
Segundo a própria editora DC Comics, faleceu ontem o desenhista Carmine Infantino, um dos mais importantes da história da companhia, aos 87 anos. O artista ficou célebre por ajudar a criar personagens como a heroína Canário Negro, a versão moderna do Flash e a Batgirl; além de ter sido o publisher da DC entre 1971 e 1976.
Nascido no Brooklyn, em Nova York, Infantino começou a trabalhar com desenho ainda nos anos 1940. Seu primeiro trabalho publicado foi na Marvel, que na época ainda se chamava Timely, fazendo o nanquim no personagem Jack Frost, publicado em USA Comics 03, de 1942. Seguiu desenhando para praticamente todas as grandes editoras da época, mas foi na DC Comics onde faria sua carreira.

Ainda em meados dos anos 1940, já estava desenhando personagens famosos, como Flash e Lanterna Verde, o supergrupo Sociedade da Justiça, além de ter criado a heroína Canário Negro, juntamente ao roteirista Robert Kanigher. O visual elaborado por ele – uma loira fatal usando meia arrastão e jaqueta de couro – é usado pela personagem até os dias de hoje. Ela apareceu em Flash Comics 86, de 1947.
Com a queda da popularidade das revistas de super-heróis, no fim dos anos 1940, Infantino foi trabalhar em outros gêneros, como western e policial até que o editor Julius Schwartz, da DC, decidiu renovar alguns heróis clássicos da editora e lançá-los em novas versões.

O editor reuniu Kanigher e Infantino novamente para produzir uma nova versão do Flash, com o desenhista criando o icônico uniforme vermelho do herói, considerado um dos mais bonitos entre todos os super-heróis. O novo Flash, cuja identidade civil era Barry Allen, apareceu em Showcase 04, de 1954, e foi um marco tão grande que é considerado o ponto inicial da Era de Prata dos Quadrinhos.
O artista passou os anos seguintes trabalhando principalmente no Flash, que se tornou um dos mais populares personagens da editora. Inclusive, foi na aventura Flash of two worlds, em Flash 123, de 1961, que apresentou o conceito de multiverso à DC pela primeira vez, um elemento fundamental à cronologia da DC até hoje. Na trama, o Flash dos anos 1960 se encontra com o Flash dos anos 1940, que viveria em uma outra dimensão.

Contudo, Carmine Infantino também teve bastante importância para outros personagens, notadamente, o Batman. Em 1964, a DC encerrou o contrato com o estúdio de Bob Kane, o criador do homem-morcego, e contratou uma nova equipe liderada pelo escritor John Broome (cocriador da versão Era de Prata do Lanterna Verde) e Infantino para reciclar o universo do cavaleiro das trevas.
Infantino reformulou o visual do Batman, dando-lhe uma aparência mais esguia, um traço menos cartunesco e mais elegante, aumentou as “orelhas” da máscara, o comprimento da capa e acrescentou a elipse amarela em torno do símbolo do morcego no peito do herói, criando a logomarca definitiva do personagem. Broome e Infantino fizeram uma limpeza completa no universo do herói, eliminando personagens ridículos da época – como Ace, o batcão – e outros redundantes, como a Batwoman.

Além disso, Infantino criou, ao lado do escritor Gardner Fox, a nova versão da Batgirl, que estreou em Detective Comics 359, de 1967. Na trama, a heroína é a filha do Comissário Gordon, uma ruiva adolescente chamada Barbara Gordon. Até hoje, a Batgirl é uma das personagens mais populares do universo do homem-morcego e mesmo de toda a DC Comics.
O desenhista também trabalhou em outros personagens, como o Homem-Elástico e Adam Strange; e criou, junto ao escritor Arnold Drake, o personagem Deadman (Desafiador, no Brasil), que apareceu em Strange Adventures 205, de 1967.

O bom trabalho de Infantino levou a DC Comics a colocá-lo como designer de todas as capas da editora, a partir de 1966. Isso o levou automaticamente ao cargo de Editor de Arte da DC, na qual desempenhou um papel fundamental, ao abrir espaço para artistas mais jovens, como Neal Adams e Dick Giordano, além de escritores como Dennis O’Neil. Esses novos talentos promoveram uma verdadeira revolução na DC a partir de 1969, modernizando personagens como Batman, Superman, Mulher-Maravilha, Liga da Justiça e Lanterna Verde.
Também foi Infantino quem levou Jack Kirby para a DC, depois de ter sido cocriador do Universo Marvel. O editor deu a Kirby bastante espaço e autonomia e o “rei dos quadrinhos” fez histórias marcantes com o Superman e criou todo um novo universo de personagens, com o Quarto Mundo, como Órion, Senhor Milagre e o vilão Darkseid.

Em 1971, Infantino foi promovido ao cargo editorial mais alto da DC, de Publisher. Um dos pontos mais altos de sua gestão foi ter organizado o histórico crossover entre o Superman e o Homem-Aranha da Marvel.
Porém, neste ponto, sua carreira teve um revez, com a editora sofrendo a concorrência da Marvel e vendo suas vendas despencarem. Foi removido do cargo em 1976.

Ele voltou a desenhar, indo trabalhar principalmente para a Marvel Comics, onde ilustrou a Mulher-Aranha, Nova e a revista que adaptava Star Wars, uma das mais vendidas do mercado na época. Também fez algumas edições de Vingadores e de Marvel Team-Up, que trazia aventuras do Homem-Aranha.
Voltou à DC em 1981, onde reencontrou o Flash para mais uma longa temporada, começando em Flash 296 até o número 350, de 1985, quando a revista foi cancelada. O personagem, então, foi morto na maxissérie Crise nas Infinitas Terras.
A partir do fim dos anos 1980, a produtividade de Infantino diminuiu, com ele colaborando com escolas de arte e fazendo trabalhos ocasionais.
O traço bonito e elegante de Carmine Infantino é uma das marcas da Era de Prata e sua contribuição aos quadrinhos permanece sendo cultuada.


Legendário e longevo quadrinista, contribuiu muito para o universo superheroico como um dos mais bem sucedidos designers de personagens, como vc bem descreveu. Seu ponto alto ao meu ver foi nos 50s/60s, ppte com o Flash. Que descanse em paz, devidamente reconhecido por sua grande contribuição artística.
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