A banda norteamericana The Beach Boys está disposta a celebrar seu grande legado na história do rock: além de um documentário sobre o grupo no Disney+, a banda famosa por suas harmonias vocais e surf music também lançará uma coletânea (como soundtrack) e um livro autobiográfico, além de fazer uma grande turnê de verão pelos EUA.

Você pode ver o trailer do documentário aqui:

Chamado simplesmente The Beach Boys, o documentário estreia no streaming no dia 24 de maio e conta com novas entrevistas com os membros remanescentes Brian Wilson, Mike Love e Al Jardine, além dos membros menos famosos David Marks e Bruce Johnston, e contará com depoimentos de arquivo dos falecidos Carl e Dennis Wilson. Também são prometidas muitas imagens inéditas da banda em ação.

O documentário é dirigido por Frank Marshall (mais conhecido como produtor em Hollywood) e Thom Zimny e também trará depoimentos de fãs famosos, como Lindsey Buckingham (Fleetwood Mac) e Don Was (produtor de vários álbuns dos Rolling Stones).

Poster do filme The Beach Boys.

Já o livro The Beach Boys by the Beach Boys traz a trajetória do grupo narrada em depoimentos dos próprios membros da banda, muitas fotos inéditas e também depoimentos de um grande número de artistas, como Bob Dylan, Eric Clapton, Ray Davies, Graham Nash, Pete Townshend, Jimmy Page, Elvis Costello, dentre outros. O livro foi lançado no dia 02 de abril.

Junto com o documentário chega também a trilha sonora em disco (e streaming) com uma coleção dos maiores sucessos da banda.

Os Beach Boys em 1965.

Por fim, o grupo embarca em uma longa turnê de verão pelos EUA, com mais de 50 shows, iniciando em 25 de abril no New Orleans Jazz & Heritage Festival e seguindo até 23 de setembro no Nashville’s Ryman Auditorium, antes de embarcarem no Malt Shop Memories Cruise, um cruzeiro, no dia 30 de setembro. A formação da banda ao vivo traz Mike Love, Bruce Johnston e David Marks como membros. Ainda vivos, Brian Wilson e Al Jardine preferem não mais tocar com os companheiros e já houve até disputas sobre o controle do nome da banda.

Formados em 1961 em Howthorne, na Califórnia, os Beach Boys eram a união dos irmãos Wilson, Brian (baixo), Carl (guitarra) e Dennis (bateria) mais o primo Mike Love (vocais) e o vizinho Al Jardine (guitarra), onde todos cantavam, mas Love era oficialmente o vocalista principal. A banda se destacou logo no início pelas belas harmonias vocais e por criarem canções próprias (de autoria de Brian Wilson, com letras de Mike Love ou do amigo Gary Usher) que retratavam o mundo idílico das praias ensolaradas da Califórnia, com suas garotas de biquíni e carros possantes, numa linguagem muito adolescente.

O grupo perdeu Al Jardini bem no início, que foi substituído pelo também vizinho David Marks, com o qual estrearam com o single Surfin’, que tocou bastante na Costa Oeste e chegou ao 75º lugar das paradas nacionais da Billboard, e o segundo compacto, Surfin’ safari, que já foi bem melhor e chegou ao 14º lugar, puxando um álbum homônimo, inteiramente autoral (algo realmente inusitado naqueles tempos) que foi ao 2º lugar. O single seguinte, Surfin’ in the US (uma releitura das canções de Chuck Berry) chegou ao 10º lugar no início de 1963 e tornou a banda um nome conhecido na música dos EUA.

Com David Marks saindo e Al Jardine voltando à banda no fim de 1963, o grupo emplacou uma sequência incrível de sucessos (Surfer girl, Little deuce coup, Fun fun fun, I get around, California girls, Help me, Rhonda, Then I kiss her, Do you wanna dance?), copiando o estilo de produção de Phil Spector (o The wall of sound), num papel assumido por Brian Wilson (que passou a liderar as gravações do grupo) e tendo que concorrer com a Invasão Britânica dos Beatles e companhia a partir de 1964, o que fez Brian decidir deixar de se apresentar ao vivo e se concentrar inteiramente à composição e gravação, ao passo que seu lugar nos palcos foi ocupado por Brian Johnston, o que tornou os Beach Boys oficialmente um sexteto.

A busca incessante por qualidade musical e perfeição levou Brian Wilson a mudar o direcionamento da banda das canções de surf para temas profundos relacionados ao amor e a compor canções mais complexas, com gravações mais ousadas, o que levou ao álbum Pet Sounds, em 1966, que é considerada sua obra-prima, e ao single Good vibrations, em 1967. Mas a concorrência com os Beatles – que lançaram o explosivo Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band naquele mesmo ano -, o alto consumo de drogas e alguns problemas psiquiátricos (provavelmente obsessão, ansiedade e esquizofrenia) causaram um colapso nervoso em Brian Wilson, algo que o deixou incapacitado por muito tempo e da qual nunca mais se recuperou de verdade.

Com uma série de composições dele ainda não lançadas, os Beach Boys seguiram adiante pelo fim dos anos 1960 e 70, criando ainda algumas obras de interesse aos fãs, mas sem jamais repetir o brilhantismo de sua fase áurea e se tornando cada vez mais estereotipados dentro de seu próprio estilo com o passar dos anos e décadas. Brian Wilson voltou a contribuir com o grupo de modo mais ativo a partir da metade final dos anos 1970 e Dennis Wilson morreu afogado em um acidente em 1983, enquanto a banda viveu um último momento de sucesso no fim dos anos 1980, com o sucesso de Kokomo, em 1989, da trilha sonora do filme Coquetel, com Tom Cruise.

Carl Wilson morreu de um câncer em 1998, Al Jardine deixou o grupo e Mike Love seguiu adiante com sua versão dos Beach Boys nos palcos. Jardine e Brian Wilson até se juntaram aos demais vez ou outra.

Recentemente, Brian Wilson ficou viúvo e sua família entrou com uma ordem de restrição para que possam tutelá-lo, pois devido às suas condições psiquiátricas, não é capaz de cuidar da própria vida.