Segunda-feira ocorreu um evento de investidores, o RCB Capital Markets, e o CEO da Warner Bros. Discovery, David Zaslav, esteve presente e falou mais uma vez da reorganização do DCU e o futuro da DC Comics nos cinemas, informa o The Hollywood Reporter. O executivo disse que o diretor James Gunn e o produtor Peter Safran, os dois novos líderes do DCU, estão terminando o plano de 10 anos da empresa e já adiantou: não teremos quatro versões do Batman.

Em primeiro lugar, ele contou aos investidores que Gunn e Safran já estão quase terminando a Bíblia do DCU: na linguagem de Hollywood, isso significa um tipo de dicionário com os personagens e tramas gerais que devem conduzir o universo cinematográfico da DC Comics nos próximos 8 ou 10 anos. Com isso, o DC Studios terá um plano geral que deverá ser executado pelos cineastas específicos de cada filme, mas agora, dentro de um plano acordado com o estúdio, seguindo uma trama geral pré-definida, tal qual ocorre com o Marvel Studios, em quem estão se baseando explicitamente.
Podemos apostar que Gunn e Safran estão reorganizando o DCU, definindo o que vale e o que não vale do que já assistimos e traçar uma grande história que conduzirá os personagens a partir dos filmes futuros, que devem culminar com um ou dois filmes da Liga da Justiça. Claro, os filmes já prontos, como The Flash e Aquaman e o Reino Perdido, devem ser contributivos desse plano e não descartamos de jeito nenhum mais refilmagens ainda nesses longas uma vez que o plano esteja pronto.
Há uma certa inquietação do mercado sobre o DCU, pois o cancelamento do filme (já pronto) da Batgirl, além do seu aspecto praticamente inédito na história, foi considerado radical demais; ainda que o anúncio de Gunn e Safran à frente do novo DC Studios tenha acalmado mais os ânimos. Mas isso é importante, pois para produzir superproduções de US$ 200 milhões como os filmes da DC é necessário o aporte maciço dos investidores e do mercado.

Sabendo disso, Zaslav fez um discurso apaziguador:
Eu acho que nos próximos poucos anos vocês verão um monte de crescimento e oportunidade em torno da DC. Não haverá quatro Batmans, E parte de nossa estratégia é dirigida para explorar a DC, o que James [Gunn] e Peter [Safran] estão fazendo. Eu acho que eles deixaram os fãs animados. Acho que eles irão animar vocês por um período de tempo.
Claro, a menção à não existência de quatro Batmans chamou à atenção e isso intriga os fãs, os críticos e o mercado, pois atualmente já temos três deles!

Enquanto o Batman regular do DCU foi interpretado por Ben Affleck (em Batman vs Superman, Esquadrão Suicida e Liga da Justiça), a administração anterior da Warner decidiu diversificar um pouco as coisas e à esta altura não é mais segredo nem spoiler que veremos uma outra versão de Bruce Wayne em The Flash, interpretado por Michael Keaton (de Batman – O Filme e Batman – O Retorno, de 1989 e 1992!). O que se dizia antes era que a trama de viagens no tempo e realidades alternativas de The Flash iria promover a substituição de Affleck por Keaton como o cavaleiro das trevas do DCU, pois Affleck teria desistido do papel em decorrência de seus problemas pessoais e da má experiência com o filme da Liga da Justiça.
Este ato teve duas consequências: Michael Keaton aparecia em Batgirl como um tipo de tutor da heroína Barbara Gordon; e o filme solo do homem-morcego foi transformado de uma sequência de Liga da Justiça em um reboot com uma versão mais jovem de Bruce Wayne vivida por Robert Pattinson.
Mas a nova gestão da Warner e da DC Studios tem outros planos, ainda que não os conheçamos totalmente.
Embora os fãs fiquem alvoroçados com o retorno de Keaton, o fato é que não é nada racional torná-lo o novo Batman oficial em vista de sua idade.
E ter um outro Batman por aí vivendo suas jovens aventuras pode ser um problema e confundir o público, sem falar na superexposição do personagem, algo que é realmente um risco enorme, um desgaste e um desperdício.
E o que Zaslav quis dizer?
Daí, só podemos especular. Mas o fato objetivo é que ele está dizendo que não teremos múltiplas versões do personagem. Não ter quatro Batmans significa ter apenas dois? Não sabemos, mas podemos lançar algumas ideias.

Como o HQRock comentou na época do cancelamento de Batgirl, esse gesto tão radical parece ter uma mensagem clara: com todo o respeito, mas Michael Keaton não será o Batman do DCU. O fato disso ter ocorrido quase ao mesmo tempo em que Ben Affleck foi flagrado gravando suas cenas para Aquaman e o Reino Perdido tão pouco parece uma coincidência, mas uma mensagem de que ele prossegue sendo o Bruce Wayne do DCU. (Ele aparece em The Flash também, junto com Keaton).
Podemos especular que a gestão anterior da Warner/DC quis usar The Flash para trocar Affleck por Keaton por uma “lógica” narrativa; e a nova gestão vai fazer justamente o contrário: Keaton irá aparecer (o filme já foi filmado), mas a trama irá garantir que Affleck permanece como o Batman oficial. Provavelmente, é isso o que as refilmagens de The Flash que ocorreram agora no verão devem ter arranjado. E sua posterior aparição em Aquaman e o Reino Perdido soa como um tipo de confirmação.

Se Keaton está fora da jogada, ainda resta Pattinson. E agora? O que se sabe é que o diretor Matt Reeves não somente está escrevendo o roteiro de The Batman 2, como também desenvolvendo algumas séries de TV ambientadas em seu universo, a mais adiantada delas em torno do Pinguim de Colin Farrell.
Então, teremos dois Batmans? É possível… Talvez a Warner considere arriscar a superexposição em prol dos lucros. Ou então, algo que também não é impossível, promover um tipo de junção entre os dois personagens – de Affleck e Pattinson – definindo que The Batman (com Pattinson) trata da juventude do Batman da Liga da Justiça (de Affleck). Ou mesmo, que venha a substituir Affleck inteiramente por uma versão um pouco mais madura de Pattinson (via maquiagem). Mas se fosse assim, porque usar Affleck em Aquaman 2?

Até que novas notícias contradigam, o que temos até agora sugere que o jovem Batman de Reeves-Pattinson prosseguirá seu rumo em paralelo ao DCU, e que Affleck continuará como a versão com 45 anos de idade do personagem que interage com Superman e os demais heróis. Isso implica, muito provavelmente, que o Batman do DCU não terá um filme solo, mas que Affleck continuará aparecendo como participações especiais em filmes de outros e será um fio condutor aos novos longas da Liga da Justiça que virão por aí.
Tal qual o Marvel Studios, o DC Studios deve construir uma grande narrativa através de seus filmes, conduzindo para a adaptação de uma de suas grandes histórias nas HQs e a candidata mais forte é a Crise nas Infinitas Terras, que pode ganhar uma versão cinematográfica via múltiplos filmes. Claro, Gunn e Safran podem ser menos óbvios e apostar em outras grandes sagas (e isso seria até mesmo desejável), mas aquela é mesmo a mais provável. Afinal, o cinema corporativo funciona através de marcas e a Crise é a mais famosa das histórias célebres da editora. É algo que pode convencer os investidores a gastar dinheiro na nova empreitada.

