
O site Latino Review trouxe um grande e detalhado conjunto de rumores sobre Batman Vs. Superman, título de trabalho da sequência de Superman – O Homem de Aço, o reinício da franquia cinematográfica da Warner Bros. sobre o personagem da DC Comics, que colocará o homem-morcego contra o último filho de Krypton, resultando no primeiro encontro cinematográfico dos dois mais icônicos de todos os super-heróis. As fontes do site – que tem um altíssimo número de acertos – afirmam ter tido acesso a uma versão inicial do roteiro do filme, escrito por David S. Goyer, que traz a descrição do personagem (e vilão) Lex Luthor, a abordagem à Bruce Wayne na trama e uma cena envolvendo esses dois milionários.

Primeiramente, Bruce Wayne iria a Metrópolis com um duplo objetivo: ajudar – por meio de sua empresa a Wayne Enterprises (cujo o logo já apareceu em O Homem de Aço) – na reconstrução de Metrópolis (após a batalha do Superman contra Zod no filme anterior); e também para investigar o Superman. Batman tem um interesse no último filho de Krypton e pensa que ele pode ser útil.

Já Lex Luthor terá uma abordagem ligeiramente diferente dos quadrinhos (na verdade, remetendo às atingas versões do personagem). Segundo o site, Luthor vivia na rua na adolescência; participou de gangues a partir dos 14 anos e, logo, se tornou líder delas; até por fim se tornar um milionário aos 18 anos. O empresário é careca (numa abordagem mais realista, raspa a cabeça por causa da calvice precoce) e tem uma tatuagem do skyline de Metrópolis no braço direito.
Desde os tempos das gangues, Luthor aprendeu que sempre há alguém mais forte, mas nunca alguém mais inteligente. Como nos quadrinhos, o vilão será um gênio completo, que usa sua inteligência para acumular poder. Lex é a LuthorCorp e a LuthorCorp é Metrópolis. Ele domina a cidade totalmente.

Por isso, vê o Superman como um alienígena invasor. Luthor estuda uma maneira de matar o homem de aço e se livrar de um problema.
Há ainda uma descrição de cena, advinda do início do filme, com um encontro entre os dois empresários. Aparentemente, Bruce Wayne decide ir a Metropólis contribuir para a reconstrução da cidade e, para isso, precisa fazer acordos e parcerias com a LuthorCorp. O encontro dos dois empresários é tenso. Há um passado entre eles: Bruce acha Lex amoral e arrogante; enquanto Lex pensa que o outro é um garoto mimado, riquinho de berço; enquanto ele conquistou tudo o que tem com as próprias mãos.

Após uma conversa tensa, que termina com um acordo empresarial frio, Wayne sai da sala; enquanto Luthor pensa em uma alternativa para deter o homem de aço de uma vez por todas: o Batman!
Que tal?
É importante lembrar que, apesar de verossímil, isto ainda é um rumor. Além disso, mesmo que seja verdadeiro, como vem de uma versão inicial do roteiro, pode ter mudado.
Por fim, uma outra notícia coletada pelo site Comic Book Movie: a Warner Bros. registrou o domínio de internet com o nome de Man Of Steel – Flight or Fight, literalmente, O Homem de Aço – Voar ou Lutar. É possível que este seja o novo título do filme ou um slogan para ser usado na campanha de marketing. Manter Man of Steel no título parece ser a tendência do estúdio, para reforçar que este filme é uma sequência de O Homem de Aço.
Quem sabe?

Em Batman Vs. Superman, título de trabalho do novo filme, um Batman mais experiente irá se contrapor ao recém-surgido Superman, criando algum tipo de conflito entre ambos, mais ou menos nos parâmetros da minissérie Batman: O Cavaleiro das Trevas, escrita e desenhada por Frank Miller, em 1986. Segundo os informes até agora, será um “novo” Batman e não uma sequência da Trilogia Cavaleiro das Trevas, embora a premissa de um homem-morcego mais experiente seja justamente adequada a isso.
A Mulher-Maravilha também terá uma (pequena?) participação no filme. Lex Luthor deve ser o vilão principal, mas haverá outro antagonista, provavelmente, mais físico, que pode ser alguém como Doomsday (Apocalypse), Metallo ou Parasita. A cidade de Detroit será o modelo para Metrópolis e para Gotham City também. As filmagens já começaram no Estado de Michigan.
Batman Vs. Superman será produzido por Deborah Snyder, escrito por David S. Goyer (dos filmes do Batman e O Homem de Aço) e dirigido por Zack Snyder (de 300 e Watchmen), funcionando como uma sequência de Superman – O Homem de Aço. O elenco trará de volta Henry Cavill (Superman/Clark Kent), Amy Adams (Lois Lane), Laurence Fishburne (Perry White) e Diane Lane (Martha Kent), maisos novatos Ben Affleck (Batman/Bruce Wayne), Gal Gadot (Diana Prince/ Mulher-Maravilha), Jesse Eisenberg (Lex Luthor) e Jeremy Irons (Alfred Pennyworth). As filmagens já começaram e o lançamento é em 06 de maio de 2016.
Superman foi criado por Jerry Siegel e Joe Shuster em 1938 e desde então é publicado pela DC Comics.
Batman foi criado pelo cartunista Bob Kane em 1939 e desde então é publicado pela DC Comics.


Lex Luthor tomou muita paulada na rua e ficou com cara de retardado.
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Somente em maio de 2016?? Achei muito tempo…
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Também acho, Fred, mas é a maneira de filmar Liga da Justiça junto.
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Bem, qualquer coisa, se Luthor provocar demais, o Superman pode quebrar o pescoço dele ou, quem sabe, arrancar um braço, ou algo do tipo… afinal, ele é fodão…
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Puxa, Lucy, que maldade… rsrsrsrs…
O Superman não faria isso não. O Zod foi uma exceção…
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Pois é Irapuan, mas a lucy levantou bem o x da questão: o que impede um superser praticamente onipontente de sair quebrando pescoços por aí? O Superman velha-guarda multiversico teria essa resposta na ponta da língua…
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Concordo totalmente, Jorge.
Mas procuro entender a lógica de Snyder-Goyer-Nolan: O HOmem de Aço traz um Superman iniciando a carreira, ainda aprendendo a usar seus poderes e sem ter a dimensão de sua importância e simbologia.
Um Superman sem experiência e sem conhecer bem as dimensões de seu próprio poder poderia ter feito aquilo que Henry Cavill faz no fim do filme. Nessas condições, o que mais ele poderia fazer?
Inclusive, penso que esta deve ser a temática da sequência em 2016: Superman se tornando o Superman que conhecemos: tendo que lidar com o fardo das consequências da destruição do filme anterior e emergindo como aquele símbolo de esperança que conhecemos (mas não uma unanimidade, daí Luthor).
O papel de Batman também irá nessa linha: primeiro como antagonista; em seguida, um tipo de tutor do Superman, um vigilante ligeiramente mais velho e mais experiente, que irá ajudá-lo a lidar com a representação do vigilantismo… e suspeito com a identidade secreta também.
Ou seja, Man of Steel 2 é quem vai trazer o verdadeiro Superman.
Claro que, dito isso, espero que Goyer-Snyder sigam essa linha e não façam do Superman um quebrador de pescoços em tempo integral.
Mas Hollywood é Hollywood…
Um abração!
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Irapuan, peço licença para escrever (muito)…
Só hoje pude ler sua resposta. Veja bem… toda essa questão do Superman quebrador de pescoços. Nos quadrinhos ele vem fazendo mais, mesmo que em realidades alternativas… partindo pessoas ao meio, arrancando braços, matando a rodo…
Interessante foi a última edição de Superman/Wonder Woman…. Zod dá um cacete no Superman, e no final o deixa ir. Diz que “hoje ninguém morre”. E a Mulher Maravilha repete… ninguém morre hoje… bem… bem…
Mas sobre o filme… Assim como Superman II de 1982, esse último também é uma alegoria do “mundo real” dentro da conjuntura em que os EUA estão vivenciando.
Se em 1982 o “inimigo” da vez era a URSS (afinal, vivíamos um mundo bipolar em que os dois donos do mundo ficavam disputando quem tinha aquilo mais roxo enquanto nós (vira-latas) latíamos em defesa de um ou de outro… tsc (ainda fazemos isso, ingenuamente)
O Zod e seus asseclas daquele filme eram o estereótipo do soviético. Lembrando que, assim como até o início dos anos 80 os soviéticos nunca tinham ouvido falar em Beatles, os estadunidenses não tinham ideia de como era do outro lado da cortina de ferro. Imaginavam o povo soviético frio, sisudo, robótico e seguidores cegos do partidão. De outro lado, os soviéticos imaginavam os ocidentais altamente egoístas, que só pensavam em si (individualismo é uma premissa do liberalismo, lembra?) e que não exitariam em vender a própria mãe em troca de dinheiro…de poder…
A Rússia era sempre apresentada (nos filmes e livros) como um lugar extremamente frio, cheio de neve e quase sempre escuro…
Pois bem… Zod e os seus foram representados assim. Ajoelhe-se diante de Zod é a URSS falando aos EUA. E o Superman prometendo ao presidente dos EUA, com a bandeira estrelada em punho, que nunca mais iria abandonar o povo daquele país. Ai daqueles que ameaçassem o estilo de vida americano… a liberdade, a torta de maçã, a manteiga de amendoim e o café da manhã mais gorduroso que existe no mundo.
A política sempre esteve presente na mídia de entretenimento dos EUA. Há uma propaganda feroz que daria inveja a Hitler e em menor grau, a Getúlio Vargas. O presidente sempre é pintado como um herói (lembra de Independence Day?), Washington sempre a capital do mundo que é destruída pelo inimigo monstruoso. A estátua da liberdade é a próxima da lista.
O presidente estadunidense é sempre pintado como o líder do planeta. Já percebeu que nunca o vilão vai atrás do secretário geral da ONU? Por que será? Será que é por que os EUA não estão nem aí para essa organização e o resto do mundo, e agem à revelia do Conselho de Segurança?
Confesso que gostaria de ler quadrinhos e livros, e assistir filmes produzidos pelos “inimigos” dos EUA, só pra ver se a fórmula acontece no lado oposto também (tenho certeza que sim… imagina filmes norte coreanos com estadunidenses com chifres e rabos, dentes pontudos e soltando fogo pela boca)…hahaha
O filme deste ano também tem uma mensagem política e ideológica muito forte. O estrangeiro terrorista. O estrangeiro ameaçador… não só o que vem de longe para atacar e destruir. Mas o estrangeiro que vive no país desde sempre.
Mesmo que viva nos EUA desde que era um bebê.
Kal-El é o iraniano, o paquistanês, o chinês, o mexicano que vive nos EUA, que foi criado como um cristão que acredita na culpa eterna e na caridade, e burguês de família oriunda dos caipiras pioneiros (a quem eles consideram os ‘verdadeiros americanos’. O mito da fundação comum em muitos países, inclusive no Brasil..).
Mas ainda assim, SEMPRE será alvo de desconfiança. Pois ele não é um americano de verdade. Apesar do discurso, ele não é o típico branco, médio, protestante. Assim como no Brasil, apesar do discurso liberal, somos um povo tipicamente racista, intolerante com tudo que é diferente, e amplamente conservador. Afinal, quando um negro pobre comete um crime, desejamos o pior para ele. Mas quando um jovem branco de classe média o faz… exigimos que ele seja bem tratado pelas autoridades corruptas e violentas…
Voltando ao Superman. Ele é o diferente, o estrangeiro. Mesmo que ele renegue seu próprio povo. Mesmo que ele extermine embriões que poderiam garantir a sobrevivência dos iguais a ele (ele simplesmente preferiu o genocídio de seu povo em nome dos humanos, ou melhor, dos EUA). Ainda assim, ele é o estrangeiro.
Zod é apresentado como o louco estrangeiro que vem ameaçar a pax americana, estereotipado como seu antecessor soviético. Mas agora, ele é o fanático monstro terrorista do Oriente, do mundo exterior, do mundo monstruoso. Só faltou ser um fanático religioso.
Mas veja que Zod, no início do filme, questiona a sociedade elitista kryptoniana. Ele ousa questionar a ordem…
E aquele que ousa questionar a ordem… bem… Lei de Segurança Nacional ou Anti-Terrorista nele…
Outro fator que me fez desgostar deste filme. Clark simplesmente preferiu ver seu pai terrestre morrer na sua frente pra manter sua identidade secreta. Covarde!! E o que dizer de Jonathan Kent? O que foi aquilo? Aquele não é o personagem que eu conheço. Que ensinou Clark a ser altruísta acima de tudo.
Bem… Superman matou? Oras, não havia outra solução… era aquilo ou os humanos/americanos iriam morrer… É o que os EUA dizem quando vão até os países do Oriente, da América Central e Caribe, da América do Sul ou qualquer outro lugar, com suas tropas, sua espionagem, sua política do Porrete… não há outra alternativa… não é possível ter “liberdade” sem quebrar alguns ossos… Em nome da liberdade, faz-se qualquer coisa…
Defende-se tanto a Liberdade, o princípio de igualdade em direitos, a ampla defesa.. mas ao invés de levarem Osama Bin Laden à Justiça, preferem matá-lo e descartarem o corpo. Afinal, não havia outra opção. Além de terem economizado o dinheiro do contribuinte em um longo julgamento. Vai que o réu conseguisse a simpatia dos jurados… ou algo muito podre dos EUA viesse à tona??? Melhor matar logo..
aliás… sabe-se lá se essa mensagem não está sendo monitorada. Essa é a lógica, não? O medo de ser acusado de terrorismo contra o Estado o faz recuar. É o panoptismo aplicado ao máximo. George Orwell se estivesse vivo teria que reescrever sua obra. Afinal, o mundo “livre” é o que mais vigia…em nome da liberdade… como é mesmo o nome que se dá a isso???
Bem, Zack Snyder é conhecido por ser um típico conservador. A ironia é ele ter sido o responsável por levar Watchmen aos cinemas. Bem… por outro lado, Alan Moore exigiu que seu nome não fosse citado… o velho barbudo, em sua excentricidade, estava certo, a ironia e a hipocrisia são gritantes.
300, por outro lado, faz jus a mensagem do Superman de Zack Snyder.. afinal, o estrangeiro também ali é apresentado como monstro. Tudo em nome da liberdade, claro (considerando que os gregos eram xenofóbicos, conquistadores cruéis, escravagistas, elitistas, machistas, matavam e pilhavam sem dó nem piedade e ainda consideravam qualquer um que não fosse grego, um bárbaro…). E mesmo com todas as características típicas dos povos gregos naquela época, eles são apresentados como um modelo a seguir. Belos, guerreiros, justos, defensores da liberdade, contrários a escravidão… Bem… A famosa obra de Heródoto (História) que narra a batalha do filme ainda é mais recomendada para se entender quem eram os gregos…
Por sua visão conservadora, o Superman de Snyder transmite exatamente o que ele (e muitos estadunidenses e outros de diferentes países) pensa do OUTRO, do estrangeiro, do alienígena… ele é o Heródoto dos nossos tempos.
Ainda bem que não é unanimidade, nem nos EUA, nem no restante do mundo. Ainda há esperança…
Sem falar na destruição que ficou no final… cuidado, lá vem o Superman… destruição completa a vista. Assim como o Iraque, o Afeganistão, Hiroshima e Nagasaki, a Nicarágua, ou qualquer outro lugar a ser “pacificado”. Que se dane a população que vive ali… o resultado é o que importa… no final ele até mata o estrangeiro invasor para salvar uns dois ou três humanos…em nome da liberdade, claro…
Só para completar (afinal, escrevi pra caramba), falei do filme Superman II… quando o assisti nas primeiras vezes (nos anos 80), eu o achava o máximo. Mas veja só… nos últimos anos, quando volto a vê-lo, tenho outras impressões (algumas parecidas com as que tive com a versão atual)… Maldito seja Platão… o grego estava certo… quando finalmente saímos da caverna, o mundo deixa de ser apenas sombras… mas o conhecimento traz outras consequências: a ingenuidade escorre como água nas mãos.. e nunca mais vemos o mundo como antes… tsc..
abraços, desculpe o texto enorme…
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Oi, Lucy, gostei muito do seu texto e de suas referências políticas, sociológicas e filosóficas.
Concordo em parte com você. A ideologia política é inerente à arte do autor – e das empresas que os empregam. Os EUA têm um senso imperialista e isso reverbera na sua arte, seja a música, o cinema ou os quadrinhos.
O Superman tem elementos imperialistas. Especialmente na maneira como foi abordado nas décadas de 1950 e 1960. Mas como uma criação coletiva, o personagem já esteve sujeito a escritores de esquerda, de direita… conservadores e radicais… religiosos e ateus… judeus e cristão… Então, mantém em sua essência acumulada um pouco disso tudo.
Penso que Jerry Siegel realmente criou um protetor dos oprimidos. Basta ver as primeiras aventuras do Superman: combatendo políticos corruptos, salvando condenados inocentes da cadeira elétrica, ajudando trabalhadores braçais etc.
Com o tempo, o personagem começou a ser usado como propaganda ideológica: com o começo da Guerra, lá estava ele batendo em japoneses…
Mas são as contradições da vida.
Um personagem tão famoso, popular e usado em tantas mídias diferentes como o Superman (cada uma com abordagens distintas) termina saindo do controle de seus criadores. Podem até existir escritores conservadores e imperialistas, mas eles não podem mais hoje “controlar” totalmente o homem de aço.
Penso no Superman (e o Batman, e a Mulher-Maravilha… e o Homem-Aranha…) como algo maior do que a DC Comics. A DC é a dona “legal” do personagem. É quem ganha dinheiro legalmente com ele. Mas o Superman é mais.
É uma mitologia moderna. É um mito. O mito do herói. O mito do humano perfeito. Algo que ensejamos. “A luz que nos guia no caminho” como diz Jor-El nos filmes.
Tão importante quanto os textos de Dennis O’Neil com o Superman, é a representação social (simbólica) construída pelas pessoas comuns quando pensam no Superman. Acredito que é até mais.
É assim que as pessoas vêem o Superman: como um mito. Alguém a quem admiramos por seus feitos notáveis (e não apenas pelos poderes, mas pela bravura, coragem, altruísmo).
Conheço pessoas que nem lêem os quadrinhos, mas choraram ao assistir o trailer de Superman – O Retorno. Por causa do que ele representa.
Isso é maior do que o ranço imperialista que sobrevive em alguns criadores pequenos.
Concordo com sua analogia sobre estrangeiros, medo e terror dentro de O Homem de Aço. Mas infelizmente, é a tônica da sociedade em que vivemos, como você mesmo disse.
Por outro lado, acho até que David S. Goyer é um escritor mais consciente do que a maioria, pois seus filmes sempre têm situações extremamente relevantes do ponto de vista social. Lembra da cena das balsas em Batman – O Cavaleiro das Trevas? É o barco dos executivos, com os “cidadãos” da classe média quem quer explodir o outro barco. Na balsa dos prisioneiros, um criminoso homicida pega o controle da bomba e o joga pela janela.
Em uma história do Superman que escreveu para Action Comics 600, Goyer o fez renunciar à cidadania americana para não ser visto como um imperialista.
Então, penso que O Homem de Aço traz questões bem interessantes, inclusive, em suas dualidades. Zod não é totalmente mal. Vemos a dor em seus olhos quando mata Jor-El, que era seu amigo. Mas ele é movido por uma causa maior.
O que o filme faz é tratar da alteridade. Do ponto de vista kryptoniano, Zod estava certo. Não do ponto de vista da Terra. Qual vale mais?
É a mesma questão posta sobre o Superman.
Não quero chegar a respostas definitivas, pois não acredito nelas. Mas acho que mais do que respostas, podemos obter grandes perguntas em um filme como O Homem de Aço.
É certo o Superman quebrar o pescoço do Zod no fim do filme? Não.
É diferente das outras versões do Superman no cinema? Não!
Superman também mata o Zod (e Non e Ursa) em Superman II. E de maneira covarde: extrai dos poderes deles e os joga em um precipício. Mas faz isso rapidamente, sem drama, sem questionamentos. O próprio filme não enfatiza isso.
Existe inclusive uma cena – não exibida nos cinemas, mas por algum motivo maluco presente nas versões do filme exibidas na TV algumas vezes – em que após matar Zod e sua trupe e prender Luthor, o Superman destroi a Fortaleza da Solidão. Para selar ainda mais o destino de seus algozes.
As coisas podem ser mais brandas nos quadrinhos, mas o cinema é uma arte que traz uma moral mais dura e imediata. Não há espaço para o perdão no cinema de Hollywood. Plateia nenhuma se contenta com o vilão sendo preso. Ele tem que ser morto!
E repare, isso acontece não apenas nos blockbuster, mas nos filmes pequenos também. E até naqueles baseados em fatos reais, onde se muda o final para dar a “punição” adequada.
(E mais uma vez pensando em Goyer: o Coringa não é morto ao fim de O Cavaleiro das Trevas,. mas simplesmente preso).
O fim de Zod apenas atende a essa “demanda”.
E falando nisso, temos que lembrar que é sangue o que o público quer. Muitas das críticas existentes ao Superman é justamente que ele é muito bonzinho.
Vivemos uma era violenta. E queremos heróis violentos. É por isso que Wolverine faz sucesso. E o Batman também!
Mas como disse lá atrás (láááááááá atrás…) esse é exatamente o diferencial do Superman. Ele é a luz que nos guia no caminho. Não pode descer a esse nível.
Aceito a morte de Zod se for dentro de um contexto específico: Superman ainda está se tornando o Superman. Não haverá mais isso depois. Afinal, ele é o Superman.
Ok.
(claro, não sou ingênuo, a Warner solicitou isso para que o filme tivesse mais apelo com a audiência e o herói não fosse visto como tão bonzinho frente ao Wolverine)
Mas apesar disso, O Homem de Aço chegou perto (em alguns momentos) de mostrar porque o Superman é relevante. E trouxe algo daquele tom mitológico que descrevi.
Espero que o próximo seja melhor. Afinal, que melhor oportunidade para explorar a essência do Superman do que o contrapor ao violento e algo niilista Batman?
É isso.
Obrigado por proporcionar um debate de tão alto nível , Lucy.
Um grande abraço!
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