A banda britânica Pink Floyd anunciou ontem o relançamento de seu célebre filme-concerto Live at Pompeii, originalmente datado de 1972, agora em versões restauradas e remasterizadas nos cinemas e pela primeira vez como um álbum autônomo. O show ocorreu nas ruínas do anfiteatro da cidade romana de Pompeia, uma construção da Antiguidade, durante o dia e sem plateia.

Chamado agora Pink Floyd At Pompeii MCMLXXII o filme de 90 minutos, originalmente concebido e dirigido por Adrian Maben, foi completamente restaurado em tecnologia 4K a partir dos negativos originais que foram recentemente encontrados nos arquivos da banda, e chegará aos cinemas IMAX para exibições especiais pelo mundo, em 24 de abril. Os ingressos estarão à venda a partir de 05 de março no site pinkfloyd.film.

[Atualização: No Brasil, os ingressos estão à venda pela Ingresso.com para as datas de 24, 26 e 27 de abril em salas IMAX e convencionais. Fim da Atualização].

O Pink Floyd toca no vazio do Anfiteatro de Pompeia, em 1971.

Além disso, o concerto será lançado pela primeira vez como um álbum, totalmente remixado pelo badalado produtor Steven Wilson em formato 5.1/Dolby Atmos, e disponível em vinil e CD, com lançamento agendado para 02 de maio e pré-venda já disponível.

Uma versão em áudio do concerto pode ser encontrada no Box set The Early Years 1967-1972, de 2016, mas nunca como álbum autônomo. É mais ou menos o que a banda fez com a versão ao vivo do álbum Dark Side of The Moon, cujo concerto da turnê de 1974 fora lançado no Box set da discografia completa da banda de 2012, mas somente foi lançado como um disco separado em 2023, nas celebrações dos 50 anos daquele álbum.

Roger Waters (e Richard Wright ao fundo) ao vivo em Pompeia.

Porém, a versão de Pompeii tem uma vantagem no fato de ser uma nova mixagem do material, portanto, diferente do material de 2016.

O álbum será um vinil duplo com duas faixas bônus, um take alternativo de Careful with that axe, Eugene e a versão completa de A Saucerful of secrets, que no filme foi reduzida.

A tracklist completa é a seguinte:

Side A

  1. “Pompeii Intro”
  2. “Echoes – Part 1”
  3. “Careful With That Axe, Eugene”

Side B

  1. “A Saucerful of Secrets”
  2. “Set the Controls for the Heart of the Sun”

Side C

  1. “One of These Days”
  2. “Mademoiselle Nobs”
  3. “Echoes – Part 2”

Side D

  1. “Careful With that Axe, Eugene – Alternate take”
  2. “A Saucerful of Secrets – Unedited”
David Gilmour faz os vocais no concerto.

Embora o setlist acima esteja sendo divulgado nos canais oficial e outros como o Ultimate Classic Rock, na versão do Spotify há uma terceira faixa bônus com uma versão editada da primeira parte de Echoes, com pouco mais de 5 minutos, mantendo apenas os elementos mais “tradicionais” da faixa, que na versão integral tem vários minutos de passagens instrumentais, efeitos sonoros, ruído e barulho cacofônico. Ou seja, uma versão radio friendly da faixa que é o epicentro do concerto.

David Gilmour (à frente) e o Pink Floyd tocam em Pompeia em 1971.

Gravado em outubro de 1971 (com cenas adicionais em dezembro), um pouco antes do lançamento do álbum Meddle (que saiu em novembro), o filme teve sua estreia no Festival de Cinema de Edimburgo, na Escócia, em setembro de 1972, com apenas 60 minutos de duração. Achando o filme muito curto, o diretor Adrien Maben conseguiu autorização para filmar sessões de gravação da banda, em janeiro de 1973, que foram adicionadas ao filme, que ganhou uma versão de 80 minutos para a estreia em Montreal, no Canadá, em novembro de 1973, e chegou aos cinemas dos EUA em 1974. Uma versão ampliada já fora lançada em 2012.

O concerto em Pompeia gerou um grande impacto na época de seu lançamento por seu contraste entre o vazio e o silêncio das ruínas do anfiteatro grego e o som potente e psicodélico do Pink Floyd, e foi um passo importante para a banda sair do underground onde habitava desde a estreia, em 1967, em direção à maior popularidade que chegou definitivamente com o lançamento de Dark Side of The Moon, em 1973.

O Pink Floyd ao vivo em 1971.

Aliás,  pouco tempo depois do concerto, a banda já começou a gravar aquele disco, ao ponto do diretor ainda registrar algumas cenas da banda gravando nos estúdios de EMI em Abbey Road, que intercalam as performances ao vivo no filme. Ter uma banda com a sonoridade elaborada, caótica e psicodélica do Pink Floyd tocando nas ruínas desse antigo anfiteatro vazio e silencioso é um contraste sensacional, ainda mais porque a banda ficou famosa por usar um complexo sistema de luzes coloridas em seus shows, possibilitando uma experiência que sonora e visual.

Na época em que foi lançado, Live At Pompeii servia como um contraponto a outros filmes-concerto de rock, como Woodstock (sobre o lendário festival) ou Gimme Shelter (dos Rolling Stones), que mostravam bandas diante de plateias gigantescas.

Pompeia foi uma cidade italiana da Antiguidade, atualmente situada há 20 km de Nápoles, mas fundada entre os séculos VII e VI a.C. pelos oscos e, depois, tomada pelos etruscos, e que floresceu na Era Romana como uma cidade rica e próspera até ser destruída por uma colossal erupção do vulcão Vespúcio, no ano 79 d.C. Completamente soterrada pela lava vulcânica, a cidade só foi redescoberta 1.600 anos depois, em 1748, quando foi encontrada em uma escavação acidental. Desde então, e especialmente a partir do século passado, é um dos maiores sítios arqueológicos do mundo, por ter registrado uma espécie de retrato do que era uma cidade romana, interrompida abruptamente no tempo, e com casas, pessoas e objetos perfeitamente preservados sob os escombros.

Pink Floyd em tempos áureos: Wright, Waters, Mason e Gilmour.

O Pink Floyd se formou em Londres em 1964 e estreou em disco em 1967, sendo uma banda de destaque no cenário psicodélico da época, se firmando como a principal banda underground do país nos anos 1960, até atingir o estrelato e sucesso mundial em 1973, com o álbum Dark Side of the Moon. Dali em diante, o grupo se consolidou como um dos mais importantes da história do rock e encerrou definitivamente as atividades em 1995.