A notícia já era esperada e foi confirmada no sábado pela Variety: o ator James Earl Jones está se aposentando do papel de Darth Vader e passando a tocha adiante, mas não para outro ator, e sim, para uma Inteligência Artificial, que fará a poderosa voz do vilão em projetos futuros de Star Wars. Jones tem atualmente 91 anos de idade e interpreta o Lorde Negro de Sith desde 1977.

Segundo a revista, Jones assinou um contrato com a LucasFilm, proprietária da franquia Star Wars para que os arquivos gravados com sua voz fiquem disponíveis para novos cineastas e que seja usada junto a uma nova tecnologia de fala sintetizada criada por I.A. que manterá a voz do ator em sua plena juventude para os futuros filmes ou séries. O software já vem sendo usado pela LucasFilm em seus projetos recentes e foi desenvolvido pela Respeecher, uma startup ucraniana criada por Bogdan Belyaev, de 29 anos de idade.
A tecnologia da Respeecher já foi ouvida na série The Book of Boba Fett, na qual foi usada para recriar a voz do jovem Mestre Jedi Luke Skywalker. Afinal, o personagem foi vivido por meio da combinação de movimentos e voz de seu intérprete original Mark Hammil, combinado com a performance corporal e vocal de outro ator mais jovem para que Luke parecesse tão jovial quanto no filme O Retorno de Jedi, de 1983! O resultado é impressionante.

O próprio James Earl Jones usou a tecnologia em seguida. Jones fizera a voz de Darth Vader de modo “natural” uma última vez no filme Rogue One, em 2017, na qual o vilão faz uma pequena, mas importante participação; mas era possível perceber o peso de sua idade no resultado final, ainda que o filme se passasse antes de Uma Nova Esperança, de 1977. Por isso, quando se previa para Vader uma participação bem maior como o opositor principal da série Obi-Wan Kenobi, lançada este ano com grande sucesso no Disney+, precisaram recorrer à nova tecnologia.
Jones é creditado na série como voz guia de Vader. Não sabemos exatamente como a tecnologia funciona, mas provavelmente, Jones gravou os diálogos de Vader que foram “processados” pelo software usando arquivos de áudio de seus filmes anteriores para fazer a voz atual soar jovial e forte como nos filmes antigos. Seria o mesmo processo pelo qual os sintetizadores recriam sons de outros instrumentos na indústria musical de hoje.
A diferença daqui para frente é que Jones não precisará mais fornecer a voz guia e o software irá recriar sua voz a partir do guia de outros atores. Afinal, aos 91 anos de idade, Jones merece uma tranquila e bem-merecida aposentadoria após passar décadas como uma das vozes mais famosas da história do cinema.

James Earl Jones nasceu em 1931, no Mississipi, filho de um motorista e de uma professora; mas os pais se divorciaram (seu pai virou ator, mas eles só se conheceram 20 anos depois) e foi criado pelos avós maternos. Ironicamente, sofria de gagueira na infância e adolescência, o que combateu por meio da leitura de poesia para superar a dificuldade de fala. Ele ingressou no Exército no início dos anos 1950, mas escapou de lutar na Guerra da Coreia (1950-1953) por bem pouco, mas teve uma carreira militar bem sucedida em um grupo de treinamento e chegou a Primeiro Tenente. Paralelamente, ele ingressou na Universidade de Michigan para estudar medicina, mas preferiu se concentrar nas artes e estudou cinema e interpretação, se tornando um conhecido ator de peças de Shakespeare, com sua voz grave e forte e grande capacidade dramática.
Dispensado do Exército com honras, Jones investiu na carreira de ator, estreou na Broadway em 1957 e iniciou uma bem-sucedida carreira no teatro que prosseguiu até se aposentar. Sua estreia no cinema foi em Doutor Fantástico (1964) de Stanley Kubrick. Embora seu foco maior sempre tenha sido o teatro, continuou aparecendo nas telonas: sua peça The Great White Hope fez tanto sucesso que foi adaptada ao cinema, mantendo-o no papel principal, em 1970, o que lhe valeu indicações ao Oscar e ao Globo de Ouro. Outros de seus filmes são Conan, O Bárbaro (1984), Um Príncipe em Nova York (1988), O Campo dos Sonhos (1989), Caçada ao Outubro Vermelho (1990) e O Rei Leão (1994).

A fama veio com a escolha de Jones para fazer a voz do vilão Darth Vader no filme Star Wars (hoje, Uma Nova Esperança), em 1977. Jones nunca usou a armadura do personagem: nas filmagens, Vader foi vivido pelo campeão de halterofilismo David Prowse, que tinha quase dois metros de altura. Mas o diretor George Lucas não julgou a voz de Prowse ameaçadora o suficiente e decidiu substituí-la pela voz forte e grave de Jones. Suas falas realizadas num tom muito grave, de dicção lenta e incrementadas pelo efeito especial de respiração artificial, ajudaram a torná-lo o mais icônico dos vilões do cinema.
Jones continuou a fazer a voz de Vader nos filmes seguintes – O Império Contra-Ataca (1980) e O Retorno de Jedi (1983), todos com Prowse interpretando-o fisicamente nas filmagens – e prosseguiu em outros projetos da LucasFilm dali em diante, em filmes ou desenhos animados, inclusive, os recentes The Clone Wars, Rebels, Rogue One e Obi-Wan Kenobi, na qual chegou a ser interpretado fisicamente por outros atores.

Em Rogue One, a armadura foi usada por Spencer Wilding e Daniel Naprous, e em Obi-Wan Kenobi, por exemplo, Hayden Christensen (que fez Anakin Skywalker nos filmes prelúdio dos anos 1990 e 2000) interpretou oficialmente o vilão por debaixo da armadura, mas como o ator não era nem alto nem forte o suficiente, Dmitrious Bistrevsky aparecia nos planos abertos usando a armadura e Tom O’Connell foi o dublê das cenas de ação.
A iniciativa da LucasFilm mostra, por outro lado, que eles realmente esperam continuar a usar Vader em outros filmes e série a exemplo da recente Obi-Wan Kenobi. O vilão pode fazer uma participação especial em cenas de flashback na série de Ashoka Tano, por exemplo, e sabe-se lá mais o que a Disney planeja ao futuro…


Essa tecnologia poderia ser utilizada aqui na Dublagem Brasileira para recriar as vozes de grandes dubladores que já se foram!!!
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