Finalmente, a DC Comics se acertou no cinema!!!! É hora dos fãs comemorarem e lotarem os cinemas. Mulher-Maravilha já tinha agradado, agora é a vez de Liga da Justiça confirmar a boa fase: o longametragem da equipe de super-heróis mais icônicos dos quadrinhos é diversão garantida tanto para os leitores de HQs quanto para o púbico em geral.
Liga da Justiça não traz o peso, a densidade ou o clima pesado de Batman vs. Superman – A Origem da Justiça. Ao contrário, é um filme leve e divertido, com uma ambientação bem mais clara e aberta do que dão a entender seus trailers; mas que também sabe o momento de ser sério e, mais importante, sabe dar espaço para desenvolver seus personagens.
Fruto de dupla paternidade – o diretor Zack Snyder (de A Origem da Justiça) se afastou da produção no mês de maio por causa da morte de sua filha e o codiretor (não creditado) Joss Whedon (de Os Vingadores) assumiu para reescrever um conjunto de cenas e comandar um extenso cronograma de refilmagens de seis semanas – Liga da Justiça tal qual os bons filhos traz alguns dos melhores elementos de ambos os pais.
De Zack Snyder resta o apelo iconoclasta, com poses iguais aos dos quadrinhos originais e tomadas visuais sensacionais em câmera lenta; e de Joss Whedon é possível ver a sensibilidade dos bons diálogos e os momentos calmos, em que os personagens interagem, criam laços e conflitos e aprofundam a trama no que diz respeito aos personagens. O resultado é ótimo!
Tal qual Esquadrão Suicida, Liga da Justiça tem apenas um fiapo de história: Batman e Mulher-Maravilha sabem – pelas informações que colheram em A Origem da Justiça – que uma invasão alienígena é iminente e precisam reunir os metahumanos que descobriram existir, para impedi-la. E pronto! Não há mais muita história além disso.
Contudo, diferente do outro filme citado, Liga da Justiça tem um ótimo desenvolvimento de personagens. Assim, de certo modo, poderia ser – como também o foi Os Vingadores (entenderam a referência?) – um estudo de personagens. Os filmes “sérios”, aclamados pela crítica e premiados no Oscar (quando este faz boas escolhas), são muitas vezes assim: um fiapo de história que é apenas uma desculpa para impulsionar personagens interessantes que interagem entre si e a trama, o desenvolvimento, a profundidade, não é dada pela “história”, mas pelos diálogos e pela maneira como os personagens interagem, os conflitos que criam e como precisam resolvê-los. O teatro também usa muito este recurso. E é o que Liga da Justiça faz.
Cada um dos heróis – e ele são muitos: Batman, Mulher-Maravilha, Flash, Ciborgue, Aquaman e, sim, o Superman (todo mundo sabe, isso não é spoiler) – tem os seus momentos e criam uma minitrama para si, com um arco dramático que precisa ser resolvido. Claro que para isso é necessário um trabalho competente com os atores e o filme entrega isso, com quase todos muito, muito bons em seus papeis.
Bruce Wayne tem lidar com o sentimento de culpa pela morte do Superman e, ao mesmo tempo, com o fardo autoimposto de “salvar o mundo” quando é apenas um humano comum, sem superpoderes. Ben Affleck incorpora isso muito bem e faz um Batman ainda melhor do que o de A Origem da Justiça, tanto em ação (sempre sensacional) quanto nos pequenos momentos dramáticos. O ator imprime um ar de cansaço, determinação, melancolia, inteligência e resolutividade que são sensacionais.
Diana Prince é a melhor informada do que está por vir e sente essa responsabilidade, mas ao mesmo tempo, reluta em assumir o seu papel e ainda é “travada” emocionalmente pelos eventos traumáticos que viveu 100 anos antes (explorados em Mulher-Maravilha). Gal Gadot é linda e simpática, mas é ponto fraco do elenco, com sua pouca capacidade de expressão. Não chega a comprometer o todo, mas enquanto ela se sai bem nas cenas blasé (como as que interpretou em A Origem da Justiça), quando é mais exigida emocionalmente não corresponde.
Barry Allen é o alívio cômico e um personagem que certamente o grande público vai gostar bastante, pela simpatia de exuberante de Ezra Miller, ator que vem do campo mais dramático (seu filme mais conhecido é o perturbador Precisamos Falar Sobre Kevin), mas que se mostra totalmente à vontade com a comédia. Claro que o Flash se beneficia de uma série de TV paralela, mas ao mesmo tempo, isso impõe comparações, mas o papel dele no filme é tão bem posicionado que ninguém pensa nisso. Ao mesmo tempo, ele tem um lado sério na relação e drama com seu pai (e isso não é spoiler, pois também está nos trailers), que está na cadeia pelo assassinato da mãe.
Victor Stone tem que lidar com o fardo de ter se tornado um ciborgue com a tecnologia alienígena, enquanto culpa seu pai pelo o que aconteceu e Ray Fisher, um ator pouco conhecido, surpreende por sua performance, mesmo atrapalhado pelo CGI quase total a que é submetido.
E Arthur Curry será outro personagem que vai cativar bastante o grande público, o que é ótimo para a Warner Bros., pois Aquaman é o próximo filme da linha DC Comics que irá estrear. Com seu temperamento raivoso e debochado, algo que cai como uma luva para o ator Jason Mamoa, e sua postura à lá lobo solitário (e com um quê de Wolverine) desconstrói a imagem criada em torno do Rei dos Sete Mares na comunidade nerd global (por favor, assistam aos vídeos do Frango Robô sobre o Aquaman…).

Ah, sim, e tem o Superman. Ele tá morto, né? 😉 Mas podemos dizer que Henry Cavill, um ator britânico, sanguíneo, novamente entrega uma ótima performance, com a vantagem de – acredite se quiser – ter um papel muito melhor do que em A Origem da Justiça, resgatando o que O Homem de Aço tinha de bom.
Há um relativamente longo elenco secundário que serve mais como simplesmente apoio, mas que apontam para potenciais que podem ser mais explorados. O principal deles, claro, é o Alfred de Jeremy Irons, novamente sensacional em todas as vezes que aparece. A oscarizada Amy Adams também está bem com sua Lois Lane, embora sem muito o que fazer; Joe Morton está bom como o Dr. Silas Stone; J.K. Simmons é só uma ponta mesmo como o Comissário Gordon; e Diana Lane, infelizmente, tem um papel tão pequeno no filme como Martha Kent que parece não conseguir se conectar com a história e a personagem.
O ponto fraco de Liga da Justiça é o vilão. O Lobo da Estepe nunca parece bem feito em sua integridade de CGI e não tem apelo nenhum no campo interpretativo ou dramático. Felizmente, ele é muito poderoso e isso promove incríveis cenas de ação.
E claro, é um filme de super-heróis – de uma equipe cheia deles! – e temos que falar da ação. Liga da Justiça é extremamente bem sucedido no campo da ação e – muito distante do excesso de O Homem de Aço (que também foi dirigido por Snyder) – provém o espectador de lutas, sequências rápidas e resgastes o tempo todo, a cada poucos minutos, mas no bom sentido. As sequências são bem montadas, criam momentos icônicos e, para o bem do público que se importa, são intermediadas por momentos mais calmos, que respiram e trazem as interações entre os personagens.
Para aqueles fãs que sonhavam em ver a Liga da Justiça, em toda a sua glória, com todo o seu poder, em ação, em um filme bom, chegou a vez de vocês! Aqueles que leram a temporada de Grant Morrison à frente da revista do grupo nos anos 1990 e que assistiram eletrizados ao ótimo desenho animado da equipe nos anos 2000, sairão do cinema com um sorriso de orelha a orelha.
Que Liga da Justiça – tal qual um determinado personagem citado no filme – seja um farol para iluminar e inspirar o futuro cinematográfico da DC Comics.
Ah, e não esqueça: há duas ótimas cenas pós-créditos, então, fique sentado até o final.
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Liga da Justiça é dirigido por Zack Snyder; com história de Zack Snyder e Chris Terrio; e roteiro de Chris Terrio e Joss Whedon. O elenco traz: Ben Affleck (Bruce Wayne/ Batman), Henry Cavill (Clark Kent/ Superman), Amy Adams (Lois Lane), Gal Gadot (Diana Prince/ Mulher-Maravilha), Diana Lane (Martha kent), Jeremy Irons (Alfred Pennyworth), Ezra Miller (Barry Allen/ Flash), Jason Mamoa (Arthur Curry/ Aquaman), Ray Fisher (Victor Stone/ Ciborgue), Joe Morton (Dr. Victor Stone), Ciarán Hinds (Lobo da Estepe), J.K. Simmons (Comissário Jim Gordon), Connie Nielsen (Rainha Hipólita), Robin Wright (Antílope), Billy Crudup (Henry Allen), Amber Heard (Mera).
A estreia no Brasil foi em 15 de novembro.


O filme superou as minhas expectativas, o ritmo da história nos captura a todo o momento. Quero vê-la novamente e aquí: https://br.hbomax.tv/movie/TTL612337/Liga-Da-Justi%C3%A7a encontrei os horários nos quais será transmitida. Um dos melhores filmes do ano passado. Fico feliz que você gostou, é um dos meus filmes preferido. Se vocês são amantes dos filmes de comédia, este é um que não devem deixar de ver.
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