Foi resolvida ontem uma batalha pelo poder dentro da The Walt Disney Company, envolvendo a ocupação de assentos no Conselho Diretor da empresa, no que foi uma clara vitória para o atual CEO da Casa do Rato, Bob Iger. A tomada de assentos era liderada pelo bilionário Nelson Peltz (saiba mais aqui) e pelo ex-diretor financeiro da empresa, Jay Rasulo, que representam também os interesses do ex-CEO e proprietário da Marvel Entertainment, Isaac “Ike” Perlmutter, que “oficialmente” não estava envolvido na disputa.
A votação foi realizada na reunião anual da Disney e a liderança de Iger foi garantida por 94% dos votos do Conselho, enquanto a proposta de adesão de Peltz obteve apenas 31%. Numa declaração anterior à reunião, o porta-voz de Peltz, dono da Trian Fund Management, disse que esta seria a última vez que tentaria um lugar no Conselho (já houve uma tentativa anterior) e que, independente do resultado, sua empresa estaria acompanhando de perto o desenvolvimento da Disney. A Trian possui US$ 3,5 bilhões em ações da empresa.
Cada facção encontrou apoios dentre os maiores acionistas e membros do Conselho para a votação e Iger teve o apoio público de nomes como George Lucas (fundador da LucasFilm e criador de Star Wars), da família do falecido Steve Jobs (criador da Apple) e da família Disney (criadores da Casa do Rato), que são acionistas.
Além de uma disputa por poder e dinheiro, o que está por trás da ofensiva de Peltz e Perlmutter é uma reação conservadora à política de diversidade adotada pela Disney em seus filmes, pretensamente justificadas na queda das bilheterias dos anos recentes. Perlmutter vendeu a Marvel à Disney em 2009, mas se manteve à frente da empresa, como CEO, até ter sido destituído do cargo por Iger. Perlmutter era contra a produção de filmes como Pantera Negra ou Capitã Marvel, porque eram estrelados por mulheres e negros, e Peltz declarou recentemente a mesma queixa, de que a Disney não deveria investir nesse tipo de filme. (Saiba mais neste post do HQRock).
Bob Iger foi o CEO da Disney por 20 anos e foi o líder do processo que resultou na aquisição tanto da Marvel quanto da LucasFilm que transformou a Casa do Rato na líder inconteste do entretenimento mundial, expresso na década dourada das bilheterias de cinema, quando o Marvel Studios rendeu US$ 30 bilhões em 33 filmes, apenas em arrecadação. O executivo se aposentou em 2019 e foi substituído por Bob Chapek, mas uma crise na empresa – impulsionada pela pandemia – resultou em Iger ser chamado de volta e reassumir o posto em 2022. Seu contrato vai apenas até 2026 e na reunião foi criado um grupo de trabalho para pensar no processo sucessório até lá.
O maior desafio de Iger, no momento, é recuperar o sucesso e a credibilidade dos filmes para o cinema, em especial da Marvel, estabilizar os lucros no streaming do Disney+ e investir mais nos parques temáticos e nos videogames numa época em que a empresa fatura menos do que na década passada.
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