As fontes do MyTimeToShineH afirmam que o Marvel Studios estaria desenvolvendo uma série de TV do Capitão Britânia, super-herói que é líder do grupo Excalibur. O perfil tem um nível moderado de acertos no campo dos furos, portanto, precisamos tratar o tema com um pé atrás.

Não é impossível que aconteça, e uns seis anos atrás, o próprio Kevin Feige, presidente do Marvel Studios, confessou numa entrevista que estava discutindo a possibilidade de adaptar o personagem, porque recebia proposta de vários atores sobre o herói britânico. Sim, vários atores britânicos tinham o interesse em interpretá-lo e apresentavam projetos ao executivo, o que na linguagem de Hollywood chamamos de pitch.

Contudo, no contexto de “menor quantidade e maior qualidade” adotada pela Disney e propagada – inclusive hoje de novo – pelo CEO Bob Iger, é difícil de imaginar que a Marvel irá investir em um personagem tão obscuro a menos que tenha uma ideia muito, muito boa. Numa entrevista publicada hoje mesmo pela revista Empire, Feige disse que o parâmetro dos próximos anos será de dois filmes e duas séries por ano para a Marvel.

Como já sabemos que o foco no cinema será na franquia dos Vingadores mesmo, isso coloca a questão: a Marvel usaria a plataforma do Disney+ para projetos menos famosos, como o Capitão Britânia e retomar outros do mesmo nível, como Cavaleiro da Lua?

Veremos…

Por outro lado, é quase certo de que um desses atores britânicos que fez uma proposta a Feige sobre adaptar o Capitão Britânia teria sido Henry Cavill, que viveu o Superman no já extinto DCEU, e esses dias voltaram os rumores de que o astro teria assinado com a Marvel. Será?

O Capitão Britânia foi criado a partir de uma demanda editorial, porque a Marvel queria penetrar no mercado britânico, mas o lançamento da Marvel UK em 1972 não foi bem-sucedido, pois os ingleses tinham um mercado muito distinto, baseado em revistas de antologia (ou seja, histórias de vários personagens) com histórias de apenas 8 páginas publicadas semanalmente, bem diferente das revistas mensais de 24 páginas dos EUA baseadas em um único personagem.

Para contornar o problema, a editora decidiu lançar um herói britânico como ponta de lança de uma nova iniciativa. Assim, estreou a revista Captain Britain 01, em outubro de 1976, de periodicidade semanal. Como a Marvel não tinha uma equipe de criadores na terra da rainha, recorreu ao escritor Chris Claremont, que havia nascido na Inglaterra e era fascinado pelo país, que criou o personagem. Não é de conhecimento público quem criou o visual do herói, mas é quase certo ter sido John Romita, o diretor de arte da Marvel, que era o responsável pela criação da maioria dos novos personagens da editora. A primeira história foi desenhada por Herb Trimpe, que tinha passado anos como artista do Hulk e, na época, estava morando na Grã-Bretanha.

Claremont criou uma trama vinculada aos mitos arturianos tão caros aos britânicos e colocou Brian Braddock como herdeiro do Amuleto do Direito, que lhe confere uma série de super-poderes para proteger a Grã-Bretanha de ameaças místicas. Brian ganhou uma irmã gêmea na edição 08 de sua revista, Elizabeth “Betsy” Braddock, que possuía habilidades psiônicas (e no futuro se tornaria uma X-Men sob o nome Psylocke).

Apesar do esforço, a revista Captain Britain não emplacou de verdade, e Claremont deixou o título depois da 10ª edição, substituído por Gary Friedrich (cocriador do Motoqueiro Fantasma) nos textos, mas depois de 39 números, a revista foi cancelada e o personagem migrou para a revista do Homem-Aranha por um tempo até ter sua primeira leva de histórias interrompida. Como a linha inteira não ia bem, Stan Lee (o publisher da Marvel) contratou o britânico Dez Skinn como novo editor da Marvel UK, em 1978, que se encarregou de comissionar artistas britânicos para as novas aventuras. Parte disso resultou em novas aventuras do Cavaleiro Negro (outro herói britânico criado nos anos 1960 nas histórias dos Vingadores e também vinculado aos mitos arturianos) por Steve Parkhouse e John Stokes, (dentro de uma revista do Hulk, que fazia sucesso por causa de sua série de TV) e cujas tramas trouxeram o Capitão Britânia de volta.

Em 1980, o desenhista Paul Neary assumiu a editoria da Marvel UK e colocou uma nova série de aventuras do Capitão Britânia na revista Marvel Superheroes, a principal da linha (publicada desde 1972), com roteiros de Dave Thorpe e arte do novato Alan Davis, que redesenhou o visual do personagem, para um uniforme mais interessante e bonito, que estrou na edição 377, de 1981. Ainda naquele ano, um jovem Alan Moore (hoje famosíssimo por obras como Watchmen, V de Vingança, A Piada Mortal, Monstro do Pântano, John Constantine etc.) assumiu os roteiros e criou a fase mais aclamada do personagem, que migrou para a revista The Daredevils (que durou 11 edições) e depois para a Mighty World of Marvel.

Após a saída de Moore, em 1984, o desenhista Alan Davis escreveu as histórias por um tempo antes de Jaime Delano (que escreveria Constantine) assumir e uma nova revista Captain Britain (agora mensal) ser lançada em 1985. Quando outra crise nas vendas chegou, a Marvel UK chamou Chris Claremont de volta e, ao lado de Davis, ele criou o grupo Excalibur, em 1987, reunindo o Capitão Britânia, Meggan e três heróis advindos de sua série mutante: Noturno, Lince Negra (Kitty Pryde) e Fênix (Rachel Summers), com a revista da equipe se tornando bastante longeva, e contou com roteiros de Warren Ellis e Ben Raab, antes de ser cancelada em 1998.

Daí em diante, o Capitão Britânia regressou de modo pontual em iniciativas de 2001, 2005, 2008 e, entre 2012 e 2013 foi coadjuvante da revista Secret Avengers, além de uma nova série de histórias britânicas a partir de 2005.

Em 2019, o personagem foi trazido de volta e sua irmã Betsy Braddock (a Psylocke) se tornou a nova Capitã Britânia, enquanto Brian assumiu outras identidades, como Britânico ou Capitão Avalon.