Lenda do rock, um dos criadores do heavy metal e lorde das trevas por excelência, o cantor e compositor Ozzy Osbourne, de 73 anos, não tem vivido tempos fáceis nos últimos anos. Uma série de problemas de saúde – que envolveram uma grave lesão na coluna, a contaminação por Covid-19 e a revelação de que sofre do Mal de Parkinson – o obrigaram a cancelar uma anunciada turnê mundial e o manteve longe dos palcos desde então, ainda que esteja lançando o álbum Patient Number 9 no dia 09 de setembro.

Ozzy Osbourne of Black Sabbath performs at Ozzfest 2016 at San Manuel Amphitheater on September 24, 2016 in San Bernardino, Calif. (Amy Harris/Invision/AP)

Recentemente, Osbourne apareceu num palco pela primeira vez em mais de três anos, tocando a canção Paranoid, clássico dos tempos de Black Sabbath, ao lado do guitarrista Tony Iommi no encerramento do Commonwealth Games (os jogos da Comunidade das Nações “aliadas” ao Reino Unido), que ocorreu na terra-natal deles, Birmingham, na Inglaterra.

Osbourne deu uma entrevista ao The Guardian onde disse que, a princípio, pensou em não aceitar o convite, por causa de sua saúde, mas foi convencido pela esposa e empresária, Sharon Osbourne.

Ozzy e a esposa Sharon.

Falou também sobre seus problemas de saúde. Osbourne sofrera uma grave lesão na coluna muitos anos atrás, em um acidente de quadriciclo, mas um acidente menor em casa lesionou o antigo ferimento, fazendo com que a pressão da coluna apertasse os nervos e lhe causasse muita dor, problema que foi, aparentemente, resolvido com uma cirurgia em junho passado.

Mas nos piores momentos, Ozzy admitiu que desejou a morte:

Ficou tão ruim em determinado momento, que eu pensava: “Oh, deus, por favor, não me deixe acordar amanhã de manhã! Porque era uma porra de agonia.

Começando a trilhar a estrada da melhora, Osbourne faz planos para o futuro e tenciona gravar um álbum ao lado de Iommi, seu grande parceiro nos tempos de Black Sabbath, e o lendário guitarrista conhecido como “a fábrica de riffs”. Não somente tocaram aquela canção nos Jogos, como Iommi também participou de duas canções do vindouro álbum solo de Ozzy, Patient Number 9.

Tony Iommi.

Ozzy deixou o Black Sabbath em 1978 e a banda prosseguiu sem ele com notórios vocalistas, como Ronnie James Dio, Ian Gillan, Glenn Hughes e Tony Martin; e além de uma reunião pontual em 1998, Osbourne, Iommi e o resto da gangue se reuniram no álbum 13, de 2013, que rendeu uma turnê mundial muito bem sucedida. Contudo, tanto Ozzy quanto Iommi já afirmaram que não pretendem reunir o grupo nunca mais.

Mas Osbourne quer voltar a excursionar, que é a coisa que ele mais ama. Ao Guardian ele disse:

Eu digo a você: eu vou fazer o melhor que eu posso por outra turnê. Você não viu ainda o fim de Ozzy Osbourne, eu te prometo! Se eu tiver que ir lá e morrer na primeira canção, eu estarei de volta no dia seguinte!

Todavia, a despeito dos planos, Ozzy também é cônscio de sua finitude e das possibilidades que cercam seu estado de saúde. Por isso, tomou a iniciativa de deixar os Estados Unidos, onde mora de forma contínua desde os anos 1980 (e de modo praticamente exclusivo há mais de 20 anos) e voltar à sua terra-natal, diz a Variety.

Em uma entrevista ao britânico The Observer, ele deu mais detalhes:

Tudo é fudidamente ridículo lá [nos EUA]. Estou cheio das pessoas sendo mortas todos os dias. Só deus sabe quantas pessoas foram mortas em tiroteios nas escolas. E ainda teve aquele tiroteio em massa em [Las] Vegas, naquele concerto… É muito doido!

Por isso, anseia viver em um lugar mais tranquilo, sem tanta violência para passar seus últimos dias:

Eu não quero morrer na América. (…) Eu sou inglês, eu quero voltar. (…) É apenas a hora de voltar para casa.

Ozzy colocou à venda sua casa em Hancock Park, na Califórnia, por US$ 18 milhões, que ficou famosa pelo reallity show The Osbournes que mostrava a louca rotina de sua família; e está voltando para sua propriedade de 350 acres em Buckinghamshire, na Inglaterra, onde está sendo construído um novo estúdio musical.

Enquanto isso, Patient Number 9 está quase chegando às lojas. O disco traz participações especiais dos guitarristas Eric Clapton, Jeff Beck e Tony Iommi, além do recentemente falecido baterista Taylor Hawkins, do Foo Fighters.