O mundo do entretenimento foi tomado de choque alguns dias atrás quando a Warner Bros. Discovery decidiu cancelar o filme Batgirl, que já estava pronto, por causa de uma mudança de estratégia da nova companhia (a Discovery comprou a Warner ano passado), que não quer investir em filmes de grande orçamento da DC Comics para o streaming, como era o caso da menina morcego. Mas a turbulência ainda não passou: o The Hollywood Reporter informou que The Flash pode ter o mesmo destino.

O motivo, claro, é outro. O longa do velocista escarlate está enfrentando um problemão com seu protagonista: Ezra Miller, que vem criando uma série de incidentes com a lei.

A lista é longa! Começou em 2020 quando o atore (Miller é não-binário e usa pronome neutro) aparentemente agrediu uma mulher na saída de uma boate na Islândia, e o evento foi filmado. Depois, em março deste ano, um casal acusou Miller de roubo e ameaça em Hilo, no Havaí; e no mês seguinte, Miller foi preso por agredir uma mulher com uma cadeirada na cabeça após ser expulso de uma festa.

Desde então, surgiram rumores mais preocupantes, de que Miller manteria uma família (uma mulher e três filhos) de modo irregular em sua casa; de que teria relações sexuais abusivas com menores de idade; e até de que estaria criando um culto em torno de si. Nada disso foi confirmado.

Mas não para aí e dois episódios concretos ocorreram esta semana: na segunda, elu foi acusado de furto de bebidas na casa de vizinhos, um crime mais qualificado, pois envolveu invasão, e poderia render no mínimo um ano de prisão; e na quarta feira, a polícia de County Road, em Stamtford, Vermont, demonstrou preocupação com três crianças menores de idade que estariam na propriedade do atore, temendo por sua segurança.

São motivos suficientes para preocupar um estúdio com um filme de 200 milhões de dólares que seria a ponta de lança da renovação do DCU nos cinemas.

Até agora, a Warner não se pronunciou oficialmente sobre o caso de Miller e apenas o CEO David Zaslav comunicou em um evento que assistiu a The Flash e que estava muito bom e que ainda poderia melhorá-lo. A Rolling Stone chegou a dizer que Miller regravou cenas do filme em junho, ou seja, depois de suas prisões no início do ano.

O The Hollywood Reporter informa agora que o estúdio considera três opções sobre a situação de The Flash: na primeira, se Miller procurar ajuda médica, elu seria tratado e faria um comunicado sobre sua instabilidade mental nos últimos anos, e assim, teria a possibilidade de ter uma participação pequena na divulgação do filme, que está agendado para lançamento em 23 de junho de 2023.

O segundo cenário é, caso Miller não busque ajuda, ele será limado do processo de divulgação do filme (o marketing seria feito com o herói sempre mascarado, por exemplo) e o atore seria substituído por outro nas aparições futuras do personagem no DCU.

Contudo, a Warner Discovery também se prepara para o pior: caso a situação de Miller piore muito, The Flash seria cancelado e não seria mais lançado.

É uma solução drástica e sem precedentes em vista ser um filme de grande orçamento, mas não há alternativas caso se chegue ao terceiro cenário. The Flash envolve viagens no tempo e múltiplas realidades, de modo que Miller interpreta não somente o protagonista, mas também suas variantes, o que faz com que esteja em praticamente todas as cenas do filme. Substituí-lo por outro ator é inviável financeiramente, pois envolveria, na prática, em refazer o filme inteiro.

Realmente é uma situação extrema e sem precedentes e a Warner Discovery irá viver meses muito tensos no futuro breve em torno da questão. Ainda mais porque o estúdio quer reelaborar o DCU e fazê-lo atingir todo o seu potencial, algo que as administrações anteriores não conseguiram.