Na quarta-feira última, 20 de março, a editora Salvat anunciou o cancelamento de suas coleções da Marvel Comics. As emissões às bancas serão suspensas e os assinantes estão recebendo instruções sobre como proceder.
Segundo o comunicado divulgado na página do Facebook da Salvat, a coleção Marvel Black que tinha previstas 150 edições, terminará no número 135.
A coleção do Homem-Aranha, prevista para 60 edições, vai se encerrar no número 40. E a Marvel Red será a única a ficar completa com as 100 edições previstas.
A editora alegou problemas de distribuição como motivo do cancelamento e que enfrentaram o problema ao longo de todo 2018.
É uma grande perda aos colecionadores brasileiros. Em acordo com a Panini Comics, responsável pela distribuição da Marvel Comics no país, a Salvat levou às bancas uma quantidade enorme de material que a própria Panini não publicou, trazendo a catálogo histórias que ou só haviam sido publicadas no formatinho nos anos 1980 e 90 ou mesmo permaneciam inéditas no Brasil, sempre com capa dura e página especial em ótimo trabalho editorial e de acabamento.
Vai fazer falta.
Pois é triste mesmo Irapuan, a crise com a quebra da Abril e seu monopólio na distribuição continua a fazer grandes estragos no mercado editorial brasileiro.
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É, Jorge, e me entristece que outras empreitadas como a da Salvat não vinguem. Inclusive, gostaria de ter mais informações sobre o caso para podermos, como leitores e críticos, refletir melhor sobre o tema, pensar soluções. Me incomoda demais essa prática brasileira de sequer informar a tiragem das revistas. Com isso, a gente não sabe nem o tamanho do mercado, quanto mais quais são seus reais problemas.
A Salvat falou em “problema de distribuição”, o que isso significa? Dificuldade em enviar os materiais às bancas? Inexistência de bancas? Ou as revistas simplesmente não estão vendendo? Há uma crise?
Nem isso sabemos com certeza…
Um abração!
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Até onde pude me informar a ausência da DINAP, única distribuidora de âmbito nacional, por conta da quebra da Abril, foi o principal fator. Antigamente havia ainda a Fernando Chinaglia mas há tempos foi comprada tb e virou um monopólio, praticamente. A Panini consegue se virar pq é grande mas teve que criar modos de distribuição meio no improviso e só pq foram forçados pelas circunstâncias, pois nunca quiseram ser distribuidores, segundo uma entrevista que ouvi de seu editor. É claro que a crise dos últimos anos é o fator de fundo, já que afetou não só o mercado editorial de quadrinhos como de revistas e livros, como é o caso da Saraiva e Cultura, portanto o estrago é bem maior e atingiu em cheio editoras, livrarias e ppte bancas, mais frágeis, tanto que as sobreviventes passaram a não depender mais do papel e investiram em brinquedos, alimentos, etc. E a crise pegou tb o nosso bolso – apesar de relativamente baratos e de qualidade. não é fácil pra ninguém bancar 3 a 4 encadernados por mês em tempos bicudos.
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Essa questão da distribuição é importante… Fico pensando se não seria viável criar outros sistemas no Brasil. Penso na Amazon, por exemplo, que tem uma política agressiva de entregas em comparação com outras empresas.
Já no caso da Saraiva e Cultura, a impressão que passa é que eles meio que sacanearam o mercado, porque a queixa das editoras contra essas livrarias é muito grande, e a dívida às editoras constitui, pelo o que eu li, o principal montante devedor da Cultura e Saraiva. Ou seja, dívida por livros que foram vendidos. Se o livro é vendido, qual a justificativa para não pagar a editora?
Faço essa comparação para pensar como se dá a relação comercial entre editora e distribuidora e às bancas, que fazem acordos de consignação. É uma logística complexa para tempos em que a impressão é cada vez mais cara ao mesmo tempo em que as editoras investem cada vez mais em acabamento de luxo.
E aí entra outro problema: há um limite ao que o consumidor pode comprar, como você colocou, ainda mais o colecionador. Mas o artigo de luxo não será consumido pelo público em geral e as editoras preferem investir no nicho de mercado em vez de ampliar a oferta e angariar mais público.
Não consigo entender essa lógica, sabe?
Não consigo entender porque o Brasil não adota o regime de publicação dos países europeus: quando um livro é lançado, ele sai em duas versões: capa dura e capa cartonada (hard cover e paperback). Justamente porque se direcionam a públicos distintos: os mais jovens, que vão ler no metrô, compram o paperback, enquanto os mais velhos, querem expor e livro numa biblioteca caseira compram a hardcover. Entendo que o mercado de livros no Brasil ainda é complicado para adotar esse regime (mas não impossível), mas esse regime é totalmente cabível às HQs. Você pode lançar um material mais luxuoso aos colecionadores e outro mais simples ao público em geral. E pode inclusive condicionar (como fazem os livros europeus) o lançamento da hardcover ao sucesso da paperback.
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A ideia seria essa mesmo, mas já ouvi editores comentando que o paperback não vende no Brasil e como aqui o custo seria próximo do HC, não valeria produzi-lo. Não sei se concordo mas como vc já disse, sem os números a gente não consegue avançar a discussão. Já concordo que o problema dessa gestão à moda antiga da Saraiva e Cultura é um dos principais motivos da crise que se meteram, e a Amazon taí pra provar que uma gestão moderna e enxuta funciona e que o mercado responde bem a isso.
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É isso mesmo. Os editores têm um ponto, mas sem os números, a gente não pode avançar a discussão.
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Irapuan, se vc ainda não ouviu vale bastante acompanhar este podcast do Confins do Universo que aborda em cheio e com bastante informação essa questão da crise do mercado editorial brasileiro:
http://www.universohq.com/podcast/confins-do-universo-057-mercado-editorial-em-crise/
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Puxa, massa! Vou ver amanhã! Valeu!
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