[Este post foi originalmente escrito em 2012, na época da comemoração dos 50 anos da franquia de 007, e atualizado].
Nenhuma franquia no cinema foi tão longeva e bem-sucedida quanto a do agente secreto a serviço de Sua Majestade, James Bond, o 007. Desde 1962 são 50 anos e 23 filmes, com 007 – Operação Skyfall lançado para comemorar a data. A saga continua desde então…
Ao longo do caminho, 007 criou o gênero de ação que conhecemos hoje no cinema e deixou um legado fortíssimo em frases de efeito, veículos possantes e inúmeros Gadgets fantásticos. Além disso, cada filme refletiu a época em que foi feito, construindo um retrato ficcional impressionante do último meio século.
Vivido por seis atores diferentes até hoje – Sean Connery, George Lazenby, Roger Moore, Timothy Dalton e Pierce Brosnan, além do atual Daniel Craig – 007 teve filmes excepcionais e horríveis, mas deixam um legado que vai além de garotas bonitas e vilões excêntricos.
Vejamos, então, todos os 24 filmes oficiais de James Bond já realizados.
Pegue sua pistola, suba no Aston Martin azul, pegue a garota mais bonita do cassino, transe com ela antes ou depois dela tentar lhe matar e vamos mergulhar no mundo de James Bond.
Os filmes
007 CONTRA O SATÂNICO DR. NO – 1962
A estreia de 007 nos cinemas não é uma escolha óbvia, mas serviu para introduzir o personagem e o clima da franquia. Quando um informante britânico é misteriosamente assassinado na Jamaica, o MI6 envia James Bond, o agente 007, para investigar e este termina descobrindo que todos vivem amedrontados pela figura misteriosa do Dr. No, dono de um mina de bauxita que, na verdade, está tramando um ataque nuclear aos Estados Unidos. Além de 007, M e Moneypenny, o filme também introduz o agente da CIA Felix Leiter. O armeiro do MI6 também aparece pela primeira vez, dessa vez por seu nome verdadeiro, major Boothroyd. O Dr. No é o primeiro dos vilões megalomaníacos e tem as mãos substituídas por próteses de metal. Além disso, ele afirma pertencer à SPECTRE uma misteriosa organização terrorista que seria a principal oponente de 007 nos primeiros filmes. Ficou histórica a cena em que Ursula Andress, no papel de Honey Ryder, sai de biquíni do mar, transformando as bond girls em elementos fundamentais dos filmes. O roteiro é de Richard Maibaum, que seria o mais frequente colaborador da série desde sempre.
Direção: Terence Young. Elenco: Sean Connery (James Bond), Ursula Andress (Honey Ryder), Joseph Wiseman (Dr. No), Jack Lord (Felix Leiter), Bernard Lee (M).
MOSCOU CONTRA 007 – 1963
A segunda aventura de 007 traz um filme bem diferente, na qual boa parte da trama se passa dentro de um trem, o Expresso Oriente, numa viagem a partir da Turquia. Há ainda um acampamento cigano e um menáge a trois envolvendo Bond e duas garotas que disputam o mesmo homem. Diferente do livro no qual é baseado – no qual quem organiza o ataque é a SMERSH, a agência de contraespionagem da União Soviética – no filme, o ataque a Bond é feito pela SPECTRE que usa agentes soviéticos para causar uma guerra entre a Inglaterra e a URSS. O plano envolve enviar uma pretensa agente russa desertora que está apaixonada por James Bond, daí o título original From Russia with love. Rosa Klebb e Donald Grant são os vilões dessa vez, mas vemos uma figura misteriosa por trás de uma cadeira que é claramente o líder da SPECTRE. Aqui, o armeiro do MI6 é chamado de Q pela primeira vez e interpretado, também pela primeira vez, por Desmond Llewelyn.
Direção: Terence Young. Elenco: Sean Connery (James Bond), Daniela Bianchi (Tatiana Romanova), Robert Shaw (Donald Grant), Pedro Armendariz (Kevin Bey), Lotte Lenya (Rosa Klebb), Bernard Lee (M), Desmond Llewelyn (Q).
007 CONTRA GOLDFINGER – 1964
Para a maioria dos fãs e críticos, Goldfinger é o melhor de todos os filmes de James Bond. De fato, este filme dá a tônica para as aventuras seguintes: um vilão absolutamente megalomaníaco, com um plano louco quase impossível (mas genial) e uma trama que se desenvolve por vários países: aqui, Bond sai do México, passando pelos EUA, Inglaterra, Suíça e EUA de novo. Curiosamente, este filme funciona de modo isolado em relação aos dois anteriores ou seguintes, já que não há menção à SPECTRE. Também há uma troca de diretor, já que Terence Young pediu dinheiro demais e foi substituído por Guy Hamilton. Na trama, o joalheiro Audric Goldfinger quer invadir o Forte Knox, onde os EUA guardam todo o seu estoque de ouro, é aliado ao Governo Chinês. O número de bond girls dessa vez é bem maior e envolve até uma vilã genuína: a aviadora Pussy Galore, com um nome bem provocativo. É neste filme em que Bond usa pela primeira vez seu Aston Martin DBV azul cheio de apetrechos, como metralhadoras, armas de gás, lançador de óleo na pista, cortador de pneus e até um assento ejetor. Outro elemento fundamental da série também é introduzido neste filme: o capanga exótico que dá bastante trabalho ao herói, aqui no caso o truculento Oddjob e seu chapéu com lâmina cortante. Goldfinger foi o primeiro filme de Bond a ser um grande sucesso nos EUA e transformou a bondmania em um fenômeno mundial.
Direção: Guy Hamilton. Elenco: Sean Connery (James Bond), Honor Blackman (Pussy Galore), Gert Frobe (Audric Goldfinger), Harold Sakata (Oddjob), Shirley Eaton (Jill Masterson), Cec Linder (Felix Leiter), Bernard Lee (M), Desmond Llewelyn (Q).
007 CONTRA A CHANTAGEM ATÔMICA – 1965
O livro que deu origem a esse filme também deu início ao ruidoso processo judicial envolvendo o direito de adaptá-lo. Este teria sido o escolhido para o primeiro filme, mas foi adiado pelo processo. Agora, com o escritor Kevin McClory autorizado pela justiça a produzir a adaptação cinematográfica do livro, Harry Saltzman e Albert Broccoli decidiram cooptá-lo como parceiro, o que deu certo. Surfando no sucesso da obra anterior, este foi ainda mais megalomaníaco e épico, embora não seja um filme tão bom como Goldfinger. Terence Young retornou à franquia, mas os críticos acham o ritmo meio lento. De qualquer modo, se destaca pelos Gadgets em especial o cinturão voador com o qual Bond foge voando do quartel general da SPECTRE. O filme traz o emblemático vilão Emilio Largo conseguindo roubar duas ogivas nucleares, obrigando Bond a comandar um ataque aquático. Chama a atenção a grande quantidade de cenas submarinas e boa maneira como elas são executadas. Essa obra coloca 007 dentro de um contexto maior, envolvendo outros países e a ação de um verdadeiro exército de agentes secretos. O número de bondgirls é ainda maior e este é o filme mais atrevido em termos sexuais até agora, com Bond deliberadamente usando a vilã Fiona Volpe e a esposa do vilão, Domino. O líder da SPECTRE, reaparece, novamente sem ser visto, chamado apenas de “nº 1” e exibindo suas mãos acariciando um gato.
Direção: Terence Young. Elenco: Sean Connery (James Bond), Claudine Auger (Domino), Adolfo Celi (Emilio Largo), Luciana Paluzzi (Fiona Volpe), Rik van Nutter (Felix Leiter), Bernard Lee (M), Desmond Llewelyn (Q).
COM 007 SÓ SE VIVE DUAS VEZES – 1967
Perseguido pela SPECTRE, James Bond se faz de morto para continuar sua caçada ao inimigo neste filme que é um ponto baixo na franquia e era o último filme do contrato de Sean Connery que, então, estava decidido a nunca mais voltar a encarnar o personagem. Infelizmente, a desempolgação do ator é sentida no filme e o atrapalha. Na trama, a SPECTRE está boicotando os lançamentos ao espaço dos EUA e da URSS na esperança de que as duas potências entrem em guerra. Com a suspeita de que a base da organização está no Japão, Bond é enviado ao país para investigar e se encontra pela primeira vez com o líder da SPECTRE, Ernst Blofeld, que é retratado como careca e com uma longa cicatriz no olho e na face direita. Marcou história a base do vilão, no interior de um vulcão inativo, fruto da arte de Ken Adams, desenhista de produção de todos os filmes de Bond até agora. Um novo diretor assume: Lewis Gilbert, o que aumentou os problemas internos da produção. O desenvolvimento da trama é lenta, apesar do clímax bastante movimentado.
Direção: Lewis Gilbert. Elenco: Sean Connery (James Bond), Mie Hama (Kissy Suzuki), Donald Pleasence (Ernst Blofeld), Akiko Wakabayashi (Aki), Tetsuro Tamba (Tigre Tanaka), Bernard Lee (M), Desmond Llewelyn (Q).
007 A SERVIÇO SECRETO DE SUA MAJESTADE – 1969
Embora o ator George Lazenby não tenha agradado no papel do novo James Bond, este filme é um dos melhores da série, além de um dos mais fieis ao livro original. A direção coube a Peter Hunt, que fora o editor de todos os filmes até agora. A produção, contudo, foi bastante problemática, devido à dificuldade em filmar na neve e no alto da montanha e ao súbito ataque de estrelismo de Lazenby. Na trama, Bond está obcecado em perseguir a SPECTRE e por isso é afastado do MI6. Assim, resolve agir por conta própria e vai aos Alpes, onde termina se aliando ao gângster Marc Ange-Draco e se enamorando de Tracy di Vicenzo. Após vencer seus inimigos, 007 se casa com a bela moça, mas ela é morta em um ataque liderado por Blofeld. Curiosamente, esse filme tem um caráter bem mais realista do que os anteriores e depende menos de Gadgets, além de ter uma maior carga dramática e profundidade na história e nos personagens. Talvez por isso mesmo, tenha sido o primeiro fracasso de bilheteria de 007. Outro detalhe curioso é que Ernst Blofeld é interpretado por Telly Savallas, que mantém a calvice e as batas em estilo chinês, mas não exibe a cicatriz do filme anterior.
Direção: Peter Hunt. Elenco: George Lazenby (James Bond), Diana Rigg (Tracy di Vicenzo), Telly Savallas (Ernst Blofeld), Ilse Stepat (Irma Bunt), Gabriele Ferzeletti (Marc-Ange Draco), Bernard Lee (M), Desmond Llewelyn (Q).
007 – OS DIAMANTES SÃO ETERNOS – 1971
Após a bilheteria aquém do filme anterior, a EON pagou US$ 1 milhão para que Sean Connery voltasse ao personagem pelo menos uma vez. O ator aceitou, mas embora o diretor de Goldfinger, Guy Hamilton, tenha sido trazido de volta, o cenário era outro. Este filme marca não somente a entrada de Bond nos anos 1970, mas a opção por aventuras mais frenéticas e megalomaníacas e mais bem humoradas. Isso conferiu mais popularidade à série, mas comprometeu alguns elementos: na tentativa de não deixar Bond sombrio, não há paixão na vingança do agente secreto contra o assassino de sua esposa, Blofeld, agora vivido por Charles Grey. Curiosamente, o vilão é retratado com cabelo grisalho e não mais calvo como antes. Na trama, Blofeld contrabandeia diamantes para construir um poderoso canhão laser com o qual irá chantagear as grandes potências do globo. O vilão não é morto nem capturado e seu arco fica inacabado, pois esta é sua última aparição (real) na cinessérie. O filme foi um grande sucesso e traz a última aparição de Sean Connery na série oficial, além da primeira participação do roteirista Tom Mankiewicz.
Direção: Guy Hamilton. Elenco: Sean Connery (James Bond), Jill St. John (Tiffany Case), Charles Grey (Ernst Blofeld), Bruce Glover (Kidd), Putter Smith (Wint), Norman Burton (Felix Leiter), Bernard Lee (M), Desmond Llewelyn (Q).
007 – VIVA E DEIXE MORRER – 1973
Este é um dos mais famosos filmes de James Bond, tanto pela trilha sonora do maestro George Martin quanto pela canção tema do ex-Beatles Paul McCartney, além de ser a estreia de Roger Moore no papel de 007. Moore já havia sido cotado para o papel desde 1962 e dez anos depois ganhou a sua chance. Diferente da elegância e ironia de Sean Connery, Moore era mais focado em charme e humor, o que combinou bastante com o novo encaminhamento da franquia: menos violência, mais comédia. Infelizmente, Moore era até mais velho do que Connery (três anos) e sua entrada na franquia foi muito tardia. O filme em si traz alguns elementos interessantes: Bond tem que ir à ilha caribenha de San Monique, investigar o diplomata Dr. Kananga que o MI-6 suspeita de ter matado três agentes britânicos e termina descobrindo que o vilão tem conexões com um sindicato do crime que age em Nova York, nos Estados Unidos, liderado pelo misterioso Mr. Big. Ao longo da trama, 007 termina por descobrir que Kananga e Mr. Big são a mesma pessoa, numa aventura repleta de insinuações sobrenaturais, já que o vilão tem envolvimento com o vodu. Chama a atenção a aparição da entidade Barão de Samedi, que não se sabe se real ou apenas uma metáfora cinematográfica. E a aliada de 007 é uma vidente chamada Solitaire. Bastante influenciado pela estética da Blackexploitation – fenômeno cultural cinematográfico protagonizado pela cultura negra dos EUA – e até pela moda hippie da época, o filme fez sucesso, embora não tenha agradado à crítica.
Direção: Guy Hamilton. Elenco: Roger Moore (James Bond), Jane Seymour (Solitaire), Yaphet Kotto (Dr. Kananga/Mr. Big), David Hedison (Felix Leiter), Bernard Lee (M).
007 CONTRA O HOMEM DA PISTOLA DE OURO – 1975
O Homem da Pistola de Ouro cumpre o curioso papel de ser um dos piores livros de Ian Fleming e um dos piores filmes de James Bond. O livro ficou inacabado pela morte do autor. Já o filme, caiu na armadilha da autoparódia e do humor excessivo que transformam o longa quase num pastelão. É um momento constrangedor na carreira cinematográfica de 007. O vilão Scaramanga é interpretado com charme por Christopher Lee (famoso pelo papel de Drácula na série de filmes da Hammer), mas é um desperdício em um filme desse tipo. O fracasso artístico se refletiu nas bilheterias baixas, o que terminou selando-o como o último filme da franquia produzido por Harry Saltzman, que se cansou dos problemas que se desenvolviam há seis anos e vendeu sua parte da EON ao sócio Albert Broccoli, que dali em diante seguiu no comando sozinho.
Direção: Guy Hamilton. Elenco: Roger Moore (James Bond), Britt Ekland (Mary Goodnight), Christopher Lee (Scaramanga), Maud Adams (Andrea Anders), Herve Villechaize (Nick Nack), Bernard Lee (M), Desmond Llewelyn (Q).
007 – O ESPIÃO QUE ME AMAVA – 1977
Após o fracasso do filme anterior, o produtor Albert Broccoli se esforçou para garantir que este filme fosse melhor e deu certo. Lewis Gilbert foi trazido de volta à direção, assim como o desenhista de produção Ken Adams, além da contratação de um novo roteirista à série: Christopher Wood. A trama quase não tem referência nenhuma ao livro que lhe inspirou e, de certo modo, reproduz os mesmos elementos de Só Se Vive Duas Vezes, mas funciona maravilhosamente. Até a comédia e a sátira dessa vez são melhor utilizadas e mostram que podem funcionar se usadas corretamente. Coprotagonizado pela nela atriz Barbara Bach, na pele da major Anya Amasova, o filme mostra Grã-Bretanha e União Soviética unindo forças para combater o megalomaníaco Karl Stromberg, que quer causar a III Guerra Mundial e construir uma nova civilização subaquática. Como resultado, este é o melhor filme de Roger Moore como James Bond e foi um dos maiores sucessos da franquia. Marcaram época o carro-submarino Lotus Spirit, o vilão Jaws com seus dentes de aço e a canção Nobody does it better cantada por Carly Simon.
Direção: Lewis Gilbert. Elenco: Roger Moore (James Bond), Anya Amasova (Barbara Bach), Carl Jurgens (Karl Stromberg), Richard Kiel (Jaws), Water Gotell (general Gorgol), Bernard Lee (M), Desmond Llewelyn (Q).
007 CONTRA O FOGUETE DA MORTE – 1979
O acerto do filme anterior, infelizmente, não prossegue neste que, para maioria dos fãs e críticos, é o pior filme de James Bond em todos os tempos, embora, de modo irônico, tenha sido também um dos maiores sucessos da franquia. Assumindo deliberadamente a influência das produções de ficção científica da época – em particular Star Wars, Superman – O Filme e Flash Gordon – a trama absolutamente inverossímil leva 007 ao espaço numa história cheia de furos. Apesar de Moonrarker ser um dos melhores livros de Ian Fleming, o filme optou por não manter quase nada da trama original e inovar. Na trama, 007 é enviado para investigar o excêntrico milionário Hugo Drax que é suspeito de tentar roubar ogivas nucleares. O vilão é um neonazista que está construindo uma base no espaço para de lá lançar ataques à superfície e, depois, povoar a terra com um novo povo perfeito que o adoraria como um deus. No intento de impedi-lo, Bond passa por Veneza, na Itália e vem ao Brasil, passando na Amazônia e no Rio de Janeiro. Esta cidade é bem explorada em termos cinematográficos e há uma batalha entre Bond e o vilão Jaws (de volta após o filme anterior, caso raro na série) no Bondinho do Pão de Açúcar. O clímax é no espaço, em uma batalha que mimetiza Star Wars. Este é o último filme com a participação de Bernard Lee como M, pois o ator morreu de câncer pouco antes das filmagens do próximo.
Direção: Lewis Gilbert. Elenco: Roger Moore (James Bond), Lois Chiles (Holly Goodhead), Michael Lonsdale (Hugo Drax), Richard Kiel (Jaws), Corinne Clery (Corinne Dufour), Bernard Lee (M), Desmond Llewelyn (Q).
007 SOMENTE PARA SEUS OLHOS – 1981
O filme anterior foi um grande sucesso, mas não agradou à crítica, então, o produtor Albert Broccoli optou por dar um acento mais humano a este filme e devolver a série a uma ambientação mais próxima dos livros de Ian Fleming. Foi trazido um novo diretor, John Glen, que realmente inovou na caracterização e na construção das cenas de ação. Também foi incorporado ao time o filho adotivo de Broccoli, Michael G. Wilson, que atuou como consultor e roteirista. O resultado agradou público e crítica. Para marcar essa virada “humana”, a cena pré-créditos mostra o fechamento do arco do personagem contra a SPECTRE e o vilão Ernst Blofeld. Apesar de o nome da organização e do vilão sequer serem mencionados – para evitar problemas legais com o escritor Kevin McClory – a caracterização do vilão (com careca, túnica e gato) não deixa dúvidas. Numa cena cruel, Bond usa um helicóptero para içar a cadeira de rodas ao qual o vilão está preso e o atira dentro de uma chaminé industrial. Em seguida, vemos o agente em um cemitério, diante do túmulo de Tracy de Vicenzo, sua esposa morta em A Serviço Secreto de Sua Majestade, de 1969. A trama do filme em si envolve o roubo, por parte dos Russos, de uma máquina chamada ATAC que é capaz de controlar os mísseis britânicos à distância. Bond é enviado à Grécia para recuperá-la e descobre que o aliado grego Ari Kristatos se vendeu aos russos, aqui liderados pelo mesmo general Gogol que se aliou a 007 em O Espião que Me Amava, de 1977. Curiosamente, apesar da temática da Guerra Fria explorada desde os anos 1960, está é a primeira aventura cinematográfica de 007 na qual os Russos são realmente os inimigos a serem combatidos e não uma terceira força (a China, a SPECTRE ou um vilão excêntrico). Outra curiosidade é a bond girl da vez, Melina Havelock, que armada com sua besta, é o primeiro interesse amoroso de Bond que é realmente emancipada, uma mulher dos novos tempos. É um bom filme e deu uma levantada na franquia, embora Roger Moore (com 53 anos) começa a se mostrar velho demais para o papel.
Direção: John Glen. Elenco: Roger Moore (James Bond), Carole Bouquet (Melina Havelock), Julian Glover (Ari Kristatos), Water Gotell (general Gorgol).
007 CONTRA OCTOPUSSY – 1983
Este filme tenta consolidar a nova estética adotada no anterior e se sai ainda melhor. Para muitos, este é o melhor filme de Roger Moore nos anos 1980, muito embora, novamente, sua idade já apareça um pouco demais na tela. Na trama, um dissidente líder soviético, o general Orlov, tenta dar início a uma guerra detonando um artefato nucelar na Europa. Para detê-lo, James Bond precisa se unir a uma organização criminosa liderada pela bela Octopussy, uma britânica cujo pai conhecera Bond no passado. O filme traz de volta alguns elementos do passado – o general Gogol aparece de novo rapidamente – e num efeito raro, traz de volta uma bond girl em outro papel: Maud Adams, que esteve em O Homem da Pistola de Ouro, de 1975, retorna agora como a heroína-vilã do título. Era a estratégia de conferir um romance mais maduro a Bond. O resultado final agradou e o filme foi um grande sucesso, embora tivesse que concorrer nos cinemas com outro filme de Bond: o escritor Kevin McClory usou seus ganhos nos tribunais para refilmar A Chantagem Atômica, lançando naquele mesmo ano, 007 – Nunca Mais Outra Vez, estrelado por Sean Connery no papel de 007. Falaremos sobre isso depois.
Direção: John Glen. Elenco: Roger Moore (James Bond), Maud Adams (Octopussy), Louis Jordan (Kamal Khan), Steven Berkoff (general Orlov), Kabir Bedi (Gobinda), Robert Brown (M), Desmond Llewelyn (Q).
007 NA MIRA DOS ASSASSINOS – 1985
Um Roger Moore quase idoso estrela este filme aos 57 anos, o que depõe muito contra ele. Havia pelo menos cinco anos que o ator deveria ter sido substituído e sua manutenção em uma era repleta de filmes de ação frenética e cheios de violência estrelados por jovens como Rambo II, Cobra, Mad Max, Comando para Matar, Predador etc., não ajudou nada à franquia um velhinho visivelmente cansado fingindo ser um espião ágil, relativamente jovem, cheio de energia e com um sex appel irresistível. Na Mira dos Assassinos é cheio de ação, mas talvez como maneira de lidar com seu protagonista, é inteiramente marcado pela sátira, na qual Bond não leva nada a sério (nem a si mesmo). É uma pena, pois até haveria espaço para uma boa história e um bom par de vilões: o afetado Max Zorin, vivido por Christopher Walken, e a impressionantemente agressiva e moderna May Day, interpretada de maneira assustadora pela cantora Grace Jones. Um detalhe do filme é que as obras de Ian Fleming começavam a rarear depois de 20 anos de franquia, então, este aproveita apenas o título de um dos contos estrelados por 007, mas trata-se de uma história original de Michael G. Wilson e Richard Maibaum. Após a boa fase anterior – em termos de sucesso – este aqui foi um fracasso, encerrando definitivamente a Era Roger Moore, que se despede do personagem neste filme, após 12 anos como James Bond.
Direção: John Glen. Elenco: Roger Moore (James Bond), Tanya Roberts (Stacey Sutton), Christopher Walken (Max Zorin), Grace Jones (May Day), Fiona Fullerton (Pola Ivanova), Robert Brown (M), Desmond Llewelyn (Q).
007 MARCADO PARA A MORTE – 1987
Finalmente, a franquia de James Bond sofre uma renovação neste filme. O ator shakespeareano Timothy Dalton assume o papel de 007 e encarna uma versão mais jovem, perigosa e melancólica do personagem, se aproximando, como nenhum outro até aqui, do Bond dos livros de Ian Fleming. A crítica simplesmente adorou o novo filme – de fato bem mais complexo e interessante do que os imediatamente anteriores – mas os estragos da reta final de Roger Moore também pagaram um preço: o sucesso foi apenas mediano. De qualquer modo, Marcado para a Morte é um ótimo filme, que posiciona Bond em uma trama armada por um dissidente da KGB e um contrabandista norteamericano que usam a invasão do Afeganistão pela União Soviética para vender armas e drogas. É um filme bem mais violento do que os anteriores, aproximando 007 da estética dos filmes de ação dos anos 1980, além de também ser mais baseado na realidade e menos fantasioso. Ainda assim, sobrevivem elementos: o espião usa um Aston Martin 1987 dotado de vários apetrechos especiais, inclusive esquis para neve. A obra também se alinha aos novos tempos: em referência à AIDS, que atingia seu auge no mundo naquela época, 007 só se envolve com uma única bond girl: a violoncelista Kara Milovy, a quem ele deveria matar no início do filme, mas ao observá-la desiste. Quando confrontado por M porque não cumpriu sua missão, 007 dá uma das melhores frases da franquia, que define seu perfil: “Ela mal sabia segurar uma arma, eu só mato profissionais”. De fato, a moça estava sendo usada pelos vilões. Por fim, assim como o anterior, este filme é baseado em um dos contos de Ian Fleming, Encontro em Berlim, que alguns julgam ser uma de suas melhores e mais complexas histórias.
Direção: John Glen. Elenco: Timothy Dalton (James Bond), Maryam D’Abo (Kara Milovy), Jeroen Krabble (general Koskov), Joe Don Baker (Brad Whitaker), Andreas Wisniewski (Necros), John Terry (Felix Leiter), Robert Brown (M), Desmond Llewelyn (Q).
007 – PERMISSÃO PARA MATAR – 1989
Nenhum outro filme de 007 foi tão violento e realista quanto este. E isso gerou profundo estranhamento de críticos e público. Em primeiro lugar, é preciso dizer: Permissão para Matar é um filme muito bom, mas como fugiu demais do que se estava acostumado nos filmes anteriores, causou repulsa. Os críticos também não gostaram, mesmo aqueles que adoraram o anterior. Mas o filme é bom e tem uma história interessante. Na falta de uma história completa de Ian Fleming – todos os livros foram adaptados, à exceção de Cassino Royale – os produtores Albert Broccoli e Michael G. Wilson chamaram de volta o roteirista Richard Maibaum, que trabalhou a partir do conto A Raridade de Hilderbrand, presente em Somente para Seus Olhos, mas utilizou elementos de várias outras obras que não tinham sido usadas nos filmes. Por exemplo, a cena da mutilação de Felix Leiter por um tubarão está no livro Viva e Deixe Morrer. A trama mostra a CIA investigando um cartel de drogas no fictício país de Isthmus, na qual Leiter, o melhor (único?) amigo de James Bond, é capturado e aleijado; e sua esposa é estuprada (!). Bond decide sair numa missão de vingança e, diante do impedimento do MI-6 e de M, pede demissão – o que rende outra boa frase da série, quando M diz: “Não somos o Country Club, 007!” – e sai numa vingança transloucada contra o traficante Franz Sanchez, vivido de maneira exemplar por Robert Davi como o mais cruel de todos os vilões de 007 até hoje! Não menos importante, o capanga do vilão é o sádico Dário, vivido por um jovem Benicio Del Toro, que é assustador. A trama desse filme é interessante porque desta vez é Bond quem atua como “inimigo oculto” e se infiltra secretamente na organização de Sanchez para eliminá-los. Infelizmente, o filme não foi bem nas bilheterias, até porque foi lançado numa época de outras produções de muito sucesso, como Batman – O Filme. É o segundo e último filme de Timothy Dalton.
A Queda do Muro de Berlim, no mesmo ano, a unificação da Alemanha e o fim da União Soviética, em 1991, terminaram por acabar com a Guerra Fria e os produtores pensaram que era o fim também para 007, nascendo a partir daqui o maior hiato da franquia em sua história.
Direção: John Glen. Elenco: Timothy Dalton (James Bond), Carey Lowell (Pam Bouvier), Robert Davi (Franz Sanchez), Benicio Del Toro (Dário), Talisa Soto (Lupe Lamora), Anthony Zerbe (Milton Krest), David Hedison (Felix Leiter), Robert Brown (M)
007 CONTRA GOLDENEYE – 1995
Após o filme anterior, a franquia de 007 entrou em uma hibernação de seis anos. A demora levou Timothy Dalton a dispensar o papel (algo previsto em contrato), além de que a conjuntura mundial mudou radicalmente no intermédio: o Muro de Berlim caiu em 1989 e a União Soviética se desfez em 1991, acabando com a Guerra Fria. Com isso, Albert Broccoli e seus filhos, Michael G. Wilson e Barbara Broccoli (estreando como produtora), decidiram renovar completamente a franquia. Um novo James Bond entrou no barco, o irlandês Pierce Brosnan, e o cargo de M foi ocupada por uma mulher: a ganhadora do Oscar Judi Dench. Alguns elementos também foram mexidos para se adaptar aos novos tempos dos anos 1990: Bond não fuma mais; é menos machista; e se preocupa com a AIDS ao afirmar que faz “sexo seguro”. A trama começa dez anos antes, quando vemos um 007 mais jovem ao lado do agente 006, Alec Trevelyan, em uma missão. No presente, descobrimos que o dado como morto 006 agora é o chefe de uma organização criminosa chamada Janus. A história lida com o fim da URSS e mostra o novo papel dos Russos na ordem mundial. Também chama a atenção a vilã Xenia Onatopp, uma ninfomaníaca vivida por Framke Janssen (que mais tarde ficaria famosa como a Jean Grey da cinessérie dos X-Men). É um filme muito bom e fez um grande sucesso, servindo com louvor na missão de renovar a franquia. Uma curiosidade: este é o primeiro filme a não usar absolutamente nenhuma obra de Ian Fleming como referência, já que todas foram filmadas (a exceção de alguns contos e de Cassino Royale). Contudo, o Goldeneye – na obra um satélite de ataque – é uma homenagem à casa na Jamaica em que Fleming escrevia seus livros. Este é o último filme produzido por Albert Broccoli – o fundador da franquia cinematográfica – que faleceu em 1996.
Direção: Martin Campbell. Elenco: Pierce Brosnan (James Bond), Izabella Scorupco (Natalya Simonova), Sean Bean (Alec Travelyan), Framke Janssen (Xenia Onatopp), Joe Don Baker (Jack Wade), Judi Dench (M), Desmond Llewelyn (Q).
007 – O AMANHÃ NUNCA MORRE – 1997
Apesar da morte de Albert Broccoli, a saga continua tocada por seus filhos, Michael G. Wilson e Barbara Broccoli. Após o megassucesso do capítulo anterior, o novo filme segue os mesmos direcionamentos, mas agora, trazendo um pouco de volta o charme dos grandes vilões eloquentes e megalomaníacos com planos de grande destruição. Neste filme, a ameaça é o dono de uma rede de comunicações chamado Elliot Carver (Jonathan Pryce), que aliado a um chinês dissidente, trama para que um submarino britânico seja afundado em mares chineses por engano. A partir daí, suas redes de TV, jornais e internet podem lucrar milhões cobrindo os eventos. Para impedi-lo, o MI-6 usa James Bond, que teve um relacionamento no passado com a esposa do magnata, Paris Carver (Teri Hatcher, famosíssima na época como a Lois Lane da TV). Curiosamente, ao longo de sua missão, 007 ganha a ajuda de uma agente chinesa, Wai Lin (Michelle Yeoh), especialista em artes marciais. Assim como a produção anterior esta não tem absolutamente nenhuma ligação às obras de Ian Fleming, já esgotadas. Mantendo o pique do anterior e certa dose de politicamente correto, O Amanhã Nunca Morre fez um grande sucesso de bilheteria, consolidou Pierce Brosnan como 007 e trouxe mais um vilão célebre à série.
Direção: Roger Spottiswoode. Elenco: Pierce Brosnan (James Bond), Elliot Carver (Jonathan Pryce), Paris Carver (Teri Hatcher), Wai Lin (Michelle Yeoh),Gotz Otto (Stamper), Don Baker (Jack Wade), Judi Dench (M), Desmond Llewelyn (Q).
007 – O MUNDO NÃO É O BASTANTE – 1999
Com o novo momento da série já consolidado, O Mundo Não é o Bastante se permite a algumas “ousadias”. Aqui, representadas por uma maior aprofundamento nos personagens, algo não tão comum nas produções bondianas. A trama também é um pouco mais complexa: Bond é enviado para impedir um anarquista chamado Renard, que roubou uma ogiva nuclear e pretende detoná-la na região dos Bálcãs mas o vilão é conhecido do MI-6 por ter sequestrado no passado Elektra King, filha de Sir Robert King, um magnata do petróleo amigo de M. As investigações de 007, contudo, terminam por mostrar que Elektra está aliada a Renard e que a detonação da bomba vai deixá-la com o monopólio da distribuição do petróleo entre a Europa e a Ásia. As personalidades de Elektra e Renard são bem desenvolvidas e o vilão também ganha uma marca pitoresca para se adequar melhor ao mundo de 007: por causa de um tiro na cabeça, é incapaz de sentir dor, o que o torna ainda mais perigoso. O Bond de Pierce Brosnan mantém seu charme e ironia, porém, é retratado como um assassino frio, protagonizando até uma cena de assassinato à sangue frio. Apesar disso, mais uma vez, o filme foi um grande sucesso. E muitos acham este o melhor dos filmes da Era Brosnan. Uma curiosidade mórbida: no filme, há uma cena em que Q (Desmond Llewelyn) apresenta o seu substituto, R (John Cleese, veterano comediante do Monthy Pyntom), dizendo que quer se aposentar. Meses após a estreia, o ator morreu em um acidente de automóvel em Londres. Llewelyn é até hoje o ator que mais tempo permaneceu na franquia, aparecendo em 16 filmes.
Direção: Michael Apted. Elenco: Pierce Brosnan (James Bond), Sophie Marceau (Elektra King), robert Carlyle (Renard), Denise Richards (Christmas Jones), Robbie Coltrane (Valentin Zukovsky), Judi Dench (M), Desmond Llewelyn (Q), John Cleese (R).
007 – UM NOVO DIA PARA MORRER – 2002
Este filme foi lançado justamente no 40º aniversário da franquia cinematográfica e foi marcado de comemorações. Inclusive, a trama é cheia de referências discretas a filmes anteriores, como numa cena em que Bond e o novo Q (John Cleese) discutem suas novas armas e várias das velhas Gadgets do espião estão espalhadas pela sala, inclusive o jatinho de A Chantagem Atômica. A história também coloca Bond em uma situação em que nunca esteve no cinema: na tradicional cena pré-créditos, 007 vai à Coréia do Norte impedir a negociação de armas com o dissidente coronel Moon (Will Yun Lee), filho do general Moon (Kenneth Tsang). No entanto, a missão falha e Bond é capturado. Seguem-se, então, 14 meses de prisão, no qual o agente secreto é barbaramente torturado. Esse início sombrio – com a abertura dos créditos mostrando as torturas ao fundo – é um diferencial na fase moderna da franquia e remete à dureza dos livros de Ian Fleming, particularmente à cena de tortura em Cassino Royale, o primeiro livro.
Mas o tom sombrio não se mantém no resto do filme, que retoma à autoironia de Pierce Brosnan. Além disso, apesar da trama interessante – Bond investiga seu torturador, Zao (Rick Yune), que tem ligações com o magnata britânico Gustav Graves (Toby Stephens) que lhe fornece armas, numa missão na qual é auxiliada por uma agente norteamericana da NSA chamada de Jinx (Halle Berry) – este é o mais fantasioso de todos os filmes de 007, exagerando nas situações inverossímeis, apelando para excessos como um carro invisível e um palácio de cristal. Com a participação especial de Madonna – que canta a canção-tema – o filme foi um sucesso estrondoso, sendo a maior bilheteria de um filme da série até então. No entanto, tal qual O Foguete da Morte (outro grande sucesso do passado), deixou um tipo de “ressaca moral”, com todos os envolvidos achando que foram longe demais. Por um tempo, ainda se pensou no que fazer adiante, todavia, aproveitando-se do fim do contrato de Pierce Brosnan – que já fizera quatro filmes – Michael Wilson e Barbara Broccoli decidiram que era o momento de renovar a série, encerrando-se a Era Brosnan.
Direção: Lee Tamahori. Elenco: Pierce Brosnan (James Bond), Halle Berry (Jinx), Toby Stephens (Gustav Graves), Will Yun Lee (coronel Moon), Kenneth Tsang (general Moon), Rick Yune (Zao), Madonna (Verity), Judi Dench (M), John Cleese (Q).
007 – CASSINO ROYALE – 2006
O primeiro livro de Ian Fleming, Cassino Royale, tinha sido, até então, o único não adaptado aos cinemas pela série oficial. Então, que fonte melhor usar para o reinício da franquia? Diferente das outras vezes, em que havia apenas a mudança de ator e de tom nos filmes, dessa vez, Michael Wilson e Barbara Broccoli decidiram zerar tudo e apresentar um novo James Bond de verdade, começando do início. Muitos criticaram essa atitude, pois se quisessem “renovar” tudo, bastaria contar as origens do espião que nunca foram exploradas no cinema. Mas não, em certo sentido, Cassino Royale, o filme, renega tudo o que foi feito anteriormente na franquia. A escolha do novo James Bond foi um tipo de leilão aberto: praticamente todos os grandes astros britânicos foram cotados de um jeito ou de outro para o papel, mas o maior pré-requisito era ser jovem. Nomes como Ewan McGregor, Clive Owen, Hugh Jackman e Henry Cavill foram seriamente considerados, mas o vencedor terminou sendo Daniel Craig que, apesar de jovem, tinha uma aparência bem mais madura. Além disso, era loiro – ao contrário do sempre moreno Bond – mas esse detalhe foi mantido no filme.
A trama é relativamente fiel ao livro: James Bond acaba de ganhar sua licença para matar e o código 007 e, por ser um habilidoso jogador de cartas, é escolhido para perseguir um criminoso conhecido como Le Chiffre (Mads Mikkelsen) que empresta e investe dinheiro de grupos terroristas e derrotá-lo em uma jogatina apostando milhões de Libras, de modo que seja morto por seus credores. Mas Bond não conta com algo inesperado: sua atração por sua parceira na operação, Vesper Lynd (Eva Green). Um dos grandes trunfos do filme é ser absolutamente realista, rompendo com o padrão da Era Brosnan e voltando-se à Era Dalton também em outro aspecto: a brutalidade e a violência. Nada é gratuito no filme, ao contrário, há elegância até na violência, mas este é um dos mais duros filmes de 007 entre todos. Outro trunfo é o trabalho de personagens e Craig mostra o 007 mais humano e profundo dentre todos. Em determinada cena, vemos o nervosismo dele após quase morrer e matar um outro homem em uma luta corporal.
Como curiosidade, este é um “James Bond em formação”, ou seja, ainda não tem todos os maneirismos que o tornariam famoso: não é totalmente elegante; ainda não descobriu o “batido, não mexido”. Apesar de não mais fumar, este 007 retoma o gosto pela bebida e pelo jogo que tinha perdido no meio do politicamente correto da Era Brosnan. Somando tudo isso, apesar das reservas de muitos acerca da real necessidade de um reboot da série inteira, analisando Cassino Royale apenas como um filme, não há dúvidas: é um dos melhores, senão o melhor, entre todos os filmes do espião. O resultado não poderia ser outro: a maior bilheteria da série até então, ultrapassando o capítulo anterior.
Direção: Martin Campbell. Elenco: Daniel Craig (James Bond), Eva Green (Vesper Lynd), Mads Mikkelsen (Le Chiffre), Jeffrey Wright (Felix Leiter), Giancarlo Giannini (René Mathis), Judi Dench (M).
007 – QUANTUM OF SOLACE – 2008
Infelizmente, após o triunfo anterior, Quantum of Solace não segue um caminho tão vitorioso. Apesar de lidar com uma sequência direta do filme anterior, de um modo nunca antes feito na série – este começa exatamente no mesmo momento em que termina o anterior – o novo filme não consegue manter a mesma qualidade. Um dos motivos foi que o roteiro foi escrito um pouco às pressas, para que ficasse pronto antes da Greve dos Roteiristas de Hollywood em 2007. Na trama, Bond descobre que a organização Quantum (ecos da SPECTRE?) tinha envolvimento com os eventos do capítulo anterior e persegue-a na figura do empresário Dominic Greene, auxiliado por Camile Montes, que teve sua família morta pela mesma organização. A bilheteria foi muito boa, mas a crítica foi bem menos receptiva. O maior problema foi após o lançamento com a falência do estúdio MGM ao qual a EON estava vinculada desde o início. Isso impossibilitou que uma nova produção estreasse dois anos depois, como planejado e ameaçou o futuro da franquia.
Direção: Marc Forster. Elenco: Daniel Craig (James Bond), Olga Kurylenko (Camile Montes), Mathieu Almaric (Dominic Greene), Gemma Arterton (Strawberry Fields), Jeffrey Wright (Felix Leiter), Giancarlo Giannini (René Mathis), Judi Dench (M).
007 – OPERAÇÃO SKYFALL – 2012
Com a MGM comprada pela Sony Pictures, a franquia de 007 pode ser retomada. Dessa vez, Michael Wilson e Barbara Broccoli decidiram fazer um produto tão bom quanto Cassino Royale, aproveitando-se que seria lançado no 50º aniversário da franquia. Desse modo, assim como Um Novo Dia para Morrer, este Operação Skyfall é um filme-homenagem à cinessérie. Para dirigi-lo, a EON contratou o cineasta de maior renome a já trabalhar na franquia: Sam Mendes, diretor prestigiado e premiado, de filmes como Beleza Americana e Apenas um Sonho. De fato, Mendes não decepciona: Skyfall é um dos melhores filmes de Bond, mantendo a humanidade de Cassino Royale (talvez até aumentando-a, explorando as origens de 007 e o peso da idade), mas garantindo uma ação frenética e um vilão megalomaníaco de peso para se remeter ao passado da cinessérie.
Na trama, 007 é abatido em uma missão e passa alguns meses dado como morto, mas ao ver um ataque à sede do MI-6 na TV, Bond volta à ativa para perseguir um ex-aliado britânico chamado Silva (Jarvier Bardem), que tem uma vingança pessoal contra M (Judi Dench). Novamente, o trabalho com atores é excelente (cheio de grandes astros, como Ralph Fiennes) e há um clima mais artístico em todo o filme. Elementos do passado, esquecidos na Era Craig até então, são retomados, como o “batido e não mexido”, a secretária Moneypenny, os Gadgets espalhafatosos (o Aston Martim DBV de Goldfinger está lá de novo) e a figura de Q, agora como um jovem harker. Em termos cronológicos, Skyfall parece colocar-se num tipo de mediação entre a Era Craig e o restante da franquia. Se em Cassino Royale, Bond era um jovem agente secreto, em Skyfall é tratado como um agente experiente.
Skyfall foi embelezado pela bela canção homônima cantada por Adele e foi recebido por público e crítica como uma obra diferenciada dentro da franquia. De modo inédito, o filme foi indicado ao prêmio de Melhor Filme do Sindicato dos Produtores de Hollywood, o PGA; no BAFTA (a maior premiação britânica), ganhou indicações de Javier Bardem e Judi Dench, como Ator e Atriz Coadjuvantes, além de Melhor Filme Britânico; e no Oscar, foi indicado a cinco prêmios: Fotografia, Canção Original (Skyfall, de Adele), Melhor Trilha Sonora Original (Thomas Newman), Edição de Som e Mixagem de Som. Ganhou o Oscar de Edição de Som e Canção; e o BAFTA de Melhor Filme Britânico, levando também o Globo de Ouro por canção.
Direção: Sam Mendes. Elenco: Daniel Craig (James Bond), Javier Bardem (Silva), Ralph Fiennes (Gareth Mallory), Naomi Harris (Eve Moneypenny), Ben Whishaw (Q), Judi Dench (M).
007 CONTRA SPECTRE – 2015
O que fazer quando se atinge o topo? Tentar ir além! Foi isso o que a EON tentou com o novo capítulo de James Bond após o megassucesso de Skyfall. Spectre não chega a tanto, não é melhor do que o antecessor, mas é um ótimo filme da franquia e goza da oportunidade de, finalmente, revisitar alguns dos elementos mais famosos da série em sua nova roupagem pós-Cassino Royale. Claro, estamos falando da SPECTRE, a organização terrorista combatida pelo espião nos anos 1960, e seu líder, o misterioso Ernst Blofeld. Como já escrito nos filmes acima – veja Os Diamantes São Eternos e Somente para seus Olhos – o arco de Blofeld e SPECTRE foi deixado semi-inacabado por vários motivos – que incluem o processo de Kevin McClory e o “cansaço da franquia” – mas permaneceu na memória dos fãs e agora ganha uma abordagem muito típica dos tempos atuais. A franquia quase tinha visitado o tema em Quantum of Solace, mas agora, foi direto ao ponto.
Na trama, enquanto James Bond investiga um figurão italiano com ligações com o terrorismo, vai descobrindo a existência de uma organização secreta com a qual já lidou várias vezes sem saber, a SPECTRE. Com a ajuda da Dra. Madelaine Swann, Bond consegue rastrear o líder da organização, Ernst Blofeld, apenas para descobrir que, na verdade, ele é alguém de seu passado e que muitas das provações por qual passou em sua vida – e fica subtendido que coisas como as mortes de Vésper Lynd e de M estão entre elas – foram deliberadamente pessoais. Em meio a isso, Spectre (o filme) continua a aprofundar a herança da franquia de Bond, fazendo referências ao passado e trazendo até personagens de volta, como o Sr. White (de Cassino Royale e Quantum of Solace).
Mas dessa vez – de modo ainda mais ostensivo do que em Skyfall – as homenagens vão além: Várias referências são feitas aos filmes antigos: o Austin Martin de Goldfinger; o terno branco de Viva e Deixe Morrer; a sequência no trem de Moscou Contra 007; o capanga silencioso Sr. Hinx em homenagem a Objob de Goldfinger; a estação de ski de À Serviço Secreto de Sua Majestade; a base da SPECTRE dentro da cratera de um meteorito, em referência à base no vulcão de Só Se Vive Duas Vezes; a bata chinesa e o gato branco e felpudo do vilão; e muitas outras coisas. Dessa forma, o diretor continua a criar um tipo de mediação entre a cronologia velha e a nova, quase como um ligeiro reboot que busca interligar as duas.
Para terminar dois outros pontos interessantíssimos de Spectre: o longa tem uma subtrama na qual um novo sistema de inteligência internacional está sendo estruturado e pretende substituir agentes por drones, num debate sobre tecnologia muito afinado aos nossos tempos; e o final da batalha, na qual Bond tem que lidar com os limites de sua moralidade (e a de Hollywood, na qual, “bandido bom é bandido morto”), promovendo um final que é o inverso do comum, em vez de uma grandiosa cena épica, barulhenta e cheia de destruindo, uma cena quase íntima, entre dois oponentes em um lugar aberto, mas cuja tensão deixa claustrofóbico.
Direção de Sam Mendes. Elenco: Daniel Craig (James Bond), Christoph Waltz (Franz Oberhauser), Ralph Fiennes (M), Monica Bellucci (Lucia Sciarra), Naomie Harris (Moneypenny), Ben Whishaw (Q), Léa Seydoux (Madelaine Swann), Andrew Scott (Denbigh), Dave Bautista (Sr. Hinx) e Rory Kinnear.
Os Filmes Não Oficiais
Como obra importante que é, 007 tem algumas obras não-oficiais, ou seja, realizadas fora da franquia oficial, por diferentes motivos e de diferentes naturezas. São obras bem menos conhecidas do que os filmes da série canônica do cinema, mas são interessantes de serem conhecidos.
Cassino Royale – 1954
A primeira adaptação live action de 007 foi realizada, curiosamente, nos Estados Unidos e não na Inglaterra, pouco depois de um ano após o lançamento do primeiro livro de Ian Fleming. A rede de TV CBS pagou mil dólares ao ator para adaptar o livro como um telefilme de 60 minutos, filmado ao vivo (!) [como uma peça de teatro], como parte de um programa seriado de temática policial chamado Climax. A filmagem-exibição de Cassino Royalle se deu em 21 de outubro de 1954. A exibição foi em cores, mas a única cópia conhecida da obra, descoberta apenas em 1982, está em preto e branco.
A trama de Cassino Royle é relativamente fiel ao livro (com Bond tendo que jogar baccarat contra Le Chiffre, que ajuda no financiamento de operações soviéticas, de modo que seja morto por seus empregadores devido à dívida), mas bastante adaptada para caber no formado de uma peça de teatro/filmagem ao vivo, de modo que tudo se resume ao cenário do cassino do título e ao quarto de hotel de Bond e os personagens são reduzidos e alguns são fundidos. Outro aspecto bem importante: no filme, o espião é norteamericano, trabalhando para a CIA e embora mantenha seu nome original, é diversas vezes chamado de Jimmy, para ter um ar “mais americano”. De modo inverso, o agente americano Felix Leiter é transformado em um agente britânico, embora com nome de Clarence Leiter, herdando também características do personagem Remi Mathis; que tem sua função na trama ocupada por Valerie Mathis, que substitui a original Vesper Lynd, e aqui é uma ex-namorada de Bond, agora nos braços do vilão Le Chiffre.
Direção: William H. Brown Jr. Elenco: Barry Nelson (James “Jimmy” Bond), Peter Lorre (Le Chiffre), Linda Christian (Valerie Mathis), Michael Pate (Clarence Leiter).
Cassino Royale – 1967
Os anos 1960 foram bem loucos e era necessário ter um filme de James Bond à altura. Com a CBS proprietária da adaptação do primeiro livro de Ian Fleming, seu braço cinematográfico, a Columbia Pictures, decidiu fazer um longametragem para o cinema, ainda em 1960, antes do início da série oficial britânica, mas as negociações não foram adiante. Com o sucesso dos filmes da EON, a Columbia, na figura do produtor Charles K. Feldman, tentou produzir um filme oficial da franquia em parceria com a EON, mas também não foi possível. Então, se decidiu fazer uma sátira!
Cassino Royale é um filme insano, uma confusão sem tamanho que teve cinco diretores (!), um fiapo de história, mas terminou ficando célebre porque reuniu grandes estrelas do cinema. Na trama, 007 é retratado como um espião idoso e aposentado, que é obrigado a voltar à ação quando M é assassinado pela SMERSH, mas devido à idade, recruta seis “dublês” para se passar por ele, em busca de combater a organização e seu líder, Le Chiffre, até descobrir que a grande ameaça é um traidor, que se revela ser o Dr. Noah.
No elenco, David Niver faz Sir James Bond e entre seus “dublês” estão o célebre Peter Sellers (famoso pelos filmes da Pantera Cor de Rosa), e quatro mulheres, dentre as quais a ex-bondgirl Ursula Andrews, e um jovem Woody Allen, que é o sobrinho de Bond e é revelado como o Dr. Noah (brincadeira com Dr. No), o grande vilão e traidor do filme. Além disso, Le Chiffre é vivido pelo lendário diretor de Cidadão Kane, Orson Welles.
Infelizmente, as confusões na produção fazem de Cassino Royale um filme “sem pé nem cabeça”, mesmo para os padrões da sátira, e desperdiça seus esforços, embora não deixe de ser muito bom poder ver Peter Sellers versus Orson Welles na dramática cena que adapta o ponto central do livro. Inclusive, o filme foi bastante impactante para Sellers, que embora conhecido pela comédia (ele também está em Dr. Fantástico de Stanley Kubrick), levou o filme a sério e queria que fosse dramático, realmente se dedicando ao papel de 007 de forma séria (como fez em Lolita também de Stanley Kubrick).
007 – Nunca Mais Outra Vez – 1983
O escritor Kevin McClory foi contratado por Ian Fleming para ajudá-lo a finalizar a obra Thunderball. Não é claro como o processo criativo se deu, já que um ruidoso processo judicial se seguiu na disputa pela autoria da obra. A teoria mais aceita é que Thunderball nasceu como um roteiro para um filme de cinema, que seria o primeiro da franquia oficial de 007, mas isso não foi adiante. McClory seria o roteirista e deu ideias gerais, que Flaming teria usado para compor o livro, publicado em 1961, um ano antes do primeiro filme de James Bond chegar aos cinemas, Dr. No.
Mesmo com o processo na justiça, Fleming e a EON conseguiram lançar a adaptação do livro aos cinemas, 007 Contra a Chantagem Atômica, em 1965, em sequência a Goldfinger. Mas McClory ganhou o processo judicial e decidiu lançar sua própria versão cinematográfica de Thunderball, negociando os direitos com a Warner Bros. e pensando em nomes como Richard Burton para protagonizar, mas o projeto não foi adiante. McClory conseguiu retomar o projeto em meados dos anos 1970 e conseguiu convencer Sean Connery a interpretar de novo James Bond, sob um salário de 7 milhões de dólares! O título do filme era uma piada com a declaração de Connery que, após ter deixado a franquia após Só Se Vive Duas Vezes (1867) e não ter participado de A Serviço Secreto de Sua Majestade (1969), mas ter voltado em Os Diamantes são Eternos (1971), ocasião na qual disse que nunca mais faria o personagem de novo. A direção foi assumida por Irvin Kershner (de Star Wars – O Império Contra-Ataca, de 1980).
Nunca Mais Outra Vez é uma refilmagem de Contra a Chantagem Atômica, mas realiza várias mudanças à trama original. Se por um lado, se mantém a trama geral de um agente da SPECTRE roubar duas ogivas nucleares para desestabilizar a Guerra Fria, o filme adota uma abordagem que trata James Bond como um agente experiente, no limiar da carreira, pois Connery já tinha 52 anos na época. O vilão Emilio Largo tem o nome mudado para Maximiliano Largo, enquanto Fiona Volpe vira Fatima Blush. Felix Leiter é retratado como afrodescendente, caracterização que seria retomada em 2006.
Nunca Mais Outra Vez foi bem recebido por público e crítica e fez sucesso, embora sua arrecadação foi um pouco menor do que o filme oficial 007 Contra Octopussy que foi lançado no mesmo ano.
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O próximo James Bond vem aí, com direção de Danny Boyle e o retorno de Daniel Craig.
James Bond, o 007, foi criado pelo escritor escocês Ian Fleming em 1953 como personagem de um romance de espionagem. Com o estrondoso sucesso, o autor produziu vários livros e o espião chegou aos cinemas pela primeira vez em 1962, fundando a mais longeva e bem-sucedida franquia do cinema em todos os tempos.
Parabéns foi uma excelente análise! Eu não assisti ainda os filmes do Timothy Dalton, mas li uma matéria de que ele foi um péssimo Bond, acho que só vou saber se eu ver!
Fora isso Skyfall parece seguir a linha, enquanto Cassino Royale mostra a origem do 007, não consigo vê-lo como um recomeço a série, e eu acho que Skyfall segue uma espécie de continuação a série, já que ao que entendi se passaram anos desde o Quantum of Solace…
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Obrigado, Thel.
Assista os filmrs do Timothy Dalton, você não vai se arrepender. Sou dos que defendem o ator como Bond.
Um abraço!
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A matéria que você leu equivocou-se quanto ao Dalton. Como não li, apenas expresso este ponto de vista. Timothy Dalton foi um dos melhores, superior a Craig, mas não continuou na franquia por questões contratuais que o fizeram perder grandes papéis. O Lanzemby, diferente do texto acima, agradou muito a público, crítica e produtores. Só quem não gostou foi ele mesmo, ao dizer que 007 não teria futuro. Estava enganado! Os produtores então foram buscar Sean Connery.
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Olá Irapuan!
Excelente post!
Também sou um fan dos filmes de Dalton e senti muito ele não ter feito um terceiro como Bond. Como você ressaltou, a interpretação de Dalton foi realmente baseada no personagem retratado nos livros. Quem leu os romances de Flemming, sabe que ele “bebeu da fonte” ao compor o personagem. Gosto muito da versão de Craig, mas imagino como seria estupenda a performance de Dalton (fisicamente mais próximo ao personagem literário) em Cassino Royale ou Skyfall. Infelizmente, ele entrou na série no momento errado. Já Moore, que me desculpem os fans de seu trabalho, sempre foi o “Adam West” da franquia. Eu nunca consegui levar sua performance a sério. Acho um excelente ator, mas não era “James Bond”. Acho que Brosnan fez um trabalho muito bom e teve o mérito de resgatar a franquia depois de 6 anos. Craig é um excelente ator e deu uma sorte tremenda em pegar a série numa fase realista e calcada na trilogia Bourne. Lazenby era um boboca deslumbrado e Sean Connery… Bom, Connery é O 007 eterno (além de ser o pai de Indiana Jones)!!! Esse é o cara!
Grande abraço e Feliz 2013!
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Obrigado, Mauro.
Feliz 2013 para você também.
Pois é, concordo inteiramente com você. Timothy Dalton está longe de ser o Bond preferido dos fãs, mas sua abordagem do personagem foi muito boa e os filmes também.
O filme de 1989 é de arrepiar.
É um daqueles casos difíceis de explicar porque um filme daqueles não faz sucesso. Ainda mais em sua época.
Um grande abraço!
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Excelente comentário! O Lazemby foi um excelente 007, diferente do que se diz, ele agradou muito, menos a ele mesmo que afirmava que 007 não teria futuro e pediu para rescindir o contrato.
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òtimo comentário
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Li apenas Cassino Royale de 1953, mas tenho em casa a maioria das obras de “Sir Ian Lancaster Fleming”.
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Sean Connery e nada mais… Os últimos filmes são apenas cópias da franquia Bourne, filmes vazios para uma geração vazia, que gasta muito bem em pipoca e refrigerante.
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sean conery, pierce brosnan, assim como roger moore, foram os melhores representantes do 007, sem sombras de dúvida.
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Muito boa essa matéria,
sou fã de Roger Moore no papel “James Bond”, pra mim, o melhor “Bond” dos cinemas!!!
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Olá, Luiz,
Que bom que gostou!
Um abraço!
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Boa Noite, Sr. Irapuan
Apenas queria deixar registrado, o meu muito obrigado pelo que o sr. postou. Excelente !!!
Sou Fã dos filmes de James Bond, cada um tem um gosto e isso não se discuti. Então,
para mim, Sean Connery, Roger Moore e Pierce Brosnan São os melhores, não gosto do
Daniel Craig, já vi e tenho todos os filmes da franquia 007 e, agora passo a ter além dos
dvds, também em impresso um resumo muito bem feito e refinado sobre os filmes de
James Bond. Reafirmo os meus PARABÉNS Sr. Irapuan Peixoto.
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Muito obrigado pelos elogios, Robson. Que legal que você gostou. Um grande abraço!
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gosto de todos os 007,não vejo a hj de ir ao cinema ver o próximo!
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Essa lista está errada. O Sean Connery retornou em 1983, com o filme NUNCA DIGA OUTRA VEZ, que foi um remake do filme CHANTAGEM ATÔMICA. Bem que me lembrava que havia visto um filme com o Sean nos anos 80, só não me lembrava qual filme. Apos isso, o Roger Moore retornou.
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Não se trata de erro, João. Nunca Mais Outra Vez não é um filme oficial do 007, assim como não foram as duas primeiras versões de Cassino Royale (o telefilme de 1954 e a comédia pastelão de 1967 com Peter Sellers e Woody Allen).
Nunca Mais Outra Vez é fruto de um processo judicial em relação à co autoria do livro Thunderball e como você mesmo apontou, uma refilmagem de A Chantagem Atômica.
Por isso Connery não substituiu Moore. Nunca Mais Outra Vez foi lançado ao mesmo tempo que Octopussy com Moore.
Um abraço.
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já li 2 vezes esse review e acho um dos melhores que li na internet e algumas partes que li por ai foram que lazemby ficava esperneando aos 4 ventos que queria fazer bond(até largou carreira de modelo pra fazer o papel),connery queria fazer outros papeis(só fazia filmes bons até a liga extraordinaria onde se aposentou),moore atuou da forma que os roteiristas queriam tornar a serie mais light que as protagonizadas por connery e lazemby(até a aparencia dele era menos sombria que os anteriores),agora entendo pq os filmes de dalton(e o de lazemby)nunca passavam nos festivais 007 e raramente na tv,pierce brosnam foi bem embora goldeneye perdeu impacto em algumas cenas(a cena no banheiro com xenia foi ficando ruim a cada olhada).cassino royale vi mais de 10 vezes(o que mais vi da serie) e é bom sempre…
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Obrigado pelos elogios, Dalmo. Que bom que gostou do post. O pessoal gostou muito dessa lista, porque desde que foi publicada é o post campeão de acessos aqui do HQRock. Ficamos muito felizes com isso!
Um grande abraço!
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cara muuito show seu post , me ajudou muito por já assisti a quase todos, eu queria saber um pouco mais sobre a trama , e sobra a sequencia dos filme , muito bem explicado, e esclareceu muitas duvida minhas kk, post, super completo e informativo , um dos mais completos da web traduzidos ainda . ainda discordo um pouco da critica de alguns filmes , pq pra mim todos foram ótimos k , menos os estrelados pelo Timothy Dalton ,porque ainda não os assisti … acho que ele não se encaixa muito bem nesse papel de espião kk , mas julgando ” o filme ” pela capa k vai que é bom e não sei .. k ! parabéns pelo post
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Obrigado, Ulysses!!! Que bom que você gostou! É muito gratificante ver pessoas como você satisfeitas.
Um grande abraço!!!!
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Parabéns pelo seu post!!! Como fã de 007 que tem todos os filmes da série, foi muito interessante pra mim conhecer alguns detalhes da franquia que desconhecia…
Faço só duas ressalvas: a primeira é opinativa. Gosto muito de 007 Na Mira dos Assassinos, em que pese reconheça a idade avançada de Roger Moore para o papel. Mas o que me incomoda mesmo no filme são as inúmeras cenas em que fica clara a presença de dublê nas cenas de ação, sobretudo na cena final da ponte e quando pega um carro no início, na perseguição a May Day, em que o automóvel acaba reduzido a menos da metade rs.
A segunda ressalva é sobre 007 contra o Homem da Pistola de Ouro (aí concordo inteiramente com a crítica – pra mim é o pior da série disparado). Mas o detalhe é que o ano apontado no post, neste filme, está errado… Ele é de 1974, e não de 75.
Mais uma vez parabéns pelo post bem completo!!!
Ah, pra mim Roger Moore é o melhor Bond de todos…
Grande abraço
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Olá, Diego! Seja bem-vindo ao HQRock!
Muito legal a sua participação. É ótimo ter um retorno sobre as críticas.
Quanto à data do filme, usei informações das fontes, mas vou conferir, ok?
Um grande abraço!
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NÃO SÃO APENAS 23 FILMES COM O AGENTE 007, MAS 26. FALTAM RELACIONAR “007 – CRUZ DOS EXECUTORES” (1º FILME DELE), “007 – NUNCA MAIS OUTRA VEZ” E “007 – UM AGENTE NADA DISCRETO.”
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Aposto que o próximo 007 sai em 2016 pois nos dois últimos filmes teve uma pausa de 4 anos.
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Olá, Mariano!
A estreia de 007 – Spectre está marcada para novembro de 2015. Anote aí!
Abraço!
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Muito boa a análise dos filmes mas, ficou devendo a explicação sobre como e porque foi feito o filme paralelo de 1983 com Sean Conery (Nunca Mais Outra Vez).
Grande abraço!
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Obrigado, Othoniel! Que bom que gostou!
E você tem razão… esssa questão do Nunca Mais Outra Vez já rendeu algumas confusões por aqui. Vou atualizar o post com isso.
Um abraço!
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Pierce brosnan para mim é o que interpretou melhor o agente James Bond! A atuação mais competente e fiel, nos parâmetros de um espião como 007.
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Legal sua opinião, Roberto.
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Reblogged this on Excêntrico Psicopata and commented:
Franquia fantástica.
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Preciso me atualizar urgente! Adorei o texto.
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Parabéns pela sinopse. Reflete bem os principais fatos abordados nos filmes. Possui informações suficientes para recordarmos os já vistos e consegue ser convidativo para os filmes ainda não assistidos.
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Otimas informacoes! Adorei!!!
Estou na maratona 007 desde o primeiro filme, hoje assisti 007 e o Foguete da Morte… Mas sinceramente, pra mim nao tem nenhum filme que seja ruim.. Gostei muito de 007 Só se Vive Duas VeZes, Moscou contra 007, Goldeneye.. Mas por enquanto 007 O Espiao Que Me Amava esta sendo o melhor pra mim… George Lazemby achei muito fraco pra ser o Bond e aquele sotaque Australiano é horrivel e nao da pra entender muita coisa… Ele ta mais pra modelo do que agente secreto… E por que usou kilt no filme??? Escoces é?! Daniel Craig gosto tbm mas ainda acho que Pierce Brosnan é o melhor!
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Que legal que gostou, Fabio. Você tem razão, George Lazemby foi uma péssima escolha.
E ele usa o kilt porque James Bond é escocês.
Um abraço!
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bons filmes e escritores
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Um detalhe curioso: na estréia de Roger Moore na franquia com o filme Viva e Deixe Morrer, Bond volta à mesma praia do primeiro filme da franquia, na ilha do Satânico Dr. No, filmado na Jamaica. É só reparar na discreta cachoeira que é a mesma das filmagens de 1962. Em Viva e Deixe Morrer é a fictícia ilha de San Monique ( na mesma Jamaica ).
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Que legal, Clayton. E a Jamaica, além de suas ligações históricas com o Reino Unido, também era onde Ian Fleming tinha sua casa, passava as férias e escrevia seus romances. Valeu pela dica! Um abraço!
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olá, impecável a cronologia e os comentários, Mas Bond é Bond e não se fala mais nisto…Mesmo quando o ator não é bom, o roteiro é bom, a fotografia é boa, as bondgirls lindas e assim vai…
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Alguém sabe o nome do filme em que tem o clip da musica no ponto fraco de Joao Bosco e Vinicius?
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Maravilha de post. Sou fã dos filmes de 007 há mais de trinta anos mas não assisti todos os filmes até agora. Após ler esse post, resolvi começar a assistir todos os filmes na sequência e já estou no 13º. Só estava precisando desse incentivo. Obrigado amigo.
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Voto pela saída de Craig. Ele conseguiu obscurecer a imagem do galã sofisticado e emblemático construída pelos seus antecessores. Mas, há uma palavra de cautela com relação ao novo James. Ao meu ver, tem de ser um ator que agregue talento, beleza e masculinidade – não apenas juventude. Por que não Aaron Eckhart ou ainda Hugh Jackman ou Robert Downey Jr. ?
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Olá, Ione. Você faz importantes considerações, e está certa quanto à necessidade de charme e tal, mas por outro lado, o estúdio precisa levar em consideração que os filmes demoram a ser feitos e envolvem planos de longo prazo. Daí, a necessidade de juventude. Downey Jr está velho demais para isso e é americano, não britânico; Jackman é australiano e já houve um 007 de lá, mas também está velho demais; não sei a nacionalidade de Eckhart, mas sua idade não parece favorável também. Mas quem sabe? Há uma série de grandes atores britânicos no mercado…
Um grande abraço!
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Excelente o seu post. Mas nele você nã menciona o filme Cassino Royale de 1954, que apesar de não fazer parte da franquia oficial traz Peter Sellers como um excelente 007, com a participação de Ursula Andress, que voltaria em “O Satânico Dr. No”, que se tornou o primeiro filme oficial da franquia.
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Olá, Carlos, você tem razão. Optamos por manter apenas o cânone oficial do 007 nos cinemas e, por isso, excluímos três longametragens: a versão para a TV dos EUA de Cassino Royale (1954), a versão cômica de Cassino Royale (1967) e 007 – Nunca Mais Outra Vez (1983), que é uma refilmagem de A Chantagem Atômica, novamente com Sean Connery.
Agora, apenas algumas correções: o filme ao qual você se refere é a versão de 1967 e não à de 1954. O filme de 1967 é psicodélico e traz David Niven e Peter Sellers como 007, Ursula Andress de volta como bond girl e participações de Orson Wells e Wood Allen.
Já consideramos incluir esses três filmes no fim do post, como um adendo e tendo em vista uma série de pedidos, é possível que façamos.
Um grande abraço!
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Foi mencionado esse filme entre os não oficiais. Até anotei aqui para tentar baixá-lo.
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Excelente post sobre 007… Aliás, um dos melhores que eu li sobre a franquia em toda internet até hoje. Sua descrição dos filmes é perfeita e bastante agradável de ler. Sou absolutamente apaixonado pela franquia desde criança (tenho 33 anos), e desde então vi praticamente tudo o que foi lançado sobre 007. Sean Connery, Roger Moore e Timothy Dalton são meus Bonds favoritos, com menções honrosas ao carismático Pierce Brosnan (sou fanático por GoldenEye…rs) e Daniel Craig, que apesar de ser um ator limitado e de pouco carisma, fez dois dos melhores filmes da série (Skyfall e Casino Royale). Fico triste pelo fato de Timothy Dalton ter durado apenas dois filmes, pois o cara era talentoso e com uma baita presença de tela, além de ter sido precursor de um James Bond mais humano e realista, como o interpretado por Craig hoje em dia. Permissão Para Matar e Marcado Para a Morte são realmente incríveis…
Parabéns pelo excelente post!
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Muito esclarecedor, muito bom. Pensei que tinha todos mas estou longe disso, inclusive os não oficiais (não tenho nenhum desses).
Vou tentar baixá-los.
Obrigado
Vicente Itaúna MG
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De nada, Vicente! Que bom que você gostou. É, são muitos filmes… Rarsrsrsrs… Um abraço!
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