Faleceu ontem, quinta-feira 17, o desenhista filipino Ernie Chan, famoso por seus trabalhos nas editoras Marvel e DC Comics, nos anos 1970 e 1980. Curiosamente, o fato ocorre poucos dias depois da morte de outro desenhista compatriota, Tony DeZuniga, que trabalhou nas mesmas editoras.
Ernesto Chan – que também assinou trabalhos como Ernie Chua, devido a erros de grafia – nasceu nas Filipinas em 1940 e migrou para os Estados Unidos em 1970, compondo uma geração de grandes desenhistas filipinos que tomaram a indústria dos quadrinhos com seus talentos, como o já citado DeZuniga e Alfredo Alcalca e Nestor Redondo.

Nos EUA, começou a chamar a atenção na linha de revistas de terror e suspense da DC Comics, como House of Mystery e House of Secrets, em 1972. Em seguida, por ter estudado com o lendário John Buscema, foi chamado por este para a Marvel Comics, em 1973, onde passou a fazer a arte-final (cobrir o lápis com nanquim) do próprio Buscema em Conan the Barbarian. Este seria o seu trabalho mais longevo fazendo edições constantemente a partir do número 26 até o 190, com pequenos intervalos. Voltaria pouco tempo depois, para outra temporada na arte-final entre as edições 249 a 254, encerrando esta última em 1992.

Porém, Ernie Chan ficou mais famoso na Marvel por assumir a prestigiadíssima The Savage Sword of Conan, revista em formato magazine e miolo em preto e branco que se tornou uma da mais populares da editora e serviu para tornar Conan um dos personagens mais famosos do fim dos anos 1970 e início dos 80. Naquela revista, Chan assumiu a arte propriamente dita, desenhando muitas edições, entre os números 29 a 227, entre 1978 e 1994. Traduzida como A Espada Selvagem de Conan e publicada pela editora Abril nos anos 1980, esta revista também foi muito popular no Brasil, de modo que o traço do artista foi bastante apreciado pelos brasileiros.
Para se ter uma ideia, A Espada Selvagem de Conanera tão popular no Brasil que, quando a revista chegou à numeração 100, em 1994, a editora Abril passou a republicá-la na íntegra a partir do número 01, ao mesmo tempo em que as novas edições permaneciam chegando às bancas, num fenômeno raro, poucas vezes visto, mesmo que não tenha durado muito tempo, por causa da crise sobre o mercado dos quadrinhos que se deu alguns anos depois.

Além de Conan, na Marvel, Ernie Chan também trabalhou com vários personagens, particularmente, Kull, o Conquistador, entre 1977 e 1978 e na revista Power-Man & Iron Fist, com as aventuras da dupla Luke Cage e Punho de Ferro, entre os números 94 e 100, de 1983.
Chan também é lembrado por ter sido o arte-finalista do desenhista Sal Buscema na revista The Incredible Hulk, a partir de 1975, mas também desenhou várias belas capas para aquela revista, que era um dos maiores sucessos da editora.

Na DC Comics, além das revistas de terror e guerra, Ernie Chan também fez muitas capas para revistas como Justice League of America, a Liga da Justiça, mas é mais lembrado por sua temporada nas revistas do Batman, entre 1975 e 1977. Trabalhou tanto em Detective Comics quanto em Batman, com roteiristas como Gerry Conway e David V. Reed.
Esta fase no Batman é bastante apreciada, particularmente àquela escrita por Gerry Conway, em aventuras repletas de violência, com prostitutas, drogas, quadrilhas organizadas no clima muito tipico dos anos 1970. Esta fase foi representada na coleção Batman Saga publicada no Brasil pela editora Ópera Gráphica nos anos 2000, no número 06, numa história que introduziu o violento vigilante conhecido como Aranha Negra.
Chan se aposentou em 2002 e, desde então, vendia artes para os fãs por meio da internet. O desenhista fora diagnosticado com um câncer e tinha 71 anos.







Bela matéria em homenagem, Irapuan, e a primeira vez que leio a explicação da causa da troca de sobrenome, que me intrigava desde então. Mais uma perda da geração que marcou os 70s. Dentre os citados (Alcala, Redondo, de Zuniga) era o mais prolifico, dono de um traço suave e ao mesmo tempo ágil e poderoso. Grande capista na DC, lembro bem da sua ótima passagem por um Batman já recuperado por O’Neil, Adams, Haney e Aparo desde o início daquela década,
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Pois é, Jorge, sempre achei a arte dele uma das mais bonitas. Seja no Batman, seja no Conan, seus paineis são muito legais.
É uma pena escrever sobre o fim dessa geração…
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