As biografias de artistas de rock sempre foram um prato cheio para fãs. Algumas sensacionalistas, outras mais “históricas”, elas possibilitaram aos fãs do gênero musical descobrir a vida de seus ídolos e reproduzir “lendas” e anedotas que, no universo do rock, são tão importantes quanto a música. Afinal, quem é Jim Morrison sem suas prisões em pleno palco? E Jimi Hendrix sem queimar sua guitarra ou tocá-la com os dentes? Ou Keith Richards e seu “currículo” de drogas e prisões? Afinal, “rock também é atitude” é uma frase corrente no vocabulário dos roqueiros, então, música e biografias são coisas complementares.
Para alegria de fãs (e estudiosos), nos últimos anos, as biografias de artistas de rock se converteram em um grande filão editorial, rendendo sucessos nas listas dos livros mais vendidos, promovendo a popularidade de seus retratados, dissiminando mais algumas lendas – Keith Richards fala sobre o tamanho do pênis de Mick Jagger e se ele cheirou ou não as cinzas do próprio pai – e possibilitando aos fãs conhecer mais da vida de seus ídolos e aos estudiosos perceber os processos artísticos e sociais por trás da criação desse gênero musical fundamental da segunda metade do século XX e dos dias atuais.
O HQRock traz uma lista dos destaques que invadiram as livrarias nos últimos anos. Confira!
ERIC CLAPTON – A AUTOBIOGRAFIA: De todas, talvez a obra do “deus da guitarra”, do “maior bluesmen branco da Inglaterra” e de um dos músicos mais sensacionais e famosos dos últimos tempos, seja a mais interessante. Primeiro, pelo toque de sensibilidade do músico, que relata sem meias palavras sua conturbada história: a descoberta aos nove anos de que seus pais eram, na verdade, seus avôs e que sua irmã mais velha era sua mãe; a paixão pelo blues na adolescência; as primeiras bandas; a aclamação do “Clapton é deus” pichado nos muros de Londres; o sucesso internacional de Cream e Blind Faith; a paixão avassaladora pela mulher do melhor amigo, Patti Boyd e o beatle George Harrison, respectivamente; o mergulho profundo nas drogas; a volta por cima; o sucesso solo nos anos 1970; o alcoolismo; a cura; a morte de seu filho de cinco anos; uma nova onda de sucesso mundial; e sua reconstrução pessoal na última década, com nova família. A vida de Clapton é marcada pelos problemas com entorpecentes (drogas e álcool) e, por isso, sua biografia tem um toque de superação muito interessante.
KEITH RICHARDS – VIDA: O carismático e maluco guitarrista dos Rolling Stones produz uma biografia mais anedótica e, por isso mesmo, muito divertida. O foco principal da obra é o extenso currículo de prisões do músico e, mais importante, como ele se livrou da cadeia em todas elas. “Como não ser condenado por porte de drogas” poderia ser o título deste livro. Guardando alguma inocência dos tempos idos e não levando tão a sério o discurso de Richards de que ele era a vanguarda de uma nova realidade social (o que não deixa de ser verdade), o leitor pode se divertir bastante com seus relatos. Para os fofoqueiros, dá para se resbaldar com as declarações sobre seu parceiro de composições, o vocalista Mick Jagger. E para aqueles mais interessados na música, o guitarrista destrincha o processo de composição da dupla Jagger-Richards, explica a afinação particular que descobriu no fim dos anos 1960 e faz algumas considerações sobre a música dos Stones em seu contexto original.
OZZY OSBOURNE – EU SOU OZZY: O carismático “senhor das trevas”, líder máximo da legião dos metaleiros, vocalista “supremo” do Black Sabbath e uma das figuras mais proeminentes da música rock nos anos 1970 e 80, Ozzy Osbourne é uma figura peculiar, tendo em vista toda a mística construída em torno dele. O cantor trata de desfazer alguns mitos – de que comeu um morcego em um show ou que é seguidor de magia negra – ao mesmo tempo em que conta algumas anedotas engraças sobre sua vida atribulada. Um bom roteiro das loucuras dos anos 1970.
THE BEATLES – de Bob Spitz: Este não é uma autobiografia, mas é o trabalho mais sério e profundo sobre os Beatles, sua vida e sua obra. Acompanhando quase que exclusivamente os anos em que a banda esteve unida, este livro colossal é fundamental para quem quer ter um conhecimento mais extenso não só sobre a banda em si, mas sobre a música dos anos 1960.
Representação Nacional:
LOBÃO – 50 ANOS A MIL: Apesar da arrogância e da autoconsciência de que “é genial”, a obra do cantor e compositor Lobão é importante no sentido de fazer um retrato sem meias palavras da geração do BRock, ou seja, o rock brasileiro dos anos 1980 e de ser um representante recente na nova tendência literária no país. A conturbada história familiar, marcada por uma delicada relação com a mãe suicída, as loucuras do “rock bandido” dos anos 1970, a aclamação da década seguinte, o histórico de prisões por porte de drogas e a batalha contra o jabá e o poder das gravadoras são contados em um ritmo frenético, tal qual a fala desse músico que começou como baterista de bandas de sucesso, como Vímana e Blitz, e depois encontrou seu próprio caminho.
VALE TUDO – O SOM E A FÚRIA DE TIM MAIA de Nelson Mota: Tim Maia foi um dos maiores cantores brasileiro dos anos 1970 e 80 e sua vida é uma representação da nossa versão do modelo “sexo, drogas e rock’n’roll”. O livro do amigo e parceiro musical Nelson Mota faz uma reflexão cuidadosa da personalidade desse ídolo, mas sem poupá-lo de críticas. Também há o contexto da música black do Rio de Janeiro e a importância do cantor para a época.
ROBERTO CARLOS EM DETALHES de Paulo Cesar Araújo: Esta entra na lista para ilustrar o mercado editorial brasileiro e sua posição de privilégio a artistas. Imagine um livro escrito por um fã, que faz um levantamento minucioso de sua vida e obra, tudo no mais respeitoso ar de devoção ao ídolo. Contudo, esse ídolo não quer ninguém falando de sua vida e faz a justiça barrar a venda da obra, tornando-o proibido. E a liberdade de expressão? Se fosse uma obra difamatória, poderia-se entrar em outra discussão, mas um livro que só fala bem do ídolo ser proibido porque este não quer um livro sobre ele é um pouco demais, não acham? Com essa postura, fica difícil o Brasil realmente mergulhar em um mercado de obras biográficas sobre seus “ídolos”.


hoje são poucos artistas e roqueiros que expressam realmente a sua vida em todos os sentidos….eric clapto é o cara,,,roberto carlos não tem coragem de admitir que já cheirou um pozinho, todo mundo acha que ele é santo, quanta ignorância!!!!tem roqueiros e artistas de atitude e são poucos que vale a pena pesquisar e ler sobre sua vida…
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