Agora que o filme do Quarteto Fantástico teve seu elenco confirmado, foi aberta a temporada de especulações não somente sobre a trama e os vilões daquele filme, mas também de seus desdobramentos. E o mais famoso dele envolve um certo arauto do vilão Galactus: o Surfista Prateado, que ganharia um filme solo derivado, segundo o “insider” Daniel Richtman.

Para dizer a verdade, o boato do Surfista Prateado ganhar uma produção focada em si não é novo, pois já ronda o campo dos rumores desde que o Marvel Studios readquiriu os direitos da primeira família e de seu universo particular. Antes, se falava que Norrin Radd iria ganhar uma série própria no Disney+ e, depois, isso foi mudado para um dos Programas de Apresentação que foram pensados para personagens menos famosos: uma série de filmes especialmente desenvolvidos para a TV com o intuito de apresentar esses personagens e, caso fossem bem sucedidos, ganhariam suas próprias séries.

Mas agora, com a pré-produção de Quarteto Fantástico a todo o vapor, o rumor voltou. Daniel Richtman tem um bom histórico de acertos dentro dos “furos” de Hollywood, então, é uma fonte ligeiramente confiável, porém, ele não crava se a produção em torno do Surfista Prateado será um filme para o cinema ou um material do Disney+. Apenas que ele vai ocorrer em seguida ao lançamento da primeira família.
Todavia, já podemos prever, de antemão, que não será um dos Special Presentation: a política da Disney (empresa-mãe da Marvel) é agora fazer “menor quantidade com maior qualidade”, como já disse o CEO Bob Iger em inúmeras ocasiões, o que implica em diminuir (diríamos drasticamente) o número de produções da Marvel no Disney+, já que ele também já reiterou várias vezes que o foco principal “será no cinema”, que ainda é a fonte mais lucrativa do estúdio. E lembre: até hoje só houve um Special Presentation, com o Werenwolf by the Night e ele não foi bem recebido. Outras séries da Marvel também receberam críticas duras, como Invasão Secreta e Mulher-Hulk – Defensora de Heróis, enquanto outras foram recebidas de modo misto, como Ms. Marvel.
Então, nosso sentinela dos caminhos espaciais, se ganhar mesmo um produto focado em si, deverá ir ao cinema.

Também vale lembrar duas coisas: a primeira delas é que os rumores persistentes são de que tanto o Surfista Prateado quanto Galactus serão os oponentes do filme do Quarteto Fantástico, e se isso ocorrer, Norrin Radd deve ter um arco de redenção, tal qual nos quadrinhos, o que abriria as portas para um derivado seu.
A outra coisa é que outros rumores insistem que o filme da primeira família traria uma versão feminina do Surfista Prateado e que Anya Taylor-Joy seria a atriz favorita para assumir o papel. Também há boatos que dizem que o filme trará uma arauto de Galactus, mas que ela seria uma outra personagem, e não o Surfista. Existem precedentes para isso nas HQs, pois depois que o Surfista foi deixado na Terra, Galactus teve vários outros arautos (como o Air-Walker, o Senhor do Fogo e Terrax), e um deles foi Nova, uma personagem feminina, que surgiu em Fantastic Four 244, de 1982, por John Byrne.
Quem sabe?

Além de Taylor-Joy, logo, logo, devem começar os rumores sobre novas possibilidades para interpretar o personagem, que foi vivido (apenas voz) por Laurence Fishburne em Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado, de 2007, na série de filmes da Fox. Claro, também é possível que nem o Surfista nem Galactus apareçam no filme, e sim, o Doutor Destino. Quem sabe?

O Surfista Prateado foi criado por Stan Lee e Jack Kirby em Fantastic Four 48, de 1966, a primeira história da chamada Trilogia de Galactus, no qual o Quarteto Fantástico é comunicado pelo Vigia (um alienígena que monitora a vida na Terra) de que o planeta será alvo de Galactus, o devorador de mundos, uma entidade cósmica poderosíssima que precisa se alimentar da energia vital de planetas habitados para sobreviver. Ele envia à Terra seu arauto, o Surfista Prateado, para que ele examine se o planeta tem as condições necessárias, e ele é confrontado pelo Quarteto, que não tem como vencê-lo.

Enquanto Galactus se encaminha à Terra e começa os procedimentos de destruí-la, o Quarteto recebe a ajuda do Vigia para detê-lo, ao mesmo tempo em que o Surfista Prateado é sensibilizado pela humanidade de Alicia Masters, a namorada do Coisa, que é cega, e reencontra a sua própria humanidade “apagada” pelo devorador de mundos, no que ele ajuda o grupo a derrotar seu mestre. Galactus vai embora do planeta num acordo com Reed Richards, que (através do Vigia) detém o Nulificador Total – a única arma no universo capaz de matá-lo -, mas como punição pela insubordinação, cria uma barreira invisível que impede o Surfista Prateado de sair da Terra e voltar a singrar o cosmos.

A Trilogia de Galactus foi um dos maiores sucessos da Era Clássica da Marvel e um de seus grandes momentos, então, o Surfista Prateado logo retornou como coadjuvante da revista do Quarteto, aparecendo nas edições 55 a 61, 72 e 74 a 77, mais o Fantastic Four Annual 05, publicadas entre 1966 e 1968, todas por Lee e Kirby, histórias nas quais foi revelada a origem do personagem: Norrin Radd era um nobre habitante do planeta Zenn-La que, ao ser atacado por Galactus, se sacrificou para se tornar seu arauto em troca de poupar o planeta, algo que o devorador de mundos aceito, e Radd não pode mais voltar ao seu planeta natal nem à sua amada, Shalla-Bal.

A popularidade do personagem nos anos 1960 motivou a Marvel a criar uma revista solo para ele e Silver Surfer 01 estreou em 1968, com roteiros de Stan Lee, mas a arte de John Buscema, numa revista com o dobro do tamanho das tradicionais HQs da editora. A revista fez um grande sucesso inicial e é geralmente aclamada como um dos melhores trabalhos de Lee, porém, as vendas declinaram com o tempo e a revista foi cancelada no número 18, que extraordinariamente teve a arte feita por Kirby.
Sem revista, o Surfista fez algumas aparições em outras revistas da Marvel, especialmente do próprio Quarteto Fantástico, e de maneira até mais ampla em The Defenders (a revista dos Defensores, com Hulk, Namor e Doutor Estranho), mas Stan Lee (então, já como publisher e vice-presidente da Marvel) impôs uma regra de que apenas ele poderia escrever histórias solo do personagem, e como ele não tinha tempo, elas não ocorreram, com honrosas exceções na graphic novel de 1977, na qual Lee e kirby contam uma nova versão de sua história de origem sem o Quarteto Fantástico, e a one-shot de 1982 de Lee e John Byrne, além de outra graphic novel Parábola, escrita por Lee com desenhos de Moebius, em 1989.

Nos anos 1980, o personagem continuou, contudo, fazendo participações especiais por outros artistas, como na saga Guerras Secretas II, mas a Marvel decidiu relançar uma revista solo do personagem – sem o envolvimento de Lee – em 1987, escrita por Steve Englehart e desenhada por Marshall Rogers, que fez bastante sucesso. Depois que o roteirista se desligou da revista por conta de problemas editoriais, a publicação foi assumida pelo escritor Jim Starlin, com arte de Ron Lim, a partir do número 34, de 1990, na qual foi iniciada a segunda Saga de Thanos, que deu origem ao estrondoso sucesso de Desafio Infinito, a história na qual Thanos reúne a Manopla do Infinito, que foi adaptada nos filmes do MCU sem o Surfista Prateado.

