém.

Charles Xavier nos quadrinhos.

Plágio da DC?

Uma das primeiras polêmicas em torno dos X-Men se deu por questões editoriais e foi bem no início: criou-se a impressão de que os mutantes de Lee e Kirby eram um plágio da Patrulha do Destino, criada por Arnold Drake na revista My Greatest Adventure um mês antes da estreia da equipe de Xavier. Como a indústria de quadrinhos era pequena e praticamente todos se conheciam, não é impossível que Stan Lee tenha sabido da produção do novo grupo de Drake e tenha “copiado” algumas ideias. Ou o contrário…

O fato é que realmente existem algumas coincidências grandes demais entre as duas equipes, sendo a principal ambas terem como líder um senhor de maior idade, preso em uma cadeira de rodas e meio severo no tratamento aos seus pupilos. Também o fato dos membros serem párias dentro da sociedade. E, por fim, ambos os grupos combateram outro chamado Brotherhood of Evil (Irmandade do Mal), embora a da Marvel tenha adicionado “mutans” no final (ficando The Brotherhood of Evil Mutants, a Irmandade dos Mutantes Malignos; sempre chamada no Brasil apenas de Irmandade de Mutantes).

Outro elemento curioso relacionando os X-Men à DC Comics vem de uma teoria dos fãs: a de que Lee e Kirby tenham criado os poderes da equipe a partir do Superman. Daí, Ciclope disparar rajadas ópticas tais quais a visão de calor; o Fera ser super-forte; o Anjo voar; o Homem de Gelo corresponder ao sopro gélido; e a Garota Marvel usar a telecinese para criar campos de força, equivalentes à invulnerabilidade. Isso nunca foi confirmado pelos autores, mas faz algum sentido, embora um pouco mais fraco no caso de Jean Grey.

Outro ponto sobre a criação dos X-Men dizem respeito a personagens prévios da Marvel. Quando Stan Lee criou (ao lado de Kirby, Don Heck, Steve Ditko, Larry Lieber e alguns outros) o Universo Marvel moderno, se tornou prática trazer de volta alguns velhos personagens – notadamente, o Capitão América e Namor (criados em 1941 e 1939, respectivamente) – ou criando novas versões de velhos personagens, como é notável no caso do Tocha Humana (o original é de 1939, mas o jovem do Quarteto Fantástico é outro personagem totalmente diferente, apenas com a mesma aparência, poderes e nome).

Em 1939, a Marvel também tinha criado um personagem chamado Anjo, embora neste caso, não tivesse nenhuma outra relação com o membro dos X-Men para além do nome em si. Mas lançar um novo personagem com o nome era uma forma de manter o copyright. Além disso, o Homem de Gelo guarda bastante semelhanças com Jack Frost, um herói dos anos 1940, embora o nome Jack Frost terminou sendo usado em um vilão do Homem de Ferro (chamado no Brasil de Nevasca).

Desenvolvendo o Universo Mutante

Stan Lee falou bastante sobre a criação dos X-Men e sempre afirmou que ficou intrigado com a palavra “mutant” após lê-la em um livro – vale lembrar que essa não era uma palavra comum em 1963. A ideia de mutação genética lhe deu a impressão de seres humanos aprimorados, o que o escritor vinculou aos super-heróis. Daí, veio a ideia de super-seres que, ao invés de ganharem seus poderes em acidentes científicos – como Hulk, Homem-Aranha e tantos outros – existissem heróis que simplesmente já nascessem com tais poderes, por causa da mutação genética.

Na época, Lee era o editor-chefe da Marvel Comics (e o principal escritor), mas respondia ao publisher (e dono da empresa) Martin Goodman. Lee levou a ideia de uma nova série em quadrinhos chamada The Mutants, mas Goodman detestou o nome, que pensou que afastaria os leitores.

Apostando na própria ideia, Lee pensou em uma alternativa e chegou ao termo “x-men”, como seres humanos com habilidades extras e daí conseguiu o sinal verde de Goodman.

Stan Lee e Jack Kirby por volta de 1965.

Nunca ficou claro, contudo, como se deu o desenvolvimento dos personagens para a revista. A despeito de Jack Kirby ter criado todos os visuais, também é dito por alguns estudiosos que foi ele quem realmente desenvolveu o núcleo principal, com os X-Men, Xavier e Magneto, inclusive, seus poderes. É possível.

Mutantes entre Nós

The X-Men 01 chegou às bancas em setembro de 1963, dois anos após a estreia do Quarteto Fantástico (que deu início à Era Moderna da Marvel) e dois meses após a estreia dos Vingadores. Era, portanto, o terceiro super-grupo de heróis da editora. Curiosamente, a revista se tornaria conhecida como Uncanny X-Men, mas este título só seria oficializado na edição 141, de 1981, ou seja, quase 20 anos depois!

Ao contrário dos demais títulos da Marvel, que sempre traziam adjetivos prévios – Fantastic Four, The Incredible Hulk, Amazing Spider-Man, The Mighty Thor – a revista X-Men não tinha nada disso, só o nome da equipe. Talvez, Stan Lee pensasse que extra já era um adjetivo. Somente algum tempo depois, a revista ganhou a chamada All New All Different para X-Men.

Primeira página de X-Men 01, por Lee e Kirby.

O grupo de mutantes estreou em sua própria revista – um luxo na Marvel naqueles tempos, pois ainda era uma editora pequena e tinha um limite de quantas revistas podia publicar por mês. Para se ter uma ideia, o Homem de Ferro não tinha revista própria e suas aventuras eram publicadas em Tales of Suspense, que seria mais tarde a casa do Capitão América também. Thor era publicado em Journey Into Mystery (revista que mudaria o título para The Mighty Thor em 1967). Tales to Astonish publicava histórias do Homem-Formiga e Vespa e depois abrigou as aventuras de Hulk e Namor; o Doutor Estranho saia em Strange Tales.

X-Men 01 trouxe o ponto de partida do universo mutante, com texto de Stan Lee e arte de Jack Kirby, numa trama que mostrava a equipe mutante enviada pelo professor Charles Xavier para deter o mutante terrorista Magneto de tomar o controle de uma base de mísseis. Contudo, quando se inicia algo, não se tem noção do que aquilo será. Lee e Kirby jamais imaginaram que aquela estranha revista que estavam criando se tornaria o maior fenômeno da indústria de HQs 20 anos depois.

Isso ajuda a entender as várias inconsistências que a revista traz. Por exemplo, Xavier diz que aquela é a primeira missão dos X-Men, algo que será contradito por lançamentos futuros. Curiosamente, a história começa com Jean Grey ingressando na Escola para Jovens Super-Dotados do Professor Xavier e ela logo se torna uma x-man e sai com o grupo em batalha, o que é uma falha, pois sequer teve tempo de treinar e se integrar aos colegas. Outra coisa curiosa é que é dito na trama que aquela é a primeira vez que Jean e Xavier se encontram pessoalmente após terem se correspondido por algum tempo, algo que também será contradito por revistas futuras.

A trama estabelece que a Escola de Xavier (localizada em Westchester, em Salem Center, no Estado de Nova York) é a fachada para os X-Men e que o professor os treina para combaterem mutantes malignos, o que dá um caráter paramilitar ao time, embora esse aspecto nunca tenha sido bem explorado. Ao mesmo tempo, é dito que a Escola oferece mesmo um programa regular, embora nunca fique claro qual é esse currículo e Xavier parece ser o único professor residente. Todos estão estabelecidos na Mansão de Xavier, mas nunca vemos criados ou o staff próprio da casa, embora edições futuras façam menção a um cozinheiro, que nunca aparece.

Outro ponto interessante é que Xavier diz, na revista, que perdeu o uso das pernas em um acidente quando era criança, uma informação que será contradita muito em breve nas tramas seguintes.

A primeira aparição de Magneto, por Lee e Kirby.

Xavier também diz que ele é o primeiro mutante, o que dá ao fenômeno da mutação uma temporalidade bastante recente, mas esse elemento também será contradito nas histórias posteriores. Xavier também diz que seus pais eram cientistas (no futuro eles serão batizados de Brian e Sharon Xavier) que trabalharam no programa da bomba atômica e que a radiação poderia ser a responsável por seus poderes. Em contrapartida, fica subtendido que Magneto também é um líder mutante, pois é ele quem primeiro pronuncia o termo homo superior para designar os mutantes.

Os X-Men vão a campo, sem Xavier, para impedir Magneto de roubar os mísseis de Cabo Canaveral (a principal base dos EUA, local onde seriam realizados os lançamentos de veículos espaciais no futuro – porém, na revista, Lee e Kirby optaram por usar um nome ficcional, Cape Citadel, o que será abandonado nas referências futuras a essa aventura) e, apesar da batalha ser acirrada, o grupo vence o vilão com certa facilidade na revista. Xavier celebra a prova de fogo do time.

X-Men 02 chegou às bancas em novembro de 1963 (as revista da Marvel em sua maioria eram bimestrais no início para que a editora pudesse pôr mais revistas nas bancas) e traz uma trama um pouco mais movimentada. Nela, um novo terrorista mutante chamado Vanisher (com poderes de teletransporte) aparece e ameaça roubar planos de defesa no Pentágono, nos EUA. A aventura dá um pouco mais de contexto ao mundo da equipe, colocando em ação o agente do FBI Fred Ducan e o tenente-general Fredericks, que já havia aparecido brevemente numa revista do Quarteto Fantástico e que seria um personagem recorrente nas revistas dos X-Men no início. A edição também introduz a Sala de Perigo como um amplo ginásio modificado cheio de maquinaria embutida no chão e nas paredes criada por Xavier para treinar as habilidades mutantes de seus alunos.

Na trama, Vanisher aparece no Pentágono anunciando que irá roubar planos secretos do governo e, depois, cumpre sua ameaça. Ele alicia alguns gangsteres para se unir à sua causa e tem a batalha contra os X-Men em frente os jardins da Casa Branca. Este último elemento é interessante, porque com a Mansão X localizada no estado de Nova York e a primeira aventura na Flórida e esta segunda em Washington-DC, dando bastante mobilidade aos X-Men, bem mais do que tradicionalmente nos heróis da Marvel, tão fincados na cidade de Nova York.

Na batalha final, os X-Men têm bastante dificuldade de derrotar Vanisher, então, pela primeira vez, o Professor X toma parte da batalha, elemento recorrente nos primeiros anos da revista. Neste caso, a ação de Xavier é impressionante, pois ele simplesmente apaga as memórias do vilão, que fica sem saber quem é e o que está fazendo ali. Este ato extremo não era condizente com a postura heroica que Xavier desenvolveria ao longo do tempo, e também serve como uma “saída fácil demais”. Afinal, se esse é o nível de poder do telepata, porque ele simplesmente não faz isso toda a vez? Por que não faz isso em Magneto?

Ou seja, a ação de Xavier torna os próprios X-Men irrelevantes e redundantes. Lee e Kirby parecem ter percebido isso imediatamente e a postura do personagem – e seu nível de poder – já muda na edição seguinte.

X-Men 03 traz outra trama ainda mais movimentada, embora menos relevante, mas compensando isso com maior desenvolvimento dos personagens. Esta edição desenvolve claramente as personalidades de cada um dos membros da equipe: Ciclope aparece como um líder relutante e trazendo a típica (para Stan Lee e os tempos iniciais da Marvel) sensação de maldição por ter seus poderes; a Garota Marvel aparece como alguém forte (ela é chamada de a membro mais poderosa da equipe), mas incomodada com o assédio dos outros membros do grupo pelo fato dela ser a única mulher; Fera é mostrado como alguém intelectualizado e pouco afeito à violência; o Homem de Gelo como um menino marrento e encrenqueiro, cabeça quente, (ocupando o mesmo lugar do Tocha Humana no Quarteto Fantástico) descrito como o mais jovem de todos; e o Anjo como um playboy rico, arrogante e cheio de si.

À exceção de Jean Grey, as características dos personagens irão se manter dali em diante na longa história de publicação dos X-Men.

A trama da revista envolve, como na anterior, Xavier sondando a região em busca de mutantes e encontra Blob, um homem gordo cuja pele é impenetrável e não pode ser removido de um lugar uma vez que esteja com os pés bem fincados no chão. Ele também tem uma atitude antipática e é um bullyier. Os X-Men vão a um circo onde Blob se apresenta e tentam convencê-lo a se unir ao time. De início ele aceita, mas ao treinar com os X-Men na Sala de Perigo, percebe que é mais poderoso do que todos eles e decide ir embora trilhar o próprio caminho. De volta ao circo termina se associando ao companheiros e decidem atacar a Mansão X.

A revista lida de novo com o elemento de apagar a mente do vilão. Porém, como que para “corrigir” o número anterior, nesta edição, Xavier não é capaz disso e precisa criar uma máquina que reforce seus poderes e faça isso não apenas com Blob, mas com seus comparsas. No fim, o plano dá certo e eles vão embora sem lembrarem de nada.

Um grande problema dessa edição, para historiadores e críticos, é que na trama Xavier revela ter sentimentos por Jean Grey, dizendo amá-la, o que cria um grande dilema ético por ela ser sua aluna e muito mais nova. De qualquer modo, esse tópico seria esquecido imediatamente e não voltaria a ser citado por escritores até os anos 1990, como um ponto importante da trama da megassaga Massacre.

A capa de X-Men 04 traz Magneto e a Irmandade de Mutantes. Mas repare que as cores de Feiticeira Escarlate e Mercúrio estão erradas. (Se bem que este último adotaria a cor azul anos depois).

X-Men 04 abre um novo capítulo nas aventuras da equipe, trazendo a estreia da Irmandade de Mutantes de Magneto, como sua grande opositora. Aqui, o grupo tem Magneto como líder e a estreia de Feiticeira Escarlate, Mercúrio, Mestre Mental e Groxo como membros. Na trama, de início, Xavier entrega um bolo de presente aos seus alunos celebrando o primeiro aniversário das aulas da Escola. Não fica claro o que essa data significa, já que na edição 01 o time já está formado e conta com o ingresso de Jean Grey. O aniversário pode ser tanto dos primeiros alunos quanto contar a partir de Jean. Neste último seria curioso, pois era apenas a 4ª edição da revista e nos quadrinhos o tempo passa bem devagar para que os personagens não envelheçam.

Em seguida, retomando o aspecto geográfico mais amplo da revista, a Irmandade de Mutantes invade a república fictícia de São Marcos e tentam tomar o poder. Os X-Men vão impedir e entram em confronto. Enquanto Magneto é descrito como um déspota, a história deixa claro que Feiticeira Escarlate e Mercúrio não concordam com suas atitudes, mas não rompem por ele por algum tipo de dívida. Durante a trama, Xavier se mostra preocupado que os pupilos não possam derrotar a ameaça e vai ajudá-los, mas termina ferido em uma explosão e fica abalado, aparentemente, tendo perdido os poderes telepáticos.

No fim, a Irmandade foge, mas era apenas o início de uma trama mais longa na qual os X-Men combatem Magneto e seu grupo por cinco edições seguidas. 

Em X-Men 05, vemos pela primeira vez os pais de Jean Grey, que resolvem fazer uma visita à Escola para conhecê-la. Fingindo se tratar de uma instituição normal, Scott e Hank fazem um tour pela casa, escondendo que Xavier está ferido por causa da explosão. Sem suspeitar de nada, eles vão embora satisfeitos. No começo da cena, Hank ouve o carro deles chegar antes de todos, deixando implícito que, além da força e da agilidade também tem sentidos mais aguçados.

No campo da ação, é revelado que a base de Magneto é o Asteroide M e de lá ele tenta prosseguir com seus planos de domínio. Os X-Men terminam conseguindo uma nave e vão ao espaço invadir o covil do vilão e derrotá-lo. No fim, o Asteroide M é destruído e cai na Terra. De volta à Mansão X, a equipe é comunicada por Xavier que sua “perda de poderes” foi um embuste e era um tipo de Exame Final para ver se eles conseguiam derrotar sozinhos a Irmandade. Eles passaram!

Enquanto a edição 06 chegava às bancas, os X-Men apareciam pela primeira vez com convidados em outra revista, estrelando em Fantastic Four 28, de julho de 1964. A revista, também produzida por Stan Lee e Jack Kirby, traz o primeiro encontro dos dois grupos numa luta contra o Mestre dos Bonecos e o Pensador Louco, dois oponentes tradicionais do Quarteto Fantástico.

A luta contra a Irmandade prossegue em X-Men 06, agora, com Magneto tentando recrutar Namor, o príncipe submarino para sua causa.

Surgido na primeiríssima revista da Marvel, Marvel Comics 01, de 1939 – estreando ao lado do Tocha Humana original e do Anjo original – Namor era um atlante, os seres humanos adaptados a viver debaixo d’água. Na trama, ele é um filho mestiço de um humano com a rainha atlante, portanto, o herdeiro do trono. Crescendo entre os humanos, ele depois encontrou seu povo e o liderou. Criado por Bill Everett, Namor já tinha um quê de anti-herói desde o início e foi o responsável pelo primeiro crossover dos quadrinhos ao lutar contra o Tocha Humana. Um personagem muito popular nos anos 1940, depois da II Guerra suas vendas caíram e terminou saindo de circulação. Foi resgatado por Stan Lee e Jack Kirby como um oponente do Quarteto Fantástico em Fantastic Four 03, de 1962. Na história, saindo do Quarteto após uma briga, Johnny Storm – o novo Tocha Humana – busca um abrigo e encontra um sujeito com amnésia, mas dotado de super-força. Após descobrir que ele é Namor, o lança no Rio Hudson e a memória retorna, mas ao regressar a Atlântida, o príncipe submarino descobre que ela foi destruída por um teste de uma bomba nuclear e decide se voltar contra a humanidade, lutando contra o Quarteto e regressando outras vezes.

Quando da publicação de X-Men 06, Namor já tinha sido chamado de “o primeiro mutante” em Fantastic Four Annual 01, de 1963, e tinha acabado de enfrentar os Vingadores em Avengers 03 e 04, de 1964.

Sendo um declarado inimigo da humanidade – e um mutante – Namor era uma lógica aliança para Magneto e a edição 06 mostra justamente o mestre do magnetismo tentando recrutar o submarino para a Irmandade, agora, alocada em uma nova base, em uma ilha remota. Os X-Men conseguem interceptar o plano e vão à ilha, terminando por lutar contra Magneto, a Irmandade e Namor, mas este percebe Magneto como um assassino e decide não participar de tal plano e vai embora. Derrotada, a Irmandade foge de novo e os X-Men regressam para casa em uma nave dos vilões. A história mais uma vez reforça como Feiticeira Escarlate e Mercúrio discordam das ações de Magneto.

Uma curiosidade de X-Men 06 é que a Garota Marvel ganha um novo modelo de máscara, com abas se destacando em seu rosto, diferenciando do capuz também usado por Ciclope, Anjo e Fera. Foi uma boa mudança, mas não duraria muito.

X-Men 07 prossegue a trama, trazendo a volta de Blob, agora, também sendo recrutado pela Irmandade de Mutantes. O vilão recobra suas memórias do confronto anterior e se alia a Magneto para ir contra os mutantes, mas no fim, percebe que está de novo lutando uma luta que não é sua e vai embora. A edição, contudo, é mais importante por outros elementos: em primeiro lugar, traz a estreia de Cérebro, a fabulosa máquina criada por Xavier para identificar outros mutantes. A segunda questão é que a revista deixa claro que Ciclope é o novo líder dos X-Men.

Na trama, Xavier aclama que o time está graduado – o que nos EUA equivale a terminar o Ensino Médio – e declara que Scott Summers é o seu novo líder; enquanto o Professor X sai de cena, dizendo que precisa resolver algumas questões pessoais, apresentando o Cérebro para que possam continuar a sua missão. A liderança de Ciclope já vinha sendo desenvolvida desde a edição 01 e ganhou força na edição 03, quando inclusive, Xavier diz que ele é o mais poderoso dos X-Men, mas o número 07 oficializa tudo. Quanto ao fim da escolaridade, é uma curiosidade, já que Bobby Drake é claramente retratado como mais jovem que os demais e, ainda assim, todos terminam juntos.

X-Men 08 é outra edição na qual o desenvolvimento dos personagens é bem melhor do que a trama em si, ainda que o drama do vilão remeta a elementos da Mitologia Grega. Na história, Fera está insatisfeito com os X-Men e decide largar o time e vai trabalhar com luta livre usando a acunha de Fera e lá conhece Unus, outro mutante que repele qualquer um que tente tocá-lo com um tipo de campo de força. A habilidade parece uma derivação de Blob, assim como a ambientação (luta livre versus circo) e até a trama (a Irmandade tenta recrutá-lo).

Como sua prova de fogo, Unus vai atacar a Mansão X e se sai muito bem contra os X-Men até que o Fera volta e cria um aparelho para aumentar os poderes do vilão. Com isso, ele não consegue fazer nada de útil, pois repele tudo. Após fugir, Unus tenta comer e não consegue, porque repele o alimento, o que traz um paralelo ao mito do rei Midas, aquele que transforma tudo o que toca em ouro, mas depois percebe que não pode tocar a esposa ou a filha e mesmo a comida que toca.

O melhor desenvolvimento de X-Men 08 é na relação entre Scott Summers e Jean Grey. Desde sua primeira aparição, a Garota Marvel é cortejada por Fera e Anjo, às vezes, até agressivamente. Mas também é mostrado que Ciclope nutre sentimentos por ela, embora não demonstre por sua personalidade tímida e retraída. Nesta edição, assoberbado de trabalho na ausência de Xavier, Scott é interpelado por Jean que tenta ajudá-lo e a cena mostra claramente que ela também nutre sentimentos por ele.

O envolvimento de Scott e Jean será um ponto central das histórias dos X-Men nas duas décadas seguintes, embora neste primeiro momento, no típico cenário dos anos 1960, o desenvolvimento será muito lento.

Outro ponto fundamental de X-Men 08 é que mostra pela primeira vez que os mutantes não são bem vistos pela população. Numa cena, o Fera impede um assalto, mas é atacado pela população. O sentimento anti-mutante é o ponto crucial do universo dos X-Men e mesmo que tenha sido sutilmente colocado nas edições anteriores, é nesta a primeira vez que tal fato é explícito e vai continuar a se desenvolver nos próximos números.

Por fim, vale anotar que, na edição 08, a Garota Marvel volta a usar sua máscara original, sem as abas, sem nenhuma explicação. E, por fim, e não menos importante, é somente nesta edição que o Homem de Gelo ganha seu visual mais conhecido, deixando de parecer um desajeitado boneco de neve para ficar com a aparência transparente e lisa de uma pista de gelo. O personagem passaria a ser representado dessa nova forma praticamente sem nenhuma alteração – ele ainda manteve as botas por um tempo até deixá-las definitivamente – pelos próximos 20 anos, quando nos anos 1990 os artistas começaram a incrementar mais sua aparência.

X-Men 09, publicada em janeiro de 1965, traz um momento importante, com uma alardeado primeiro encontro entre os Vingadores e os X-Men, embora, ao contrário de outras artimanhas de Lee e Kirby essa foi decepcionante, pois o encontro é rápido e sem propósito.

Na trama, Xavier está nos balcãs numa missão solitária para encontrar um homem chamado Lúcifer, que é revelado como o responsável pelo acidente que o fez perder o uso das pernas e ficar em uma cadeira de rodas. (A informação contradiz algo dito na edição 01). Sozinho, Xavier usa uma fabulosa cadeira-tanque cheia de truques (que não irá usar de novo) para conseguir chegar à caverna em que Lúcifer está escondido, mas descobre que não pode derrotar o vilão, porque ele tem uma bomba atômica acoplada aos batimentos cardíacos. Chamando seus X-Men para ajudá-lo, a equipe vai de navio até lá e quando se preparam para encontrar seu mentor próximo a uma vila interiorana, os mutantes são interceptados pelos Vingadores, aqui, em sua famosa segunda formação, com Capitão América, Thor, Homem de Ferro, Gigante e Vespa.

Os maiores heróis da Terra chegam até lá com Thor interceptando as ondas da bomba com seu martelo e, no típico estilo Marvel, quando os dois grupos se encontram saem na porrada. Infelizmente, a briga é breve, e logo Xavier se comunica telepaticamente com o deus do trovão, que sente a verdade dele e convence o grupo a ir embora.

Unido aos X-Men, Xavier consegue coordenar a ação para que desarmem a bomba – Ciclope usa um feixe de energia fino como um fio de cabelo para desabilitar o fusível – e Lúcifer foge. Nesta edição, como na anterior, a Garota Marvel usa sua máscara original.

A X-Men 10 traz a estreia de um novo personagem que teria bastante história na Marvel: Ka-Zar, o lorde da Terra Selvagem. O personagem havia surgido nas revistas pulp dos anos 1930 (como um “concorrente” de Tarzan) e já tinha tido outras versões em quadrinhos, mas agora, era introduzido no Universo Marvel. Na trama, um grupo de cientistas em uma expedição na Antártica é salvo por um homem semi-nu. O evento extraordinário ganha as manchetes e os X-Men pensam se ele é um mutante e vão à Antártica.

Ao chegarem ao local do inusitado encontro, os X-Men seguem uma trilha de pegadas, encontram uma caverna escondida e chegam – estupefatos – à Terra Selvagem: um território tropical escondido na Antártica, em que dinossauros e outros animais pré-históricos vivem normalmente com tribos humanas. Lá entram conflito com uma das tribos, quase viram comida dos animais e são auxiliados por Ka-Zar e seu tigre dentes de sabre chamado Zabu.

Xavier repreende a criancice do Homem de Gelo e o Estranho aparece.

Após esse interlúdio, a saga da Irmandade de Mutantes encerra seu primeiro ciclo em X-Men 11, na qual os X-Men são surpreendidos pelo surgimento do Estranho, em Nova York, e pensando se ele é um mutante, vão interceptá-lo, que se mostra extremamente poderoso, inclusive transformando o Mestre Mental em um tipo de estátua. Magneto decide tentar convocá-lo para a Irmandade e uma batalha se desenvolve entre todos, indo terminar em uma floresta. No fim, Feiticeira Escarlate e Mercúrio decidem romper com o grupo e são convidados a ingressar nos X-Men, mas recusaram e vão embora.

A Irmandade termina desfeita, com o Estranho se revelando um ser extraterrestre e indo embora do planeta levando consigo Magneto e Groxo como reféns. 

O visual original de Jack Kirby: mais fantasioso.

Pela trama que se desenvolvia desde X-Men 04, parecia que Lee e Kirby queriam desenvolver os irmãos Maximoff como membros dos X-Men, mas por algum motivo, a dupla de criadores preferiu não mexer no status quo do grupo mutante e fez os vilões relutantes simplesmente irem embora. Na verdade, a dupla ingressaria logo depois em outro grupo da Marvel: os Vingadores. Feiticeira Escarlate e Mercúrio se transformariam rapidamente em dois dos mais importantes e frequentes membros dos maiores heróis da Terra. A dupla ingressa em Avengers 16, quando Homem de Ferro, Thor, Gigante e Vespa decidem sair do grupo e o Capitão América monta um novo time com os irmãos mais o Gavião Arqueiro.

Daqui em diante, os irmãos Maximoff muito raramente aparecerão na revista X-Men.

A edição anterior terminou com um gancho de Ciclope e Xavier percebendo – via Cérebro – que um ataque à Mansão X é iminente e X-Men 12 dá início à mais importante fase das histórias dos mutantes por Lee e Kirby: a estreia do vilão Fanático (Juggernaut no original). Em inglês a palavra Juggernaut denomina uma prática ritual da Índia, descrita por um missionário francês no século XIV, na qual se construía um grande veículo com rodas gigantescas (como um compressor) em honra a Vishnu e alguns fieis se jogavam deliberadamente embaixo da roda para se sacrificar ao deus. O termo vem do hindu Jagganath e virou uma denominação comum a veículos massivos (como uma locomotiva ou um compressor) e também sinônimo de uma força irrefreável. Assim, a tradução adotada no Brasil como “Fanático”, uma força fanática, irrefreável, faz até algum sentido.

O tema do vilão que não pode ser parado remete – de novo – ao Blob, mas dessa vez, o Fanático ganha um visual e uma caracterização mais digna. Também é importante ressaltar que, nesta edição, Jack Kirby começa a dividir as tarefas artísticas, cabendo aqui a ajuda de Alex Toth, um famoso cartunista que começou a carreira na Era de Ouro dos quadrinhos, nos anos 1940, desenhando histórias de terror e de guerra, e ficou famoso com seu trabalho como design no estúdio de animação de Hanna & Barbera.

A história se chama A Origem do Professor X e, por incrível que pareça, esta é a primeira edição em que seu primeiro nome, Charles, aparece. Na trama, enquanto os X-Men criam uma barreira de proteção em torno da Mansão X (com trincheira, bombas, cerca elétrica e uma barreira de gelo) para impedir a chegada do misterioso vilão que os ataca, Xavier conta a eles sua origem e sua relação com seu irmão. Toda a história se alterna entre o conto de Xavier e o suspense do misterioso vilão avançando sobre todo e qualquer obstáculo.

A história de Xavier é a seguinte: seu pai, o cientista Brian Xavier, morreu em um acidente nuclear em Alamogordo, e seu companheiro de trabalho, Kurt Marko se aproxima da viúva, Sharon Xavier, terminando por casar com ela. No fim das contas, Kurt termina se tornando um padastro abusivo à mulher e ao enteado. Fica claro que Marko só queria o dinheiro e as propriedades da família Xavier. Mais tarde, quando o filho de Kurt de um outro casamento, Cain Marko, foi expulso de uma escola, foi morar na Mansão X e se revelou um abusador e bullyier terrível.

Certa vez, Xavier flagrou uma discussão entre Kurt e Cain, onde este acusa o próprio pai de forjar a morte de Brian. O jovem Charles irrompe na conversa e na discussão que se segue, Cain termina derrubando uns frascos de produtos químicos que causam uma explosão e um incêndio. Kurt termina salvando a vida dos filhos, mas fica muito machucado com o incidente e, à beira da morte, jura para Charles que não teve nada a ver com a morte de Brian, que foi mesmo um acidente. Depois disso, os poderes telepáticos de Xavier começaram a se desenvolver e ele ficou calvo ainda no fim da adolescência. 

Xavier e Cain continuaram a morar juntos, mas com muitas brigas. Numa ocasião, os dois saem em confronto físico, mas Xavier ganha a luta por causa de seus poderes telepáticos. Noutro dia, quando estavam em uma viagem de carro, Cain começou a provocar Charles e terminou causando um acidente, com o veículo despencando de um desfiladeiro: Cain conseguiu saltar antes, mas Xavier não e ficou muito ferido. Por fim, os dois terminaram como soldados na Guerra da Coreia (em 1953, 12 anos antes da publicação da revista). Marko foge de um confronto para se abrigar numa caverna e termina descobrindo um antigo templo de Cytorrak – uma referência mística já citada nas histórias do Doutor Estranho. Ao pegar um cristal, Cain é transformado, mas a caverna desaba em cima dele por causa de um bombardeio e Xavier escapa. Agora, Marko quer se vingar do meio-irmão.

No fim, o vilão vence todas as barreiras e aparece diante dos X-Men e de Xavier usando uma armadura mística e é chamado pelo irmão como uma “força Fanática”.

A trama continua em X-Men 13, na qual vemos a feroz batalha entre os mutantes e o Fanático, que se mostra praticamente indestrutível. Os X-Men vão ficando bastante machucados em meio à batalha e Xavier busca desesperadamente por ajuda, conseguindo chamar o Tocha Humana do Quarteto Fantástico, numa participação descabida tal qual a dos Vingadores alguns números antes. Na luta, Xavier usa o Tocha para cegar temporariamente o Fanático, dando ao Anjo o tempo necessário para arrancar o elmo do vilão. Sem a proteção do capacete, Cain Marko é facilmente derrotado por seu meio irmão por meio de uma rajada mental. Em seguida, Xavier manda o Tocha embora e apaga da mente dele a aventura, para preservar o segredo dos X-Men.

Fanático versus os X-Men por Lee e Kirby.

Esta edição contou com outro desenhista ajudando Jack Kirby: agora Werner Roth, um desenhista que trabalhava na Marvel desde os anos 1950, especialmente em aventuras de faroeste, mas como trabalhava também para a DC Comics, usou o pseudônimo de Jay Gavin.

X-Men 14 traz de novo a trinca de Stan Lee (texto), Jack Kirby (layouts) e Werner Roth (arte) e é um marco por ser a primeira vez que a revista é publicada de modo mensal desde seu lançamento exatamente dois anos antes. A trama traz a estreia dos Sentinelas, o robôs caçadores de mutantes.

Na história, como prêmio pela derrota do Fanático na edição anterior, Xavier dá férias aos X-Men, e eles saem para viver um pouco de normalidade em suas identidades civis: Scott parte sozinho, Bobby e Hank vão ao Café A Go Go (que já tinha aparecido desde a edição 03), Warren volta à mansão de seus pais (que são mostrados pela primeira vez), e Jean pega um trem para ir visitar seus pais. Mas ao mesmo tempo, o antropólogo Bolivar Trask aparece na TV discursando contra os mutantes e a ameaça que representam. Os jornais do dia seguinte são inundados pelas “previsões” do cientista de que os mutantes irão dominar a raça humana e dá início a uma histeria anti-mutante. 

Bolivar Trask na arte de Jack Kirby.

Preocupado, Xavier consegue arranjar um debate televisivo com Trask e no meio do programa o cientista apresenta a sua solução para os mutantes: robôs gigantes (com uma altura estimada em uns 5 metros) que identificam e imobilizam os mutantes. Mas para sua surpresa, o Sentinela 1 se volta contra seu criador e toma o estúdio de TV como reféns, chamados à ação por Xavier, Fera e Homem de Gelo vão ao estúdio ajudar e começam a lutar contra o robô. Ciclope está próximo e pega um táxi, mas um descuido faz seus óculos caírem e suas rajadas destroem o teto do veículo, deixando o motorista enlouquecido.

Xavier, Ciclope, Fera e Homem de Gelo conseguem derrubar um dos Sentinelas, mas outro captura Trask e vai embora. É interceptado pelo Anjo em pleno ar, mas este é derrotado. Ainda assim, Xavier consegue extrair do robô a localização da base secreta dos Sentinelas, onde Trask confronta suas máquinas e é informado de que os robôs chegaram à conclusão de que só podem salvar a raça humana se dominá-la. 

X-Men 15 dá prosseguimento à trama, com Xavier e os X-Men em busca da base dos Sentinelas. Lá, descobrem que os robôs são reproduzidos e comandados por um Sentinela ainda maior, chamado Molde Mestre, e na luta que se segue, o Fera é capturado. O Molde Mestre lê sua mente, para obter informações contra os X-Men e descobrimos uma pequena origem de Hank McCoy, mostrando-o como um brilhante jovem que se destacou no futebol americano por causa de sua força e agilidade e virou uma estrela, sendo convidado por Xavier à Escola. Os X-Men são derrotados.

Em X-Men 16, os mutantes estão prisioneiros dos Sentinelas em celas transparentes, enquanto Xavier volta ao estúdio de TV onde jaz o Sentinela caído para descobrir sua fraqueza e percebe que um enorme cristal de propaganda no topo de um edifício vizinho é a causa de uma interferência na transmissão daquela unidade. E decide usar isso contra o Molde Mestre. Enquanto Ciclope consegue libertar seus companheiros quando os Sentinelas colocam o Fera dentro das celas, a luta recomeça ao mesmo tempo em que Bolivar Trask é ordenado a construir novos Sentinelas, ao contrário, o Molde Mestre irá destruir uma cidade próxima. O cientista cede, mas ao perceber a luta dos X-Men contra suas criações, Trask se volta contra os robôs e destrói a maquinaria, causando uma destruição. Sua ação combinada a de Xavier e dos X-Men resulta na destruição do Molde Mestre e dos Sentinelas.

Ciclope contra os Sentinelas por Jack Kirby.

A Trilogia dos Sentinelas foi a principal história dos X-Men criada por Lee e Kirby e o ponto alto da revista até então. Na verdade, demoraria muitos anos para que as aventuras voltassem a esse nível, o que se refletia na vendagem decrescente da revista.

X-Men 17, ainda com Lee, Kirby e Roth, traz a volta do general Fredricks, e os X-Men recebendo tratamento médico do Exército como agradecimento por sua ação contra os Sentinelas, o Homem de Gelo é o mais grave, em coma. O Anjo tem um problema mais mundano: seus pais estão preocupados e, mesmo com Xavier dizendo que eles estavam em uma viagem de campo para uma pesquisa, os Worthingtons insistem em passar para dar uma visita rápida. O Anjo, então, volta à Mansão X, mas é atacado por uma figura misteriosa. Isso alerta Xavier e os outros membros retornam a missão e são derrotados por esse atacante misterioso, que apaga as luzes para não ser identificado, e lança os X-Men à alta atmosfera para morrerem. Quando os Worthingtons chegam à mansão, se revela que o vilão é Magneto!

X-Men 18 traz a primeira edição da revista que não é desenhada por Jack Kirby, com arte integral de Werner Roth (ainda usando o pseudônimo Jay Gavin, o nome de seus filhos). Apesar de ter seu próprio traço, Roth optou por mimetizar a arte de Kirby para não causar “estranheza” ao leitor. A trama da revista mostra os X-Men lutando para sobreviver à armadilha de Magneto (presos em um balão em alta altitude) e o Homem de Gelo indo enfrentar sozinho o vilão. Xavier lê na mente de Magneto como ele escapou do planeta do Estranho usando seus poderes magnéticos para comandar uma nave espacial, enquanto o mestre do magnetismo usa os pais do Anjo (Warren Worthington Jr. e Kathryn) para gerar um exército de clones mutantes, mas equipe consegue se salvar e derrotá-lo, terminando com Magneto fugindo com o Estranho em seu encalço.

Postos em Segundo Plano

Nunca foi realmente explicado porque Stan Lee e Jack Kirby deixaram a revista dos X-Men, mas o apontamento lógico é que não valia à pena investir em uma revista que era aquela que vendia menos dentre os títulos da Marvel. Em 1966, Lee ainda escrevia a maioria dos heróis da editora (o que inclui Homem-Aranha, Quarteto Fantástico, Vingadores, Homem de Ferro, Thor, Hulk, Doutor Estranho); e Kirby era o principal artista da Casa das Ideias, fazia a maior parte das capas e desenhava as histórias do Quarteto Fantástico, Thor e do Capitão América.

Lee e Kirby devem ter pensando em construir as bases da revista e deixar para outros menos ocupados prosseguirem e foi isso o que fizeram.

X-Men 19, publicada em abril de 1966, foi a última edição em que Lee e Kirby trabalharam juntos nos mutantes. Kirby, novamente, fez apenas os layouts, enquanto Werner Roth fez a arte em si e permaneceria como o artista principal do título. Na trama, Enquanto Bobby e Hank têm um encontro duplo com as garotas Zelda e Vera – oficialmente membras coadjuvantes da revista a partir daqui – conhecem Calvin Rankin, um garoto que tem o poder de mimetizar os poderes de quem está próximo a ele e ao se aproximar dos X-Men se torna o Mímico.

Mas o Mímico não age como uma boa pessoa e serve como um vilão nessa história, inclusive, também tomando de empréstimo o poder de Blob e de Unus. No fim, os X-Men descobrem que Calvin não é um mutante, mas ganhou seus poderes em um acidente científico causado por seu pai. Os heróis se envolvem em uma batalha final e Calvin parece perder suas habilidades.

Roy Thomas foi o sucessor de Lee, como escritor e como editor.

Foi o passo final para Kirby, que apenas desenhou algumas das capas da revista dali em diante. X-Men 20 traz um novo roteirista: Roy Thomas. Ele tinha apenas 25 anos (Lee tinha 45 e Kirby quase 49) e estava em seu início da carreira na Marvel. Nascido em Jackson, no Missouri, Thomas tinha se graduado em Sociologia e História na Southeast Missouri State University e trabalhava como professor no Ensino Médio, mas era um grande fã de quadrinhos e parte importante do nascente fandom, a comunidade organizada de fãs que começava a publicar fanzines e organizar convenções. Foi desse grupo de fãs que saíram nomes fundamentais da passagem da Era de Prata para a Era de Bronze.

No futuro, Thomas seria o principal braço direito de Lee, um grande escritor de quadrinhos e editor-chefe da Marvel. Mas estava apenas começando. Ele chegou a Nova York em junho de 1965, abandonando uma bolsa de estudos para estudar Relações Estrangeiras na George Washington University, após ser convidado para trabalhar na DC Comics por Mort Weinsinger, o editor dos títulos do Superman. Mas Weisinger era um conhecido abusador e, após duas semanas, se demitiu e foi contratado por Stan Lee para trabalhar como editor assistente na Marvel Comics.

Thomas iniciou sua carreira revisando os textos de Lee e ajustando referências cronológicas – coisa que continuou a fazer por muitos anos – mas logo começou a escrever roteiros tapa-buraco em títulos diversos da Marvel, desde Millie, a Modelo a Doutor Estranho. Por fim, seu primeiro trabalho fixo como roteirista foi nas histórias de II Guerra de Sgt. Fury and His Howling Commandos; e os X-Men foram seu segundo título.

Thomas admitiu em entrevistas posteriores que não entendeu o potencial dos X-Men, julgando-os uma “imitação barata do Quarteto Fantástico”, não lhes dando a devida atenção, de modo que sua primeira passagem na equipe não foi nada marcante. O escritor estava assumindo o posto de editor assistente de Stan Lee e assumindo algumas de suas revistas, como Vingadores e Demolidor, além dos X-Men.

Dito isso, é preciso salientar que, apesar de sua primeira fase com os mutantes não ter se tornado clássica como o período prévio de Lee e Kirby, Thomas era um escritor muito habilidoso e, talvez por sua juventude, tinha uma conexão muito maior com os anos 1960 e sua turbulência política e revolução cultural, levando isso para as histórias.

Além disso, enquanto Lee e Kirby haviam concentrado as tramas em contos curtos de uma ou duas edições – a Trilogia dos Sentinelas foi a exceção – Thomas era particularmente habilidoso em lançar pequenos sub-plots ao longo de uma edição, apresentando pedaços de um quebra-cabeças que iriam montar no futuro, o que beneficiou as tramas com mais fluxo, amarrando cada edição em um arco de histórias maior, tal qual é o padrão dos dias de hoje.

A primeira edição de Thomas, X-Men 20, mantendo a arte de Werner Roth, resolveu logo um dos grandes “mistérios” levantados até ali, mostrando finalmente como Xavier acabou numa cadeira de rodas. A história traz a volta de Lúcifer, agora, esclarecido como um alienígena que faz parte de um plano de dominação da Terra. Em meio a um novo combate, a dupla de opositores relembra seu primeiro encontro, muitos anos antes, no Tibet, quando um jovem Xavier descobre Lúcifer governando uma cidade perdida com mão de ferro a consegue mobilizar os cidadão em uma revolta contra seu líder opressor, com Thomas trazendo uma história real de revolução logo em sua primeira edição.

Outro elemento importante na edição 20 é que a Garota Marvel usa o Cérebro na ausência do professor Xavier para ajudar a localizá-lo, sendo a primeira evidência de que Jean Grey também tem poderes telepáticos – algo que seria explorado nos anos seguintes.

A batalha com Lúcifer conclui na edição 21, e os números 22 e 23 trazem um confronto com o Conde Nefária, um vilão que havia surgido em Avengers 13 e era o líder de uma organização criminosa chamada Maggia, uma espécie de versão Marvel da máfia. Mas depois daquilo, ele criou um grupo de superseres – os Homens-Animais – com poderes de animais, mais ou menos como versões evoluídas deles em forma humanoide – tal qual fazia outro vilão da Marvel, o Alto Evolucionário.

Estas duas edições terminariam se mostrando bastante importantes por causa de outro confronto com Nefária no futuro distante.

Em seguida, veio um pequeno ciclo de aventuras menos importantes, que se inicia em X-Men 24, na qual combatem o vilão Lacust, mas essa edição é importante por outro motivo: os pais de Jean Grey decidem tirá-la da Escola para Jovens Superdotados do Professor Xavier e ela ingressa no Metro College de Nova York, a mesma faculdade em que estudava Johnny Storm, o Tocha Humana. Lá, ela conhece Ted Roberts, um jovem estudante que servirá como um rival para Scott pelo amor dela pelas edições seguintes.

A volta do Mímico e os X-Men com os uniformes (ligeiramente) redesenhados.

Nas edições 25 e 26, o grupo foi a San Rico combater El Tigre, e nessa último número, Jean encontra Calvin Rankin, que não tem mais os seus poderes de Mímico, mas claro, isso muda rapidamente. Em X-Men 27, enquanto enfrentam o Mestre dos Bonecos (que tinham lutado contra ao lado do Quarteto Fantástico em Fantastic Four 28), Mímico é oficialmente aceito como membro da equipe, se tornando o primeiro herói a ingressar na fileira de membros dos X-Men após o quinteto original.

Na edição, os heróis também conversam com Feiticeira Escarlate e Mercúrio – numa rara aparição – que são mais uma vez convidados ao time e recusam por “lealdade aos Vingadores”.

Outro ponto importante é que nesta revista Jean Grey redesenha os uniformes dos X-Men. Na verdade, as mudanças são mínimas: basicamente a blusa amarela dos uniformes se torna um tipo de faixa central, o que sem dúvida dá mais elegância ao time. A Garota Marvel finalmente incorpora definitivamente a máscara com abas criadas por Kirby e abandonadas depois. Mas foi uma oportunidade perdida, já que Roy Thomas e Werner Roth podiam ter aproveitado a chance e mudarem de verdade os uniformes e dar a cada membro um toque individual, algo que só ocorreriam um pouco mais tarde.

Capa da revista que trouxe a estreia de Banshee.

Após essa primeira rodada, parece que finalmente Roy Thomas se apropriou da revista propriamente dita, pois X-Men 28, de janeiro de 1967, dá início a um arco maior de histórias interligadas com uma trama de fundo se desenvolvendo aos poucos: A Saga do Fator 3, uma organização terrorista com planos de dominação mundial. Essa edição também é importante porque traz a estreia de Banshee, o irlandês Sean Cassady, um personagem que seria duradouro no universo dos X-Men e um futuro membro.

Na trama, Banshee e o Ogro combatem os X-Men, que descobrem ser tudo parte dos planos do misterioso Fator 3. Xavier percebe que o Banshee está sendo dominado por um artefato eletrônico em sua cabeça. Ao ser liberto ele foge. A ameaça do Fator 3 seria um sub-plot constante nas edições seguintes.

Em X-Men 29 os X-Men enfrentam o Superadaptoide, um vilão que já havia combatido o Capitão América e os Vingadores. Ele é um avançadíssimo androide que absorve as capacidades de quem está próximo, de modo semelhante ao Mímico, enquanto este tem a limitação de que precisa estar próximo da fonte para manter as habilidades. Na trama, frustrado por estar vendo Jean se aproximar de Ted Roberts, Scott dispara suas rajadas ópticas em uma montanha próxima à Escola e termina por libertar acidentalmente o Superadaptoide. No confronto que se segue, claro, o robô e Mímico medem suas capacidades, mas terminam anulando os poderes um do outro. Sem seus poderes, Calvin Rankin deixa os X-Men, pedindo desculpas por ter sido um idiota tantas vezes.

Após uma edição “tampa-buraco” em X-Men 30, na qual combatem Warlock – com desenhos de Jack Sparling cobrindo as férias de Werner Roth – vem X-Men 31 com a luta contra Cobalt-Man, que é Ralph Roberts, irmão de Ted, que começa a suspeitar que Jean e Scott são Garota Marvel e Ciclope. A edição também traz a estreia de Candy Southern, que seria a longeva namorada de Warren.

X-Men 32 traz um grande desenvolvimento de personagens, mostrando a equipe celebrando o 18º aniversário de Bobby Drake – o que indica que as aventuras do time começaram há dois anos – no Café A Go Go, com Zelda, Vera e Candy; o que permite a Jean e Scott terem um momento só seu. O quase-casal dança junto e deixam a entender que sentem mesmo alguma coisa um pelo outro.

A ação fica com o retorno do Fanático, com a trama mostrando que Xavier mantém seu meio-irmão aprisionado e em animação suspensa desde o confronto nas edições 12 e 13, enquanto pensa numa maneira de desabilitar seus poderes místicos, mas numa trama que envolve a ação de bastidores do Fator 3, Cain Marko se liberta.

A luta como sempre é feroz, mas o Fanático fica sabendo do Fator 3 e acha mais interessante se unir ao grupo e vai atrás de uma base militar para roubar um jato, iniciando uma trilha de destruição. Na edição 33, Xavier planeja voltar ao Templo de Cyttorak na Coreia onde seu irmão ganhou os poderes e os X-Men recebem a ajuda do Doutor Estranho, que garante que Ciclope e Garota Marvel ingressem dentro do Cristal de Cytorrak para tirar os poderes de Marko, mas precisarão combater o guardião Xorak, o exilado, que vive lá dentro. É uma oportunidade do quase-casal ter uma aventura juntos, só os dois, e eles se saem muito bem.

A edição termina, contudo, com um gancho, com Xavier sendo sequestrado pelo Fator 3. Mas X-Men 34 é outra tapa-buraco, com o time combatendo o Topeira (outro vilão clássico do Quarteto Fantástico) com texto de Thomas, mas arte do substituto Dan Adkins, que tinha atuado como arte-finalista por muito tempo na revista. Na edição 35 os X-Men entram em choque com o Homem-Aranha e chegam a convidá-lo para o grupo, mas o teioso recusa, claro. Mas a trama se desenvolve com o time conseguindo a ajuda de Banshee com informações sobre o Fator 3. Esta seria a última edição em que Warner Roth faria a arte da história principal.

Nas edições 36 e 37, enquanto Roy Thomas continua nos roteiros, a arte é assumida por Ross Andru, um desenhista da DC Comics mais conhecido por seu trabalho na Mulher-Maravilha, mas que teria um grande futuro na Marvel, desenhando o Homem-Aranha. Nas duas revistas em questão, os X-Men lutam contra Mekano, prosseguindo o plot do Fator 3. No primeiro número vemos nos bastidores o verdadeiro líder do grupo terrorista, o Mestre dos Mutantes; enquanto no segundo conhecemos seu principal operador, o Changeling, um personagem que desempenharia um papel importante nos próximos meses.

Após as duas edições com Andru, X-Men 38 traz a estreia de Don Heck como novo desenhista oficial da revista. Heck havia sido um dos grandes arquitetos do Universo Marvel, tendo sido cocriador do Homem de Ferro e desenhado as aventuras dele e dos Vingadores, com uma arte clássica e enérgica. Nessa função, ajudou a criar personagens importantes, como a Viúva Negra e o Gavião Arqueiro.

X-Men 38 e 39 trazem os capítulos finais da Saga do Fator 3, com a batalha final dos mutantes contra o grupo que vinha movimentando as tramas desde a edição 28. Sem dúvidas, esse par de números é o melhor momento dessa fase de Roy Thomas. Na primeira edição, enquanto Xavier está refém do Fator 3 em sua base na Europa Oriental, consegue comunicar seus pupilos do grande plano: causar a III Guerra Mundial entre os Estados Unidos e a União Soviética invadindo bases dos dois países e fazendo cada um disparar mísseis nucleares, uma premissa que seria usada no filme X-Men – Primeira Classe.

Na HQ, Ciclope lidera os X-Men numa divisão de tarefas: Garota Marvel, Fera e Anjo vão à Rússia impedir Blob e Vanisher, enquanto o próprio Ciclope e Homem de Gelo vão a uma base militar nos EUA e confrontam o Mestre Mental e Unus. Com percalços as duas equipes vencem e se reúnem na base na Europa Oriental e confrontam o Mestre dos Mutantes, mas recebem uma ajuda do Changeling, que se revela um transmorfo e assume a identidade de Xavier, tentando convencer os aliados do vilão de que uma hecatombe nuclear será ruim para os mutantes também. Isso gera dúvidas nos vilões e, com uma ajuda de Banshee, que também estava cativo, terminam destruindo a armadura do Mestre dos Mutantes e revelando que ele é um alienígena com planos de dominação da Terra. Revoltados, os mutantes malignos também se voltam contra o “mestre”.

Ao final, entendendo a importância do feito do grupo ter vencido a árdua trama do Fator 3, Xavier e Jean providenciam novos uniformes para os X-Men: pela primeira vez o grupo ganhava identificações visuais próprias. Ciclope tinha o visual mais simples de todos, com destaque à sunga, luvas e botas amarelas, um peitoral azul sem nenhum detalhe e seu visor; a Garota Marvel com um vestido verde e mini-saia, com botas e luvas amarelas e a máscara de ambas na mesma cor; o Fera com basicamente seu uniforme anterior, mas agora nas cores azul e vermelho; o Homem de Gelo permanecendo igual; e o Anjo com um estranho e espalhafatoso uniforme nas cores amarelo e vermelho, simplesmente horroroso!

Um evento paralelo às as venturas do Fator 3 foi que entre X-Men 38 e 42, a revista publicou, além da história principal, uma história secundária, também escrita por Roy Thomas, e trazendo a volta de Werner Roth à arte, com tramas trazendo as origens dos X-Men. O primeiro capítulo mostrou Xavier indo ao FBI e contactando Fred Dukes para ajudá-lo a identificar mutantes bons em meio ao início de uma histeria anti-mutante, o que os leva ao caso de Scott Summers, que se desenvolve nas edições 39 a 42, em que o jovem sai do orfanato e é perseguido por uma urbe anti-mutante e termina caindo nas mãos de um criminoso mutante chamado Jack O’Diamonds e sendo usado por ele, com Xavier ajudando e o recrutando como o primeiro dos X-Men. Essa pequena historieta de Thomas aprofunda bastante a ambientação da formação do time.

De volta à trama principal, há um pequeno interlúdio na edição 40, na qual Roy Thomas dá vazão à sua paixão pelos monstros – ele seria o editor de várias revistas de terror da Marvel nos anos 1970 – e trouxe uma aventura com o Monstro de Frankstein. Mas a trama traz um pequeno elemento importante, deixando claro que Jean e o professor Xavier têm um plano secreto e misterioso em andamento. Warren a questiona sobre isso e ela diz que “sim e que não”.

X-Men 41 e 42, publicadas entre fevereiro e março de 1968, trazem um pequeno arco no qual os X-Men descobrem a existência de uma raça monstruosa vivendo no subterrâneo de Nova York, os Gortokians, e combatendo um deles, Grotesk. Na batalha, o monstro termina ativando uma máquina que pode afetar o núcleo da Terra e gerar grandes terremotos e quando o maquinário explode o monstro morre, mas Xavier fica terrivelmente ferido. Nos braços de seus alunos, o Professor X diz que estava sofrendo de uma doença fatal há algum tempo e não tinha dito, e termina por não resistir aos ferimentos e morre, na edição 42. Há um funeral e os X-Men estão por conta própria agora. Para mostrar a importância do momento, a capa de X-Men 42 traz a arte de John Buscema, o desenhista dos Vingadores e um dos maiores artistas da história da Marvel.

Outro ponto importante é que, ao final da história, os X-Men se reúnem na Mansão X, para ouvir uma gravação de despedida de Xavier, na qual revela que vinha treinando as habilidades telepáticas de Jean, o que meio que oficialmente transforma a Garota Marvel em telepata, adicionando uma habilidade que, a partir de então, será indissociável da personagem. Também é lido o testamento deixando a fortuna para um fundo beneficente administrado por Scott.

Claro que não era verdade e Xavier retornaria dentro de dois anos, mas isso é assunto para daqui há pouco. A ideia de uma raça vivendo no subterrâneo – ainda que ecoe o Toupeira – seria renovada nas revistas dos X-Men duas décadas no futuro, com os Morlocks, mas isso também é assunto para depois.

Até então, Roy Thomas tinha evitado usar o maior vilão dos X-Men, Magneto, em vez disso, investindo em uma ameaça mais original, com o Fator 3, mas as vendas de X-Men não ajudavam. Naquele ponto, a revista dos mutantes era o título menos vendido da Marvel e era preciso sacudir as coisas. Então, Thomas usou o “golpe baixo” da editora: usou o mais famoso inimigo do grupo e ainda os colocou ao lado de um dos maiores sucessos da casa, os Vingadores.

Capa de X-Men 43 na arte de John Buscema.

Assim, X-Men 43 a 45 trazem um novo confronto com Magneto, conectando sua trama com outra decorrendo em Avengers 49 a 53, a revista dos Vingadores, também escrita por Roy Thomas, e desenhada por John Buscema. Falando nisso, aquelas edições dos mutantes trouxeram uma troca significativa da equipe criativa. A edição 43 teve Thomas criando a trama, mas o roteiro foi desenvolvido por outro jovem escritor em ascensão na Marvel, Gary Friedrich e a arte passou temporariamente para George Tuska, arranjo que se manteve no número 44; mas no 45, Friedrich assumiu inteiramente o texto e a arte passou à combinação de dois velhos conhecidos, Werner Roth e Don Heck. Roth era considerado um desenhista muito bom, mas tinha dificuldades com as cenas de ação, sendo melhor em desenvolver personagens, então, Heck (mais experiente em ação, tendo desenhado o Homem de Ferro e os Vingadores) dava um reforço nesse aspecto.

Na trama, Magneto está de volta e reúne sua velha Irmandade de Mutantes, embora dessa vez, apenas com Feiticeira Escarlate, Mercúrio e Groxo. O Mestre Mental ficou de fora, pois havia deixado o mestre do magnetismo e se unido à trama recém-mostrada do Fator 3. Claro, os irmãos Maximoff agora eram membros dos Vingadores, mas se mostravam irritados com a humanidade por causa do constante sentimento anti-mutante. Mais enérgico, Pietro aderiu novamente à causa de Magneto e a mais relutante Wanda o seguiu, embora estivesse sem os seus poderes, algo que ela escondeu do vilão.

O vilão está de novo na ilha do Atlântico como base e seus planos de dominação, os X-Men vão combatê-los e são derrotados e aprisionados, com apenas o Anjo escapando e indo atrás dos Vingadores em busca de ajuda.

A edição 44 traz um estranho interlúdio no qual em meio a sua viagem pelo Atlântico, o Anjo encontra uma ilha artificial com uma raça de homens-alados e o Red Raven (Corvo Vermelho), um herói dos tempos da II Guerra Mundial. Este pequeno conto não é mencionado quando o x-man chega ao outro lado e encontra os Vingadores. Visto em retrospecto, parece que foi uma história apenas para “ganhar tempo” enquanto X-Men se ajustava à publicação de Avengers.

X-Men 45 traz um confronto entre Ciclope e Mercúrio, enquanto os eventos da edição anterior transcorrem, mas de modo inusual para os anos 1960 (mas algo recorrente 30 anos depois), a trama conclui apenas em Avengers 53 (por Thomas e Buscema), na qual os Vingadores chegam à ilha de Magneto, que usa um maquinário para dominar a mente dos X-Men e pô-los em confronto com os Vingadores, exceto o Anjo, que ajuda a desarticular o plano. No típico final Marvel, a ilha explode, dando a entender que Magneto morreu. Feiticeira Escarlate, Mercúrio e Groxo fogem, e a dupla de irmãos acertaria seu caminho com os Vingadores alguns meses depois.

X-Men 46 dá início a um pequeno ciclo intermediário nas tramas dos mutantes. Em busca de inovação, Gary Freidrich traz uma história em que o Fanático é trazido de volta à Terra (saindo de seu confinamento extra-dimensional de Cyttorak) por uma das máquinas de Xavier e o grupo entrando em confronto com ele, com Cain Marko descobrindo que seu irmão morreu e ficando sem o propósito da vinganças, mas a mesma máquina que lhe trouxe de volta lhe leva de novo à sua prisão dimensional. No fim, o agente do FBI Fred Dukan apresenta aos X-Men uma intimação da agência federal: o grupo é uma atração aos mutantes malignos (vide os casos da Irmandade de Mutantes e do Fator 3) e deve se separar para evitar mais problemas. Embora aturdidos pela questão, Scott decide que o FBI está certo e dissolve o time.

Separados, em X-Men 47, Homem de Gelo e Fera vão para San Francisco e terminam precisando lutar contra Maha Yogi, o Warlock, numa edição em que Gary Friedrich assina ao lado de seu substituto, Arnold Drake. Drake assume os roteiros na edição 48, enquanto a arte continua com a dupla Roth e Heck, numa trama em que (finalmente) Scott e Jean estão juntos como um casal, e vão atrás de novos empregos, ela trabalhando como modelo (algo muito anos 1960) e ele se transformando em um bem-sucedido locutor de rádio; mas claro, as ameaças espreitam, e Ciclope e Garota Marvel agem para derrotar Computo e seus robôs.

Arnold Drake iniciaria uma curta, mas importante passagem pelos X-Men. Ele era o escritor que criou a Patrulha do Destino (sim, aquela que guarda muitas “coincidências” com os mutantes, na concorrente DC Comics), mas chegava à Marvel para desenvolver alguns trabalhos. Na casa das ideias, ele criou também a primeira versão dos Guardiões da Galáxia, que não são o time que ficou famoso no cinema.

Também é importante anotar que as histórias secundárias que começaram a ser publicadas na edição 38 permaneceram aparecendo e após o conto de origem de Ciclope se encerrar no número 43; passou-se ao Homem de Gelo, que teve sua origem detalhada entre X-Men 44 a 47, começando com texto de Gary Friedrich e arte de Don Heck e Werner Roth, com George Tuska assumindo os desenhos num episódio e concluindo com Arnold Drake e Werner Roth. A partir de X-Men 48, mostra-se a origem do Fera.

Uma Pequena Fase Áurea

Após o período clássico de Stan Lee & Jack Kirby e o intermediário de Roy Thomas, os X-Men entram em uma fase realmente áurea, em 1968, a partir dos escritos de Arnold Drake, contando com desenhistas ilustres como Jim Steranko e Barry Windsor-Smith, e, principalmente, o retorno de Roy Thomas, agora com desenhos do espetacular Neal Adams. Apesar das vendas não terem melhorado, pelo menos, a revista X-Men ganhou uma grande fase, que marcou definitivamente sua história e cronologia.

Nas histórias principais, a fase de Arnold Drake começa para valer em X-Men 49, ainda com arte de Don Heck e Werner Roth, mas já trazendo uma capa chamativa de Jim Steranko. Na trama, Bobby e Hank estão em San Francisco e terminam descobrindo um plano de um vilão chamado Mesmero que está hipnotizando uma legião de mutantes para reuni-los em um exército. O Homem de Gelo consegue salvar uma bela garota de cabelos verdes, Lorna Dane, e os demais membros dos X-Men chegam para encarar essa nova ameaça.

A mudança para San Francisco era uma jogada da Marvel para descentralizar seu universo de Nova York e contemplar a Costa Oeste dos EUA, cuja cultura – em pleno auge do movimento hippie e do rock – era bastante atraente para os jovens escritores que iam tomando conta da Marvel (mas curiosamente não era o caso de Drake que tinha 44 anos). O Demolidor seria outro personagem que também iria se mudar para San Francisco, junto com a Viúva Negra.

A fase de Drake trouxe grandes mudanças aos X-Men e elevou o nível das histórias, com fatos que teriam bastante impacto na cronologia dos mutantes.

X-Men 50 traz uma novo logo para a revista que será usado pelos próximos 20 anos de forma praticamente inalterada. Foi criado por Jim Steranko, um fabuloso desenhista que assumiu a arte também das histórias por duas edições. Steranko ficou famoso por sua arte ousada, que embora guardasse semelhanças com Jack Kirby, garantia fluidez e movimento e gostava de criar quadros de página inteira com desenhos em sequência que revolucionaram as HQs nos anos 1960. Seu trabalho mais notável foi em Nick Fury, Agent of SHIELD, mas também produziu uma curta e famosa fase no Capitão América. Steranko escrevia as próprias histórias e o fato de desenhar um roteiro de Drake foi algo incomum.

Os X-Men na arte do fantástico Jim Steranko.

Na trama, na edição 50, Mesmero usa uma máquina para despertar os poderes latentes de Lorna Dane, a transformando em Polaris, a rainha dos mutantes e filha de Magneto. O próprio mestre do magnetismo se mostra vivo e o cérebro por trás das ações do mutante hipnotizador. A descoberta da paternidade, faz Lorna relutantemente se aliar aos vilões e os X-Men precisam bolar um plano para vencer: em X-Men 51, Ciclope cria o disfarce de um novo “vilão” chamado Erik Escarlate (Erik the Red, no original), usando uma armadura que possibilita que dispare suas rajadas pelas luvas. O poder de Erik Escarlate consegue intimidar Magneto, Polaris e Mesmero e o fazem hesitar tempo o suficiente para que os X-Men façam um novo ataque à base dos vilões no deserto, conseguindo a vitória na edição 52, infelizmente, sem a arte de Steranko e com a dupla Werner e Heck de volta uma última vez. Bobby Drake, já num tipo de namoro com Lorna, descobre a verdade sobre os pais dela (ela foi adotada pelos irmãos de seus pais após estes morrerem) e ela acompanha o time.

Na edição 53 há um pequeno interlúdio, com os X-Men lutando contra Blaastar, um inimigo do Quarteto Fantástico, que contou com a arte de Barry Windsor-Smith, que também desenhou algumas capas.

Porém, a grande virada para os X-Men se deu com um outro novo desenhista: Neal Adams, que se tornou em um dos mais celebrados artistas da Era de Bronze dos quadrinhos. Adams é o homem que devolveu Batman às histórias sombrias, que deu a aparência moderna do Superman, criou as ousadas aventuras do Lanterna Verde e Arqueiro Verde e desenhou clássicas aventuras dos Vingadores. Sim, mais famoso por seu trabalho na concorrente DC Comics, Adams teve sua jornada mais longa na Marvel justamente nos X-Men, onde desenhou 10 edições, que ficaram para história das HQs e dos mutantes.

Sua arte realística e estilo fotográfico já era bela por si, mas ele incrementava tudo com um visual estonteante, criando grandes quadros e passagens deslumbrantes em suas histórias. Tendo começado no mercado da propaganda, conseguiu trabalhos em editoras pequenas, como Charlton Comics antes de ganhar espaço na DC Comics com sua visão adulta, séria e sombria do Batman e virar o principal capista da editora, fazendo grandes ilustrações do Superman.

Mas Adams era um artista completo e ficou sabendo que na Marvel se usava uma outra técnica de criação de histórias na qual era o desenhista quem desenvolvia a trama e o roteirista preenchia os diálogos depois. Era assim que Stan Lee fazia nos tempos em que tinha que escrever todas as revistas da Marvel, porque a editora era pequena e não tinha dinheiro para pagar outros escritores. Ele criou o “Método Marvel” e se deu bem ao trabalhar ao lado de grandes desenhistas que sabiam contar uma história, como Jack Kirby, Steve Ditko, Don Heck, John Romita e tantos outros. Adams queria experimentar isso e foi trabalhar como freelancer na Marvel. O artista queria experimentar.

Stan Lee – ainda o editor-chefe da Marvel – lhe disse que podia pegar uma revista de menor vendagem e experimentar por duas edições e, se desse certo, pegaria alguma das maiores. Adams topou e pediu a revista com menor vendagem: e eram os X-Men! O artista fez seu trabalho deslumbrante e não deu outra: logo em seguida estava substituindo Jack Kirby em Thor e assumiu as histórias dos Vingadores, antes de retornar à DC.

Nos X-Men, Roy Thomas estava de volta ao título por obrigação – quando Arnold Drake saiu no meio de uma história – e não estava bem certo do que fazer com a revista. Thomas não era mais um escritor iniciante em 1968: era o segundo principal roteirista da casa (atrás apenas de Lee) e ainda estava confuso quanto ao potencial dos mutantes. Então, Adams pediu para ele para trabalhar no “Método Marvel” – coisa que Thomas não fazia, pois era um roteirista tradicional, que escrevia roteiros completos para o desenhista criar a partir daí – e o escritor topou a experiência. Adams pegou o plot iniciado por Drake e deu um giro total – até criando contradições – mas produzindo uma história muito boa. Thomas gostou do resultado, percebendo pela primeira vez que os X-Men estavam indo além, e não demorou para a dupla se reencontrar nos Vingadores.

Tudo começa com o arco O Monólito Vivo, a partir de X-Men 54, ainda com Arnold Drake e Don Heck, mas edição 55 traz a volta de Roy Thomas como roteirista (ainda com Heck), para enfim, Thomas e Adams se unirem a partir do número 56.

Na trama, Scott Summers apresenta seu irmão caçula Alex Summers aos seus colegas de equipe, quando ele se forma na faculdade, mas os X-Men precisam combater um novo vilão chamado Faraó Vivo, que parece mesmo ser um ressuscitado faraó do Egito Antigo. O vilão captura Alex e o leva para o Egito e os mutantes o seguem.

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Quando a revista passa para Thomas e Adams, o Faraó, de repente, é revelado como Ahmet Abdol, um renomado professor egípcio, que descobre que tem um tipo de sintonia com Alex, já que ambos têm seus poderes alimentados pela radiação solar, mas os poderes de um anulam o do outro. Ao aprisionar Alex numa capsula isolante, os poderes Abdol explodem e ele cresce de tamanho e se transforma no Monólito Vivo. Ao interromper os poderes do vilão, os poderes de Alex explodem, com ele disparando poderosas rajadas de energia de seu corpo.

Em seguida, vem o arco Crepúsculo dos Mutantes, no qual os Sentinelas estão de volta, começando em X-Men 57 e seguindo até a edição 59 Mal voltam para casa, a equipe mutante é surpreendida pelo retorno dos robôs gigantes caçadores de mutantes, que são retratados de modo mais assustador e mais altos do que a versão original de Jack Kirby, embora tenha mantido o design completamente.

Na trama, uma nova onda anti-mutante é capitaneada pelo Juiz Robert Chalmers, ao mesmo tempo em que ganha apoio de Larry Trask, o filho de Bolivar Trask. Culpando os mutantes pela morte de seu pai (lá atrás em X-Men 16), o jovem é ainda mais enérgico e fanático do que seu pai. Enquanto os Sentinelas aparecem de surpresa e saem capturando cada um dos mutantes conhecidos (o que inclui vilões como Groxo e Mesmero; os vingadores Mercúrio e Feiticeira Escarlate).

No decorrer dos eventos, o Juiz Chalmers começa a achar Larry Trask radical demais e termina revelando um grande segredo: o jovem Trask usa um colar dado por sua mãe que inibe os poderes mutantes que ele possui, que são de prever o futuro. Numa discussão sobre a desumanização das ações de Trask, Chalmers termina arrancando o cordão e o ex-líder dos Sentinelas é atacado por eles logo depois da ordem final de eliminar todos os mutantes.

A ideia do filho do grande inimigo dos mutantes ser ironicamente um mutante foi adaptado ao cinema em X-Men 2, de 2004, mudando a situação para o general William Stryker e seu filho, Jason, tendo poderes.

Thomas e Adams também prosseguem com o plot do arco anterior, mostrando que Alex Summers tem grandes poderes. Por isso, Larry Trask o veste com uma roupa especial que contém os seus poderes e tem uma gema na testa com a qual Trask pode controlá-lo, nascendo assim, o Destrutor (ou Havok, no original).

Alex Summers se torna o Destrutor, com arte de Neal Adams e texto de Roy Thomas.

No fim, os X-Men são capturados pelos Sentinelas, mas Ciclope tem o plano genial de fazer com que ele, Garota Marvel e Fera troquem de uniformes com Mercúrio, Feiticeira Escarlate e Groxo, o que confunde os Sentinelas, que são programados para reagir especificamente aos poderes dos seus alvos.

Isso dá uma vantagem aos mutantes. No fim, Ciclope é o último de pé numa luta suicida com os Sentinelas, e vence os robôs não com força bruta, mas com inteligência: ao perceber que os Sentinelas insistem que suas ações são baseadas na lógica, o líder dos X-Men debate com eles que não conseguirão vencer os mutantes se não combaterem a origem da mutação em si.

Intrigado com o argumento, o Nº 2 (o líder dos Sentinelas) chega a conclusão que, então, sua missão é se voltar contra a origem das mutações: a radiação solar! Então, num gesto de pura lógica fria, os Sentinelas partem da Terra e vão ao Sol, onde são desintegrados.

Um grande clássico das mãos de Adams e Thomas.

Dr. Lykos suga a energia de Destrutor.

O arco seguinte é Estranhos na Terra Selvagem, publicada entre X-Men 60 e 63, esta última em dezembro de 1969. Na trama, os X-Men levam o letalmente ferido Alex Summers para ser consultado pelo Dr. Karl Lykos, mas este se revela um tipo de vampiro vital, que suga a energia de seus pacientes. Com o grande poder de Destrutor, Lykos é sobrecarregado de energia e se transforma em um poderoso pterodáctilo humanoide com poderes hipnóticos chamado Sauron. A luta com ele termina, claro, na Terra Selvagem (a floresta tropical povoada de dinossauros no meio da Antártica liderada por Ka-Zar, que o grupo visitou lá atrás na edição 10).

A bela arte de Neal Adams: um confronto com Sauron e sua origem ao mesmo tempo.

Uma vez lá, a ameaça não é mais apenas Sauron, mas um homem chamado O Criador, que gerou toda uma nova raça de mutantes híbridos (os Mutados da Terra Selvagem) evoluídos a partir de animais, que lidera na disputa de poder pela Terra Selvagem. O Criador se mostra primeiramente como um aliado – e salva a vida do Anjo após este cair do céu numa luta com Sauron e até desenvolve um novo uniforme para o Anjo (sejamos justo, um uniforme bonito, criado por Neal Adams, mais limpo e nas cores branco e azul) – mas gradativamente, o time vai descobrindo seus planos nefastos por trás.

Como se isso não fosse o bastante, os X-Men terminam descobrindo que o Criador é ninguém menos do que Magneto! Só então os leitores se dão conta de que nunca haviam visto o rosto do vilão, que é finalmente revelado por Neal Adams.

Este detalhe criou um pequeno problema cronológico, porque com todo o envolvimento pretérito entre Xavier e Magneto, fica difícil entender que o velho mentor nunca tenha mostrado uma fotografia sequer de seu inimigo. Mas ignorando esse detalhe – que seria esquecido dali em diante pelo bem da cronologia dos mutantes (ainda mais quando nos anos 1980 iria-se aprofundar a relação de amizade que viraria inimizade entre Xavier e Magneto) – ainda é uma grande história. E a arte de Neal Adams atinge o seu ápice.

Infelizmente, este arco praticamente encerra a fase de Roy Thomas e Neal Adams, que não se desenvolve de modo integral após o último número.

X-Men 64 é um pequeno interlúdio, na qual Thomas permanece no roteiro, mas a arte passa às mãos de novo de Don Heck, anunciado na página de créditos como um substituto de Adams por uma edição. Na trama, é introduzido um novo mutante, o japonês Shiro Yashida, o Solaris, que tem poderes de voar e disparar rajadas de energia, que explicar ter tido origem na sua mutação a partir dos bombardeiros de Hiroshima e Nagasaki. O personagem teria um futuro com os X-Men (seria membro) e sua família mais ainda.

Em X-Men 65, Neal Adams retorna para sua edição derradeira no título, mas o roteiro, em vez de Roy Thomas, tem como convidado especial Dennis O’Neil, então, um dos principais roteiristas da DC Comics. O número traz a última grande história dessa etapa dos mutantes. E uma grande virada!

A trama revela que o professor Charles Xavier não morreu na edição 42: quem pereceu foi Changeling (sim, aquele do Fator 3), que se redimiu de seus crimes e decidiu ajudar o Professor X em sua missão, mas terminou morrendo nas mãos de Grotesk e da explosão no subterrâneo. E mais: Changeling estava mesmo sofrendo de uma doença terminal como disse no leito de morte.

Xavier tinha bolado a substituição para se preparar para combater a invasão dos alienígenas de Z’Nox. E a Garota Marvel sabia disso, mas jurou não contar aos colegas! A história não é essa coisa toda e os X-Men vencem os aliens, ao preço da quase-morte (de novo!) de Xavier.

Uma coisa curiosa nessa edição é que oficializa a nova formação dos X-Men com Ciclope, Garota Marvel, Fera, Homem de Gelo, Anjo, Destrutor e Polaris, porém, apesar de Alex Summers atuar realmente ao lado do grupo, Lorna Dane cumpre uma missão paralela.

O ciclo se encerra totalmente com X-Men 66, de março de 1970, com a volta (derradeira) de Roy Thomas e tendo Sal Buscema (o caçula de John) na arte. Na trama, os mutantes vão atrás do Hulk, pois Bruce Banner tem um artefato especial que pode salvar Xavier, o que leva, claro, a um confronto com o gigante verde. Mas conseguem salvar seu mentor. De novo, a formação do grupo é um septeto, mas eles não agem em conjunto, pois Homem de Gelo, Destrutor e Polaris ficam para trás para vigiar Xavier. A revista desenvolve o triângulo entre esses três personagens, mas ele não se resolve.

Heróis sem Revista

Contudo, sucesso e qualidade não andam sempre juntos e Uncanny X-Men continuava a vender pouco e teve que ser cancelada.

A Marvel apostava que arte de Neal Adams aumentaria as vendas de X-Men, mas isso não aconteceu. Mesmo com as boas histórias, o título continuou a ser o menos vendido da editora e não houve saída que não a interrupção da publicação.

Na verdade, a revista X-Men continuou sendo publicada, só que trazendo apenas republicações de histórias antigas, no longo período de 1970 a 1975. Enquanto isso, os X-Men continuavam a aparecer casualmente em outras revistas da Marvel, particularmente em Marvel Team Up em pequenas aventuras ao lado do Homem-Aranha. Magneto também continuou aparecendo, particularmente como vilão dos Vingadores e, em uma determinada história, foi revertido à idade de uma criança, como maneira de contê-lo.

O Fera também sofreu uma modificação em um pequeno arco de histórias solo publicadas em Marvel Saga, na qual se afasta da equipe para trabalhar na Corporação Brand e, ao testar um soro, termina assumindo uma aparência ainda mais animalesca, com pelos azuis. Pouco depois, ele ingressou nos Vingadores.

A capa de “Giant-Size X-Men 01”, de 1975, que trouxe a estreia da nova equipe. Arte de Gil Kane.

Os Novos X-Men

Em 1972, Stan Lee foi promovido a Publisher da Marvel e o cargo de Editor-Chefe foi ocupado por Roy Thomas. O escritor acreditava no potencial dos mutantes e começou a planejar um retorno triunfal da equipe. Sua ideia era tornar os X-Men uma equipe internacional, reunindo mutantes de várias nacionalidades, como um modo, inclusive, de aumentar seu potencial de vendas nos Estados Unidos (pelo exotismo) e no exterior (pela identificação).

Para a terefa de desenvolver o projeto, Thomas escalou Len Wein, que escrevia as histórias do Hulk na época. O primeiro personagem criado por Wein para a empreitada seria o primeiro super-herói canadense, país onde os quadrinhos da Marvel faziam muito sucesso. O escritor concebeu a personagem e o Diretor de Arte da Marvel, John Romita, criou o visual do novo herói: Wolverine. Wein decidiu testar o potencial de sua criação e antecipou sua estreia: ele combate o Hulk em The Incredible Hulk 180, 181 e 182, de 1974.

Com o bom resultado, Thomas e Wein contrataram o desenhista Dave Crockum para criar o restante da equipe. Além da arte sólida, Crockum tinha uma habilidade quase sobrenatural para criar uniformes, o que havia sido testado e aprovado na revista da Legião dos Super-Heróis, da DC, que possui literalmente dezenas de membros.

Os Novos X-Men: Tempestade, Colossus, Wolverine, Ciclope, Banshee, Pássaro Trovejante, Solaris e Noturno.

Os Novos X-Men estrearam em Giant-Size Uncanny X-Men 01, de 1975, parte da série “giant-size” de revistas anuais ou trimestrais da Marvel que tinham um formato maior, mais páginas e substituíam os antigos “anuais”. Na trama de Wein e Crockum, os X-Men originais são capturados por um poderoso inimigo secreto na Ilha de Krakoa e apenas Ciclope consegue escapar. Assim, ele e o Professor X saem pelo globo em busca de mutantes poderosos que possam resgatar a equipe e formar uma segunda geração de X-Men.

Quem atende ao pedido são os já conhecidos Banshee (Sean Cassady, irlandês), Solaris (japonês) e Wolverine (canadense); e os totalmente novos: Tempestade (Ororo Moroe, queniana), Colossus (Piort Rasputin, russo), Noturno (Curt Wagner, alemão) e Pássaro Trovejante (indígena norteamericano).

O sucesso da empreitada resultou na volta da revista Uncanny X-Men, retomando a numeração original a partir da edição 94. Porém, no meio do caminho, Roy Thomas deixou de ser o Editor-Chefe da Marvel para se dedicar apenas à escrita e o cargo foi ocupado justamente por Len Wein. Sem tempo, Wein apenas delineou as novas edições Uncanny X-Men 94 a 96, enquanto o texto final coube ao novato Chris Claremont. Crockum permanceu na arte.

Claremont e Crockum

Elementos antigos, como Magneto, foram mantidos. Arte de Dave Crockum.

Tem início uma das mais profícuas fases dos X-Men. A partir de Uncanny X-Men 94, a maioria dos membros originais decide sair da equipe e viver suas vidas, enquanto apenas Ciclope permanece para liderar a nova. Dentre os novatos, Solaris se recusa a permancer e vai embora. O Pássaro Trovejante não consegue se encaixar na equipe e termina morrendo na sua segunda missão, contra o Conde Nefária.

Ciclope, Tempestade, Wolverine, Colossus, Noturno e Banshee seguem como os Novos X-Men, agora, uma equipe mais velha, experiente, mas também, com muito mais ego do que os originais. Ciclope precisa se impor aos novatos para mostrar que é a melhor liderança, o que leva a confrontos constantes com Wolverine. Tempestade, Colossus e Noturno forjam uma grande amizade e quase um triângulo amoroso, mas a queniana parece meio fria. E Banshee se sente isolado por ser o membro mais velho.

Claremont e Crockum também diminuem a participação e influência de Xavier, inventando diversas desculpas para mantê-lo afastado dos demais. Além do Conde Nefária, os Novos X-Men combatem Eric Escarlate, a dupla Fanático e Black Tom Cassady, mas seu maior desafio, mesmo, é uma nova frota de Sentinelas criadas pelo cientista Stephen Lang.

Jean Grey (centro) se torna a Fênix em histórias eletrizantes de Claremont e Crockum, em 1976.

Na Uncanny X-Men 98, em plena noite de Natal, os Sentinelas sequestram os X-Men (inclusive Jean Grey que estava com Scott comemorando a data) e os levam a uma base na órbita terrestre para testá-los como cobaias. Ciclope escapa e monta uma estratégia de resgate. O grupo vence a batalha, mas precisa voltar à Terra em uma nave danificada. Jean Grey decide usar seus poderes telecinéticos para conter a radiação de uma tempestade solar que se aproxima e aprende a pilotar lendo a mente do piloto. Ela consegue pousar, mas ao custo de sua vida, pois é desintegrada pela tempestade solar. Contudo, Jean Grey emerge das águas da Baia Jamaica, em Nova York, onde a nave caiu, agora dotada de imensos poderes e chamando a si própria de Fênix.

Jean continua afastada da equipe, tentando entender seus novos poderes, mas quando os alienígenas Sh’iar sequestram o Professor X, ela se junta a equipe para combatê-los. Os Sh’iar estão em meio a uma guerra civil e a imperatrix Lilandra solicita ajuda de Xavier. O grupo combate a poderosa Guarda Imperial Sh’iar com os poderes da Fênix, que também salva o universo.

A Melhor Fase de Todas: Claremont e Byrne

Quando Crockum decidiu sair da revista, em 1977, seu substituto óbvio seria John Byrne. O canadense já havia trabalhado várias vezes com Claremont, em revistas como Marvel Team Up (com o Homem-Aranha) e Iron Fist (o Punho de Ferro). Byrne veio e trouxe uma série de mudanças. Em primeiro lugar, ele também era escritor e passou a dividir os créditos com Claremont. Em segundo, como era canadense, coube a Byrne redirecionar o papel de Wolverine dentro da equipe.

A primeira medida de John Byrne no título foi mudar o status de Wolverine e transformá-lo naquele que conhecemos.

Até então, Wolverine não tinha uma função definida na revista. Ele não era um dos membros principais – Ciclope e Noturno eram os protagonistas – e, por vezes, servia mais como alívio cômico (isso mesmo!). Byrne o quis explorar como um ser de passado misterioso (nem seu nome tinha sido revelado ainda!), atormentado no confronto com sua raiva e violência interior, mas por isso mesmo, alguém diferente dos outros, pois podia matar sem piedade seus inimigos.

Sintomaticamente, a primeira história de John Byrne como desenhista e corroteirista, em Uncanny X-Men 108, foi justamente um conto quase solo de Wolverine, na qual para relaxar depois da aventura cósmica dos X-Men, ele resolve caçar (mas sem matar a presa, como ele deixa bem claro) nas proximidades da Mansão X e é atacado por alguém chamado Vindix, outro super-herói canadense que quer levá-lo de volta ao país natal, onde teria compromissos com o Governo por ter sido um agente secreto.

Claremont e Byrne continuaram explorando Wolverine, agora em primeiro plano, colocando-o em constante confronto com o líder Ciclope, embora este sempre se saísse melhor, é verdade. Em paralelo, a dupla também começou a delinear as consequências de Jean Grey ter se tornado a Fênix.

A Saga da Fênix Negra

Corrompida pelo próprio poder, Jean Grey se transforma na Fênix Negra e se volta contra os X-Men. Drama e ação por Claremont e John Byrne.

Em seguida a um grande confronto com Magneto, o Professor X, Fera e Fênix pensam que os outros X-Men morreram e ficam deprimidos. Enquanto isso, o restante da equipe (Ciclope, Tempestade, Noturno, Wolverine, Colossus e Banshee) vivem uma série de outras aventuras tentando voltar para casa. Da Terra Selvagem, na Antártica, seguem para o Japão e terminam enfrentando a Tropa Alfa pela primeira vez, um grupo de super-heróis canadense que quer sequestrar Wolverine, liderados por Vindix (agora chamado Gardião). No Japão, Wolverine conhece Mariko Yashida, a mulher que seria o seu grande amor e revela a ela seu nome, Logan, que aparece na revista pela primeira vez. Além disso, Banshee forçou tanto suas cordas vocais que perdeu seus poderes e saí da equipe, indo para a Ilha Muir ficar ao lado de Moira McTaggert, a geneticista apresentada como velha amiga de Xavier.

O passo seguinte foi Claremont e Byrne iniciarem a Saga da Fênix Negra, um longo arco de histórias centrado na escalada de poder de Jean Grey que vai fazê-la cada vez mais perder o controle e se tornar alguém maligna. A trama se inicia em Uncanny X-Men 129, de 1980. Enquanto sofre pela ausência de Scott, Jean começa a ter estranhas visões dela mesma no século XVIII, vivendo uma história de amor com o Lorde Jason Wyngard, achando que isso era algo relacionado aos novos poderes da Fênix, como talvez lembranças de uma vida passada.

A arte dinâmica de John Byrne: Ciclope coloca os X-Men para treinar…
… fazendo-os se voltarem contra ele…
… e mostrando o valor da tática sobre a força bruta.
Pin Up de John Byrne para a Fênix Negra e sua contraparte, a Rainha Negra do Círculo Interno do Clube do Inferno:abordagem profunda da psiquê de uma heroína em queda.

Contudo, a convivência com Wyngard cada vez mais despertava aspectos sombrios da mente de Jean até chegar ao ponto que ela se torna a Rainha Negra do Clube do Inferno, num ponto onde o passado e o presente se fundem. O Clube do Inferno é uma sociedade secreta formada por milionários poderosos, muitos dos quais são mutantes, como o Rei Negro Sebastian Shaw e a Rainha Branca Emma Frost, o primeiro capaz de absorver e redirecionar energia; ela uma poderosa telepata.

Com isso, Jean Grey se torna a Fênix Negra, que se volta contra os X-Men e planeja matá-los. A equipe é capturada pelo Clube do Inferno e cabe a Wolverine resgatá-los (em sua primeira aventura solo). Mesmo vencendo o Círculo Interno do Clube do Inferno e descobrindo que Jason Wungard é nada mais do que o Mestre Mental, ex-membro da Irmandade de Mutantes, os X-Men precisam enfrentar agora a toda poderosa Fênix Negra e, em meio à batalha, ela destrói todo um sistema solar como uma maneira de demonstrar seu potencial, matando bilhões de seres vivos. Mas os esforços do Fera e do Professor X conseguem derrotá-la psiquicamente e físicamente. Depois da batalha, Jean aparentemente perde seus poderes.

Claremont e Byrne também produziram o mais clássico confronto dos X-Men contra Magneto. Nem o poder da Fênix foi páreo para o vilão.

Ainda assim, Claremont e Byrne planejaram um último capítulo para a saga, prevista para encerrar em Uncanny X-Men 137, na qual os X-Men seriam perseguidos pela Guarda Imperial de S’hiar em vingança contra os atos da Fênix. Há aqui um pequeno problema editorial envolvendo a saga. John Byrne e o editor assistente Jim Saliscup começaram a achar que os poderes da Fênix, seguindo o texto de Claremont, tinham se tornado grandes demais, o que prejudicava a lógica das histórias. Assim, o desenhista fez lobby para que Jean Grey perdesse os poderes. Chris Claremont aceitou e ele e Bryne produziram a edição 137 com o encerramento da saga e Jean Grey perdendo seus poderes de Fênix.

A polêmica edição 137, que teve que ser reescrita.
A polêmica edição 137, que teve que ser reescrita.

Entretanto, ao ler a história pronta, o então Editor-Chefe da Marvel, Jim Shooter achou que seria moralmente inaceitável deixar Jean Grey impune após ter matado bilhões de seres vivos e exigiu uma mudança nos roteiros, de modo que Claremont e Byrne foram obrigados a reescrever o final matando Jean Grey.

Na história, mostrada em Uncanny X-Men 136 e 137, os X-Men são abduzidos pelo Império Sh’iar que estão determinados a matar a Fênix Negra, pois ela se revelou uma ameaça ainda maior do que Galactus, o devorador de planetas. Os X-Men enfrentam a Guarda Imperial na Área Azul da Lua, mas Jean Grey termina cometendo suicídio com um raio desintegrador, pois não consegue mais controlar a persona da Fênix.

Com isso, a saga ganhou um epílogo na edição 138, na qual vemos o líder Ciclope abandonar a equipe para tentar lidar com a perda de seu grande amor. Assim, Tempestade se torna a nova líder dos X-Men.

O clássico fim da Fênix.
O clássico fim da Fênix.

Do ponto de vista editorial, contudo, o desfecho final da Saga da Fênix Negra trouxe uma cisão crescente entre Chris Claremont e John Byrne, de modo que a gloriosa parceria começou a se desintegrar rapidamente.

Além disso, é importante informar que, ao longo da Saga da Fênix Negra, mais especificamente no arco do Clube do Inferno, surgiu Kitty Pryde, uma menina de 13 anos com poderes de atravessar paredes. Era uma criação de Byrne para que a adolescência voltasse aos X-Men e o nome Escola Para Jovens Superdotados fizesse algum sentido. Sua primeira aparição foi em Uncanny X-Men 129.

Dias de Um Futuro Esquecido e o Fim da Parceria Claremont-Byrne

As discordâncias sobre o que fazer com a Fênix criaram uma cisão entre Claremont e Byrne. Desse modo, os dois começaram a colaborar cada vez menos e terem muitas brigas e discussões. Ainda assim, conseguiram criar um último clássico dos X-Men, o arco de duas histórias Dias de um Futuro Esquecido.

Concepção de Kitty Pryde por John Byrne: a adolescência volta aos X-Men.

A principal consequência da morte de Jean Grey foi a saída de Ciclope dos X-Men. Arrasado pela perda da namorada, Scott Summers passa a a vagar pelos Estados Unidos em busca de algum sentido na vida. O Professor X passa a liderança dos X-Men para Tempestade e o Anjo volta à equipe como um modo de garantir pelo menos um membro da formação original em ação.

Outra consequêmcia: Wolverine adota um novo uniforme, mais sóbrio,com variações de marrom, criado por John Byrne.

Capa de “Uncanny X-Men 141”, por John Byrne, mostra o futuro desolador que aguarda os mutantes.

Em Dias de um Futuro Esquecido vemos um futuro desolador onde os Sentinelas controlam os Estados Unidos e estão prestes a sofrer um ataque nuclear da coalisão de forças dos países europeus para impedir que os robôs espalhem seu domínio para o resto do mundo. A maior parte dos mutantes foi exterminada e os poucos sobreviventes vivem em Campos de Concentração, ao mesmo tempo em que a maioria dos super-heróis também foi morta.

Entre os poucos sobreviventes, estão versões velhas de Wolverine, Tempestade e Colossus, que agem em conjunto com Kitty Pride, Franklin Richards (o filho de Reed Richards e Susan Storm) e sua namorada Rachel. O grupo organiza um ataque ao comando central dos Sentinelas, mas Wolverine e Tempestade são mortos. Como medida desesperada de reverter o quadro, colocam em prática um arriscado plano em que Rachel irá usar seus vastos poderes telepáticos e combiná-los aos poderes de Franklin para enviar a consciência de Kitty Pride a sua contraparte jovem nos dias atuais. Eles escolhem como ponto exato o momento que identificam como aquele que causou a onda de eventos que levou ao mundo em que vivem: o assassinato do Senador Robert Kelly pela nova Irmandade de Mutantes.

No futuro, os Sentinelas atacam os últimos membros da resistência mutante.

A mente da jovem Kitty, então, é dominada pela velha Kitty do futuro e ela consegue convencer os X-Men a ir a Washington-DC para impedir tal morte. Lá, os X-Men enfrentam a nova Irmandade de Mutantes, liderada pela transmorfa Mística e trazendo membros como Sina (capaz de prever o futuro), Pyro (controla as chamas), Avalanche (capaz de causar terremotos) e Blob, único membro da velha equipe.

Por muito pouco, os X-Men conseguem salvar a vida do Senador Kelly, mesmo ele sendo um ferreneo inimigo dos mutantes, pois propõe uma Lei de Registro de Mutantes no Congresso. Os mais atentos vão notar que parte dessa trama (sem os elementos da viagem no tempo) serviram justamente de base ao primeiro filme dos X-Men nos cinemas.

Contudo, Uncanny X-Men 141 foi a última história que Claremont e Byrne fizeram juntos nos X-Men. O pomo da discórdia foi um pequeno detalhe: ao discordarem da resolução de uma cena, Claremont mandou o arte-finalista Terry Austin apagar a arte original de Byrne e fazer um novo quadro com a cena tal qual imaginou. Ao ver o resultado, o canadense resolveu abandonar o título.

Outro detalhe: a trama de Dias de um Futuro Esquecido é muito similar a do filme O Exterminador do Futuro de James Cameron. Mas a revista é de 1981 e o filme foi lançado em 1984. Cameron também é um conhecido fã de quadrinhos que, durante anos, tentou levar uma versão do Homem-Aranha aos cinemas.

Wolverine solo, Ninhada, o Passado de Ciclope e Dois Casamentos

Wolverine versus Lorde Shigen na minissérie escrita por Claremont e desenhada por Frank Miller.

Enquanto o título dos X-Men seguia, Chris Claremont teve a ideia de fazer uma minissérie solo de Wolverine, aproveitando o aumento na popularidade da personagem. Assim, em 1982, foi lançada Wolverine, com textos de Claremont e desenhos de Frank Miller, a nova estrela da Marvel que havia feito imenso sucesso na revista do Demolidor. Na trama, que ficou conhecida como A Saga do Japão ou Dívida de Honra, Wolverine vai ao Japão atrás de sua amada Mariko Yashida, mas descobre que ela é filha de Lorde Sigen, o maior gangster do país, líder do Tentáculo e dono de um império de crimes. Por ser ocidental, Logan precisa mostrar que é digno de desposar mulher tão ilustre, mas é vergonhosamente derrotado por Sigen em um combate não-letal. Assim, o mutante precisa se recuperar e provar sua honra. na batalha que se segue, Shigen é morto, mas isso torna Mariko sua herdeira no mundo do crime, o que impede o casal de ficar junto, pois ela tem suas responsabilidades para com o império do pai.

De grande sucesso, essa minissérie foi relançada várias vezes – no Brasil está disponível no encadernado Eu, Wolverine nas livrarias – e também serve de base para o próximo filme de Wolverine.

A capa de “Uncanny X-Men 166” com os aliens da Ninhada. Arte de Paul Smith.

Após a saída de Byrne, Dave Crockum retornou à revista por um curto período até Paul Smith assumir os desenhos, enquanto Claremont continuou escrevendo. Tem início uma fase de transição, na qual se exploram novos inimigos como a Ninhada, uma raça alienígena que usa seres vivos como receptáculos de seus ovos. (Isso não parece com Aliens? Você pergunta. Parece, é a resposta. A revista e o filme têm lançamentos próximos).

Duas consequências saíram dessa série de histórias: infectado pela Ninhada, Charles Xavier tem seu corpo clonado pelos Sh’iar, a pedido de Lilandra. O corpo clonado, claro, não tem o trauma físico das costas, além de ser mais jovem, de modo que o Professor X volta a andar. A outra é que os X-Men descobrem que o líder dos Piratas Siderais, um grupo de guerrilheiros galáticos que combatiam os Sh’iar quando estes eram comandados pelo irmão maligno de Lilandra, é um terráqueo e que se chama Christopher Summers, o pai de Scott Summers, o Ciclope, que pensava que ele estava morto. O ex-líder da equipe ensaia uma reaproximação com o grupo, participando de algumas aventuras.

Madelyne Pryor não reagiu muito bem ao ser perguntada se era uma reencarnação da Fênix.

Com a “descoberta” de Christopher Summers, Scott fica sabendo que seus avós ainda estão vivos e vivem no Alasca, onde possuem uma pequena empresa de aluguel de aeronaves de pequeno porte. Junto ao pai, ele passa um tempo lá e conhece uma das pilotos da companhia, uma ruiva chamada Madelyne Pryor, que guarda uma semelhança impressionante com a falecida Jean Grey. Os dois logo começam a namorar, mas Scott descobre que Madelyne foi a única sobrevivente de um grande acidente de avião, exatamente no mesmo dia e hora em que Jean Grey morreu na Lua, o que começa a fazê-lo suspeitar de que ela seja algum tipo de reencarnação da Fênix. Mas ela não tem poder nenhum.

Os X-Men na fase de Claremont e Smith: Xavier, Vampira, Tempestade, Ciclope, Colossus, Noturno, Ninfa (Kitty Pryde) e Wolverine.

Paralelamente, Logan e Mariko acertam suas diferenças e os X-Men são convidados a ir ao Japão para o casamento deles. Algumas mudanças estão em curso, como a entrada de Vampira no grupo: ela é uma ex-membro da Irmandade de Mutantes e filha adotiva de Mística, mas se arrependeu de seus crimes. Logan, contudo, não a aceita porque o ataque de Vampira aos Vingadores eliminou os poderes da Miss Marvel (Carol Danvers), uma amiga de Wolverine.

O novo visual punk de Tempestade, por Paul Smith.

No Japão, Logan é obrigado a atuar junto a Vampira quando os X-Men se vêem em um ataque da Madame Hidra e do ninja-mutante Samurai de Prata, que por sinal é parente de Mariko. Ao mesmo tempo, Tempestade conhece a amiga de Wolverine chamada Yuriko, uma mercenária meio irresponsável e a amizade das duas tem fortes influências em Ororo, que muda de atitude e visual, passando a usar um corte de cabelo moicano. Em meio à batalha, Tempestade ainda vê o pássaro de fogo da Fênix e se questiona de onde veio e por quê.

O espirituoso convite de casamento de Logan e Mariko, na capa de “Uncanny X-Men 172”.

De volta aos EUA, Ciclope começa a suspeitar que Madelyne é capaz de ler mentes e as suspeitas de que ela seria a Fênix começam a aumentar. Pouco antes do casamento de Wolverine, por fim, Madelyne se transforma em Fênix e os X-Men têm que combatê-la, mas descobrem que na verdade, tudo isso é um truque de Jason Wyngard, o Mestre Mental, que vem manipulando a equipe há meses.

Mesmo assim, o vilão consegue manipular Mariko para que ela não aceite se casar com Wolverine e a cerimônia não ocorre.

Essas histórias, escritas por Claremont, desenhadas por Paul Smith e com o último capítulo marcando a entrada de John Romita Jr. na revista se transformaram em um grande sucesso e são uma das melhores da equipe mutante até hoje. Já o novo desenhista é filho do lendário Diretor de Arte da Marvel e vinha fazendo bastante sucesso nas histórias do Homem de Ferro. Sua passagem pelos X-Men foi marcante, porque impriu à equipe seu traço vigoroso.

Ciclope na vigorosa arte de John Romita Jr.

Nas histórias que se seguiram, resolvida questão da “Fênix”, Scott e Madelyne se casam e ela engravida. Os X-Men participam das Guerras Secretas (primeiro megaevento da Marvel, reunindo os seus principais personagens em uma grande batalha), na qual surgiu uma cisão entre as lideranças do Professor X, de Ciclope e de Tempestade; e também o fim do namoro de Colossus e Ninfa (Kitty Pryde).

Ao mesmo tempo, a telepata do futuro que apareceu em Dias de um Furuto Esquecido chega ao nosso tempo e se revela ser Rachel Summers, filha de Scott com Jean Grey, mas como esta estava morta há muito tempo, só podia significar que ela vinha de um futuro alternativo. Atormentada por ter sido orbigada a ser uma caçadora de mutantes em seu tempo, Rachel espera se redimir agora, usando seus vastos poderes. Mas ela e a equipe decidem esconder sua identidade de Scott, o que aumenta o abismo entre o ex-líder e os X-Men. Nessa época, Madelyne dá a luz ao filho de Scott, que se chama Nathan Christopher Summers.

Enquanto combatem os Espectros, ameaças alienígenas, os X-Men conhecem Forge, um mutante que é capaz de criar qualquer tipo de arma ou equipamento. Ele e Tempestade começam um flerte, mas a arma que ele projetou para enfrentar os inimigos termina atingindo Ororo, que perde seus poderes.

Rachel Summers, a Fênix II, vinda do futuro: dando início à dinastia Summers-Grey. Arte de Rick Leonardi.

Ainda assim, ela decide continuar na equipe, liderando-os. Para resolver quem deve liderar os X-Men, eles preparam uma batalha controlada entre Scott e Ororo na nova Sala do Perigo, que após um upgrade com tecnologia Sh’iar, cria ambientes virtuais interativos que simulam qualquer ambiente. Mas preocupado por Madelyne e seu filho, Ciclope se desconcentra e é derrotado. (Histórias posteriores também acrescetaram que o vilão Sr. Sinistro manipulou a luta, de modo afastá-lo da equipe).

Sem Ciclope, os X-Men agora atuam apenas com Tempestade, Wolverine, Noturno, Colossus, Ninfa, Fênix II e Vampira. Entre as ameaças que enfrentam está uma invasão dos deuses nórdicos à Terra, a nova estruturação do Clube do Inferno, a Irmandade de Mutantes de Mística agora transformada em uma equipe governamental chamada Força Federal e Nimrod, um super-Sentinela vindo do mesmo futuro que Rachel Summers. Além disso, os X-Men encontram os Morlocks, uma numerosa comunidade de mutantes deformados ou de aparência não-padrão que vivem secretamente numa complexa rede de túneis subterrâneos, embaixo de Nova York. Após um confronto com a líder deles, Calipso, Tempestade se transforma na chefe deles.

O julgamento de Magneto em “Uncanny X-Men 200”. Arte de John Romita Jr.

Além disso, Magneto se vê num caminho de arrempedimento de seus atos e é preso e julgado num Tribunal Internacional, mas o julgamento não termina após o ataque de um grupo terrorista. Desse modo, Charles Xavier acolhe o velho amigo e o convence a ajudá-lo com os X-Men. De forma inesperada, Magneto vira um poderoso aliado da equipe e quando Xavier decide partir para o espaço a ajudar Lilandra e os Sh’iar em uma série de problemas, Magneto fica em seu lugar.

O próximo arco de histórias dos X-Men mudaria por completo seu destino e o próprio estilo de se contar as histórias. Não perca a continuação deste post em breve!

[Atualização: Parte 02 e Parte 03]