Phil Collins em 2010, no vídeo de divulgação de "Going Back", seu último álbum.

O cantor e baterista Phil Collins anunciou semana passada que estaria em um bom momento para abandonar a carreira e que ninguém sentiria a sua falta, tendo em vista sua desconexão com a cena musical atual.

Collins começou a carreira como ator mirim – ele aparece no filme A Hard Day’s Night dos Beatles – e depois enveredou pela música. Em 197o, após experiências em algumas bandas, respondeu a uma chamada nos classificados e foi admitido como baterista na banda de folk rock progressivo Genesis e, com eles, gravou os quatro melhores álbuns da fase com o cantor e compositor Peter Gabriel: Nursery Crime, Foxtrot, Selling England by the Pound e The Lamb Lies Down on Broadway, lançados entre 1971 e 1974.

Collins (ainda com cabelo) na "formação clássica" do Genesis, na primeira metade dos anos 1970: álbuns antológicos.

Em seguida, Gabriel abandonou a banda para seguir em carreira solo e Collins, surpreendentemente, tornou-se o líder, frontman e vocalista principal do grupo. O álbum seguinte, A Trick of the Tail, continuou o sucesso da banda, que se manteve nos anos seguintes.

Contudo, foi nos anos 1980 que Collins conheceu o apogeu da carreira. Por um lado, o Genesis se distanciou do rock progressivo, assumindo uma sonoridade mais pop, o que lhe rendeu mais sucesso ainda, a partir de 1982, em álbuns como Duke, Abacab e Invisible Touch.

Por outro, o vocalista lançou-se em carreira solo, com uma sonoridade mais pop ainda e fez mais sucesso do que o Genesis. Primeiramente com o single Against all odds (take a look at me now) e, depois, com o disco No Jacket Required, de 1984, que trouxe os hits Sussudio, One more night, Don’t lose my number.

Nos anos 1980, Collins foi um dos maiores popstars do planeta. Ele vendeu 100 milhões de cópias com o Genesis e outros 100 milhões em carreira solo. Somente dois outros artistas conseguiram tal feito: Michael Jackson e Paul McCartney.

Collins também manteve atividades paralelas ao Genesis e sua própria carreira, como a Brand X, uma orquestra de jazz em que tocava bateria. Além de produzir álbuns de Eric Clapton e tocar com vários artistas, como Sting.

Para se ter uma ideia da importância de Collins na época, ele foi o único artista a tocar nos dois shows concomitantes do Live Aid, em 1985, o maior concerto beneficente da história do rock. Ele executou um set solo e tocou bateria com Sting no Wembley Stadium na Inglaterra; pegou um vôo para os EUA; e se apresentou de novo no JFK Stadium na Philadelfia, cantando algumas canções e tocando bateria com Led Zeppelin e Eric Clapton.

Capa de "...But Seriously", de 1989: apogeu do artista.

Sua carreira solo foi coroada em 1989 com o álbum …But Seriously, que rendeu os sucessos Another day in paradise (com backing vocais de David Crosby), Do you remember? e I wish it would rain down (com guitarra de Clapton).

Em 1996, Collins se desligou oficialmente do Genesis para dedicar-se apenas à carreira solo, mas seus discos começaram a vender cada vez menos. Em 1999, houve um rápido retorno aos holofotes com a trilha sonora de Tarzan, desenho da Disney, mas em seguida, continou cada vez mais obscuro. Em 2006, houve uma reunião do Genesis e uma turnê comemorativa, a última vez em que tocou bateria em público.

Capa de "Going Back", de 2010: releituras da gravadora de soul music Motown.
Nos últimos anos, os problemas de saúde de Collins têm dificultado suas atividades musicais: está perdendo a audição, deslocou uma vértebra e teve problemas nos nervos das mãos que o impedem de segurar as baquetas da bateria. Por isso, o lançamento do álbum Going Back, em 2010, onde regrava sucessos da gravadora Motown, foi cercado de um clima de despedida. Com as recentes declarações, parece que o cantor vai mesmo se retirar discretamente de cena.

Atualmente, Collins se dedica a escrever um livro sobre a Revolução do Texas, no século XIX, que pretende lançar em 2012. Mas é pouco provável que volte de fato em uma carreira musical ativa.