A galeria de vilões do Batman: a melhor dos quadrinhos.

Se um herói é medido pelo valor de seus inimigos, o Batman está feito: o homem-morcego da DC Comics possui a melhor galeria de vilões dos quadrinhos. Poucos personagens (poucos mesmo!) possuem inimigos tão icônicos, famosos e importantes quanto o cruzado embuçado.

Para celebrar isso, o HQRock traz um dossiê especial com os maiores antagonistas do maior detetive da Terra. Por suas qualidade, é mesmo difícil sintetizar tantos personagens, mas nos atemos aos mais importantes (sejam nos quadrinhos, sejam nas outras mídias). Os comentários vão se concentrar essencialmente na fonte original dos mesmos – ou seja, os quadrinhos – mas apenas alguns comentários serão acrescidos sobre filmes, séries e desenhos animados.

Vamos lá!

O Coringa na arte de Brian Bolland.

CORINGA

O palhaço do crime é não somente o mais famoso vilão do Batman, mas também um dos mais famosos e icônicos vilões de todas as mídias (incluindo o cinema!). O insano serial killer ocupa um lugar onde somente figuras seletas como Darth Vader, Hannibal Lecter, Lex Luthor e mais alguns poucos podem frequentar. O Coringa é também um dos personagens mais antigos do cânone do homem-morcego, pois surgiu pouco depois de um ano da criação do herói, estreando na comemorativa revista Batman 01 de 1940. A ideia original de sua criação foi de Jerry Robinson, cartunista assistente de Bob Kane (o criador do Batman), que se inspirou na interpretação do ator Victor Conrad no filme de terror O Homem que Ri. O escritor Bill Finger queria matá-lo logo ao fim da primeira história, mas Bob Kane não deixou, transformando-o no principal oponente do homem-morcego.

Já no início, era um assassino frio e louco, mas com a censura aos quadrinhos nos anos 1950, terminou virando mais um brincalhão aprontador. O aspecto psicótico só foi resgatado muitos anos depois, a partir de 1971, com as histórias de Dennis O’Neil e Neal Adams, que trouxeram um personagem totalmente amoral e insano. Ainda assim, ele continuou a ser desenvolvido por autores posteriores, particularmente, pela dupla Steve Englehart e Marshall Rogers, em seu fantástico arco de histórias de 1976; e notadamente Alan Moore e Brian Bolland na icônica história A Piada Mortal, de 1987, na qual o Coringa tenta enlouquecer o Comissário Gordon ao torturá-lo e balear e estuprar sua filha (isso mesmo!) Barbara Gordon (que o vilão nem sabia ser a Batgirl). Nos últimos anos, o personagem anda um tanto quanto enfraquecido, tendo em vista o uso frequente, mas é sempre um ovo de ouro na mão de grandes artistas.

A cena brutal da morte de Robin na arte de Jim Aparo.

Em termos cronológicos, ninguém sabe quem o Coringa realmente é: sua identidade é um grande mistério. Algumas histórias, inclusive, exploram que nem ele sabe quem é. Ou não se importa. A Piada Mortal é ainda o mais completo retrato de sua origem, mas mantém tudo borrado, para não acabar com o mistério. De concreto, fica estabelecido que ele era um comediante de Stand-Up que fracassou em emplacar uma carreira, chegando a se envolver com criminosos como uma medida desesperada. Mas algo deu errado e sua esposa foi morta. A brilhante história não esclarece se ela se matou ou foi morta por gangsters, o que é interessante (são apresentadas várias versões). Por fim, enquanto o comediante se passava por um outro criminoso, o Capuz Vermelho, foi surpreendido pelo Batman e caiu em um tanque de ácido que deixou sua pele branca, os cabelos verdes e um sorriso permanente. A nova aparência e o choque da morte da mulher terminam transformando-o no Coringa.

A loucura e a falta de freios morais é um prato cheio para usá-lo em várias mídias e o Coringa já esteve em todas elas. No cinema, já foi interpretado por Cesar Romero (1966), Jack Nicolson (1989), Heath Ledger (2008), Jared Leto (2016) e Joaquin Phoenix (2019) todos brilhantes à sua maneira. Nos desenhos animados, o vilão também teve uma representação marcante, na fantástica série Batman – A Série Animada, onde foi dublado com maestria por Mark Hammil, ator mais conhecido como Luke Skywalker em Star Wars.

Curiosamente, nas outras mídias, o vilão já teve contada uma origem bem diferente da original, na qual é originalmente um capanga da mafia, fato retratado tanto em Batman – O Filme (de Tim Burton, 1989) quanto no desenho em longametragem Batman – A Máscara do Fantasma (1993), que é um tipo de sequência da Série Animada. E em ambos ganhou até um nome: Jack Napier. Já em Batman – O Cavaleiro das Trevas (de Christopher Nolan, 2008) tem-se uma versão mais próxima dos quadrinhos: simplesmente não se sabe nada sobre o seu passado. E nem importa. Já o Coringa de Joaquin Phoenix explora justamente as origens do vilão, de um comediante fracassado chamado Arthur Fleck a um psicopata perigoso em meio a Gotham City do início dos anos 1980.

Nos quadrinhos, o Coringa é o responsável por alguns dos ataques mais pessoais ao Batman, mesmo que nem saiba a sua identidade secreta. Além do ataque a Barbara Gordon, o vilão também matou o Robin II (Jason Todd), espancando-o com um pé de cabra e explodindo-o com uma bomba; e matou Sarah Essen Gordon, a segunda esposa do Comissário Gordon.

O HQRock tem um post especial dedicado apenas ao Coringa. Leia clicando aqui.

O Coringa foi criado por Bob Kane, Jerry Robinson e Bill Finger e surgiu em Batman 01, de 1940.

DUAS-CARAS

Duas Caras: maior esquizofrênico dos quadrinhos.

Nunca a esquizofrenia foi mais dual do que em Harvey Dent. Ex-promotor público, o atormentado advogado termina se tornando um dos mais complexos vilões dos quadrinhos e sempre um desafio ao Batman por seus crimes elaborados e sua imprevisibilidade. Deformado no lado esquerdo do rosto, Harvey Dent deixou emergir uma segunda personalidade psicótica para contrabalancear o bom homem que era. Assim, anda com uma velha moeda de um dólar com um dos lados riscado. Antes de tomar uma decisão importante, Dent sempre joga a moeda e age de acordo com a sorte. Com isso, pode passar de assassino irrefreável a “homem da lei” em um segundo!

O Duas-Caras foi criado ainda no início da carreira editorial do homem-morcego, mas sua aparência aterradora foi censurada nos anos 1950, de modo que passou mais de 16 anos ausente das histórias até retornar em 1970 em uma clássica aventura de Dennis O’Neil e Neal Adams. Os artistas contemporâneos foram mais habilidosos para lidar com ele, fazendo surgir histórias muito interessantes, como Batman – O Longo Dia das Bruxas, de 1995, por Jeph Loeb e Tim Sale, que explora sua origem e, tal qual o personagem, deixa tudo mais complicado.

Harvey Dent também está em Batman – Ano Um, de Frank Miller e David Mazzucchelli, de 1987. Nesta, é mostrado como um honesto Promotor Público que se alia ao Batman em sua luta contra o crime. Inclusive, Dent chama a atenção para si, de modo que o então Tenente Gordon suspeite de que ele próprio é o Batman. Seguindo a cronologia do Batman, em O Longo Dia das Bruxas, vemos a aliança entre o homem-morcego, Dent e Gordon (então, capitão e não comissário ainda) para derrubar a mafia de Gotham; mas Dent é mutilado pelo mafioso Sal Maroni durante seu julgamento, o que leva ao surgimento do Duas Caras.

O Duas-Caras já foi representado algumas vezes no cinema: ele aparece apenas como o promotor Harvey Dent vivido por Billy Dee Williams em Batman – O Filme (de Tim Burton, em 1989); numa versão espalhafatosa e vazia interpretada sem entusiasmo por Tommy Lee Jones em Batman Eternamente (de Joel Schumacher, 1995); e numa versão radical e brilhante por Aaron Eckhart em Batman – O Cavaleiro das Trevas (de Christopher Nolan, 2008). Esta é bastante fiel aos quadrinhos e baseada na representação tanto de Ano Um quanto de O Longo Dia das Bruxas.

MULHER-GATO

Mulher-Gato: uma das personagens mais icônicas dos quadrinhos.

Tudo bem, classificar a Mulher-Gato como uma vilã é algo discutível, pelo menos quanto ao seu papel nos quadrinhos. Mas o fato é que ela surgiu como vilã e é vista assim pela maior parte do grande público. A Mulher-Gato é a personagem feminina mais icônica dos quadrinhos depois da Mulher-Maravilha. Uma das primeiras personagens criadas dentro do cânone do homem-morcego, ela evoluiu com o passar do tempo de uma simples ladra para uma personalidade mais complexa, que não é verdadeiramente má, apenas mal orientada. Assim, apesar de suas atividades furtivas, termina sempre fazendo o bem e é até uma aliada relutante do Batman.

A Mulher-Gato em suas muitas fases.

Selina Kyle fez sua primeira aparição já em Batman 01, de 1940, a mesma edição que trouxe o Coringa pela primeira vez e comemorava um ano de sucesso do Batman. Na história, é chamada apenas de The Cat e usava uma enorme máscara com a cabeça de um gato. Em histórias seguintes, aparecia sem máscara e com roupas civis até ganhar, pouco tempo depois, o seu primeiro uniforme: um vestido com capuz similar ao do Batman, capa e saltos altos. Desde o início, os roteiristas exploravam a tensão sexual entre ela e o Batman, o que rendia boas aventuras, mas tudo mudou quando foi implementado o Comic Authority Code (CAA), um código de ética (e censura) dos quadrinhos que proibia menções à sexo, violência e outras coisas. Com isso, a personagem perdeu o sentido e simplesmente desapareceu durante 12 anos, só voltando por causa de sua representação na série de TV do homem-morcego, em 1966. Desde então, a dubiedade da personagem vem sendo mais explorada, particularmente nos autores dos anos 1970, que a mostravam como uma assassina.

A Mulher-Gato antiheroína dos anos 1990.

Após a reformulação cronológica da Crise nas Infinitas Terras, a dupla Frank Miller e David Mazzucchelli explorou uma nova origem para ela dentro do arco Batman – Ano Um , na qual é retratada como uma prostituta, bem ao estilo Era Sombria dos Quadrinhos. Com o passar dos anos, o lado “da vida” da personagem vem sendo ignorado pelos escritores, mas a origem é oficialmente válida. Outro importante desenvolvimento se deu nas maxisséries Batman – O Longo Dia das Bruxas e Batman – Vitória Sombia, ambas pela dupla Jeph Loeb e Tim Sale, que a mostraram como filha bastarda do mafioso Carmine Falcone, além de mostrar seu envolvimento com Bruce Wayne desde cedo. Mais tarde, o mesmo Jeph Loeb, agora com o desenhista superstar Jim Lee, produziu o arco Silêncio, na qual Batman revela sua identidade secreta a ela e os dois namoram firme por um tempo, e depois permanecem como aliados.

As histórias mais recentes do Batman, escritas por Tom King, mostraram Bruce Wayne e Selina Kyle se aproximando ainda mais forte, culminando com o Batman a pedindo em casamento e ela aceitando. Como esperado, a dupla não subiu ao altar, desistindo na última hora.

A Mulher-Gato já teve várias encarnações live action. Primeiramente, na série de TV dos anos 1960, onde foi reimaginada pela atriz Julie Newmar, que inclusive criou seu icônico figurino. Contudo, após a primeira temporada, foi produzido um longametragem para o cinema na qual a atriz não pôde participar (por motivos contratuais), sendo substituída por Lee Meriwether. E na terceira temporada, o papel coube a Eartha Kitt, a primeira afrodescendente a fazê-la. A personagem voltou aos cinemas em 1992 em Batman – O Retorno, de Tim Burton, interpretada magistralmente por Michelle Pfeiffer. Em seguida, foi realizada uma série de TV sobre a Caçadora, uma personagem de um futuro alternativo da DC Comics que é filha da Mulher-Gato com o Batman. Em Birds of Prey, a Mulher-Gato aparecia somente em flashbacks com o visual do filme anterior. Em 2004, foi lançado o filme Mulher-Gato, protagonizado por Halle Barry, mas foi um fracasso de público e crítica. Antes, a personagem voltou à TV na aclamada Batman – A Série Animada, com a voz de Jane Webb. Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge trouxe a Mulher-Gato, vivida por Anne Hathaway. A série de TV Gotham mostrou uma versão juvenil de Selina Kyle com Camren Bicondova.

A Mulher-Gato foi criada por Bob Kane e Bill Finger em 1940, aparecendo pela primeira vez em Batman 01.

BANE

Bane nos quadrinhos: o vilão que “quebrou” o Batman. Arte de Graham Nolan.

Vilão criado especificamente para a saga A Queda do Morcego, Bane foi um dos principais antagonistas do Batman nos anos 1990, embora sua importância tenha diminuído nos últimos tempos. Nos quadrinhos, Bane é um homem de altíssima inteligência e extremamente hábil em luta corporal, mas que, inicialmente, se utilizava de uma droga chamada veneno para ampliar sua força física, o que lhe causou dependência. Sua origem é carregada do drama e exagero típicos dos anos 1990: nasceu na ilha de Santa Prisca (sendo, portanto, latinoamericano!), filho de uma mulher condenada à prisão, de modo que já nasceu condenado. Crescendo numa prisão, foi condenado à morte certa em uma jaula que era inundada sempre à maré alta, mas sobreviveu, ganhando respeito absoluto dos outros presos. Depois, foi submetido a um experimento para injetar o veneno diretamente no cérebro, o que foi bem-sucedido.

Bane quebra o Batman em A Queda do Morcego. Arte de Jim Aparo.

Determinado a derrotar o Batman, Bane foi para Gotham e armou um plano genial de cansar o homem-morcego para derrotá-lo. Assim, liberta todos os presos do Asilo Arkham, obrigando ao Batman combater todos os seus maiores inimigos em um intervalo de poucas semanas. O cavaleiro das trevas consegue prendê-los, mas ao custo da total exaustão física e mental, o que o tornou um alvo fácil para Bane, que descobriu a identidade secreta do herói, invadiu a Mansão Wayne e quebrou sua coluna. Tudo isso em A Queda do Morcego, publicada entre 1993 e 1995. Enquanto se recuperava, Bruce Wayne foi substituído por Jean-Paul Valley como Batman, que derrotou Bane. O próprio Wayne demorou um bom tempo para reencontrar Bane, mas em uma boa condição física, derrotou o vilão com facilidade. Depois, o vilão tentou se aliar com Tália Head, a filha de Ra’s Al Ghul e teve um relacionamento com ela, porém, no fim, terminou desistindo da vida de crimes e se dedicar ao bem. Atualmente, seu posicionamento ético é dúbio, e ele é retratado ora como vilão, ora como anti-herói.

Bane versus Batman no cinema.

Bane foi retratado no filme Batman e Robin, de Joel Schumacher, em 1997, embora de modo totalmente descaracterizado: como um monte de músculos acéfalo e mudo, lacaio da Hera Venenosa. O vilão aparece bem mais digno em Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge, interpretado por Tom Hardy, é o principal operador da organização de Ra’s Al Ghul e Talia, trazendo alguns dos elementos dos quadrinhos, inclusive incapacitar o Batman.

Bane foi criado por Chuck Dixon e Graham Nolan na minissérie The Revenge of Bane, de 1993, antes de migrar para os títulos do homem-morcego.

RA’S AL GHUL

Ra’s Al Ghul nos quadrinhos: o mais poderoso dos vilões de Batman. Arte de Graham Nolan.

Na verdade, entre todos os grandes vilões do Batman, o terrorista Ra’s al Ghul é o mais perigoso, pois além de inteligente, hábil fisicamente e praticamente imortal, tem recursos de sobra para empreender ações de larga escala. A ética de Ra’s Al Ghul é dúbia, pois sua causa é exterminar metade da população mundial para que a outra metade viva bem e em paz. Sua origem étnica é incerta – embora oriental, talvez até árabe, pois seu nome significa “cabeça do demônio” em árabe – e ele tem cerca de 700 anos de vida. O segredo da longevidade é o Poço de Lázaro, uma série raríssima de poços míticos que possuem a capacidade de rejuvenescer seu usuário – uma única vez, cada. Se o poço é usado em alguém vivo, pode levá-lo à loucura imediata. O personagem é fruto da prolífica fase dos anos 1970, comandada por Dennis O’Neil e Neal Adams.

Batman vs Ra’s Al Ghul na arte de Neal Adams.

Os caminhos de Ra’s Al Ghul se cruzaram com o do Batman por meio de Talia, sua filha. Batman combatia uma organização terrorista chamada Liga dos Assassinos e conheceu Talia, uma mercenária que os combatia também. Depois, Ra’s Al Ghul apareceu para confrontar o Batman e ver se ele era digno de sua filha; sendo revelado posteriormente que era ele o líder da Liga. A partir de então, o maior sonho de Ra’s era ver uma união definitiva entre o cavaleiro das trevas e sua filha, o que geraria o herdeiro perfeito, algo que terminou se concretizando na história O Filho do Demônio (de Mike W. Barr e Jerry Bingham, em 1987), na qual um inimigo comum obriga uma aliança entre o herói e o vilão, e resulta em Batman e Talia ficando um tempo juntos. A revista revela no final que Talia ficou grávida e deu o bebê para a adoção sem o homem-morcego saber.

A trama foi deixada de lado por anos, mas retomada na longa temporada de Grant Morrison e Andy Kubert, em 2006, (ver no encadernado Batman e Filho, publicado no Brasil pela editora Panini Comics) na qual Talia apresenta Damian Wayne, seu filho. Em histórias daquele tempo, Ra’s Al Ghul chegou a ser definitivamente morto, o que levou ao surgimento de outra filha, Nyssa Raatko, que fez uma lavagem cerebral em Talia – até então uma forte aliada do Batman – tornando-a realmente uma vilã. Mas, como esperado, o vilão retornou depois.

Liam Neeson como Henri “Ra’s Al Ghul” Ducard e seu pupilo Bruce Wayne em Batman Begins.

Ra’s Al Ghul também vem aparecendo nos desenhos animados do Batman há algum tempo, tanto na Série Animada quanto na série da Liga da Justiça – A Série Animada, com voz de David Warner. O vilão também foi destaque em alguns longametragens animados, notadamente em Batman Contra o Capuz Vermelho, neste interpretado por Jason Isaacs.

O vilão Ras Al Ghul.

Nos cinemas, fez sua estreia em Batman Begins, de Christopher Nolan, em 2005. O filme brinca com o telespectador, mostrando o ator Ken Watanabe como Ra’s Al Ghul, enquanto Liam Neeson interpreta Henri Ducard, que se responsabiliza pelo treinamento do jovem Bruce Wayne para se tornar um vigilante. Mas Wayne se nega a ser um assassino e termina sendo atacado e destruindo o QG da Liga das Sombras (nome mais sutil da organização nos cinemas). Mais adiante no filme, Batman descobre que Ducard é Ra’s al Ghul, que usa dublês para que todos pensem que o “cabeça do demônio” é imortal. Ducard morre ao fim do filme, mas seu legado continua, pois a Liga das Sombras volta a atacar Gotham City em Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge, agora liderados por Bane e Talia.

Além disso, Ra’s Al Ghul apareceu diversas vezes nas series de TV do Universo DC, como Arrow e Gotham.

Ra’s Al Ghul foi criado por Dennis O’Neil e Neal Adams em Batman 232de 1971.

TALIA HEAD

Talia em sua versão cartoon.

Inteligente, fria, mortal e extremamente habilidosa, Talia Head era uma mercenária que Batman descobriu ser a filha de Ra’s Al Ghul. Ela realmente se apaixonou pelo homem-morcego e, durante um tempo, ficou em dúvida sobre se seguia seu pai ou o seu amado. Na graphic novel O Filho do Demônio, escrita por Mike W. Barr e desenhada por Jerry Bingham, Batman precisa se aliar com o vilão por causa de um inimigo comum e o cavaleiro das trevas termina ficando com Talia por um tempo. Como resultado, Talia fica grávida, mas percebendo a atitude relutante do herói após o fato, Ra’s Al Ghul e a filha tramam um falso aborto natural. O fim da história mostra o bebê sendo entregue à adoção.

Batman e Talia ficam juntos em “Filho do Demônio”, por Barr e Bingham.

Após algumas pelejas, Talia rejeitou sua herança e se tornou uma poderosa aliada do Batman. Inclusive, quando (nas histórias do início dos anos 2000) o cavaleiro das trevas uniu forças com o Superman para tirar o vilão Lex Luthor da Presidência dos Estados Unidos, usou seus recursos para que Talia se tornasse a CEO da LexCorp, roubando a riqueza do vilão.

Talia Al Ghul e Batman na arte de Neal Adams.

Contudo, após a “morte” de Ra’s Al Ghul, uma outra de suas filhas, Nyssa Raatko, fez uma lavagem cerebral em Talia e a tornou uma vilã. Ela então apareceu ao Batman para mostrar o filho que tiveram, Damian Wayne, e que o herói desconhecia. Talia diz que o aborto fora um truque e entrega a criança (de uns 12 anos) para que o Batman cuidasse do resto de sua crianção. Damian é um assassino supereficiente, e logo se torna o novo Robin, treinado por seu pai.

Marion Cotillard como Miranda Tate.

No filme Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge, a personagem Miranda Tate, interpretada por Marion Cotillard aparece como uma executiva da Wayne Enterprises que vai ajudar Bruce Wayne a desenvolver uma tecnologia de energia limpa, mas na verdade, se revela como Talia, filha do personagem Henri Ducard, o Ra’s Al Ghul de Batman Begins, interpretado por Liam Neeson.

Talia Head foi criada por Dennis O’Neil e Bob Brown em Detective Comics 411, de 1971.

PINGUIM

O Pinguim: uma dos mais famosos vilões do Batman.

Sem sombras de dúvida, o Pinguim é um dos mais populares vilões do Batman, tendo sido um dos mais frequentes nas Eras de Ouro e Prata. Apresentado como um ladrão habilidoso em suas primeiras histórias, após a reformulação cronológica de Crise nas Infinitas Terras, em 1985, a abordagem sobre o vilão se tornou bem mais maligna, especialmente no arco The Penguim Affair, de 1989, de Alan Grant e Norm Breyfogle.

Nos anos 1990, após A Queda do Morcego, nas histórias escritas por Chuck Dixon e Doug Moench, a abordagem mudou novamente: o vilão deixa de ser um criminoso propriamente dito para agir como dono de um clube noturno, o Iceberg Lounge. O homem-morcego tolera a existência do “ex”-criminoso em suas atividades porque ele se tornou um valioso informante sobre o que ocorre no submundo.

Seu nome é Oswald Chesterfield Cobblepot, advindo da high-society de Gotham City, mas uma criança que sofreu bastante bullying por ser gordinho e baixo. Além disso, sua mãe era superprotetora e, após uma pneumonia, obrigou o filho a andar sempre com um guardachuvas, o que lhe ridicularizou na escola. Suas postura baixa e rechonchuda, aliada ao guardachuvas, lhe valeu o apelido de Pinguim. Esses elementos o tornaram um adolescente problemático que terminou entrando para o crime. Contudo, ao contrário da maioria dos inimigos do Batman, Cobblepot não é louco, tendo total controle de suas faculdades mentais e sendo extremamente inteligente.

O personagem ficou bastante popular após a série de TV do Batman nos anos 1960, onde foi interpretado por Burgess Meredith. Também apareceu em todos os desenhos animados do Batman e ganhou uma versão grotesca (ainda que impressionante) em Batman – O Retorno, de Tim Burton, em 1992, interpretado com maestria por Danny Devito.

A série de TV Gotham exibe um tipo de origem detalhada do Pinguim, interpretado de maneira certeira por Robin Lord Taylor, como um filho bastardo da aristocracia que começa bem de baixo no submundo, mas vai se tornando cada vez mais sagaz e poderoso ao longo das temporadas.

Foi criado por Bill Finger e Bob Kane em Detective Comics 58, de 1941.

CHARADA

O Charada no traço de Jim Lee.

O Charada é outro dos mais populares vilões do Batman. Edward Neshton era uma criança fascinada por quebracabeças, jogos e adivinhações, e terminou usando essa sua habilidade incomum para o crime, mudando de nome para Edward Nigma, que podia ser abreviado como E. Nigma. Contudo, devido a alguns traumas de infância, o Charada não consegue ser plenamente eficiente em seus jogos e se autoboicota sempre. A metodologia que usa é deixar pistas para que a polícia o encontre. A extrema inteligência de Nigma e seus intricados enigmas o tornam um adversário digno da astúcia do Batman, embora não seja páreo para um confronto físico.

A típica arte de Dick Sprang consolidou o visual do Batman nos anos 1950.

O vilão não é um assassino, nem mesmo maligno, o que lhe torna um personagem bem interessante. Por isso mesmo, foi um dos mais recorrentes nas Eras de Ouro e Prata. Após a reformulação de Crise nas Infinitas Terras, já se tentou reformular o personagem duas vezes, embora sua essência se mantém. No arco Silêncio, de Jeph Loeb e Jim Lee, em 2003, o Charada é inicialmente apresentado como um vilão de segunda e fracassado, mas ao final, o homem-morcego descobre que ele é o grande cérebro por trás do plano liderado por Tommy Elliot, o Silêncio. Ficamos sabendo, então, que Nigma havia contraído câncer no cérebro e Elliot fez uma cirurgia não-eficaz, de modo que o vilão foi atrás de um Poço de Lázaro pertencente a Ra’s Al Ghul e renasce curado. Porém, passa um período totalmente louco, no qual termina por encontrar resposta à charada “quem é o Batman?“. Ao final, o próprio Batman mostra que o Charada, apesar de saber que ele é Bruce Wayne, é incapaz de revelar tal segredo, por causa de seu problema mental. Nas histórias subsequentes, após passar por outra doença, Edward Nigma reaparece mudado, sem lembrar que Wayne é o Batman, e disposto a se refazer como alguém do lado da lei, trabalhando como detetive particular, mas  voltou à vilania nas histórias escritas por Tony Daniel.

Duas Caras e Charada na visão de Schumacher.

Devido a sua popularidade, o Charada já foi representado várias vezes em outras mídias. Na série de TV dos anos 1960, foi interpretado de maneira destacada por Frank Gorshin, papel inclusive, que lhe valeu o Emmy 1967 de melhor ator em comédia. No cinema, foi retratado em uma versão alucinada (e, de certo modo, mimetizando o Coringa) por Jim Carey em Batman Eternamente, de 1995. Assim como o Pinguim, Nygma teve bastante importância na série de TV Gotham, vivido por Cory Michael Smith.

Foi criado por Bill Finger e Dick Sprang em Detective Comics 140, de 1948.

ESPANTALHO

O Espantalho tenta torturar o Batman na arte de Norm Breyfogle.

Outro dos mais antigos vilões do Batman, o Espantalho tem a curiosidade de praticamente não ter sofrido nenhuma expressiva mudança em termos de visual e característica. Apenas sua psiquê foi aprofundada na Era Sombria. Na cronologia, ele é o psiquiatra Dr. Jonathan Crane, que sofreu bastante bullying quando criança por causa de sua aparência esquálida e alta, terminando por se tornar uma pessoa desequilibrada e obcecada em causar medo nas outras. Por esse motivo, foi estudar psiquiatria e desenvolveu um potente gás do medo que passou a usar como arma ao assumir a identidade de O Espantalho.

O Espantalho em Batman Begins.

É um personagem bastante potencial, mas seu uso nos quadrinhos é repetitivo ao ponto de torná-lo inócuo. Mas teve uma abordagem fascinante no filme Batman Begins, de 2005, interpretado pelo britânico Cillian Murphy. Uma curiosidade: o vilão ganhou um “clone” na concorrente editora Marvel Comics, que possui um vilão exatamente com o mesmo nome e aparência na galeria de inimigos do Motoqueiro Fantasma.

Foi criado por Bill Finger e Bob Kane em World Finest 03, de 1941.

HERA VENENOSA

Hera Venenosa em sua versão “pele-verde” na arte de Jim Lee.

Esta vilã, não tão conhecida quanto a Mulher-Gato, é uma adesão um pouco mais recente no cânone do homem-morcego, surgindo na Era Prata. Hera Venenosa tem um forte poder de sedução e pode controlar as plantas ao seu redor. Ela própria é uma mulher-planta, enquanto seus lábios liberam uma forte toxina que pode ser letal ou usada para controlar a mente da vítima, principalmente homens, mas não somente.

A origem da vilã foi bastante modificada após Crise nas Infinitas Terras. A nova versão foi criada por Neil Gaiman em Secrets Origin 36, de 1988, na qual se mostra que Pamela Isley era uma estudante de botânica que foi seduzida e usada como cobaia de um experimento por seu professor, o Dr. Jason Woodrue – que na cronologia da DC depois usaria o conhecimento da experiência para se tornar o Homem-Florônico, um vilão da galeria do Flash.

A vilã era retratada inicialmente como uma mulher aparentemente normal usando uma fantasia verde, mas suas versões mais modernas a mostram como um tipo de mulher-planta, inclusive, as vezes com pele verde. Hera Venenosa foi levada ao cinema em Batman e Robin, de Joel Schumacher, em 1997, interpretada por Uma Thurman.

Foi criada por Robert Kanigher e Sheldon Moldoff em Batman 181, de 1966.

SILÊNCIO

Silêncio.

Criado para o arco de histórias Hush, de 2003, Silêncio era uma figura misteriosa que agia apenas nas sombras e usava uma máscara formada por esparadrapos. De início, sua identidade era desconhecida, o que levava à suspeita de ser Harvey Dent, o Duas Caras, mas terminou sendo revelado como Thomas “Tommy” Elliot, um amigo de infância de Bruce Wayne e renomado cirurgião. Por conta de um plano ousado para destruir o Batman – no qual até descobriu sua identidade secreta – Silêncio ganhou rapidamente respeito na comunidade supercriminosa de Gotham City, passando a ser um dos maiores criminosos de então. Seu uso nas histórias posteriores, contudo, não foi tão bom e o personagem veio perdendo importância.

De qualquer modo, é uma adesão importante ao cânone recente do homem-morcego e até poderia render um bom antagonista em um filme futuro.

Criado por Jeph Loeb e Jim Lee em Batman 609, de 2003.

MÁSCARA NEGRA

Máscara Negra, o chefão do crime em Gotham City.

Advindo da leva de novos vilões que o Batman ganhou nos anos 1980, o Máscara Negra ganhou bastante destaque nas aventuras dos anos 2000, quando se tornou o maior chefão criminoso de Gotham City. Nos quadrinhos, sua identidade secreta era Roman Sionis, filho da high society da cidade e herdeiro da Janus Cosmetic. Porém, por uma série de problemas familiares, terminou migrando para o mundo do crime, usando uma máscara preta, que lhe deu seu codinome, e fundando a Sociedade da Face Falsa, uma organização criminosa onde todos usavam máscaras.

Sua importância maior se deu a partir da saga A Queda do Morcego, em 1993, e em aventuras seguintes, terminou por passar por um acidente que queimou a marca de sua máscara em seu próprio rosto, de modo que se tornou um deformado com uma aparência que lembra um cadáver (ou uma cópia mais escura do Caveira Vermelha, inimigo do Capitão América da Marvel Comics, convenhamos…).

Seu maior momento foi durante o arco Jogos de Guerra (escrito por nomes como E.J. Lieberman, Devin Greyson, Greg Rucka e Ed Brubaker) na qual passou a controlar todo o submundo de Gotham. Depois, teve que combater a concorrência do novo Capuz Vermelho, numa sequência de histórias escritas por Judd Winnick que depois foram adaptadas (e muito bem!) no desenho em longametragem Batman Contra o Capuz Vermelho. (Leia mais aqui), onde teve voz de Wade Williams.

O vilão também causou grandes males, quase matando a heroína Salteadora, a namorada do Robin Tim Drake, e torturando a irmã de Selina Kyle, a Mulher-Gato. Por isso, em vingança, a antiheroína terminou por matá-lo com um tiro na cabeça. Contudo, como a morte é algo que não dura nos quadrinhos, o Máscara Negra retornou dos mortos como um dos Lanternas Negros na saga A Noite Mais Densa e continua na ativa.

O vilão ganha sua primeira versão cinematográfica em Aves de Rapina – Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa, na qual é o principal oponente do grupo de “heroínas” do filme, e é vivido por Ewan McGregor.

Criado por Doug Moench e Tom Mandrake em Batman 386, de 1985.

CAPUZ VERMELHO

O Capuz Vermelho em seu filme: velho aliado.

No início da carreira do Batman, existia um bandido conhecido como Capuz Vermelho, que fazia alguns assaltos, mas nunca foi pegue. O homem-morcego depois descobriu que várias pessoas usaram essa identidade e uma delas foi o homem que se transformaria no Coringa (ver acima). Muitos anos depois, após os eventos dos Jogos de Guerra, no arco Sob o Capuz, escrito por Judd Winnick e desenhado por Doug Mahnke , em 2005 e 2006, surgiu um novo Capuz Vermelho, que passou a atacar as quadrilhas criminosas de Gotham sem piedade e ameaçar o império de crimes do Máscara Negra. Batman foi atrás de deter esse novo vigilante e terminou por descobrir que ele era ninguém menos do que Jason Todd, o segundo Robin, que havia sido morto pelo Coringa anos antes na história Morte em Família (de Jim Starlin e Jim Aparo, em 1988).

Os termos da “ressurreição de Jason Todd são confusos, mas o fato é que ele voltou à ativa disposto a ter uma atitude mais agressiva do que o seu mentor, por quem ainda nutre um respeito absoluto, mas discorda de seus métodos de não matar. Após esse primeiro reencontro, Todd continuou agindo como um vigilante sob o nome de Capuz Vermelho até se tornar o Robin Vermelho durante certo tempo e também usar da identidade de Asa Noturna (criada por seu antecessor como Robin, Dick Greyson), antes voltar ser o Capuz Vermelho de novo.

O Capuz Vermelho e o Batman na versão animada.

Sua história é contada no ótimo desenho animado em longametragram Batman Contra o Capuz Vermelho, onde tem avoz de Jensen Ackles (de Supernatural), disponível à venda e nas locadoras.

O Capuz Vermelho original foi criado por Bob Kane, Bill Finger e Sheldon Moldoff em Detective Comics 168, de 1951. O novo Capuz Vermelho foi criado por Judd Winnick e Doug Mahnke em Batman 635, de 2005. Jason Todd, por sua vez fora criado por Gerry Conway e Don Newton em Batman 357, de 1983.

HUGO STRANGE

Hugo Strange: obcecado em ser o Batman.

Hugo Strange é um dos vilões mais antigos do Batman, tendo aparecido antes que outros personagens famosos, como o Robin, o Coringa ou a Mulher-Gato. Em suas primeiras aparições, Hugo Strange era um cientista (maluco) que usava experimentos estranhos como arma no crime, inclusive zumbis gigantes. Após décadas de desuso, o personagem retornou ao cânone do homem-morcego no clássico arco de histórias Strange Apparitions, escrito por Steve Englehart e desenhado por Marshall Rogers e Walt Simonson, publicado em 1976. Cuidando de um hospital privado, Strange cria uma máquina capaz de ler mentes, o que lhe permite descobrir a identidade secreta do Batman ao ler a mente de Bruce Wayne. Um dos primeiros vilões do cavaleiro das trevas a descobrir sua identidade. Strange tenta criar um nome no mundo do crime organizado espalhando a notícia para o Coringa, Pinguim e o chefão da Máfia Rupert Thorne que sabia quem era o Batman. Mas o gangster resolve sequestrar o doutor e torturá-lo para extrair a informação. Strange aparentemente morre no processo e seu “fantasma” passa a assombrar o mafioso, de modo que este confessa seus crimes e é preso. Mais tarde, foi revelado que sua morte e o fantasma eram truques, obviamente.

Após a reformulação cronológica de Crise nas Infinitas Terras, o Dr. Hugo Strange foi reintroduzido como um psiquiatra brilhante que deduz a identidade do Batman na clássica história Acossado (Prey, no original), escrita por Doug Moench e desenhada por Paul Gulacy, em Batman: Legends of the Dark Knight 11 a 15, de 1990 e 1991, uma revista que publicava histórias do herói no início da carreira. Na trama, ele é parte de uma força-tarefa da polícia para capturar o Batman e é mostrado como alguém obcecado em se tornar o Batman, de modo que tenta matar o herói para substituí-lo. Depois, a primeira história de Strange ganhou uma versão moderna – e aparentemente é parte oficial da cronologia – na minissérie The Monster Men, de 2006, escrita e desenhada por Matt Wagner e se passaria antes dos eventos de  Acossado.

Hugo Strange não é muito famoso, mas apareceu algumas vezes nos desenhos animados do Batman, notamente no episódio The Strange Secret of Bruce Wayne, em Batman – A série Animadae que adapta o arco Strange Apparitions. Elementos dessa mesma história foram usados no filme Batman Eternamente, de Joel Schumacher, em 1995, em que é o Charada (interpretado por Jim Carey) quem produz uma máquina capaz de ler mentes e, com isso, descobre a identidade do Batman.

Foi criado por Bob Kane e Bill Finger em Detective Comics 36, de 1940.

CROCODILO (KILLER CROC)

O Crocodilo em sua versão menos humana.

Mais uma adesão ao cânone do homem-morcego advinda dos anos 1980, o Crocodilo é Waylon Jones, um jovem que nasceu com uma rara doença de pele que o deixa com uma aparência reptiliana. O arco de histórias que o introduziu é o mesmo em que Jason Todd se tornou o Robin II. Nessas histórias, Jones tentava assumir o controle do crime organizado de Gotham City. Nas tramas pós-Crise nas Infinitas Terras, os artistas passaram a retratar o vilão com uma aparência menos humana e mais animalesca, de certo modo, remetendo bastante ao visual do Lagarto, inimigo do Homem-Aranha. No início dos anos 2000, o arco Cidade Castigada, de Brian Azzarelo e Eduardo Risso, em 2003-2004, retomou a aparência original, mas o arco Silêncio, de Jeph Loeb e Jim Lee, o mostrou como vítima de vírus que potencializou mais ainda sua transformação, de modo que se tornou cada vez menos parecido com um ser humano. E menos racional, também.

Foi criado por Gerry Conway e Gene Colan aparecendo como uma sombra em Detective Comics 523, e de maneira explícita em Batman 357de 1983.

FERIADO

Alberto Falcone, o Feriado.

Feriado é um serial killer que aparece em Gotham City durante o primeiro ano de ação do Batman e é o primeiro grande caso do “maior detetive do mundo“, mostrado na maxissérie Batman – O Longo Dia das Bruxas, de Jeph Loeb e Tim Sale, em 1996. O misterioso assassino ataca membros das famílias mafiosas da cidade, que eram combatidas com a união de forças do Batman, do então capitão Jim Gordon (o futuro comissário) e o promotor público Harvey Dent (que se transformaria no vilão Duas Caras). De certo modo, a história serve como uma origem mais detalhada deste último.

modus operandi do Feriado era sempre atuar nas datas celebrativas (como halloween, ação de graças, natal, ano-novo, dia dos namorados etc.), o que de certo modo o vincula ao vilão Calendar-Man, o Homem-Calendário. Loeb e Sale assumiram a influência e colocaram este vilão na história, preso no Asilo Arkham e, de certo modo, ajudando Batman, Gordon e Dent a descobrir a identidade do serial killer. No fim das contas, Batman descobre que o responsável pelos crimes é Alberto Falcone, o filho “fracassado” de Carmine Falcone, o maior chefão criminoso da cidade. No entanto, o público também fica sabendo que nem todos os crimes do feriado foram realizados por ele e que quem na verdade criou o modus operandi do assassino foi Gilda Dent, a esposa de Harvey, que queria, com isso, que o marido trabalhasse menos e se dedicasse mais a ela e ao filho que estavam esperando. Inclusive, ela usava uma pistola automática recolhida de uma “cena de crime” que Harvey havia levado para casa, e usando um bico de mamadeira de borracha como abafador na ponta do cano. Em seguida, Alberto Falcone se apropriou do estilo e saiu fazendo mais vítimas. Porém, a história deixa presumível que o próprio Harvey Dent descobriu que a esposa tinha cometido os primeiros crimes e também utilizado do mesmo método para fazer suas primeiras vítimas, antes mesmo de virar o Duas Caras.

Feriado foi criado por Jeph Loeb e Tim Sale em Batman – O Longo Dia das Bruxas, de 1996.

MR. FREEZE (SR. FRIO)

Sr. Frio: vilão recorrente.

Inicialmente, esse vilão bastante recorrente nas aventuras de Batman, era chamado de Mr. Zero, mas seu nome foi modificado na série de TV dos anos 1960 para Mr. Freeze (Sr. Frio, no Brasil), nomenclatura que prevaleceu em seguida. Na série, foi interpretado por três atores diferentes: George Sanders, Otto Preminger e Elli Wallach. O personagem tem grande apelo visual, por isso, apareceu bastante nas adaptações do homem-morcego como desenho animado, inclusive em um longametragem: Batman – Subzero, derivado de Batman – A Série Animada, nos anos 1990. O vilão também teve uma adaptação cinematográfica no espalhafatoso Batman e Robin de Joel Schumacher, de 1997, interpretado pelo famosíssimo Arnold Schwarzenegger.

Ao longo dos anos, a cronologia do personagem se mantém mais ou menos a mesma. O cientista Victor Fries é especialista em criogenia, a técnica de congelar seres vivos e mantê-los vivos. Ele usa esse procedimento para congelar a própria esposa, Norah Fries, porque tem uma rara doença incurável. A busca por uma cura termina em um acidente na qual Fries é exposto ao frio mortal, de modo que só pode permanecer vivo mediante uma roupa especial que mantém a temperatura de seu corpo muitos graus abaixo de zero. O que alimenta a máquina são diamantes, de modo que ele precisa roubá-los. O que muda em algumas versões é se sua esposa está viva ou morta durante seus crimes.

Foi criado por Bob Kane, David Wood e Sheldon Moldoff em Batman 121, de 1959, mas seu nome contemporâneo só foi adotado nos quadrinhos em Detective Comics 373, de 1968.

VAGALUME

Vagalume: pouco recorrente, mas de visual legal.

Este vilão surgiu relativamente cedo no cânone do Batman, mas foi pouco usado ao longo do tempo e não é muito conhecido. Em suas primeiras aparições, era Garfield Lynns, um ex-especialista em efeitos especiais para o cinema que usava luzes coloridas para praticar crimes. Porém, após a reformulação de Crise nas Infinitas Terras, o Vagalume se tornou um piromaníaco especialista em causar incêndios e manusear explosivos. Sua maior participação nos quadrinhos recentes foi no arco A Queda do Morcego, onde é um dos criminosos libertados por Bane do Asilo Arkham. Em histórias posteriores, porém, ele é visto preso em Blackgate, ou seja, um presídio para criminosos e não no Asilo, que é para doentes mentais. Para cometer seus crimes, o Vagalume usa uma armadura que o protege do fogo e usa asas para planar acima do ar quente.

Apesar de pouco conhecido, o Vagalume apareceu várias vezes em desenhos animados, tanto em Batman – A Série Animada quanto em Liga da Justiça – A Série Animada, embora tenha sido mais recorrente na série The Batman, em 2004, onde teve voz de Jason Mardsen.

Foi criado por France Herron e Dick Sprang em Detective Comics 184, de 1952.

CARMINE FALCONE

Carmine Falcone, já com sua cicatriz, na arte de Tim Sale.

Quando Batman iniciou sua guerra ao crime, Gotham City era controlada por cinco famílias mafiosas, a maior e mais poderosas dela a família Falcone, comandada por Carmine “Romano” Falcone. Embora o personagem seja apresentado em Batman: Ano Um, de Frank Miller e David Mazzucchelli, de 1987, seu arco não é encerrado na história, pois se mostra apenas o homem-morcego iniciando uma ação para desestabilizar o poder da máfia, enquanto Carmine Falcone em si é punido pela Mulher-Gato que, durante um roubo, deixa uma cicatriz com suas guarras no rosto do chefão. A história do personagem é detalhada em Batman: O Longo Dia das Bruxas, de Jeph Loeb e Tim Sale, de 1996.

Nesta obra, conhecemos sua família, com seus filhos, Mario, Alberto e Sofia, esta, casada com um proeminente mafioso aliado. Também é mostrado que Sal Maroni e sua família são subordinados ao grande chefão. Aquela história também explora o fato de que Selina Kyle, a Mulher-Gato, pode ser sua filha bastarda; e que Alberto Falcone é o assassino serial Feriado. Carmine Falcone, no entanto, é morto na história.

Carmine Falcone em “Batman Begins”.

O personagem aparece no desenho animado em longametragem Batman – Ano Um com voz de Alex Rocco (de O Poderoso Chefão) e é central à trama de Batman Begins, onde é interpretado por Tom Wilkinson, aparecendo ainda com importância na primeira temporada de Gotham, vivido por John Doman.

Foi criado por Frank Miller e David Mazzucchelli em Batman 404, de 1987.

SOFIA GIGANTE

Sofia Falcone Gigante: mafiosa que é revelada como O Enforcador.

Sofia Falcone Gigante é filha de Carmine Falcone e devido ao seu temperamento forte e raivoso, termina se tornando sua herdeira no império de crimes. Após sofrer um acidente em Batman – O Longo Dia das Bruxas, termina em uma cadeira de rodas. Mas na sequência, Batman – Vitória Sombria, quando um assassino serial chamado O Enforcador, começa a fazer vítimas entre os policiais corruptos da cidade, Batman termina descobrindo que o criminoso é a própria Sofia Gigante, que já havia se recuperado de seus ferimentos, permanecendo na cadeira de rodas apenas como embuste. No fim, ela é morta pelo Duas Caras.

Foi criada por Jeph Loeb e Tim Sale em Batman: The Long Halloween 01, de 1996.

PISTOLEIRO (DEADSHOT)

O Pistoleiro nos quadrinhos.

O Pistoleiro é o maior assassino de aluguel do Universo DC e surgiu nas aventuras de Batman ainda na Era de Ouro. Inicialmente, era um bandido comum com fraque e cartola, mas depois, ganhou um visual mais arrojado, com uma armadura. Suas maiores marcas são uma mira telescópica no lugar do olho direito e disparadores de balas em seus punhos. Com o passar dos anos, o vilão se tornou o nome mais proeminente do Esquadrão Suicida, uma organização de criminosos trabalhando para o Governo dos EUA em missões suicidas. Curiosamente, os roteiristas mais recentes vêm tratando Floyd Lawton, seu verdadeiro nome, como um suicida em potencial, alguém que faz tudo o que faz na expectativa de morrer logo. Nos último anos, o Pistoleiro é muito mais um personagem do Universo DC como um todo do que um oponente do Batman.

O personagem apareceu em vários desenhos animados, notadamente em Liga da Justiça – A Série Animada, onde foi dublado por Michael Rosenbaum, o mesmo ator que fazia o Flash no mesmo programa e que fez Lex Luthor na série de TV Smallville. Uma versão do Pistoleiro, mais parecida com a original dos anos 1950, também apareceu em Smallville, vivido por Bradley Striker, inicialmente como um mercenário de aluguel, posteriormente, como membro do Esquadrão Suicida. Também foi interpretado por Michael Rowe em Arrow.

Pistoleiro e Arlequina terão filmes próprios.

Mas a estreia do vilão nos cinemas foi em Esquadrão Suicida, onde é vivido por Will Smith. O filme explora uma versão ligeiramente fiel do Pistoleiro, embora lhe dê uma cobertura um pouco mais heroica, provavelmente por causa do ator que lhe interpreta, mais acostumado a fazer os bonzinhos. Na trama, Floyd Lawson se vê arrependido de sua vida de crimes, ao ser preso pelo Batman (vivido por Ben Affleck) na frente de sua filha pequena. Ao ser forçado a atuar na Força Tarefa X comandada por Amanda Waller e Rick Flagg, o Pistoleiro termina meio como um líder do grupo e cria um “clima” com a Arlequina (Margot Robbie). O filme foi mal recebido e vai ganhar um misto de sequência e reboot chamado O Esquadrão Suicida, mas Smith não regressa para reprisar o papel. É esperado que o personagem possa voltar em algum filme futuro do Universo DC, pois já se chegou até a pensar em uma aventura solo para ele.

O Pistoleiro foi criado por Bob Kane, David Vern Reed e Lew Schwartz em Batman 59, de 1950.

MONGE LOUCO

O Monge Louco na arte de Matt Wagner.

O Monge Louco (ou apenas O Monge) é um dos mais antigos vilões do Batman, tendo aparecido em uma das primeiras histórias do personagem, escrita por Gardner Fox. Na trama, a noiva de Bruce Wayne, Julie Madison, é sequestrada pelo malfeitor, que é revelado como sendo um vampiro. Numa época em que o personagem Batman ainda estava sendo construído, o herói mata o Monge na história original. O vilão foi retomado nos anos 1980, quando o escritor Gerry Conway o reintroduziu em Detective Comics 515, de 1982, numa história que praticamente adaptava o conto original para novos leitores. Depois, a história foi novamente adaptada, agora com um viés mais moderno (e ao mesmo tempo mais fiel ao original) na série de histórias escritas e desenhadas por Matt Wagner que faziam releituras das primeiras aventuras do Batman. A minissérie Batman and the Mad Monk é uma obra muito interessante e, aparentemente, é canônica, ou seja, se insere dentro da cronologia oficial do personagem.

Criado por Gardner Fox e Bob Kane em Detective Comics 33, de 1939.

CEIFADOR

O Ceifador de Ano Dois. História apagada da cronologia.

Originalmente chamado de The Reaper, este vilão surgiu em uma clássica história de terror do Batman escrita por Dennis O’Neil e desenhada por Neal Adams, em 1971, morrendo ao final. Na década de 1980, após as mudanças cronológicas de Crise nas Infinitas Terras, foi criado um novo Ceifador na história Batman: Ano Dois, escrita por Mike W. Barr e desenhada por Alan Davis e Todd McFarlane. Nesta, o Ceifador é Judson Caspian, um velho vigilante que existiu décadas antes do Batman e matava suas vítimas. O retorno do antiherói leva o homem-morcego a questionar seus métodos, ao mesmo tempo em que o homem-morcego reencontra Joe Chill, o assassino de seus pais. Ao final, Chill é morto pelo Ceifador. Isso gerou uma sequência, mais tarde, chamada Batman: Full Circle, na qual Joe Chill Jr. assume a identidade do Ceifador, mas também morre. Contudo, Ano Dois e Full Circle não são mais consideradas canônicas, portanto, são inválidas à cronologia do Batman, que após Zero Hora e Crise Infinita, mantém Joe Chill ainda vivo. Histórias recentes do Batman trouxeram o velho Ceifador dos anos 1970 de volta.

A Máscara do Fantasma.

O Ceifador ganhou uma versão em desenhado animado no longametragem Batman – A Máscara do Fantasma, o melhor filme retirado de Batman – A Série Animada, ainda nos anos 1990. Porém, na obra, seu nome e aparência são modificadas para O Fantasma. Ainda assim, grande parte da trama é baseada em Ano Dois. 

Criado por Dennis O’Neil e Neal Adams em Batman 237, de 1971 (versão 1) e por Mike W. Barr e Alan Davis em Detective Comics 575, de 1987 (versão 2).

KGBESTA

KGBesta: ótima estreia, mas depois…

Os anos 1980 renderam uma série de boas histórias sobre a Guerra Fria, embora esta estivesse em seu fim. Foi o caso do ótimo arco As Dez Noites da Besta, publicado entre Batman 417 e 420, de 1988, na qual o homem-morcego enfrenta o agente da KGB Anatoli Knyazev, mais conhecido como “A Besta”. A história, escrita por Jim Starlin e desenhada por Jim Aparo (mesma dupla de Morte em Família) é excelente e mostra um grande embate entre o homem-morcego e o vilão, na qual o herói precisa de astúcia e planejamento para derrotar um inimigo tão inteligente quanto ele e fisicamente ainda mais capaz. Contudo, nenhum escritor soube usar o KGBesta depois disso, e o personagem perdeu totalmente sua força.

Foi criado por Jim Starlin e Jim Aparo em Batman 417, de 1988.

ARLEQUINA

Arlequina: dos desenhos para os quadrinhos, uma das vilãs mais populares dos últimos tempos.

Em inglês, é apenas Harley Quinn, um trocadilho com harlequin, arlequim ou arlequina. Esta personagem tem um histórico bastante curioso: foi criada pelo escritor Paul Dini e o cartunista Bruce Timm, em 1992, exclusivamente para o desenho animado Batman – A Série Animada. Mas a personagem fez tanto sucesso que logo ganhou mais espaço. Dini e Timm patrocinaram uma revista mensal baseada no desenho e, mais tarde, produziram uma graphic novel chamada Mad Love (Louco Amor, no Brasil), que para muitos é uma das melhores histórias do Batman e mostra sua origem. Com isso, não tardou a ser transferida para os quadrinhos canônicos do homem-morcego e introduzida da mesma forma como na série animada: uma psiquiatra do Asilo Arkham que se apaixona pelo Coringa. E embora o vilão se aproveite dela para seus planos e procure escapar de suas investidas amorosas, ela sempre permanece inteiramente devotada a ele.

Coringa e Arlequina. Arte de Mike Deodato Jr.

A personagem é tão popular que chegou a ter uma revista própria que durou 38 edições, entre 2001  e 2003. Mais recentemente a vilã (?) ganhou novamente um título próprio, ganhando mais destaque com o reboot da DC Comics em 2011, Os Novos 52, na qual ela se vincula também ao Esquadrão Suicida. Um aspecto interessante de suas histórias atuais é que ela deixou de se representada como a namorada louca do Coringa e ganhou sua independência ao romper os laços com o palhaço do crime. Inclusive, Harley Quinn tem na Hera Venenosa sua namorada!

E uma curiosidade: Arlequina seria uma dos vilões (o outro seria o Espantalho) de Batman Triumphant, que seria o quinto filme da franquia do homem-morcego dos anos 1990 comandada por Joel Schumacher. Mas o fracasso de público e crítica de Batman e Robin, de 1997, encerrou os planos e abriu caminho para a atual trilogia. Naquele filme, ela seria filha do Coringa – que foi vivido por Jack Nicholson em Batman – O Filme, de 1989, e morre ao final – em busca de vingança e não sua amante, para poder se encaixar no universo daqueles filmes.

A personagem vivenciou ainda mais popularidade após ter sido a protagonista de Esquadrão Suicida, vivida por Margot Robbie. O filme não foi bem recebido, mas todos foram inânimes de que a interpretação da atriz foi espetacular. Tanto que a personagem ganhou um spin-off: Aves de Rapina – Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa, na qual se reúne a Canário Negro, Caçadora, Renée Montoya e Cassie Cain, numa adaptação das Aves de Rapina, grupo de super-heroínas dos quadrinhos (da qual a Arlequina não participa).

Foi criada por Paul Dini e Bruce Timm em 1992 para Joker’s Favor, o 22º episódio da primeira temporada de Batman – A Série Animada.

CARA DE BARRO II

O Cara de Barro II em sua versão cartoon: pode virar qualquer coisa.

Existiu um primeiro Cara de Barro, um assassino serial que usava uma máscara de barro cobrindo o rosto e era o ator Basil Karlo, conforme aparece em Detective Comics 40, de 1940. Contudo, o nome foi reapropriado por outro vilão bem mais conhecido: Matt Hagen, um caçador de tesouros que, após encontrar um isotopo radioativo se transforma em um monstro de barro disforme com a capacidade de assumir qualquer forma, além de ter superforça. Ao longo do tempo, o Cara de Barro se tornou um vilão bastante recorrente, sendo também utilizado para diversos outros personagens do Universo DC, inclusive a Liga da Justiça.

Foi criado por Bob Kane (versão 1) em Detective Comics 40de 1940, e por Bill Finger e Sheldon Moldoff (versão 2) em Detective Comics 298, de 1961.

CARA DE BARRO III

O Cara de Barro III: histórias dramáticas nos anos 1980.

Não satisfeitos com dois Cara de Barro, a DC Comics criou um terceiro. No fim dos anos 1970, Matt Hagen andava meio sumido e os roteiristas de Batman decidiram criar um novo: Preston Payne, um cientista que sofre de uma doença rara, usa uma parte do corpo do Cara de Barro (II) para encontrar uma cura e termina se transformando em um monstro pior, que sofre de dores e queima a pele de qualquer pessoa a quem tocar, o que lhe obriga a viver dentro de uma roupa que lhe isola do contato com pessoas. Essa situação termina por deixá-lo louco e virar um criminoso. Ainda assim, o Cara de Barro III rendeu ótimas histórias nos anos 1980, particularmente por escritores ousados, como Alan Moore e Alan Grant.

E não satisfeita com três Cara de Barro, a DC ainda criaria outros dois com o passar dos anos.

Foi criado por Len Wein e Marshall Rogers em Batman 478, de 1978.

MORCEGO HUMANO

Morcego Humano: bizarro, mas os autores gostam dele.

Por mais bizarro que seja este vilão, vem sendo um inimigo recorrente nas histórias do Batman desde 1970, talvez por seu visual e pela ironia de um Batman enfrentando um Man-Bat. Nas histórias, o Dr. Kirk Langstrom usa um soro com o código genético dos morcegos para curar uma doença, mas como consequência termina se transformando em um híbrido de homem e morcego que, enlouquecido, se torna uma grande ameaça.

Curiosamente, a Warner Bros. considerou adaptar sua história aos cinemas no que seria o filme Batman Triumphant, que nunca foi realizado por causa do fracasso de Batman e Robin, de 1997. Ainda assim, nos tratamentos iniciais do roteiro, o vilão foi tirado da trama, substituído por Arlequina e Espantalho.

Foi criado por Frank Robbins e Neal Adams em Detective Comics 400, de 1970.

SOLOMON GRUNDY

Solomon Grundy: imitando o Hulk.

Este vilão vem sendo vinculado ao Batman nos últimos anos, embora seja essencialmente um vilão do Universo DC. Solomon Grundy serve hoje como uma versão do Hulk (da concorrente Marvel Comics) para aquele universo e surgiu nas histórias do Lanterna Verde da Era de Ouro. Com o passar dos anos, chegou a ser usado nas histórias do Superman e do Batman. Sua vinculação com o homem-morcego aumentou após seu uso nas maxisséries Batman: O Longo Dia das Bruxas e Batman: Vitória Sombria, ambas de Jeph Loeb e Tim Sale. Na cronologia da DC, o vilão é Cyrus Gold, um criminoso de Gotham City que foi morto e teve seu corpo jogado num pântano, de modo que ressuscitou como uma criatura de vasto poder, embora escassa inteligência.

Foi criado por Alfred Baster e Paul Reinman em All-American Comics 61, de 1944, numa história do primeiro Lanterna Verde.

VENTRÍLOQUO & SCARFACE

Scarface e o Ventríloco: bizarro, mas pode ser bem usado.

Outro personagem criado nos anos 1980, o Ventríloquo é mais uma adesão bizarra ao cânone do Batman. Trata-se de Arnold Wesker, que nasceu em uma família mafiosa e desenvolveu transtorno de personalidade múltipla após ver sua mãe ser assassinada quando ainda era criança. Assim, Wesker age como um senhor de idade calmo e tranquilo e dá vazão a uma personalidade violenta e homicida por meio de um boneco de madeira que chama de Scarface, que trata como se você vivo de verdade. O boneco é criado à imagem de Al Capone, inclusive, com uma cicatriz que lhe dá o nome e uma versão em miniatura (mas funcional) de uma metralhadora Tommy. Sem muito brilho após sua primeira aparição, a “dupla” continuou aparecendo nas histórias do Batman até o arco Cara a Cara, de 2006, escrito por James Robinson e com vários desenhistas, na qual o criminoso é morto. Um novo Ventríloquo chegou a surgir, em 2007, mas a reformulação cronológica da DC Comics em 2011, Os Novos 52, apagou a morte do personagem original, que está de volta.

Foi criado por Alan Grant, John Wagner e Norm Breyfogle em Detective Comics 583, de 1988.

ANARQUIA

Anarquia: discussão política.

Mais um personagem advindo dos anos 1980, este foi apresentado não como um vilão, mas um tipo de antiherói e se tornou bastante popular entre leitores e crítica no início dos anos 1990. O britânico Alan Grant concebeu o personagem como uma forma de fortalecer o aspecto político da histórias do homem-morcego, o que é uma marca de sua passagem pelas revistas. Na trama, Lonnin Machin é um adolescente genial que usa sua inteligência para aplicar golpes que desestabilizem a ordem política e econômica. Agindo inicialmente apenas nos bastidores, sua descoberta o levou a adotar um uniforme e máscara. Ele é primeiramente descoberto pelo adolescente Tim Drake que, em pouco tempo, se tornaria o terceiro Robin, mas logo, foi confrontado pelo próprio Batman. A popularidade o levou a ganhar uma minissérie própria, Anarchyem quatro edições, em 1997 pela mesma dupla que o criou, Grant e o desenhista Norm Breyfogle, que foi um grande sucesso. Isso motivou a DC a lhe dar uma revista mensal em 1999, que foi um fracasso completo. Com isso, o personagem sumiu das histórias, só retornando em 2009 por meio do roteirista Fabian Nicieza na revista do Robin (Tim Drake) e sua sequência, Red Robin até a reformulação cronológica da DC, em 2011.

Foi criado por Alan Grant e Norm Breyfogle em Detective Comics 608, de 1989.

LADY SHIVA

Lady Shiva: a maior lutadora do mundo.

Nos quadrinhos da DC, Lady Shiva é a maior lutadora do mundo. Aparentemente, a única pessoa capaz de derrotá-la e uma luta corpo a corpo é o Batman. Ela surgiu nas revistas de Richard Dragon, the Kung-Fu Fighter, um personagem da DC Comics nos anos 1970 orientado para o mundo das artes marciais, que eram moda na época. Depois, foi trazida para o universo do homem-morcego. Na cronologia pós-Crise nas Infinitas Terras, Lady Shiva é Sandra Wu-San nascida em um país desconhecido do oriente que desenvolveu, juntamente com sua irmã, Carolyn, uma técnica soberba de artes marcais marcada pela leitura corporal do oponente. Contudo, sua irmã é morta pelo assassino David Cain e ela é acusada do crime. Sua inocência é oferecida pela seguinte trocar: dar à luz a um filho dele. Wu-San aceita e a filha deles é Cassandra Cain, que anos mais tarde se tornaria a segunda Batgirl, aliada do Batman.

Após esse encontro, Sandra mudou seu nome para Lady Shiva e se tornou uma assassina de aluguel. Seu caminho cruzou com o do Batman diversas vezes. No arco de histórias Morte em Família, escrito por Jim Starlin e desenhado por Jim Aparo, em 1988, ela é uma das suspeitas de ser a mãe de Jason Todd, o segundo Robin. Mas uma investigação do Batman prova o contrário. Mais tarde, depois de Batman ser derrotado e ter a coluna quebrada por Bane em A Queda do Morcego, de 1993, após se recuperar de seus ferimentos, Bruce Wayne, usando um disfarce e uma máscara de morcego, vai à procura de Lady Shiva para que ela o treine, de modo que ele possa voltar à boa forma física. A vilã aproveita a oportunidade para realizar uma lavagem cerebral e torná-lo um assassino, mas falha.

Mais recentemente, Cassandra Cain descobriu que Lady Shiva é sua mãe e a relação das duas se tornou meio dúbia.

Lady Shiva foi criada por Dennis O’Neil e Ric Estrada em Richard Dragon, the Kung-Fu Fitghter 05, de 1975.

CHAPELEIRO LOUCO

O Chapeleiro Louco.

Jarvis Tetch é um gênio científico totalmente maluco, obcecado com a figura do Chapeleiro Louco que aparece no livro Alice no País das Maravilhas, de Lewis Caroll. Por isso, sempre aparece vestido de fraque e chapéu. Sua maior arma são chapéus modificados com circuitos eletrônicos que são usados para controlar a mente dos usuários e, com isso, usa pessoas comuns em seus crimes. É um personagem bastante antigo e recorrente, apesar de ser meio inócuo. Com o passar dos anos, a abordagem a ele se tornou cada vez mais violenta e extrema.

Foi criado por Bob Kane e Bill Finger em Batman 49de 1948.

DR. HURT

Dr. Hurt: principal vilão da alucinada versão do Batman por Grant Morrison.

O Dr. Simon Hurt foi o principal vilão do longo arco de histórias escritas por Grant Morrison com o Batman, entre 2006 e 2011. Apresentado lentamente, agindo inicialmente nas sombras, o Dr. Hurt foi revelado como sendo o líder da organização secreta Luva Negra, que se dedicava a destruir o Batman física e mentalmente. Hurt foi o responsável por um ousado e complexo plano que resultou na aparentemente morte do Batman, na qual Bruce Wayne ficou desaparecido por um ano e foi substituído como homem-morcego por seu filho adotivo, Dick Greyson, o primeiro Robin e Asa Noturna. Hurt era uma figura enigmática e dizia ser Thomas Wayne, ninguém menos do que o pai do Batman! Ao longo de sua alucinada (e polêmica) fase, Morrison lançou várias suspeitas à real identidade de Hurt: Thomas Wayne, o irmão gêmeo maligno de Bruce Wayne, o diabo e até uma versão maligna de deus, mas no final das contas, Batman descobriu ser ele um ancestral, alguém realmente chamado Thomas Wayne, mas nascido no século XVII e que permaneceu vivo por causa de procedimentos míticos.

Dr. Hurt foi criado por Grant Morrison e vários desenhistas (dentre os quais, Andy Kubert e Tony Daniel), aparecendo a partir de Batman 673, de 2008.

RUPERT THORNE

Rupert Thorne em sua versão cartoon.

Quando Batman surgiu, desarticulou o poder da máfia em Gotham City, de modo que o crime ficou um tempo “desorganizado”, controlado apenas pontualmente pelos insanos supervilões da cidade. Mas após alguns anos, um criminoso comum tentou voltar a controlar o crime da cidade e este foi Rupert Thorne. Agindo de modo discreto, seu poder cresceu bastante, até o ponto de lançar um candidato a prefeito que era uma marionete sua. Mas Batman conseguiu reagir e juntou provas contra o Thorne, que terminou preso. Outra coisa interessante é que Thorne era o chefe do capo “Fósforos” Malone, um bandido bem-relacionado que morreu e teve sua identidade “roubada” pelo Batman, que passa a agir como Malone no meio do crime organizado, onde consegue informações privilegiadas.

Rupert Thorne é fruto da profícua passagem de Steve Englehart pelas revistas do Batman e só brilhou entre o fim da década de 1970 e o início dos 1980, mas ainda assim, foi marcante. Thorne foi preservado pelos autores posteriores e sua única aparição pós-Crise nas Infinitas Terras se deu em 2007. Cronologicamente, permanece na prisão. O personagem também apareceu recorrentemente em Batman – A Série Animada, na primeira metade dos anos 1990, com voz de Mike Vernon. E uma curiosidade: no roteiro original de Batman – O Filme, de 1989, Thorne seria o chefão do crime, mas terminou sendo substituído na versão final por Carl Grissom (vivido por Jack Palace).

Foi  criado por Steve Englehart e Walt Simonson em Detective Comics 469, de 1977.

JOE CHILL

A rápida cena da origem do Batman em 1939 traz um anônimo Joe Chill.

Joe Chill é um bandido comum cujo grande feito na vida é ter matado Thomas e Martha Wayne, os pais de Bruce Wayne e, com isso, ser o responsável pelo surgimento do Batman. Sua figura é controversa nos quadrinhos, pois há várias versões dele. As melhores são aquelas em que é um “zé ninguém” que apenas cometeu um latrocínio famoso. Chill aparece pela primeira vez em Detective Comics 33, de 1939, a primeira história a mostrar a origem do Batman, mas seu nome não é revelado. O bandido só ganhou um nome em Batman 47, de 1948, quando Batman reencontra o bandido e o acusa das mortes de Thomas e Martha Wayne. Sabendo que não havia testemunhas, Chill o acusa de calúnia, mas o homem-morcego revela sua identidade secreta ao bandido e este, aterrorizado, consegue fugir. Chill avisa aos seus companheiros que foi o responsável pelo surgimento do Batman e aqueles o matam antes que extraiam dele a verdadeira identidade do herói. Numa história posterior, em Detective Comics 235, de 1956, Batman descobre que Chill não era um mero assaltante, mas um assassino de aluguel contratado pelo mafioso Lew Moxon para matar o casal Wayne e na minissérie The Untold Legend of the Batman, de 1981, Alfred percebe que Joe Chill era o filho de Alice Chilton, que foi babá de Bruce Wayne.

Joe Chill em Ano Dois, na arte de Todd McFarlane.

Contudo, a maior parte dessas informações foi apagada pela reformulação cronológica de Crise nas Infinitas Terras, em 1985. O arco de histórias Batman: Ano Dois, de 1987, escrito por Mike W. Barr e desenhado por Alan Davis e Todd McFarlane, traz Joe Chill vivo. Quando Batman o reencontra, repensa seus métodos de combate ao crime e considera matá-lo com uma arma. Assim como na história dos anos 1940, Batman revela que é Bruce Wayne ao bandido e ameaça matá-lo, mas Chill é morto pelo Ceifador antes (ver acima). Entretanto, pouco tempo depois, Ano Dois foi marcada como não-canônica, ou seja, desconsiderada pela cronologia oficial. Em uma outra reformulação cronológica da DC, Zero Horade 1994, Batman viaja ao passado e percebe que Joe Chill estava bêbado na noite da morte de seus pais, então, não poderia ser o assassino, mas isso também foi desconsiderado a seguir, pois a reformulação seguinte, Crise Infinita, de 2006, reestabelece Chill como o assassino do casal. Uma história publicada em Detective Comics 673, de 2008, escrita por Grant Morrison, deixa dúbia a informação de que Chill cometeu suicídio ao saber que Batman era Bruce Wayne. Desse modo, seu status na cronologia padrão do homem-morcego é incerto.

O bandido em Batman Begins, de 2005.

Como fator motor do surgimento do Batman, Joe Chill já apareceu em muitas outras mídias. Porém, em Batman – O Filme, de Tim Burton, em 1989, seu personagem é substituído por Jack Napier, que no futuro se torna o Coringa. A abordagem dos quadrinhos de hoje, contudo, é mais próxima daquela mostrada em Batman Begins, de Christopher Nolan, em 2005. Neste, Chill (vivido por Richard Brake) é um bandido comum que movido pelo desespero de uma crise econômica de décadas atrás, resolve cometer crimes e, num momento de nervosismo, termina matando o casal Wayne. Ele é preso na mesma noite. 15 anos depois, o Promotor Público de Gotham City resolve lhe dar liberdade condicional por ele ter prestado depoimento a favor do processo contra o mafioso Carmine Falcone (Tom Wilkinson). Um jovem Bruce Wayne (Christian Bale) retorna da Universidade de Yale para assistir à audiência e pensa em matar Chill com uma arma (algo que ressoa a Ano Dois), porém, na saída da audiência, Chill é morto por um capanga de Falcone. Bruce vai tirar satisfações com o mafioso e percebe que não pode fazer nada contra aquele tipo de poder, tomando então a decisão de deixar Gotham e sair pelo mundo em busca de uma maneira de fazer justiça de outro jeito, o que vai lhe transformar no Batman sete anos depois. Sem dúvidas, a melhor versão para a história de Chill e sua ligação com Wayne.

Joe Chill foi criado por Bob Kane e Bill Finger, aparecendo em Detective Comics 33, de 1939 (como um bandido anônimo) e em Batman 47, de 1948 (com seu nome e identidade revelados).

LEX LUTHOR

Lex Luthor também é um inimigo de Batman… e de Bruce Wayne.

Sim, todos lembram de Lex Luthor como o arquiinimigo do Superman. Mas num universo ficcional integrado como são os quadrinhos, Luthor também é um fortíssimo oponente do Batman. E de Bruce Wayne também! Desde que Batman e Superman passaram a ter aventuras conjuntas na revista World Finest, na década de 1950, logo, Luthor passou a enfrentar também o homem-morcego. E nos últimos anos, os escritores têm explorado conexões interessantes entre Bruce Wayne e Lex Luthor, fazendo deles também inimigos.

Na cronologia anterior ao recente reboot – já que não está claro ainda o que vale e o que não vale atualmente – essa rivalidade começou em histórias do início dos anos 2000 quando, para ajudar o amigo Superman, Bruce Wayne usou manobras corporativas para tomar o controle do jornal Planeta Diário, onde trabalham Clark Kent e Lois Lane, na época, pertencente a Lex Luthor. O vilão considerou aquilo um ataque pessoal. Em seguida, essa disputa Wayne x Luthor chegou a um ponto ainda mais acirrado após o arco Terra de Ninguém, quando Gotham City, após ser vítima de um surto de um vírus ebola e ser parcialmente destruída por um terremoto de grandes proporções, é extinta pelo Governo dos EUA, sendo seu território declarado como não pertencente ao território dos Estados Unidos, ou seja, uma terra de ninguém. Mesmo assim, parte da população permaneceu no local, o que obrigou Batman a continuar defendendo-os contra os loucos criminosos da cidade. Porém, depois de um ano, Bruce Wayne conseguiu fazer um lobby no Congresso para que a cidade fosse reconstruída. Infelizmente, o governo deu prioridade para que a LexCorp, a empresa de Luthor, fosse a responsável pela reconstrução. Por meio de sua identidade secreta, Batman fez novamente outro movimento político-corporativo para tirar Luthor da jogada e foi bem-sucedido.

Essa segunda manobra transformou Wayne no maior rival corporativo de Luthor e isso tem um preço. A campanha para reconstruir Gotham tornou o vilão muito popular e, numa manobra genial dos editores da DC, Luthor foi eleito presidente dos Estados Unidos! Era uma clara crítica à Era Bush. Ter o maior de todos os vilões na presidência da república não era nada legal, então, Batman e Superman uniram suas forças para enfraquecê-lo. Contudo, antes disso, Luthor se vingou de Wayne: sem saber que o empresário era o Batman, contratou o assassino de aluguel David Cain para matar uma ex-namorada de Wayne, a radialista Vesper Fairchild, de modo que o “playboy” fosse incriminado. O golpe deu certo e Bruce Wayne foi preso, obrigando o Batman a fugir da cadeia e limpar seu próprio nome. O arco Bruce Wayne Assassino e sua sequência, Bruce Wayne: Fugitivo, comandado pelos escritores Greg Rucka e Ed Brubaker, e com vários desenhistas, como Ed McGuinness e Scott McDaniel, é uma das melhores histórias do Batman nos anos 2000.

Em seguida, no primeiro arco da nova revista Superman/ Batman, o escritor Jeph Loeb e o desenhista Ed McGuinness mostraram a história em que Batman e Superman conseguem tirar Lex Luthor da presidência, ao apresentarem ao público alguns dos crimes do vilão. Essa boa história foi adaptada como um longametragem animado da DC Animated chamado Superman/ Batman – Inimigos Públicos, disponível em DVD e blue-ray à venda e locação.

Lex Luthor foi criado por Jerry Siegel e Joe Shuster em Action Comics 23, de 1940.

DAVID CAIN

David Cain: velho mestre e inimigo.

David Cain é um dos maiores assassinos de aluguel do mundo e no passado foi o principal agente da Liga dos Assassinos, organização fundada por Ra’s Al Ghul. Quando Bruce Wayne saiu pelo mundo em busca do conhecimento que precisava para se tornar o Batman, um de seus mestres foi David Cain. Wayne aprendeu as técnicas de matar eficientemente, mas depois, decidiu não usá-las. Cain, por sua vez, pensava ter encontrado um substituto, mas com a partida do jovem, decidiu que precisava deixar um herdeiro. Encontrou, assim, a maior lutadora de artes marciais do mundo, Sandra Wu-San, matou a irmã dela e a acusou do crime. Mediante uma chantagem para libertá-la da cadeia, Cain conseguiu um trato para engravidá-la e ficar com a criança. (Traumatizada por esses acontecimentos, Sandra Wu-San se tornaria ela mesma uma assassina de aluguel, conhecida como Lady Shiva, veja acima). Batizada de Cassandra, a menina foi treinada por Cain como uma assassina sem igual, além de não lhe ensinar a falar nem a ler ou escrever, para que sua única leitura de mundo fosse a gestual, o que a tornaria uma assassina mais eficiente. Deu certo e Cassandra cometeu seu primeiro assassinato aos oito anos de idade.

Porém, horrorizada com o ato, ela fugiu de seu pai e, anos mais tarde, se tornou uma aliada do Batman, assumindo o uniforme da Batgirl, já que a antiga heroína, Barbara Gordon, estava paralítica. Vindo a Gotham City para matar o Comissário Gordon, a mando do vilão Duas Caras, David Cain reencontrou sua filha e decidiu se vingar do Batman. Pouco tempo depois, Lex Luthor contratou Cain para incriminar Bruce Wayne e o assassino percebeu que ele era seu ex-aluno, logo, ligando os pontos e descobrindo que ele era o Batman. Cain matou Vesper Fairchild como uma vingança pessoal, mas no final das contas, ao ser pego pelo Batman, percebeu que ele seria mesmo um ótimo mestre a sua filha. Assim, Cain se entregou às autoridades, assumiu o crime e inocentou Wayne. Lex Luthor ainda contratou o Pistoleiro para matar Cain na cadeia, com medo que este revelasse seu envolvimento no crime, mas Cain sobreviveu e fugiu da prisão.

Davi Cain foi criado por Kelley Puckett e Damion Scott em Batman 567, de 1999.

HENRI DUCARD

Henri Ducard nos quadrinhos.

Assim como David Cain, Henri Ducard foi um dos mestres de Bruce Wayne em sua jornada para se tornar o Batman. Nos quadrinhos, Ducard era o maior detetive do mundo e o jovem Bruce Wayne foi atrás dele para aprender seus conhecimentos. Anos depois, Ducard se tornou um assassino de aluguel. O caminho dos dois voltou a se cruzar quando um cartel criminoso se infiltrou na Wayne Enterprises, no arco Justiça Cega, de 1989, escrito por Sam Hamm (o roteirista de Batman – O Filme) e desenhado por Dennis Cowan. Quando em sua identidade civil, Batman começou a combater esses membros da diretoria, eles fizeram uma investigação de seu passado e descobriram alguns dos lugares por onde o herói andou em sua juventude, inclusive, alguns nomes com quem esteve ligado, como o de Henri Ducard. Incapazes de perceberem que Wayne era, na verdade, o Batman, o cartel o acusou de ser um espião – ainda eram tempos da Guerra Fria – e o empresário foi a julgamento. Ducard veio prestar depoimento e, logicamente, percebeu que Wayne era o Batman. Achando aquilo divertido, simplesmente, inocentou o empresário.

O filho de Ducard, Morgan, sente rancor de Bruce Wayne por que acha que ele tirou a atenção de seu pai e chegou a causar problemas para o Batman, como o vigilante conhecido como NoBody.

Liam Neeson como Henri Ducard,em Batman Begins.

O personagem Henri Ducard foi levado aos cinemas em Batman Begins, de Christopher Nolan, em 2005, interpretado por Liam Neeson, onde este recruta Bruce Wayne (Christian Bale) em uma prisão no Butão e lhe apresenta à Liga das Sombras para que adquira o conhecimento de que precisa. Wayne aceita e é treinado por ele sob a coordenação de Ra’s Al Ghul, que ele acredita ser o homem interpretado por Ken Watanabe. Porém, mais adiante no filme, Batman descobre que Ducard é o verdadeiro Ra’s Al Ghul que usa orientais para “interpretá-lo” e fazer todos pensarem que o vilão é imortal.

Essa história deve ter implicações sérias em Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge que estreia em breve.

Henri Ducard foi criado por Sam Hamm e Dennis Cowan em Detective Comics 599, de 1989.

***

A lista é bem extensa, mas ainda assim, alguns podem sentir falta de alguns vilões. De qualquer modo, é uma boa amostra de porque o Batman tem a melhor galeria de vilões dos quadrinhos. E também lê-la é uma boa oportunidade de pensar que vilões funcionariam em um vindouro filme do homem-morcego, porque todos sabemos que a Warner não vai parar com O Cavaleiro das Trevas Ressurge, então, novos filmes virão, sejam reboots, sejam sequências. Dentre os vilões que não apareceram, quais você acha que seriam legais aparecer em filme?

Batman foi criado pelo cartunista Bob Kane e o escritor Bill Finger, em 1939, estreando em Detective Comics 27, e desde então é publicado pela DC Comics.