Temos a estréia de uma nova coluna: “Disco Clássico” (não necessariamente óbvio), que vai se dar ao trabalho de desenterrar álbuns (sabe, aquele conjunto de canções reunidas em um meio físico, como LP de vinil, fita K7 ou mesmo CD que anda tão fora de moda?) na perspectiva de apresentar trabalhos interessantes que possam ser ouvidos nos dias de hoje não importe por qual meio, mesmo como canções dispersas na opção aleatória dos MP3 Players.

Disco de Hoje: ERIC CLAPTON
Artista: Eric Clapton – guitarrista inglês.
Quando: 1970.
Chamado simplesmente Eric Clapton, o primeiro disco solo do guitarrista inglês é um de seus melhores trabalhos e curiosamente diferente do que o grande público espera dele.
Em 1970, Clapton tinha 25 anos e já tinha passado por quatro bandas importantes no cenário do rock: The Yardbirds, The Bluesbreakers, Cream e Blind Faith. (As coisas corriam muito rápidas nos anos 1960). Em 1966, antes mesmo de ser um grande vendedor de discos, apareceram diversas pichações nos muros de Londres que diziam: “Clapton is God”. Aclamado “deus da guitarra” tão cendo, Clapton fez sucesso com suas bandas, mas sempre se sentiu insatisfeito musicalmente.
Em 1969, o Blind Faith se transformou em um fenômeno de vendas e Clapton estava profundamente infeliz. Em meio à turnê norte-americana, conheceu a banda Delaney & Bonnie & Friends, formada por grandes músicos que acompanhavam as estrelas do rock estadunidenses, mas agora promoviam a própria carreira. Encantado com a “leveza” dos egos pueris daqueles músicos mambembes, o guitarrista os levou ao Reino Unido e promoveu sua carreira.
Em contrapartida, o líder daquela banda, Delaney Bramlett, incentivou Clapton a gravar um disco solo e lançar-se como cantor, pois o “deus da guitarra” já fazia vocais ocasionais em suas bandas, mas não se considerava cantor.
Clapton foi gravar seu disco solo com os Delaney & Bonnie & Friends como banda de apoio: Delaney Bramlett, vocais e guitarras; Bonnie Bramlett, vocais; Carl Randle, baixo; Bobby Withlock, teclados e vocais; Jim Gordon, bateria; Bobby Keys, saxofone; Jim Price, trompete. Alguns amigos também se jntaram ao time: George Harrison (Beatles), guitarra e vocais; David Mason (Traffic), guitarra e vocais; Leon Russel, piano; e Stephen Stills (Crosby, Stills, Nash & Young), vocais.
O resultado é um disco forte, com muitos instrumentistas (talentosos) tocando ao mesmo tempo, o que passa uma sonoridade musculosa, arranjos inventivos e boas composições, a maioria em parcerias de Clapton com os amigos Bramlett e Russel.
O único hit do álbum foi After midnight, encontrável na maioria das coletâneas de Clapton, mas algumas das melhores canções por ele gravadas estão lá, como Easy now, Blues power, Lovin’ you lovin’ me e Let it rain.

Um disco para ouvir inteiro.
Depois:
Clapton ainda teve uma quinta banda, Derek and the Dominos, formada por remanescentes do Delaney & Bonnie & Friends – Randle, Withlock e Gordon – e esse grupo gravou o clássico álbum Layla and Others Assorted Love Songs ainda em 1970, cujo a faixa-título é um dos maiores sucessos do guitarrista.
Depois de uma “pausa” provocada pelas drogas, Clapton só voltaria à ativa em 1974, quando lançou seu segundo disco solo e iniciou a fase mais conhecida de sua carreira pelo grande público e todos aqueles sucessos que tocam até hoje nas rádios. Alguém aqui ouve rádio?

