Duas notícias que despertam sentimentos bem distintos… Primeiro, o quarto filme solo do Capitão América no MCU confirmou que terá uma mudança de título (além de alguns outros detalhes), enquanto as HQs do personagem sofrerão um retcon nas mãos do polêmico escritor J.M. Straczynski, o criador da série Babylon 5.

Primeiro aos filmes… Uma postagem no Twitter do ator Anthony Mackie terminou confirmando um rumor que tinha aparecido dias antes: o quarto longa solo do sentinela da liberdade mudou de título. Antes chamado de New World Order, o filme agora se chamará Brave New World. A confirmação se dá porque a foto exibe a logo com o novo nome na cadeira do diretor, que aparece ao fundo.
Há algumas coisas a pensar dessa mudança… Nova Ordem Mundial (um título geralmente associado à tentativas – criminosas? – de mudança radical do status quo geopolítico) é o nome de uma velha história do Hulk no qual o vilão Líder traça um plano de tomar o poder político do mundo, mas é detido pelo gigante verde. E o Líder é realmente um dos vilões listados no filme, mas não se sabe exatamente como o personagem aparecerá no contexto do MCU. Samuel Sterns, o cientista que se torna o Líder apareceu em O Incrível Hulk, o segundo filme do MCU, em 2008, e a trama sugeria sua transformação no vilão de cérebro ampliado que contrasta a força bruta do Hulk, mas isso não foi explicitado realmente.
O novo título, Brave New World – usado em um disco do Queen, por exemplo – é uma expressão típica da ficção científica geralmente associada a futuros distópicos.

O que se sabe concretamente é que Captain America – Brave New World (algo como Capitão América – Bravo Mundo Novo) será uma sequência de Vingadores – Ultimato e da série de TV Falcão e o Soldado Invernal. No primeiro, Steve Rogers viaja no tempo e gasta algumas décadas vivendo seu “final feliz” com Peggy Carter, seu amor da década de 1940, e retorna ao presente já idoso para entregar seu escudo para Sam Wilson, o Falcão. Na segunda, o Falcão precisa refletir sobre a possibilidade de substituir seu velho amigo e uma ameaça global e uma tentativa frustrada de criar um “novo Capitão América”, terminam por convencer Wilson a assumir o manto.
Brave New World trará as consequências de Sam Wilson ser o novo Capitão América e sua luta contra novas ameaças. O ator Harrison Ford substitui o falecido John Hurt no papel do general Thaddeus Ross, que será agora o novo presidente dos Estados Unidos, enquanto a ameaça geral será o Líder, mas outros criminosos devem aparecer, como a Sociedade da Serpente (embora eles devem apenas cumprir o papel de movimentar a trama no primeiro ato, sem nenhum aprofundamento).

Um pequeno detalhe é que a foto de Mackie mostra Harrison Ford sem bigode no set de filmagens, sugerindo que o personagem gen. Ross também abandonará o seu característico pelo facial no filme. Talvez para criar uma imagem mais interessante para o seu novo cargo? Os fãs acham mesmo que a dispensa do pelo facial se dá por outro motivo: sua transformação em Hulk Vermelho. Nos quadrinhos da Marvel dos anos 2000 houve a aparição de uma misteriosa versão vermelha do Hulk e após algum tempo de mistério sobre quem ele seria, foi revelado que era ninguém menos do que o gen. Ross. Mas os quadrinhos mantiveram a inconsistência de Ross ostentar um bigode e perdê-lo quando se transformou no seu Hulk, o que não fazia nenhum sentido.
Todos esperam que Ross irá se transformar no Hulk Vermelho nesse filme, talvez pela ação maliciosa do Líder, e a contratação de um ator do primeiro time como Harrison Ford só reforça isso.
O filme chega aos cinemas mundiais em 03 de maio de 2024.

Passamos, então, a outra mídia…. os quadrinhos. A Marvel Comics anunciou que o escritor J.M. Straczynski irá retornar à editora e assumir a revista do Capitão América. E mais: vai mexer no passado do personagem! Sim, calafrios (no mal sentido) nos acometem.
Além de seu trabalho na TV, Straczynski ficou famoso no início dos anos 2000 ao assumir as histórias do Homem-Aranha na Marvel, disposto a trazer uma carga de inovações ao personagem. E no início, ele entregou tramas muito interessantes, porém, em seguida, começou a incomodar e escandalizar os fãs veteranos com tramas que mexiam demais no passado de Peter Parker, inclusive, criando uma absurda trama retroativa na qual Gwen Stacy (a namorada que morreu) engravidou secretamente de Norman Osborn, o homem que era o Duende Verde, o maior inimigo do Aranha e que matou a jovem em uma história de 1973. E que os filhos gêmeos já eram adultos que iam combater Peter no presente.
E para fechar, o roteirista assinou a infame história One More Day, na qual para salvar a vida de sua Tia May, Peter faz um pacto com o diabo (sim, isso mesmo) que tem como preço o sacrifício de seu amor com Mary Jane, resultando no casamento dos dois sendo apagado da história. Sim, é melhor nem aprofundar mais…
O final dessa trama não foi tranquila e Straczynski terminou se demitindo da Marvel, embora tenha voltado alguns anos depois para escrever uma boa temporada com o retorno do Thor, após alguns anos afastado.

Para o Capitão América, o escritor promete criar uma história com um inimigo sobrenatural cuja trama irá entrelaçar passado, presente e futuro. O ponto focal, diz o autor na nota oficial, é o período do passado, entre a morte dos pais de Steve Rogers e o momento em que ele se torna o Capitão América, um tempo que nunca foi muito explorado nos quadrinhos.
Nas HQs, Steve Rogers teve uma infância pobre no decadente Brooklyn do início do século XX, com o pai morrendo na I Guerra Mundial e a mãe trabalhando como lavandeira, morrendo cedo. O órfão Steve era um garoto magro e repleto de doenças, que procurava sobreviver como artista gráfico, desenhando cartazes e coisas do tipo, até o movimento de guerra recomeçar na Europa e ele tentar se alistar e não ser aceito por sua condição física, mas sua determinação chamar a atenção de um general que o leva ao Projeto Renascimento, que resulta em ele ser inoculado com o Soro do Supersoldado e se tornar o Capitão América. (Saiba mais no Dossiê Especial do HQRock sobre o Capitão América).
Mas, apesar das HQs explorarem bastante as minúcias da transformação de Rogers no herói, nunca entraram em detalhes sobre sua vida anterior. E é isso que Straczynski irá fazer e associar a uma ameaça do presente com implicações ao futuro.
A nova fase de J.M. Straczynski terá o desenhista Jesús Saiz e estreia em setembro deste ano. Um pouco antes – em julho – a Marvel lançará a edição comemorativa Captain America 750 com várias versões do herói, trazendo Steve Rogers, mas também seu substituto, o Sam Wilson, que antes foi o Falcão, mas também empunha o escudo em histórias atuais.
O Capitão América foi criado por Joe Simon e Jack Kirby em Captain America Comics, de 1941, mas ficou ainda mais famoso após ser reinventado em 1964 por Jack Kirby e Stan Lee dentro do nascente Universo Marvel como o conhecemos.

