
Demolidor, o homem sem medo, um dos mais interessantes heróis publicados pela Marvel Comics completou 50 anos de existência em 2014: chegou às bancas dos EUA em 1964! Em um ano marcado por outras comemorações, o aniversário do personagem terminou passando batido pela própria editora. Para reparar um pouco as coisas e comemorar (mesmo que tardiamente), o HQRock traz uma seleta lista com as Melhores Histórias do demônio atrevido!
Também é importante recordar que, em breve, o Demolidor ganhará uma série de TV própria (leia aqui), quando será novamente apresentado ao grande público.
É curioso que, apesar não gozar nem de longe da popularidade de pares como Homem-Aranha, X-Men e os Vingadores, o Demolidor possuí algumas das melhores HQs já publicadas pela Marvel em todos os tempos. Tratado com densidade – e talvez protegido pela popularidade menor – o homem sem medo foi (e é) terreno fértil para escritores fabulosos com histórias ainda mais fabulosas.
Portanto, siga a lista com atenção, dentre elas estão das melhores histórias em quadrinhos já escritas. Sem exagero. Sem medo.
1 – A QUEDA DE MURDOCK
Por Frank Miller (texto) e David Mazzucchelli (arte), em Daredevil 219 a 233, de 1985 e 1986.

A melhor, mais forte, mais profunda e mais famosa história do Demolidor é um clássico indiscutível. Qualquer lista das Cinco Melhores HQs de todos os tempos é obrigada a listar esta. Frank Miller já havia encerrado sua clássica passagem na revista Daredevil (entre 1981 e 1983, leia mais abaixo) e estava na época fazendo trabalhos para a DC Comics – entre elas, Batman – O Cavaleiro das Trevas, a minissérie – mas retornou à revista para uma segunda passagem e produziu sua melhor história. A Queda de Murdock – chamada originalmente de Born Again – é conto sobre destruição e renascimento, sobre demônios internos e superação. Sem autoajuda.
Na trama, a antiga namorada de Matt Murdock, Karen Page (desaparecida das histórias desde meados dos anos 1970) é agora uma decadente estrela do cinema pornô viciada em heroína e, por mais uma dose, vende a identidade secreta do Demolidor a um traficante mequetrefe. A informação chega a Wilson Fisk, o Rei do Crime, o arquiinimigo do herói. Após mandar matar todos os que tiveram contato com essa informação – para lhe garantir exclusividade – Fisk arquiteta um plano para, em vez de um ataque frontal, simplesmente destroçar por completo a vida pessoal de Matt Murdock. O herói nem percebe o que lhe atingiu. Em poucas semanas sua vida desmorona e ele se encontra literalmente à beira da loucura.

Poderá Murdock se reerguer e reunir forças para encarar o pior dos inimigos?
Born Again é uma obra fascinante! Além do roteiro esperto e subversivo de Frank Miller – prestaram atenção na situação de Karen Page? – há a arte fundamental e belíssima de David Mazzucchelli, que imprime toda uma singularidade à história. Além disso, a obra poderia virar facilmente um filme de altíssimo nível – tal qual Batman – O Cavaleiro das Trevas (que não tem nada a ver com a minissérie de Miller, apenas o título) – desde que fosse o segundo capítulo de uma trilogia, para que tudo fizesse mais sentido.
A história também definiu o próprio perfil psicológico de Matt Murdock e virou a bússola que guia muitas das melhores histórias do personagem depois disso.
2 – A SAGA DE ELEKTRA

Por Frank Miller (texto e arte) e com Klaus Janson (arte-final), em Daredevil 158 a 191, de 1981-1983.
Apesar de ter tido algumas boas fases em seus primeiros anos de publicação, na verdade, o Demolidor era um herói meio sem identidade dentro da Marvel, hora retratado como uma mera imitação barata do Homem-Aranha; hora colocado em situações absolutamente estranhas para um herói urbano, como em contos de ficção científica. Tudo isso só mudou em 1981 quando Frank Miller assumiu o roteiro da revista Daredevil, que corria o risco de ser cancelada. Miller já era o desenhista do título há quase um ano (com roteiros de Roger McKensie), mas nunca havia escrito uma história. Contudo, o editor Dennis O’Neil, responsável pela casa do homem sem medo, acreditou no potencial do jovem audaz e deu-lhe a oportunidade. E Miller a agarrou com unhas e dentes.
Desde o primeiro número, a temporada de dois anos de Miller à frente do homem sem medo é um espetáculo. O escritor e desenhista redefiniu o herói como um herói urbano em uma Nova York chuvosa e escura, povoada de pequenos e grandes bandidos, prostitutas, drogas e pequeno crime. Saíram os super-vilões coloridos, entraram os gangsters, assaltantes, matadores de aluguel e até ninjas.

A temporada é conhecida como A Saga de Elektra por que é em torno dessa nova personagem que a trama se move. Logo em sua primeira edição, Miller introduz Elektra Nachtios, uma grega, filha de diplomata, antiga colega de Murdock na faculdade e, agora, convertida em uma cruel assassina de aluguel.
E isso não é tudo. Miller aprofunda a vida de Elektra e descobrimos o Tentáculo, uma organização japonesa de ninjas que a treinou e agora atua nos EUA. O Demolidor também descobre aquele que será o seu maior inimigo: Wilson Fisk, o Rei do Crime. Até então, um vilão de segunda categoria que havia surgido nas aventuras do Homem-Aranha (criado por Stan Lee e John Romita) e usado em histórias do Capitão América; o Rei do Crime encontra agora seu verdadeiro lugar: o maior de todos os gangsters, comandante-mor do crime organizado de Nova York, sua posição é ideal para as aventuras “pé no chão” violentas, urbanas e sombrias de Miller.

As ações do Demolidor o colocam em rota de colisão frontal com o Rei do Crime e tudo fica pior quando Fisk contrata seu novo assassino-chefe: ninguém menos do que Elektra. Por um lado, o Demolidor fica numa encruzilhada entre seguir a lei e prender o amor de sua vida; enquanto Elektra também confronta seus demônios, vendo em Murdock a possibilidade de uma vida com menos violência. Como tudo pode piorar, o Rei então contrata o Mercenário (vilão que o homem sem medo já havia confrontado várias vezes) para matar Elektra.
Mesmo bem longa, toda essa temporada de Miller é fantástica, cheia de histórias com tensão, suspense e tramas inteligentes. E o final não deixa de ser surpreendente em vários aspectos.

Nos textos, Miller explora o submundo de Nova York – então, uma cidade extremamente violenta – mas também dá espaço para reflexões mais profundas sobre a moral dos heróis – destaque para a edição 183 – e também o efeito da influência da violência e da TV nas crianças. Na arte, Miller vive o seu melhor momento, com uma arte muito menos caricatural do que estilo que adotou depois – a partir de O Cavaleiro das Trevas – mas muito mais calcado no estilo Marvel, porém, embelezado por movimentos dinâmicos, grandes cenas de ação e uso criativo da diagramação da página.
Enfim, um clássico absoluto da 9ª arte.
3 – EXPOSTO
Por Brian Michael Bendis (texto) e Alex Maleev (arte), em Daredevil (vol 2) 32 a 40, de 2002-2003.

Desde A Queda de Murdock, a questão da identidade é algo importante ao Demolidor. E o escritor Brian Michael Bendis decidiu explorar isso com força. Bendis hoje é famoso como o cara que colocou os Vingadores no topo das vendas da Marvel – a partir de 2004 até 2012 – mas é um escritor habilidoso em diálogos e que sabe usar temas antigos com novas roupagens. E faz isso no Demolidor. Ao assumir a revista, Bendis transformou Daredevil (vol 2) simplesmente na melhor revista da Marvel no período, com grande sucesso de público e crítica. Em Exposto (Out, no original), Matt Murdock vê o seu mundo virar de cabeça para baixo ao ter sua identidade (nem tão) secreta revelada ao mundo pelos jornais. Que impacto isso teria na vida do herói? O que o Rei do Crime tem a ver com isso?
Out é o segundo arco de Bendis no personagem e é o ponto alto de sua longa e aclamada passagem pelo homem sem medo.
4 – O DEMÔNIO INTERNO E EXTERNO
Por Ed Brubaker (texto) e Michael Lark (arte), em Daredevil (vol 2) 82 a 87, de 2006-2007.

Após a aclamadíssima fase de Brian Michael Bendis, coube ao escritor Ed Brubaker (então, já famoso na revista do Capitão América, onde produziu o arco O Soldado Invernal, que acabou de virar filme) o desafio de continuar o título e manter a pegada. E não é que Brubaker conseguiu? Com sua ambientação noir, clima policialesco e a arte realística de Michael Lark (seu velho parceiro dos tempos de Gotham Central, sobre os policiais de Gotham City, na DC Comics), Brubaker manteve as histórias do Demolidor como uma das melhores da Marvel na época e um grande sucesso de público e crítica.
Seu arco mais famoso é justamente The Devil Inside and Out, no qual dá sequência direta às histórias de Bendis e mostra o advogado Matt Murdock tendo que convencer o mundo de que não é o Demolidor. Textos inteligentes, bons diálogos, personagens profundos e belos desenhos mantiveram a revista Daredevil como uma das mais quentes do mercado.
5 – O DEMÔNIO DA GUARDA
Por Kevin Smith (texto) e Joe Quesada (arte), em Daredevil (vol 2) 01 a 08, de 1998-1999.

Após os erros e acertos de meados dos anos 1990 (veja abaixo), a Marvel decidiu dar um reinício ao Demolidor, colocando-o no Selo Marvel Knights, dedicado a histórias mais sérias, sombrias e adultas, de grande qualidade. O desenhista Joe Quesada era o editor do selo e seu trabalho foi tão bom que lhe valeu o cargo de Editor-Chefe da Marvel em 2000. Em Demônio da Guarda, num ato de ousadia, Quesada convidou o diretor de cinema Kevin Smith (de Barrados no Shopping, Procurando Amy, Dogma e Pagando Bem que Mal Tem?) para escrever a nova revista Daredevil, que ganhou o Volume 02 e uma numeração zerada. Fã inconteste de quadrinhos, Smith aceitou o desafio e fez um trabalho memorável. Apesar de alguns críticos salientarem semelhanças mais do que devidas com A Queda de Murdock, o fato é que Demônio da Guarda é sim uma ótima história.
Na trama, o escritor aprofunda o aspecto católico de Matt Murdock, quando ele se depara com uma mãe adolescente que deu a luz a uma criança perseguida por misteriosos bandidos. Investigando, o Demolidor termina informado de que a criança é na verdade o Anti-Cristo, destinado a condenar toda a humanidade. E agora? O que fazer? Salvar a criança? Deixá-la morrer? As dúvidas chegam no pior momento, quando após reatar o namoro com Karen Page, esta descobre que está contaminada com o Vírus HIV (!), fruto de seu passado com drogas e filmes pornôs (!). Atormentado e cheio de dúvidas, cabe ao herói cumprir seu título de “demônio atrevido” e intrometer-se no que parece ser uma guerra entre Céu e Inferno. Ou será que há algo por trás disso? É tudo um ato de fé?
Guardian Devil deu um novo fôlego às aventuras do Demolidor, balançou (mais uma vez) definitivamente sua cronologia e iniciou um novo volume da revista Daredevil destinado a brilhar forte (pois foi a casa das temporadas de Bendis e Brubaker anos depois). O arco é um clássico recente memorável e um grande feito da Marvel do fim dos anos 1990.
6 – DEMOLIDOR: O HOMEM SEM MEDO
Por Frank Miller (texto) e John Romita Jr. (arte), em Darevevil: The Man Without Fear 01 a 05 (minissérie), em 1993.

Principalmente em sua primeira temporada à frente do Demolidor, o escritor (e desenhista) Frank Miller mexeu significativamente na origem do herói. Não mudando os fatos estabelecidos por Stan Lee nos anos 1960, mas acrescentando um volume enorme de detalhes, como a presença de Elektra Natchios e o envolvimento de Matt Murdock com o misterioso Stick, que teria lhe treinado no uso de seus sentidos aguçados. Afinal, é estabelecido que Murdock sofreu o acidente radioativo que lhe cegou e lhe ampliou os outros sentidos no início da adolescência, mas só se tornou o Demolidor já adulto, como um bem sucedido advogado. Portanto, havia muito espaço de tempo para preencher. E foi isso o que Frank Miller fez.
Em 1993, depois de Miller conseguir sucesso em várias outras editoras, a Marvel o convidou para contar a sua versão da história de origem do Demolidor. Assim, Miller retornou e criou a minissérie The Man Without Fear, com um conto assustador sobre a origem do herói, mostrando os vários motivos que levaram ao jovem Murdock se tornar o Demolidor, além do assassinato de seu pai. É uma densa, sombria e aterradora história na qual o Demolidor propriamente dito não aparece, afinal, Matt Murdock só assume tal identidade na última página.
Para melhorar ainda mais, novamente, Miller não assumiu a arte, mas a entregou a um grande nome dos desenhos, no caso, John Romita Jr., artista que teve uma notável passagem pelo personagem no final dos anos 1980. A soma do texto denso de Miller com a arte exuberante de Romita Jr. resulta em uma obra única. Fabulosa. Um clássico contemporâneo e a última obra relevante que Frank Miller produziu no campo dos super-heróis, antes de tomar um caminho fascista por meio de obras como Os 300 de Esparta, Sin City e O Cavaleiro das Trevas 2.
7 – ROLETA-RUSSA
Por Frank Miller, em Daredevil 191, de 1983.

Vamos quebrar um pouco o protocolo aqui. Roleta-Russa é uma história publicada em meio à Saga de Elektra (que, portanto, já está descrita acima). Todavia, é justificável ter esta história separadamente pelo altíssimo apuro e qualidade que traz enquanto narrativa. Vista isoladamente é um dos maiores clássicos dos quadrinhos dos anos 1980! A trama é incrível: o Demolidor reflete sobre sua “relação” com o vilão Mercenário (que tinha matado Elektra e estava praticamente tetraplégico em um hospital), fazendo isso da pior maneira possível ao “brincar” de roleta-russa com o criminoso, que não pode se mexer. Este é o último capítulo da primeira temporada de Frank Miller à frente do personagem. E é um final assustador!
8 – ALÉM DO LIMITE
Por J.M. DeMatteis (texto) e Ron Wagner (arte), em Daredevil 343 a 347, de 1995.

O Demolidor sempre rendeu grandes histórias explorando a complexidade de sua psiquê e mesmo em meio a grave crise de criatividade pela qual passou a Marvel Comics em meados dos anos dos anos 1990 – cujo símbolo maior é a Saga do Clone do Homem-Aranha (leia mais aqui) – conseguiu gerar este grande momento. A história é de autoria de J.M. DeMatteis, um autor algo marginal dentro da Marvel, mas que produziu grandes histórias em sua carreira (como A Última Caçada de Kraven e A Criança Interior do Homem-Aranha; assim como a fase cômica e genial da Liga da Justiça no início daquela mesma década).
Over the Edge se encaixa dentro do panorama pesado da Era Sombria e traz uma trama muito criativa: Matt Murdock fica preocupado ao saber que existe outra pessoa vestida como Demolidor agindo na cidade. Só que este “imitador” usa o velho uniforme amarelo e traz o ar jovial e risonho que o herói tinha em seus primeiros anos de atuação. Enquanto busca descobrir o que está acontecendo, o homem sem medo também precisa lidar com uma nova ameaça, um novo vilão. No fim, o desenrolar da trama termina sendo um crítica aos exageros da Era Sombria
Não dá para detalhar mais sem estragar as (muitas) surpresas da trama, mas Além do Limite é uma grande história de um personagem cheio de grandes histórias. Não é tão famosa quanto outras sagas citadas, mas vale à pena descobrir esta pequena pérola.
9 – TYPHOID MARY (ou A Love Story)

Por Ann Nocenti (texto) e John Romita Jr. (arte), em Daredevil 254 a 263, em 1988 e 1989.
Para onde ir depois de A Queda de Murdock? A roteirista Ann Nocenti assumiu a dura tarefa de escrever o Demolidor no fim dos anos 1980 e o fez de uma maneira surpreendente. Embora tenha mantido a densidade do personagem e a abordagem psicológica consagrada por Frank Miller, Nocenti acertadamente não tentou imitar as célebres temporadas anteriores. Em vez disso, reaproximou o homem sem medo do restante do universo Marvel em histórias carregadas de ficção científica e até sobrenatural, mas tudo muito bem amarrado com a existência mundana de Matt Murdock.
Para melhorar, temos a arte de John Romita Jr., filho de um dos artistas mais antigos do personagem. Àquela altura, já tendo trabalhado em personagens como Homem de Ferro, Homem-Aranha e X-Men, Romita Jr. mudou sua arte justamente nesta fase com o Demolidor, deixando o estilo Marvel tradicional (curiosamente, criado por seu pai!) e adota uma nova arte, de traços quadrados, linhas retas, ranhuras e muito cinza; produzindo um visual espetacular para os bons roteiros de Nocenti.
Neste arco, Matt Murdock encontra uma mulher que parece ser perfeita para ele, a bela Mary Parker. Só depois, o homem sem medo descobre que ela é na verdade uma perturbada assassina serial com dupla personalidade, conhecida como Typhoid Mary (ou Mary Tyfoid no Brasil). O desenrolar é muito interessante e à moda de Miller, Nocenti e Romita Jr. terminam mostrando que ela seria, sim, uma boa parceira para o homem sem medo, mostrando como o herói também tem seus problemas.
10 – UM NOVO COMEÇO
Por Mark Waid (texto), Paolo Rivera e Marcos Martin (arte), em Daredevil (vol. 03) 01-10, em 2011 e 2012.

Como o leitor pode notar nesta lista, o Demolidor é um personagem extremamente denso, dark e carregado, o que sempre rende boas histórias. Contudo, nem sempre foi assim. Em seus primeiros anos, quando escrito pelo criador Stan Lee, o homem sem medo tinha outra abordagem, mais leve e divertida. Até mesmo com espaço para a comédia. O personagem era mais risonho. Isso mudou ao longo dos anos 1970 e, especialmente, a partir do trabalho de Frank Miller. Mas alguns autores ainda preferiam um Demolidor mais “leve”.
E este é o caso de Mark Waid, um dos grandes escritores de quadrinhos das últimas duas décadas. Em meio à renovação da linha editorial da Marvel em 2011 chamada Marvel Now!, Waid aproveitou o embalo para relançar a revista Daredevil com uma abordagem totalmente diferente: mais leve, divertida e com humor. Isso não quer dizer que o autor esquece a profundidade do personagem e sua densidade, mas trata tudo de modo menos sombrio e mais divertido.
Como tudo é parte do Universo Marvel, na trama, Matt Murdock continua tendo que lidar com as consequências de seu passado recente – a revelação pública de sua identidade secreta nas histórias de Bendis e Brubaker – mas de um modo até engraçado: o advogado vive a esdrúxula situação em que nega veementemente ser o demônio escarlate da Cozinha do Inferno, ao mesmo tempo em que ninguém leva isso à sério e todos acham que ele é mesmo o Demolidor.
Outro ponto interessantíssimo é a arte de Paolo Rivera e Marcos Martin que brinca de modo completamente inovador ao tentar traduzir em imagens o modo como funcionam os poderes singulares de Murdock. Por fim, para dar o tom mais divertido à série, as cores são bem claras e variadas, o que tira o “peso” das histórias sombrias que marcaram sua carreira editorial.
Na trama, Murdock tenta ajudar como advogado pessoas que não tem como se defender ao mesmo tempo em que chama a atenção para si de todas as organizações terroristas (HIDRA, IMA, Tentáculo, Império Secreto…) da Marvel ao tomar posse de um disco rígido (o megadrive) com os maiores segredos do planeta. Agora, o Demolidor vai ter que lidar com esse grande desafio enquanto precisa organizar sua conturbada vida pessoal. E convencer as pessoas de que não é o Demolidor.
É um grande arco, que ganhou o Prêmio Eisner (o Oscar dos quadrinhos) de Melhor Série Mensal e também de Melhor Escritor (para Waid). Momentos como o homem sem medo tendo de enfrentar agentes de todas aquelas organizações terroristas (ed. 06) ou do Demolidor mergulhando no mundo subterrâneo de Nova York atrás do vilão Toupeira (ed. 09) são grandes momentos!
***
O Demolidor foi criado em 1964 por Stan Lee e Bill Everett e surgiu em sua própria revista, Daredevil 01. Desde então, é publicado pela Marvel Comics.
Uau! Obrigada pelo post… muito feliz.. mesmo!!!
Demolidor é minha paixão nos quadrinhos. Sou muito, muito fã. Eu o considero um personagem diferenciado na Marvel. Como você disse, nunca teve os holofotes que Homem-Aranha, X-Men ou Vingadores receberam. E, talvez, por conta exatamente disso, tenha tido sempre a sorte de ter bons roteiristas e artistas (claro, com suas exceções)
Já li em algum lugar na net… talvez em sites gringos… que os fãs do Demolidor são amplamente fiéis… talvez seja verdade…
Gostei da lista. É um top 10 bem legal. Eu só acrescentaria algum arco da Era de Prata. Talvez a primeira edição (vol.1 01), com a origem do personagem… Mas ficou bacana. Pela limitação da proposta, eventualmente vários títulos ficaram de fora. Então, peço licença para acrescentar mais alguns:
Vou pular a fase anterior a Miller… mas há algumas coisas bacanas antes dela. Sem dúvida…
Bem, vamos lá…
“Demolidor – Redenção”, com roteiro de David Hine e arte de Michael Gaydos. Recomendadíssimo!!! Nela, o personagem central não é o Demolidor, mas o advogado. A história é baseada em um fato real. Para saber mais, assista ao documentário: “Paradise Lost”….
“Demolidor – Amarelo”. Da série “cores” da Marvel (Hulk Cinza, por exemplo…), belíssima minissérie, produzida pela dupla Joeph Loeb e Tim Sale, trazendo nosso herói em um momento amargurado (pra variar), após a morte de Karen Page. A história é narrada em forma de memórias do personagem, em uma carta escrita por ele à sua amada…
Demolidor Pai – aqui, Joe Quesada mostra mais uma vez o quanto é fã do Homem Sem Medo. A relação entre Matt e seu pai… uma decisão tomada em sua infância… tragédias que se sucederam… muito bom…
Heróis Sem Poderes – aqui, apesar de não ser o único personagem central (Peter Parker e Logan também dividem a cena), Matt Cherniss e Peter Johnson (roteiro) e Michael Gaydos (lápis) apresentam uma bela história de personagens que, mesmo sem poderes, tentariam fazer o melhor possível.
Demolidor: Jack Batalhador Murdock. Da dupla: Zeb Wells e Carmine Di Giandomenico. Como o próprio título sugere.. a história tem como personagem central o pai de Matt, numa sequência que levaria à morte do personagem.
Demolidor: Amor e Guerra. Graphic Novel, sob a batuta da dupla Frank Miller e Bill Sienkiewicz. Aqui vemos um rei do crime humanizado, com sua esposa doente. A arte é incrível, o roteiro é envolvente. Um clássico…
Demolidor e Viúva Negra – Abattoir (inédito no Brasil) – violento, tenso… um drama psicológico envolvendo a Viúva Negra e seu antigo amor e parceiro, Demolidor. Agentes da SHIELD assassinados de forma brutal… uma dupla de psicopatas. Pena que nunca saiu por aqui. Da dupla: Jim Starlin e Joe Chiodo.
Enfim… eu teria outras indicações (é meu personagem favorito, lembra?), mas fico por aqui. Esta fase atual, com Mark Waid e, primeiro o artista Paolo Rivera e posteriormente Chris Samnee, nos remete muito à Era de Prata, com personagens e situações daquela época. Mas por baixo da aparente leveza das histórias, Waid nos possibilita identificar uma máscara do personagem, tentando passar ao mundo segurança, superação, alegria…. mas os indícios de que nem tudo anda bem estão lá… compensa acompanhar toda a obra.
Fico feliz da Panini nos brindar com esta fase em encadernados.
Com a série de TV chegando, espero ansiosa por novas publicações direcionadas à colecionadores, com acabamentos de luxo. As fases Ann Nocenti, Brian M. Bendis e Ed Brubaker merecem encadernados em capa dura… além dos outros títulos citados…
torcendo muito aqui, já com o cofrinho na mão…
abração, e obrigada.
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Oi, Lucy! Muito legal o seu relato. Realmente, o Demolidor é um diferencial nas HQs. E suas sugestões são excelentes! Daria para fazer um volume 2 só com elas.
Valeu mesmo!
Um abração!
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Excelente guia, vou pegar algumas recomendações da Lucy que ainda não tenho na coleção. Realmente Demolidor é um herói diferenciado e essa série que vai estrear em abril parece estar a altura do seu cânone, principalmente a fase Miller.
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psicologia levada ao extremos tensao viradas de vida etc…eu poderia ficar elogiando frank miller por muito tempo mas o que ele fez com p demolidor e escepcional e fantastico
posso dizer tambem que pra mim(pra mim) kevin smith apenas recriou o conceito de frank no seu arco o diabo da guarda.Mas um um homem que sabe
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psicologia levada ao extremos tensao viradas de vida etc…eu poderia ficar elogiando frank miller por muito tempo mas o que ele fez com p demolidor e escepcional e fantastico
posso dizer tambem que pra mim(pra mim) kevin smith apenas recriou o conceito de frank no seu arco o diabo da guarda.Mas um um homem que sabe escrever algo tenso de forma leve é Mark waid.. vlw
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Adicione também A Queda do Rei do Crime, Sensacional.
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