Já faz algum tempo, o próprio presidente do Marvel Studios, Kevin Feige, anunciou que Scarlet Johansson iria produzir uma série de TV para o estúdio (a ser exibida no Disney+) sobre algo não relacionado à Viúva Negra, que a atriz interpretou no MCU. No ano passado, a própria Johansson confirmou o tópico, em entrevista ao ComicBook.com, dizendo que estava em plena produção antes da greve dos roteiristas e atores de Hollywood. Mas nunca se revelou que programa seria esse…

O insider MyTimeToShineHello publicou esses dias que a Marvel está produzindo uma série da obscura personagem dos anos 1940, a Fantasma Loura (Blonde Phantom, no original) e o GFR garante que esta é a série de Johansson.

Antes de mais nada, é importante adiantar que é praticamente certo que a atriz não irá protagonizar o programa, mas apenas produzir e talvez até dirigir alguns episódios.

A Fantasma Loura foi criada por Stan Lee e Syd Shores e estreou na revista All Select Comics 11, no outono de 1946. Na trama, Louise Grant é secretária e a apaixonada pelo chefe, o detetive privado Mark Mason. Para ajudá-lo, ela adota a identidade secreta da Fantasma Loura para combater o crime e solucionar os casos do patrão. A personagem era uma estratégia editorial para unir o público dos quadrinhos de detetive, que se tornavam muito populares na época, àqueles do crescente público feminino que a Marvel (então, ainda chamada Timely) começara a investir dois anos antes com sucesso, ao mesmo tempo em que se mantinha dentro do gênero de super-heróis.

Bem recebida pelas leitoras, a Fantasma Loura dominou a revista que estreara, que mudou o título para Blonde Phantom a partir do número seguinte (12) e teve histórias publicadas em várias outras revistas, como All Winners Comics, Blackstone The Magician, Marvel Mystery Comics, The Sea Beauty Namora, Submariner Comics e Sun Girl, nos anos seguintes, até ser cancelada em 1949, com Blonde Phantom 22 sendo sua última publicação.

O interessante é que a Fantasma Loura era uma heroína extremamente eficiente no combate corpo a corpo e no uso de sua pistola, além de uma detetive apurada e sua ação invertia a lógica da “donzela em perigo”, com Mark Mason sendo aquele que sempre precisava ser salvo. Também invertia a “síndrome Clark Kent/ Lois Lane”, com Mark apaixonado pela heroína e sem perceber Louise à sua frente.

A personagem não sobreviveu à aguda crise dos super-heróis do fim da década: a Marvel cancelou toda a sua linha do gênero em 1949, que incluía Capitão América, Tocha Humana e Namor, por causa das vendas baixas. A Fantasma Loura não foi revivida na Era Marvel, quando a editora voltou a publicar heróis nos anos 1960, adicionando aqueles três aos novos Quarteto Fantástico, Vingadores e Homem-Aranha,  e permaneceu na obscuridade.

Louise Grant (agora, Mason) foi resgatada nas HQs modernas em 1989, nas mãos do escritor e desenhista John Byrne na revista The Sensacional She-Hulk, a mesma que inspirou a recente série de TV da Marvel,  na qual a prima de Bruce Banner quebra a quarta parede e conversa com o leitor/expectador.

Na trama, ela é retratada como uma senhora de idade, viúva e “para frente”, que fora a heroína em sua juventude, mas se aposentou de suas aventuras quando casou com Mark Mason. Posteriormente, um evento especial terminou por rejuvenescer Louise e ela se tornou uma nova versão da Fantasma Loura, ainda que a iniciativa não tenha sido duradoura.

De qualquer modo, existe potencial para a personagem dentro da pegada mais feminista que a Marvel vem adotando no cinema, desde a introdução de Peggy Carter em Capitão América – O Primeiro Vingador, em 2011. Tendo em vista o histórico da Fantasma Loura, a série ainda teria duas opções de abordagem, com sua ambiência original nos anos 1940 ou sua revitalização nos dias atuais, com este segundo caso, claro, mimetizando o do Capitão América.

Aliás, alguns comentários na Internet insistem que a abordagem da Fantasma Loura nos anos 1940 já foi usada de certa forma na série Agent Carter (sobre Peggy Carter no pós-II Guerra), o que faz sentido, mas sempre é possível inovar e lançar novos olhares sobre a mesma temática.

A questão de produzir uma série da Fantasma Loura, se for verdade (pois trata-se de um rumor, por enquanto) lança a questão da Marvel investir em personagens menos conhecidos e distantes do universo dos Vingadores em seu braço televisivo, o que parece ser a tônica, com materiais como Agatha Harkness ou mesmo o Demolidor, que são os dois que estão mesmo em produção, além da recente Eco, e de outros rumores que existem. Lembrando que a estratégia, agora, é produzir menos material para focar na qualidade.

Por conta disso, uma série sobre a Fantasma Loura ou seja qual for a personagem a qual Scarlet Johansson irá produzir, deverá demorar um pouco para chegar às telas e uma confirmação também vai custar um pouquinho.