O Primeiro Vingador: outro bom filme do Marvel Studios.

A produção do Marvel Studios, Capitão América – O Primeiro Vingador, completa o ciclo de filmes de personagens da editora Marvel Comics que se unirá no épico Os Vingadores. Além do Capitão América, Homem de Ferro, Thor e Hulk juntarão suas forças contra uma ameaça maior.

O Primeiro Vingador, como o título deixa claro, cumpre a função de apresentar as primeiras origens dos super-heróis da Marvel. As produções anteriores, Homem de Ferro 1 e 2, Thor e O Incrível Hulk se passavam no presente, enquanto O Primeiro Vingador retrocede no tempo, se passando nos anos 1940.

Aliás, há duas cenas – a primeira e a última – que se passam no presente, servindo para fazer a ponte imediata com os outros filmes do Marvel Studios.

Bucky Barnes tem um papel importante na trama.

A escolha de centrar o foco nos anos 1940 foi um acerto da produção. Realmente, como afirmou o diretor Joe Johnston, O Primeiro Vingador toma o mesmo espírito dos filmes de Indiana Jones, que se passam mais ou menos na mesma época. Falando nisso, Johnston vem da “escola” de Steven Spielberg, de quem é discípulo – ele dirigiu Jurassic Park III, sob o olhar atento do famoso diretor.

Ação no estilo Indiana Jones.

Na produção do Marvel Studios, Johnston não faz feio: o filme tem aquele tom de aventura (exagerada) passada no tempo pretérito, cheio de piadinhas visuais que “quebram o gelo” em meio à frenética ação. O bom humor – uma marca dos filmes do estúdio, como Homem de Ferro estabeleceu bem – está presente o tempo todo, mas de maneira bem dosada, sem comprometer alguns momentos dramáticos.

Outro ponto positivo é como o longametragem brinca com a mitologia do Capitão América, acomodando personagens e situações marcantes em conjunto a referências rápidas que só podem ser sacadas por quem conhece bem o Universo Marvel. Além disso, a produção é absolutamente fiel aos quadrinhos originais, talvez mesmo o mais fiel dos filmes do Marvel Studios até aqui. Quem leu as histórias originais do Capitão América ficará surpreso, especialmente nas cenas de sua origem, como tudo aquilo foi transposto literalmente para o longametragem. A até a velhinha da porta de entrada do laboratório está lá, impressionante!

O fato de Peggy Carter ser britânica não é explicado: um dos problemas.

A cena da capa da revista Captain America Comics de 1941, em que o super-herói dá um soco em Adolf Hitler, não somente aparece no filme (não da maneira como o espectador pode esperar), como a própria revista também aparece na trama, de maneira bem sacada.

O amigo James “Bucky” Barnes, o Comando Sevalgem, a namorada Peggy Carter, o cientista nazista Armin Zola, o vilão Caveira Vermelha etc. estão lá, todos bem aproveitados e inseridos em contextos, por vezes diversos dos quadrinhos, mas bem adaptados à trama cinematográfica. O vilão é apresentado como um nazista que busca artefatos sobrenaturais, o que combina com a realidade, pois Hitler e os Nazistas realmente tinham interesse pelo ocultismo e isso cria um gancho muito bem feito com Thor. A organização Hidra é transformada em uma divisão de ciências, o que também foi uma boa saída criativa.

Howard Stark: conexão com os outros filmes.

Há referências que viram quase piada. O cientista Armin Zola, por exemplo, tem sua primeira cena com o rosto aparecendo dentro de uma tela de imagem, algo que os leitores de quadrinhos logo entendem o que quer dizer. Outro caso é o Tocha Humana original (aquele criado por Carl Burgos, em 1939) que aparece em meio à Expo Stark 1943, a mesma que é um destaque na trama de Homem de Ferro 2.

Ao longo do filme, várias situações remetem aos futuros filmes da Marvel: Howard Stark, o pai de Tony Stark; a fonte de energia que dará origem às armaduras do Homem de Ferro; o soro que dará origem ao Hulk; e a mitologia nórdica de Thor que desempenha papel central no filme.

Os atores estão bons em sua maioria. O protagonista Chris Evans está excelente. É curioso que sua escalação era justamente o que fãs e críticos mais temiam no filme, mas o desempenho do ator é extremamente competente, dando caráter a Steve Rogers no primeiro terço do longametragem, na qual aparece antes de tomar o soro do supersoldado e é frágil e raquítico, mas continuando depois. Hugo Weaving é bom como sempre; Tommy Lee Jones é o responsável por bons momentos cômicos; Stanley Tucci enche seu Dr. Erskine de carisma; Sebastian Stan tem presença como Bucky Barnes (que não é um parceiro mirim, mas algo mais próximo da versão do escritor Ed Brubaker, como um militar jovem e “sujo”); e Hayley Atwell faz o interesse romântico Peggy Carter muito distante da “donzela em perigo”, o que é ótimo.

Nick Fury também está no filme.

Por fim, O Primeiro Vingador é um bom filme de ação, descompromissado, sem grandes complicações. Em termos de narrativa ou conteúdo, não está no mesmo nível de X-Men – Primeira Classe (o melhor do gênero neste ano até agora) e talvez não seja tão bom quanto Thor (embora, alguns discordem), mas é uma boa diversão.

Há problemas, claro, momentos piegas, momentos “hollywood” (“que tal um beijinho antes de eu saltar do carro em alta velocidade para cima de avião prestes a decolar?”), mas nada disso compromete o filme de todo. O espectador, mesmo aquele sem interesses aumentados por Os Vingadores pode assisti-lo sem dificuldades. Aqueles que esperam pela superequipe, claro, gostarão mais ainda.

Ah, e não saia antes do fim dos créditos para ver um teaser trailer de Os Vingadores.

Capitão América – O Primeiro Vingador é dirigido por Joe Johnston (O Lobisomen) e, além de Chris Evans como Steve Rogers, tem no elenco Hugo Weaving (Caveira Vermelha), Hayley Atwell (Peggy Carter), Sebastian Stan (Bucky Barnes), Tommy Lee Jones (General Chester Phillips), Samuel L. Jackson (Nick Fury), Dominic Cooper (Howard Stark), Neal McDonough (Dum Dum Dugan), Stanley Tucci (Dr. Abraham Erskine), Toby Jones (Arnim Zola) e Derek Luke (Gabe Jones). O filme está em cartaz e a estreia no Brasil foi em 29 de julho.