X-Men: fenômeno editorial no fim dos anos 1980. Arte de Jim Lee.

Chegamos à Parte II de nosso post sobre a história dos X-Men nos quadrinhos. Leia a parte I (https://hqrock.wordpress.com/2011/06/10/a-historia-dos-x-men-nos-quadrinhos/), volte aqui e compare com o universo dos filmes.

Estamos em 1986 e os X-Men se transformaram em uma das revistas mais vendidas da Marvel Comics, batendo de frente com o quase imbatível Homem-Aranha. O escritor Chris Claremont continua a guiar os mutantes a fronteiras cada vez mais distantes e grandes mudanças (cronológicas e editoriais) chegariam em breve. Vamos lá!

O X-Factor e a proliferação de títulos mutantes

A impressionante arte de Bill Sienkiewicz em "New Mutants": adolescentes mutantes dos anos 1980.

O sucesso da Uncanny X-Men naquela época logo incentivou a Marvel a criar novas revistas explorando o universo mutante, que, em médio prazo, se transformaria quase numa subdivisão do Universo Marvel, devido a grande quantidade de personagens e revistas. O primeiro spin-off dos X-Men foram os Novos Mutantes, uma equipe de adolescentes que surge como uma nova geração para ser treinada por Charles Xavier e que ganhou de cara uma revista própria nas mãos de Chris Claremont e Sal Buscema, sendo, depois, desenhada por nomes como Bill Sienkiewicz, Jackson Guice e Brett Blevins. Seus membros eram: Míssel, Danyele Moonstar, Magma, Magia (irmã de Colossus), Cifra, Mancha Solar (Roberto DaCosta, um mutante brasileiro) e Warlock.

Capa de "X-Factor 01", de 1986, por Bob Layton e Jackson Guice: os membros originais dos X-Men novamente reunidos.

Pouco depois, foi criado um segundo spin-off dos X-Men com o X-Factor, nada mais, nada menos, do que a equipe original dos X-Men: Ciclope, Garota Marvel, Fera, Anjo e Homem de Gelo. Mas peraí, Jean Grey? Sim, isso mesmo. Uma trama mostrada na revista dos Vingadores (por Roger Stern e John Buscema) e no Quarteto Fantástico (por John Byrne) culminou em X-Factor 01 por Bob Layton e Jackson Guice, mostrando os Vingadores encontrando um tipo de casulo no fundo da Baia Jamaica, em Nova York. Investigando tal artefato, o Quarteto Fantástico descobre que Jean Grey está em seu interior. A equipe descobre que, na verdade, Fênix e Jean Grey eram duas entidades separadas que se encontraram no acidente do ônibus espacial lá trás no passado. A Fênix colocara Jean Grey no casulo para curar seus ferimentos e tomou o seu lugar. Desse modo, foi a Fênix que morreu na Lua e Jean Grey estava viva esse tempo todo.

Com sua “volta dos mortos”, os X-Men originais decidem se reagrupar para contribuírem no combate a onda cada vez maior de um sentimento antimutante, ao mesmo tempo em que não querem se aproximar dos X-Men oficiais, devido ao desaparecimento do Professor X e a aliança deles com Magneto. Os cinco se reúnem e criam uma empresa de fachada chamada X-Factor, financiada por Warren Worthington III, o Anjo, que se destina a recrutar jovens mutantes e treiná-los no uso de suas habilidades. A população, entretanto, pensa que eles são caçadores de mutantes e os apoiam.

Capa de "X-Factor 11" com a dinâmica arte de Walt Simonson. Os textos eram da esposa dele, Louise Simonson.

As histórias do X-Factor, escritas por Louise Simonson (a partir do número 06) e desenhadas por Guice e, em seguida, por Walt Simonson, se converteram em uma grata surpresa no fim dos anos 1980, com ótimos roteiros, uma trama envolvente e uma abordagem madura e complexa do relacionamento entre Jean Grey e Scott Summers, já que, agora, ele era um homem casado e pai de um filho. O casamento não resiste, entretanto, e Madelyne Pryor desaparece com o filho Nathan sem deixar pistas.

O Massacre de Mutantes e o Início da Era das Grandes Sagas

"O Massacre de Mutantes" pode ser encontrado no Brasil, nas livrarias, neste encadernado da Panini.

O fim dos anos 1980 estava chegando e a Marvel começou a mudar seu modus operandi. De arcos de histórias que se desenvolviam de modo lento e gradual ao longo de várias edições, o novo editor-chefe Tom DeFalco, comandou a era dos crossover, ou seja, arcos de histórias mais curtas, porém, mais bombásticas, “grandes eventos”, que, inclusive, se interligariam com várias outras revistas. O primeiro desses a envolver os X-Men foi o Massacre de Mutantes, uma saga na qual os mutantes Morlocks são atacados por um grupo chamado de Carrascos, formado por novos personagens como Caçador de Escalpos, Maré Selvagem, Embaralhador, Arrasaquarteirão e outros.

Capa de "Uncanny X-Men 212", por Barry Windsor-Smith: o primeiro confronto entre Wolverine e Dentes de Sabre.

A saga envolveu os títulos Uncanny X-Men, New Mutants, X-Factor e até The Mighty Thor, que era escrito por Walt Simonson, que também desenhava o X-Factor. Na trama, a grande maioria dos Morlocks é morta, Lince Negra (Kitty Pride), Noturno e Colossus são gravemente feridos e afastados da equipe e os X-Men começam a suspeitar que Jean Grey está viva (Wolverine sente o cheiro dela nos túneis subterrâneos). Também ficou estabelecido que um dos membros dos Carrascos, Dentes de Sabre (uma personagem criada por Claremont e Byrne como vilão nas histórias do Punho de Ferro) era não somente um velho conhecido de Wolverine, mas seu maior inimigo do passado.

Recortes do segundo round de Wolverine contra Dentes de Sabre, agora com arte de Alan Davies.

Nas histórias que se seguem, os X-Men recrutam novos membros – Crystal, Longshort e Psyloche – e caçam os Carrascos até descobrir que são liderados por um misterioso e poderoso vilão chamado Sr. Sinistro. Essas tramas fecham a transição de fases na revista Uncanny X-Men, marcando a saída do desenhista John Romita Jr.; algumas edições realizadas com desenhistas convidados, como Barry Windsor-Smith, Alan Davis, Arthur Adams; até Marc Silvestri assumir o título.

A nova fase é marcada pelo tom sombrio, o que é bastante potencializado pela arte “suja” de Silvestri. Tempestade deixa os X-Men em busca de Forge e de recuperar seus poderes. Wolverine fica para liderar o grupo. Ororo e Forge terminam se envolvendo em uma disputa contra uma entidade mística muito poderosa chamada O Adversário até serem convocados por outra entidade, chamada Roma, para enfrentá-lo.

Tem início a saga A Queda dos Mutantes, que envolveu todos os títulos mutantes (Uncanny X-Men, X-Factor e New Mutants) em situações extremas. No combate contra o Adversário, os X-Men são dados como mortos e preferem continuar assim. Roma os transporta para a Austrália, onde o grupo monta base e passa a agir secretamente para revidar os velhos inimigos, particularmente os Carrascos e os Carniceiros. Como presente de Roma, os X-Men (Tempestade, Wolverine, Colossus, Vampira, Crystal, Longshort, Psyloche, Destrutor e até Madelyne Pryor) ficam invisíveis a aparelhos eletrônicos.

Paralelamente, Wolverine começa uma série de aventuras solo em sua própria revista. É a estreia de Wolverine, ainda com textos de Chris Claremont e arte do veterano John Buscema. Na trama, Logan vai até a fictícia cidade de Madripoor, na Indonésia, onde investiga algumas conexões de seu passado misterioso. As histórias são mais low-fi, com tom sombrio e mais realistas, calcadas no submundo do crime.

Capas de "X-Factor" com o arco "A Queda dos Mutantes", com arte de Walt Simonson e textos de Louise Simonson.

Os X-Factor também vivia uma fase importante nas mãos do casal Louise Simonson (roteiros) e Walt Simonson (desenhos). Ciclope e Jean Grey estão juntos, mas o Fera sofre por estar se tornando cada vez mais bestial, ao mesmo tempo em que, como consequência do Massacre de Mutantes, o Homem de Gelo tem dificuldades em controlar seus poderes e o Anjo tenta suicídio por ter perdido suas asas.

Mas o mutante alado é resgatado pelo vilão Apocalipse que o transforma na Morte, o Quarto Cavaleiro do Apocalipse (junto a Guerra, Peste e Fome). O quarteto combate o X-Factor, que vence e consegue fazer Warren Worthington III retomar sua consciência, mas ele decide não se unir novamente ao grupo, num primeiro momento. Ele voltaria, mas agora se chamando Arcanjo. Ao mesmo tempo, a equipe se aproveita da gigantesca nave de Apocalipse, que é comandada por uma ineligência artificial, e passa a usá-la como QG.

Os Novos Mutantes vêem a morte de dois membros: Warlock e Cifra.

Expandindo o universo mutante

Cable, na arte de Rob Liefeld.

Enquanto Chris Claremont fazia os X-Men rodar o mundo como fantasmas e combater uma série de novos e estranhos inimigos; diversos outros artistas passavam a colaborar com o universo mutante e a modificá-lo.

Os Novos Mutantes, por exemplo, também passaram ao comando de Louise Simonson durante um tempo, que junto ao desenhista Rob Liefeld criou várias novas personagens e um novo contexto para a equipe: com a “morte” dos X-Men; o exílio de Xavier no espaço; e a debandada de Magneto (após as mortes citadas), que deixam o grupo à própria sorte, os adolescentes encontram apoio em um novo e misterioso mutante: Cable.

O passado de Cable era misterioso, mas ele tinha uma vasta experiência, além de uma postura eminentemente militar para transformá-los em um grupo preparado para a guerra. Repleto de membros novos, a equipe evoluiu para uma revista mais violenta e de roteiros mais exagerados típicos da época, chamada X-Force comandada pelo escritor Fabian Niceza e ainda com o desenhista Rob Liefeld.

Ao mesmo tempo, o X-Factor continuava a combater o superpoderoso Apocalipse.

Capa de "Uncanny X-Men 242" com o primeiro encontro entre os X-Men e o X-Factor, na arte sombria de Marc Silvestri.

Neste ponto, ocorreu o primeiro encontro entre os X-Men e o X-Factor e ele não foi nada amistoso. O encontro se deu durante a saga Inferno que correu em todos os títulos mutantes, mas também em outras edições da Marvel, notadamente no Homem-Aranha. Na trama, o X-Factor descobria que Madelyne Pryor era uma entidade superpoderosa conhecida como a Rainha dos Duendes e ajudava a montar uma invasão de demônios sobre a Terra. Ela queria, também, sacrificar uma série de bebês para aumentar seus poderes. Ciclope consegue resgatar seu filho, mas é obrigado a atacar a ex-esposa.

Os X-Men, que não sabiam da verdade sobre Madelyne (que agora namorava Destrutor, o irmão de Ciclope), vão protegê-la de maneira violenta, cheios de mágoas em relação ao X-Factor, por julgá-los caçadores de mutantes, traidores da raça. Uma batalha selvagem se dá entre eles, mas Jean Grey e Tempesdade (que sempre foram amigas muito queridas) conseguem acalmar os ânimos e direcioná-los ao verdadeiro inimigo: o Sr. Sinistro.

Madelyne Pryor encontra seu "criador", o Sr. Sinistro. Textos de Claremont, arte de Silvestri.

Na batalha final, Ciclope mata o Sr. Sinistro e a Rainha dos Duendes perde seus poderes e também morre, embora fique claro que ela era uma clone de Jean Grey, produzida pelo Sr. Sinistro, como os X-Men suspeitaram desde o início. Ciclope e Jean Grey passam a cuidar do filho dele, Nathan Summers.

O X-Factor, então, passa por uma fase sem grandes atrativos, encerrando a longa jornada da escritora Louise Simonson a frente da revista X-Factor, no número 63, em 1990, logo após o arco Programa de X-Termínio, que será comentado abaixo.

No último arco do X-Factor original, Claremont, Lee e Portacio impõem a maior derrota de Ciclope: a perda de seu filho, Nathan.

Preparando o caminho para o fim do “primeiro X-Factor”, a revista é assumida por Chris Claremont e Jim Lee, que dividem os roteiros para um arco em cinco partes desenhado por Whilce Portacio.

Em um ataque de Apocalipse, o bebê Nathan Summers é infectado por um vírus tecnorgânico que vai matá-lo em pouco tempo. Então, uma mulher vinda do futuro, chamada Askani, aparece para salvá-lo, dizendo que pode curá-lo. Lendo sua mente, Jean percebe que ela fala a verdade e a criança é levada embora. (Histórias futuras revelariam que Askani agia a mando de Rachel Summers, a Fênix II, filha de Ciclope e Jean Grey no futuro). Mas é um golpe duro para Ciclope, que em pouco tempo perdeu a ex-esposa e o filho.

Mas este fato teria grandes desbobramentos em breve.

O novo visual oriental de Psyloche: veículo para Jim Lee explorar a sensualidade.

Enquanto isso, a revista Uncanny X-Men via o nascimento de um astro. Quando Silvestri abandonou o título, foi substituído pelo sul-coreano Jim Lee e seu estilo cheio de traços, composição arrojada, cenas estudadas e rostos cheios de fúria fez o maior sucesso. Rapidamente, Jim Lee se tornou uma das maiores estrelas da Marvel, tanto que passou até a colaborar com os argumentos de Claremont.

As histórias escritas por Claremont e Lee mostravam os X-Men dispersos pelo mundo. Roma tinha dado a eles um artefato chamado Portal do Destino, em que podiam atravessar e renascer com outra vida, sem lembranças. Colossus, Destrutor, Vampira fizeram uso dele e desapareceram. Tempestade foi reduzida à idade de uma criança e dada como morta. Wolverine estava mais interessado em suas “aventuras solo” (a revista Wolverinefazia bastante sucesso, agora nas mãos do escritor Larry Hama e do desenhista Marc Silvestri). E o Gambit fez sua estreia e, pouco depois, seria um mutante muito popular entre os fãs.

Mas Logan logo voltaria a se interessar por seu grupo quando conheceu a adolescente mutante Jubileu. O censo de responsabilidade falou mais alto e o baixinho decidiu treiná-la como Xavier teria feito. Os dois passaram a agir juntos e terminaram no Japão, onde Psyloche foi atacada pelo Tentáculo e transformada de uma lady britânica em uma ninja japonesa por meio de um processo de transferência de mente e corpo (é por coisas como essa que a revista do X-Factor era muito melhor…).

O Fim de uma Era

Capa de "Uncanny X-Men 275", marco da fase de Claremont e Lee: Xavier volta do espaço e a equipe mutante se reagrupa com Gambit, Banshee, Forge, Psyloche, Xavier, Wolverine, Jubileu e Tempestade.

Wolverine, Psyloche e Jublileu começam a tentar reagrupar os X-Men. Ao mesmo tempo, Vampira está na Terra Selvagem com Magneto. O ex-vilão descobre como anular os poderes dela por meio de seu magnetismo – Vampira não podia tocar em ninguém sem absorver memórias e poderes – e, com isso, os dois vivem um intenso caso de amor. Mas tudo é atrapalhado pela emergência de um grupo de mutantes terroristas formados pelos Metamorfos, aqueles mesmos que Magneto liderou no fim dos anos 1960. (Veja a primeira parte do post).

Neste ponto, ocorrem dois megaeventos reunindo todos os títulos mutantes – Uncanny X-Men, X-Factor, X-Force, Wolverine… – chamados Programa de X-Termínio e A Saga da Ilha Muir.

Em X-Termínio é apresentada a nação de Genosha, um país fictício próximo a Magadascar, onde mutantes são perseguidos impunemente pelo próprio governo, num tema que seria recorrente nos x-títulos dali em diante.

Em seguida, em Uncanny X-Men 275 (por Claremont e Lee), os X-Men são reunidos com Tempestade, Wolverine, Jubileu, Psyloche, Gambit, Banshee e Forge e vão ao espaço ajudar os Sh’iar em mais uma crise. De brinde, na volta trazem o Professor Xavier após anos no espaço.

O novo X-Factor de Peter David e Larry Stroman: Fortão, Mercúrio, Lupina, Polaris, Destrutor e Homem-Múltiplo.

Depois, veio A Saga da Ilha Muir, onde um mutante superpoderoso chamado Mestre das Sombras – que teria sido o primeiro mutante maligno a ser combatido por Xavier quando jovem – ataca uma série de mutantes (coadjuvantes das revistas dos X-Men que não tinham função narrativa na época) e domina suas mentes. Num esforço conjunto, os X-Men e o X-Factor se unem para derrotá-lo e como consequência, o Professor X perde mais uma vez o uso de suas pernas. Essa saga foi esboçada por Claremont e Lee, mas foi tocada de fato por Fabian Niceza e vários desenhistas. A dupla precisava de tempo para preparar um evento bombástico.

Outras consequências se seguem à Saga da Ilha Muir: com a presença de Xavier, os membros do X-Factor decidem voltar aos X-Men. Xavier se reúne com Valerie Cooper – a Secretária Especial do Governo dos EUA para Assuntos Mutantes – e resolvem criar uma equipe operacional do governo (agentes secretos mutantes), que herdará o nome X-Factor.

O novo X-Factor é formado por Destrutor (líder), sua namorada Polaris, o ex-vingador Mércurio e outros membros “menores”, como Lupina (dos Novos Mutantes), Homem-Múltiplo e Fortão. Com histórias escritas por Peter David e desenhos de Larry Stroman, a nova tônica do X-Factor era o humor e foi uma revista surpreendente. O início se deu em X-Factor 71, de 1991.

Capa tripla de "X-Men 01" por Claremont e Lee: marcando o fim de uma era.
A Equipe Azul dos X-Men: sob medida para a arte cheia de poses de Jim Lee. Fenômeno de vendas.

Enquanto isso, o grande número de membros fez a Marvel decidir por dividir os X-Men em duas equipes: a azul e a amarela. A amarela seria formada por Tempestade, Jean Grey, Colossus, Homem de Gelo, Arcanjo e seria publicada na tradicional Uncanny X-Men (a partir do número 281), com textos de Claremont e desenhos de Whilce Portacio, “promovido” ao título.

Já a azul estrearia em grande estilo na nova revista X-Men 01, de 1991, comandada por Claremont e Jim Lee. A Marvel fez uma grande divulgação desse novo título e um marketing agressivo, que incluíam quatro capas diferentes para a mesma edição, que unidas formavam um grande poster. O resultado é que muitos leitores compraram a mesma revista várias vezes, para ter as capas e X-Men 01 vendeu a absurda tiragem de 8 milhões de unidades, um número tão alto que hoje é inconcebível.

Essa venda fez o mercado de quadrinhos entrar em uma era de muita superprodução, dinheiro e vendas altíssimas, capitaneado por artistas como Lee que com seu traço faziam as edições serem sucesso. O problema é que a sanha terminou prejudicando a qualidade das histórias. Em médio prazo, também haveria o estouro da bolha, mas isso é assunto para adiante.

Os três primeiros números da nova X-Men traziam uma trama interessante: Magneto decidia reativar o Asteróide M e disponibilizá-lo para qualquer mutante que quisesse viver lá, como um refugo da perseguição. Um grupo de admiradores, chamado de Acólitos, liderado pelo manipulador Cortez, começa a influenciar Magneto a transformar-se, novamente, em uma liderança mutante a ser seguida. Lentamente, ele vai voltando a ser o vilão que conhecíamos, principalmente depois que descobre que Moira McTaggert teria alterado seu código genético quando ele era uma criança (ele foi reduzido a infância durante um curto período, nos meados dos anos 1970) para que ele não fosse mais tão mal.

O início da nova fase em "Uncanny X-Men 281", com o Lado B dos X-Men, a Equipe Amarela, por Claremont e Whilce Portacio.

As grandes potências mundiais se sentem inseguras com Magneto mantendo uma nação mutante acima de nossas cabeças e decidem atacá-lo. Cabe então a Equipe Azul dos X-Men detê-los, reunindo os membros mais populares do time: Ciclope, Wolverine, Gambit, Psyloche, Vampira, Fera e Jubileu.

Entretanto, por trás dos panos, o clima editorial dos X-Men não era nada bom. Chris Claremont, que escrevia os mutantes há muitos anos, via seu poder de decisão cada vez mais reduzido. E ainda tinha que conviver com vários outros escritores escrevendo as demais revistas. Além disso, os editores da Marvel, particularmente o editor assistente Bob Harras e o Editor-Chefe Tom DeFalco, pareciam mais inclinados a acatar as decisões do astro Jim Lee do que as do velho escritor, que se viu desmotivado a continuar no jogo. Assim, X-Men 03 foi a última edição dos mutantes escritas por Claremont, depois de 18 anos ininterruptos à frente dos X-Men.

Simbolicamente, sua saída marca o fim de uma Era e o início de outra em que o sucesso da equipe e suas revistas será cada vez mais maior e as medidas editoriais cada vez mais assustadoras.

Fiquem ligados na continuação deste post em breve!