Em consequência à fusão que resultou na Warner Bros. Discovery e na criação do DC Studios para cuidar das franquias de cinema, a editora DC Comics ganha um novo presidente: o desenhista Jim Lee, que se torna também o Diretor Criativo da marca e continua a exercer o cargo de Publisher, que já ocupava antes.

Lee se tornou copublisher da DC Comics em 2011, ao lado de Dan Didio, sendo um dos responsáveis pela grande renovação editorial daquele ano que resultou no reboot Os Novos 52. Mas em 2020, Didio foi demitido e Lee permaneceu como único publisher e, a partir de então, como Diretor Criativo, dentro das mudanças resultantes da compra da Warner pela AT&T. Desde então, o conglomerado foi comprado de novo, agora pela Discovery, e as novas mudanças ampliaram mais ainda a ação do artista dentro da empresa.
Ser o novo presidente da DC significa que Jim Lee não apenas continua a liderar a criação na marca, mas também tem imput executivo nas decisões, ou seja, dentro das partes de negócio, que envolvem finanças. O The Wrap também informa que Lee prossegue respondendo a Pam Lifford, Presidente de Marcas Globais, Franquias e Experiências da WBD.
Jim Lee parece ser o nome certo para essa missão, pois reúne experiência criativa e de negócios, como editor. Desde que ascendeu aos cargos de direção da DC, já promoveu alguns movimentos produtivos, como aumentar a diversidade dos personagens, aumentar a internacionalização criativa da editora, a participação no mercado digital e criou um novo modelo de distribuição das revistas, largando o monopólio da Diamond Comics e utilizando duas outras empresas menores, UCS e Lunar.

Jim Lee nasceu em Seul, na Coreia do Sul, em 1964, mas emigrou com sua família para os Estados Unidos quando era criança, se estabelecendo em St. Louis, no Missouri. Grande fã de quadrinhos e desenhista autodidata, foi para a Universidade de Princeton, onde se formou em Psicologia em 1986, como um degrau para seguir a carreira na medicina, mas terminou abandonando tudo para perseguir o sonho de ser desenhista em tempo integral. Sua ascensão foi rápida: chegou à Marvel Comics em 1988, conseguindo sucesso na Tropa Alpha e no Justiceiro antes de se tornar uma das maiores atrações da casa desenhando os X-Men, a partir de 1989, justamente em sua fase de maior popularidade.
Depois de ver suas revistas batendo todos os recordes de vendagens – a sua X-Men 01, de 1991, ainda é o título mais vendido da história, com 8 milhões de unidades (!) – Lee deixou a Marvel e foi um dos fundadores da Image Comics, em 1992, um coletivo de artistas no qual cada um era responsável por um selo e tinha total liberdade artística e royalties. O selo de Lee foi o WildStorm, o mais bem sucedido da editora, tanto por meio de seus personagens próprios (WildCATs, Stormwatch, Deathblow e Gen13), como abrindo espaço para outros artistas, o que mostrou que Lee também era um ótimo editor, publicando material como Authority, Planetary e o selo de Alan Moore, America’s Best Comics; o que levou à DC Comics comprar a WildStorm em 1998, o que tecnicamente tornou o artista um dos editores da DC.

Dali em diante, além de ter produzido material de bastante sucesso na DC (Batman: Silêncio, Superman: Pelo Amanhã, Batman & Robin All-Star, Liga da Justiça: Os Novos 52), Lee foi gradualmente se tornando um editor mais importante, assumindo o cargo de copublisher ao lado de Dan Didio, em 2011, e o de publisher e diretor criativo da DC Entertainment, em 2020.

