Segundo o site italiano Fumettologia, durante a convenção Lucca Comics & Games 2025, que ocorre até amanhã na comuna de Lucca, na Toscana, ao oeste da cidade de Florença, na Itália, a editora de quadrinhos Panini Comics da Itália anunciou o lançamento do formato Pocket com revistas da Marvel Comics, numa série de 24 volumes que chegarão às lojas nos próximos meses. É a primeira vez que a Marvel adere ao novo formato que vem fazendo sucesso na Europa, no Brasil e nos EUA, como o HQRock noticiou há alguns meses atrás (não viu? Clique aqui!).

O formato Pocket traz HQs em um tamanho menor do que o tradicional comics (chamado de Formato Americano, no Brasil), que se assemelha ao tamanho de uma revista de notícias, ao passo que o Pocket mantém o tamanho de um livro tradicional. Essas HQs menores seguem uma tradição europeia que publicou esse tipo de formato ao longo das décadas e que foram muito populares no Brasil, também, na versão Formatinho, que foi o padrão dos gibis nacionais da década de 1940 até o início do século XXI, quando o Formato Americano dominou o mercado. Na Europa, foi publicada uma série de HQs da Marvel em formatinho entre 2011 e 2014, com títulos como Spider-Man: The Green Goblin Lives Again e The Avengers: The Bridge of Ultron, Korvac Saga e Nights of Wundagore, mas era um formato menor.

A DC Comics aderiu ao novo formato via Panini Itália em março de 2024 e rapidamente o formato foi lançado também nos EUA, com o nome de Compact, com um ótimo resultado: como o HQRock divulgou em abril passado, no ranking dos 20 quadrinhos do tipo encadernado (coleções de várias revistas agrupadas em arcos de histórias fechadas, geralmente com mais de 100 páginas) mais vendidos nos EUA em 2024, 13 eram de super-heróis, dos quais 9 eram da DC Comics, e desses, 4 no formato Compact: Watchmen, Batman: The Court of Owls Saga, Batman: Hush e All-Star Superman, que estão, respectivamente, nas posições 5, 7, 13 e 14 do ranking. No Brasil, o formato foi lançado com sucesso, com edições como Watchmen, Batman: Silêncio, Superman: As Quatro Estações e O Reino do Amanhã.
A entrada da Marvel no mercado pode aquecer ainda mais a disputa entre as editoras e o mercado em si, pois é esperado que a matriz americana da editora também adote o formato, cuja Distinta Concorrente conseguiu tão bons resultados. E o Brasil não deve demorar, pois é a filial brasileira da Panini Comics quem publica tanto o material da Marvel quanto da DC em nosso país.

Com um mercado mais sólido de quadrinhos, a Itália inaugurou sua linha Marvel Pocket com nada menos do que 24 títulos, a maioria com arcos de histórias de destaque em anos mais recentes. Segue a lista (com tradução nossa dos títulos em italiano):
- Guerra Civil
- Invasão Secreta
- Demolidor – Partes de um Buraco
- Homem-Aranha Azul
- Zumbis da Marvel
- Thanos Vence!
- Venom: Origem Sombria
- Guerra Mundial Hulk
- Capitão América: Lar dos Bravos
- Capitão América: Perdido na Dimensão Z
- Deadpool Destrói o Universo Marvel
- Homem-Aranha/Gata Negra: A Maldade dos Homens
- Marvel Knights/ Homem-Aranha: Os Seis Sinistros
- Homem-Aranha: A História da Minha Vida
- Aranhaverso
- Casa de X / Poderes de X
- Arma X
- Dinastia M
- Os Vingadores: Os Heróis Mais Poderosos da Terra
- Quarteto Fantástico: A História de Nossas Vidas
- Vingadores: Sem Descanso
- Guerras Secretas
- Vingadores: Sem Retorno
- Era de Ultron
A lista traz HQs célebres como Guerras Secretas que irá inspirar o filme dos Vingadores de 2027 (e como há duas versões dessa história, a original de 1984 e a mais recente de 2015, apostaríamos na mais nova), Guerra Civil (que inspirou o filme de 2016) ou Invasão Secreta (que inspirou uma série da Disney+), bem como Era de Ultron (que apesar do título, não tem nenhuma vinculação narrativa com o filme de mesmo nome). Tendo em vista que a maior parte das histórias clássicas (dos anos 1960, 70 ou 80) criam dificuldades para a identificação dos leitores mais contemporâneos (por mudanças de linguagem, estéticas e elementos ou tópicos datados), a aposta da Marvel/Panini em histórias mais recentes, dos anos 1990 e do século XXI parece mirar na aproximação com o público atual.
Isso é importante, pois a percepção da demografia de compradores de HQs de super-heróis atualmente parece demasiadamente focada em pessoas mais velhas, com um número pouco expressivo de jovens. Trazer histórias mais “acessíveis” a esse público com preços mais baratos (permitidos pelo formato menor) pode ser mesmo uma boa estratégia das editoras para revitalizar o mercado.

