Na última quarta-feira, dia 30 de novembro, faleceu a cantora, tecladista e compositora Christine McVie, famosa por sua passagem na banda Fleetwood Mac, um dos grupos de maior sucesso na história do rock. O comunicado oficial da família dela, endossado pelas contas das banda nas redes sociais, informam que ela morreu de modo pacífico e cercada pela família em um hospital após uma batalha curta contra uma doença.

Não há ainda detalhes sobre qual doença e qual a causa exata da morte.
Nascida Christine Perfect em 1943, em Bouth, em Lancashire na Inglaterra, ela aprendeu a tocar piano na infância e foi estudar numa escola de belas artes em Birmingham, onde montou suas primeiras bandas, antes de se envolver com a cena de R&B de Londres. Após sua graduação, formou a banda Chicken Shack, que conseguiu um modesto sucesso no Reino Unido e a canção I’d rather go blind chegou ao Top 20 das paradas em 1969. Foi nessa época que ela conheceu e se casou com o baixista John McVie, da banda Fleetwood Mac, de quem assumiu o sobrenome artístico algum tempo depois.

Em 1970, Christine deixou o Chicken Shack e lançou seu primeiro álbum solo, Christine Perfect, que não fez sucesso nas paradas, mas foi bem recebido pela crítica. A aproximação com McVie fez com que ela passasse a pontualmente acompanhar o Fleetwood Mac como pianista e tecladista de apoio, o que, após uma grave crise interna na banda, terminou por fazê-la ser integrada oficialmente ao grupo, em 1971.
Antes do ingresso de Christine McVie, o Fleetwood Mac foi uma das mais importantes bandas do blues rock britânico. O conjunto foi formado em 1967 pelo trio Peter Green (guitarra), John McVie (baixo) e Mick Fleetwood (bateria), que tocavam juntos no John Mayall’s The Bluesbreakers, a mítica banda de blues de maior sucesso em Londres nos meados da década. Green ingressaram nos Bluesbreakers substituindo Eric Clapton, que saíra para formar o Cream. Mas cerca de um ano depois ele e seus colegas saíram dos Bluesbreakers em represália à política de proibição de álcool e drogas de Mayall.

O Fleetwood Mac estreou nos palcos de festivais e clubes e causou uma grande sensação no público da Inglaterra e em seu apogeu contava – além do trio original, com os guitarristas Jeremy Spencer e Denny Kirwan – lançou três álbuns e conseguiu muitos sucessos nas paradas britânicas, como Black magic woman, Man of the world, Albatross e Oh Well, mas começou a se desfazer em 1970, com as sucessivas saídas de Green e Spencer, por problemas mentais causados pelo abuso de drogas.

Assim, Christine McVie ingressou no Fleetwood Mac como um esforço de reestruturação da banda, ao lado do guitarrista, cantor e compositor Bob Welch, em 1971, e a banda lançou o álbum Future Games, que não foi bem sucedido nas paradas, iniciando um longo período de baixa para o grupo, que voltou ao circuito alternativo após ter sido uma das principais bandas britânicas.
Então, em 1974, a banda imigrou para os EUA em busca de novos ares e novos rumos e terminou adicionando dois novos membros chave: o casal de cantores e compositores Lindsey Buckinham (vocais, guitarra) e Stevie Nicks (vocais). A nova formação do Fleetwood Mac (Buckinham, Nicks, Christine McVie, John McVie, Mick Fleetwood) terminou por se transformar na versão mais popular e de maior sucesso da história do conjunto, se beneficiando de uma pegada menos marcada pelo blues e orientada diretamente ao rock mais leve e ao pop.

O novo grupo lançou o álbum Fleetwood Mac em 1975 chegou ao primeiro lugar das paradas dos EUA e trouxe os sucessos Over my head e Say you love me, ambas de autoria de Christine. Mas o melhor ainda estaria por vir, com o álbum Rumours (1977), que se tornou um dos discos mais vendidos de todos os tempos, outro número 01, e trazendo mais hits de McVie, como Don’t stop (seu maior sucesso), You make loving fun e Songbird, em conjunto com canções de outros membros, como Go your own way.
O Fleetwood Mac continuou lançando álbuns de sucesso, como Tusk (1979), Mirage (1982) ou Tango in the Night (1987), ao mesmo tempo em que as relações internas da banda se degrigolavam, resultando no fim dos casamentos dos dois casais do grupo. Os McVie já se divorciaram em 1977, mas permaneceram juntos na banda. Christine lançou um segundo álbum solo em 1984 (chamado Christine McVie, que rendeu o hit Got a hold on me) e deixou a banda em 1998, motivada por uma fobia de voar.

Ela passou os 15 anos seguintes meio longe dos holofotes, embora ainda tenha lançado seu terceiro álbum solo, In the Meantime (2004). Após um tratamento psiquiátrico para conseguir voltar a voar, ela retomou gradualmente a carreira e terminou por reingressar no Fleetwood Mac em 2014, quando o clássico lineup de Buckinham, Nicks, McVie, McVie e Fleetwood se reuniu e a tecladista permaneceu gravando e fazendo turnês com eles até 2019, quando a banda entrou em mais um hiato, ainda que ela tenha gravado um disco com Buckinham e feito turnês de seu trabalho solo.

Ter sido uma das vocalistas e compositoras do Fleetwood Mac e criado alguns de seus maiores sucessos quando a banda foi uma dos maiores venderores de discos da história torna Christine McVie uma das maiores cantoras e compositoras da história do rock e uma das mais bem sucedidas em todos os tempos.
Em 2022 mesmo, Christine deu uma entrevista à Rolling Stone dizendo que não sabia qual seria o futuro do Fleetwood Mac, ao mesmo tempo em que informava que não estava disposta a realizar novas turnês por causa de dores crônicas nas costas.
Será que isso estava relacionado à doença a que a vitimou?
Ela tinha 79 anos de idade.


