Um episódio triste foi divulgado esses dias pela imprensa internacional… na iminência do lançamento de um documentário sobre sua banda no streaming do Disney+, o cantor e compositor Brian Wilson, ex-líder dos Beach Boys, foi considerado incapaz pela Justiça dos EUA, numa decisão do último dia 09 de maio. O processo correu à pedido de sua família para preservar a vida e os negócios do lendário compositor.
A saúde mental de Wilson é um tema delicado, na verdade, desde os anos 1960, e o músico chegou a um ponto bem complicado de sua vida na década de 1980, quando seu psiquiatra se aproveitou de sua situação para explorá-lo financeiramente, até que o músico conheceu e se casou com Melinda Ledbetter, que se tornou sua empresária, o protegeu e o salvou da bancarrota.
Infelizmente, Melinda faleceu em janeiro deste ano, e em fevereiro a família do músico anunciou que Wilson foi diagnosticado com um “grande distúrbio neurocognitivo”, trocando em miúdos, demência, e que passaria a ser tutelado por representantes de longa data, ou seja, seus empresários, Lee Ann Hard e Jean Sievers, ao lado de seus filhos, que obrigatoriamente deverão ser consultados nas decisões referentes à sua saúde.
A decisão precisava ser validada por um tribunal e o caso foi apreciado no doa 09 de maio, em Los Angeles, na Califórnia, com o juiz analisando as provas e concluindo que Wilson, de 81 anos, não tem condições de cuidar da própria pessoa.
Que pena. Que triste.
Nascido na Califórnia, em 20 de junho de 1942, filho de um compositor, Brian Wilson (baixo, piano e vocais) fundou os Beach Boys em 1961 ao lado dos irmãos Carl (guitarra e vocais) e Dennis (bateria e vocais), do primo Mike Love (vocais) e do vizinho Al Jardine (guitarra e vocais), conseguindo gravar bem rápido um single e um disco que chamaram à atenção na Costa Oeste. Rapidamente, Brian assumiu não somente as composições (com letras de Love), mas também o trabalho de produtor musical, comandando as gravações, e canções como Surfin’ in the US, Surfer girl, I get around, California girls, Help me Rhonda, transformaram o grupo em um enorme sucesso e um fenômeno internacional, entre 1962 e 1965.
Porém, o sucesso da Invasão Britânica, e dos Beatles em particular, jogou bastante pressão em cima de Brian Wilson, que se lançou em uma competição criativa e comercial pelo 1º lugar das paradas, o que o levou a ter um colapso nervoso já em dezembro de 1964. Daí em diante, ele decidiu se afastar dos palcos e enquanto a banda seguia se apresentando ao vivo, ele passou a se dedicar exclusivamente à composição e à gravação das canções, o que deu início ao apogeu criativo dos Beach Boys, no álbum Pet Sounds, de 1966, e seus sucessos, como God only knows e Would it be nice?, e o single Good vibrations, já em 1967.
No entanto, o grande consumo de drogas e a pressão do trabalho o levaram a ter outro colapso em 1967, muito pior do que o anterior, do qual, na verdade, nunca mais se recuperou. Dali em diante, enquanto os Beach Boys continuaram a carreira, Brian passou a contribuir cada vez menos e a ter um comportamento instável. Quando a banda entrou em um declínio muito forte, nos anos 1970, o compositor chegou até a se reintegrar ao grupo de modo full time (incluindo os shows) no final da década, mas sua condição mental nunca melhorou de verdade. E isso impactou sua capacidade de produzir música.
Em anos recentes, Brian Wilson gravou alguns discos e até fez algumas turnês, mas claramente já exibia a aparência de uma pessoa que necessitava de cuidados constantes.
Chamado apenas The Beach Boys, o documentário dirigido por Frank Marshall e Thom Zimny contará a trajetória do conjunto a partir de seus membros e conta com depoimentos de outros músicos famosos, e sua estreia será em 24 de maio próximo no Disney+.
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