Hoje, 30 de março de 2011, o guitarrista britânico Eric Clapton faz aniversário de 66 anos bem vividos.

Aclamado nos anos 1960 como “o deus da guitarra“, esse fã de blues construiu uma carreira meteórica; fez sucesso de público e crítica; namorou a mulher do melhor amigo; se afundou nas drogas; deu a volta por cima; ampliou o seu público mais ainda; afundou no álcool; se tratou para poder criar um filho; o filho morreu em um acidente; manteve-se sóbrio; fez mais sucesso ainda; e mantém-se como um músico respeitado, excursionando constantemente pela Europa, Japão e Estados Unidos.
Enfim, uma trajetória ímpar para uma “estrela” de tal magnitude. Não à toa a (recomendável) autobiografia do artista, Clapton, publicada em 2007, é uma obra de superação, de um homem enfrentando seus demônios e vencendo ao final.
Para celebrar a data, o HQRock faz um apanhado da longa e profícua carreira do maior dos guitarristas britânicos, quiçá de todo o rock clássico.
Juventude:
Clapton é um típico representante da geração do pós-guerra: nasceu em Ripley, nos arredores de Londres, em 1945, filho de uma adolescente de família operária e um soldado canadense de passagem pela Inglaterra em plena II Guerra Mundial. Para evitar escândalos, o menino Eric foi criado como “filho” dos avôs e só descobriu a verdade aos 09 anos de idade. Por isso, o problema de identidade sempre cercou a obra do artista.
Na adolescência, canalisou a rebeldia por meio do rock and roll e descobriu o blues, que se transformou em sua grande paixão musical. Enquanto trabalhava como carpinteiro junto ao avô, Clapton assistiu aos concertos da lendária The Blues Incorporated, a primeira banda de blues de Londres, e pediu uma guitarra elétrica de presente.
O jovem ingressou numa Escola de Belas Artes e participou de suas primeiras bandas: The Roosters (que tinha sido fundada pelo futuro membro dos Rolling Stones, Brian Jones) e Casey Jones and the Engineers
The Yardbirds:

A carreira de Clapton alavancou com esta banda de R&B que conheceu na faculdade. O grupo ganhou certa notoriedade na Cena de R&B de Londres, mais ainda quando substituíram os Rolling Stones como banda da casa do Crawdaddy Clube, em Richmond, nos fins de 1963. Lançaram alguns compactos, excursionaram com o bluesman norteamericano Sonny Boy Williamson e lançaram um explosivo álbum ao vivo – Five Live Yardbirds, de 1964 – sem dúvida, uma das gravações mais pesadas da época.
Porém, o guitarrista, um purista do blues à época, decidiu largar o grupo depois da gravação do compacto de For your love por o julgar comercial demais. Com Jeff Beck em seu lugar, a faixa levou a banda a se tornar uma das mais famosas da Inglaterra e a estourar, também, nos Estados Unidos, em 1965.
The Bluesbreakers:

Clapton ingressou na banda de John Mayall (voz e teclados), the Bluesbreakers, o primeiro grupo inglês de blues a gravar material original. Tocando blues de verdade – e não o “parente” R&B – Clapton mergulhou em seu território favorito, o que se refletiu em seu som. Passando a usar uma Gibson Les Paul, o guitarrista foi aclamado como “deus”: a pichação “Clapton is God” começou a aparecer nos muros e no metrô de Londres.

O único álbum que gravou com a banda – não à toda chamado The Bluesbreakers with Eric Clapton, de 1966, foi o primeiro álbum de blues a entrar no Top20 das paradas britânicas e é uma obra-prima, o marco inicial do subgênero blues rock que daria origem, anos depois, ao hard rock e ao heavy metal.
Cream:

O que fazer quando se é eleito o melhor guitarrista da Inglaterra? Clapton deu a resposta: se unir ao melhor baixista e ao melhor baterista, Jack Bruce e Ginger Baker, respectivamente. O jornal Melody Maker escolheu o trio de melhores instrumentistas do país no início de 1966. Coincidência ou não, seis meses depois estreou o Cream com eles, formando o primeiro “supergrupo” do rock – aqueles onde os membros já são famosos antes de montá-los. A banda, claro, causou a maior sensação e impressionou com a potência e a fúria sonora de seu som ao vivo.

O Cream transformou Clapton em astro, pela primeira vez, nos Estados Unidos, e o grupo foi um dos que mais fez sucesso nos anos 1960. Lançou apenas quatro álbuns, dentre os quais os clássicos Disraeli Gears (1967) e Wheels of Fire (1968). Mas os conflitos internos foram demais e o grupo desbandou em 1969.
Blind Faith:

De um supergrupo para outro. Infeliz no Cream, Clapton se uniu ao superastro e “menino prodígio” (só tinha 19 anos) Steve Winwood, que fizera sucesso nos anos anteriores em duas bandas: The Spencer Davis Group e Traffic. Novamente, se gerou bastante expectativa, o grupo estreou em um grande concerto no Hyde Park de Londres para 200 mil pessoas e lançou um álbum homônimo de grande sucesso.
Porém, após uma turnê pelos EUA, Clapton se viu infeliz, tocando de novo em um supergrupo enquanto queria fazer um som mais simples.
Delaney, Bonnie & Friends (e outros):

Clapton encontrou a simplicidade na banda norteamericana Delaney, Bonnie & Friends, formada por renomados músicos de estúdio, mas desprovidos de ego ou excentricidades. O guitarrista patrocinou uma turnê do grupo na Inglaterra e fez algumas gravações com eles.
Clapton também participou da Plastic Ono Band do ex-Beatles John Lennon, com a qual fez um concerto em Toronto.

O líder do DBF, Delaney Bramlett, convenceu Clapton a gravar seu primeiro álbum solo: o álbum Eric Clapton, lançado em 1970 (há um post sobre ele aqui no HQRock em 28/01), um clássico do rock e, talvez, o melhor disco de toda a carreira do músico.
Derek and the Dominos:

O DBF terminou debandando, mas Clapton conseguiu reunir quase a banda inteira ao seu lado para servirem como apoio no primeiro álbum solo do ex-Beatles George Harrison, All Things Must Pass, lançado ainda em 1970.
Em meio às gravações daquele disco, nasceu uma nova banda, reunindo Clapton e a base do DBF: o Derek and the Dominos, que lançou um único álbum: Layla and Others Assorted Love Songs, outro clássico, mas não tão bem recebido. (Veja o post do dia 11/03).

Ostracismo:

Neste ponto, Clapton estava completamente apaixonado pela esposa de George Harrison, seu melhor amigo. Para piorar, Pattie Boyd parecia corresponder, mas não deixava o marido. O guitarrista afundou nas drogas e passou três anos quase inativo, apenas ocasionalmente aparecendo em público, como no Concert for Bangladesh, em 1971, onde toca (ironia) ao lado de Harrison.

Solo:
Escapando de morrer vítima da heroína, Clapton deu a volta por cima em 1974, lançando 461 Ocean Boulevard, álbum que fez grande sucesso com o hit I shot the sheriff, regravação do então desconhecido Bob Marley.
Seguiram vários álbuns e turnês num bom momento na sua carreira. Ele até passou a namorar Pattie Boyd que largou o marido e os dois terminariam casando em 1979.
Nos anos 1980, a carreira do guitarrista decaiu um pouco, motivada pelos seus problemas com o álcool. Mas o nascimento de seu filho Connor, em 1986, lhe despertou a consciência para procurar tratamento.
Clapton se recuperou e inaugurou outra fase profícua na carreira com a sequência de álbuns: Journeyman (1989), Rush (trilha sonora, 1992), Unplugged (1992), From the Cradle (1994), Pilgrim (1998) e Reptile (2001), todos de grande sucesso.

Porém, em meio a isso, seu filho morreu em um acidente ao cair da janela de um apartamento. Seu requiém, Tears in heaven foi um de seus maiores sucessos e uma das mais dolorosas canções dos últimos tempos.
Nos anos 2000, Clapton seguiu produzindo e excursionando, embora tenha se despedido das grandes turnês em 2002 com o CD/DVD One More Car, One More Rider. Porém, trabalhou com músicos como o bluesman B.B. King e o guitarrista J.J. Cale; e retomou projetos antigos, como uma reunião especial do Cream em 2005, uma sequência de turnês anuais com Steve Winwood e os recentes concertos com Jeff Beck.
O “deus da guitarra” continua produzindo, mas sua obra imortal do passado lhe garante um lugar inquestionável no panteão do rock.



Cara… Estava vendo fotos do Clapton no youtube e cheguei até esse seu post!
Resolvi rodar pelo blog e gostei muito. Parabéns! Também sou fã de quadrinhos, música, cinema e outras coisas… Tenho vontade de escrever as vezes, mas me falta empolgação!
Parabéns mais uma vez!
Clapton é mesmo Deus!
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Obrigado, Eliseu. Que bom que você gostou, este blog é pra gente como nós, com esse tipo de interesse. Seja bem-vindo e apareça sempre!
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