Os Supremos 2: sequência de uma das melhores histórias dos Vingadores já publicadas.

No início dos anos 2000, a editora Marvel Comics decidiu dar uma renovada em seus personagens. Mas, em vez de fazer um reboot cronológico como a Distinta Concorrente, simplesmente criou um universo paralelo para que os grande autores da época escrevessem versões mais duras, realistas, sombrias e atuais de seus personagens clássicos. Era o Universo Ultimate, que estreou com o Homem-Aranha Ultimate de Brian Michael Bendis e Mark Bagley, em 2002.

Seguiram-se outros experimentos, como os X-Men Ultimate de Mark Millar e Andy Kubert, mas o melhor produto mesmo do Universo Ultimate foi o lançamento de The Ultimates (Os Supremos, no Brasil), em 2004: uma maxissérie em 12 partes que contava a origem de uma versão mais moderna dos Vingadores, escrita por Mark Millar e desenhada por Bryan Hitch.

Mark Millar era um nome em expansão nos quadrinhos na época. Nasceu na Escócia e começou a carreira nos quadrinhos britânicos e iniciou sua carreira norteamericana na DC Comics em participações esparsas em Swamp Thing (o Monstro do Pântano), Liga da Justiça e Flash. Mas foi no selo Wildstorm que fez seu nome, ao assumir a revista Authority, abordagem realista, violenta e meio louca sobre os super-heróis vivendo no mundo real.

Depois, fez seu nome principalmente na Marvel, onde produziu histórias do Universo Ultimate, com os X-Men, Quarteto Fantástico e os Vingadores. No Universo Marvel tradicional, escreveu Wolverine e a minissérie/ megaevento Guerra Civil. Pelo selo autoral da Marvel, Icon, produziu alguns grandes sucessos de crítica, como Kick-Asse fora, em outras editoras, O Procurado (ambos já adaptados ao cinema).

O escritor Mark Millar: polêmico e falastrão, mas um grande escritor.

Bryan Hitch é britânico e trabalhou na Marvel UK, antes de migrar para a DC, onde fez a Liga da Justiça, juntamente a Mark Waid. Também trabalhou em The Authority, com o escritor Warren Ellis; movendo-se em seguida para a Marvel, onde fez o Universo Ultimate, em Supremos e Quarteto Fantástico. No Universo Marvel tradicional, seu principal trabalho foi na minissérie Captain America: Reborn, entre 2009 e 2010.

O Volume 01 de Os Supremos, publicado entre 2004 e 2006, com muitos atrasos (por causa da lentidão dos traços detalhados e realísticos de Hitch e do envolvimento de Millar com vários outros projetos), é tido como uma das maiores obras de quadrinhos dos anos 2000 e foi a principal influência para a versão cinematográfica dos Vingadores: Nick Fury e a SHIELD decidem reunir os superseres que estão surgindo por aí em uma equipe para combater uma grande ameaça à Terra, a invasão alienígena dos Chitauri.

Homem de Ferro, Thor, Gavião Arqueiro, Viúva Negra, Gigante e Vespa se unem, mas tudo só ganha sentido mesmo quando o Capitão América é resgatado após sete décadas em animação suspensa. E, além dos aliens, também combatem o Hulk, que termina entrando para a equipe depois.

Mas o diferencial da revista era mesmo a abordagem radical de seus personagens: um Nick Fury sem escrúpulos para fazer o que acha certo; um Capitão América mais durão e à moda antiga com seus valores; um Homem de Ferro ainda mais egocêntrico; um Thor que é tido como um hippie maluco, já que ninguém acredita que ele é o deus nórdico do trovão; um Hulk absolutamente animal e selvagem como nunca se viu jamais; o Gavião Arqueiro como um agente frio da SHIELD; a Viúva Negra como uma espiã de verdade; uma Vespa de origem oriental e um Gigante/Hank Pym meio louco e violento, que bate na mulher.

Isso sem contar a ambientação em um mundo pós-11 de setembro, carregado de moral dúbia.

Os Supremos Volume 01 já foi publicado três vezes no Brasil: na revista mensal Marvel Millenium: Homem-Aranha; depois em um encadernado de luxo em 2007; que foi reeditado no início de  2012 para acompanhar a onda do filme Os Vingadores.

Capa do Volume 01. Também nas livrarias.

Porém, o Volume 2, produzido pela mesma dupla criativa e que mostra as consequências mundiais do surgimento dos Vingadores, só havia sido publicado no Brasil dentro daquela revista mensal e nunca reunido em um encadernado para livrarias.

Isso agora mudou. A Panini Comics, que edita o material da Marvel no país, lançou Os Supremos 2. Embora não tenha o mesmo impacto (e talvez nem a mesma qualidade) do primeiro volume, ainda assim, é uma das melhores histórias em quadrinhos da última década e uma leitura que – como sempre nas obras de Mark Millar – causa reações e emoções conflitivas no leitor. É um texto que provoca, como é grande parte das grandes obras.

Infelizmente, os volumes seguintes da série The Ultimates (3, 4, Ultimate Avengers etc.) foram produzidos por autores que não entenderam a proposta dos dois primeiros volumes e produziram apenas histórias convencionais, algumas até de gosto bem duvidoso. Os Volumes 1 e 2, por sua vez, foram adaptados como desenhos animados em longametragem pela própria Marvel e podem ser vistos em DVD.

Os Supremos vol. 2  reúne as 13 edições da série mensal The Ultimates Vol. 2, além de vários extras , como galeria de capas, esboços, comentários dos autores etc. O livro tem 408 páginas e capa dura. O preço sugerido é de R$ 89,00.

Os Vingadores surgiram em 1963, criados por Stan Lee e Jack Kirby, publicados em The Avengers 01, reunindo personagens já criados previamente. Mais importante supergrupo da Marvel Comics, fazer parte da equipe significa ter um status diferenciado de importância no Universo da editora.

Os Supremos, a versão moderna dos Vingadores no Universo Ultimate da Marvel, foi criada por Mark Millar e Bryan Hitch em The Ultimates 01, de 2004.