Surpreendendo todo mundo, há alguns dias, a The Walt Disney Company demitiu seu CEO Bob Chapek, e trouxe de volta o ex-CEO Bob Iger, que havia se aposentado após se afastar da empresa em 2019. E o Deadline traz uma reportagem em que analisam que tal mudança pode trazer alterações profundas para o Marvel Studios e o MCU.

A Disney vem perdendo dinheiro nos últimos anos, especialmente quanto ao canal de streaming Disney+, que não vem dando o retorno esperado apesar da enxurrada de lançamentos da Marvel e do universo de Star Wars. A companhia está em uma ligeira crise e trazer Iger de volta é um movimento esperado pelo mercado para que a gigante do entretenimento seja colocada de volta aos trilhos, mesmo possuindo as duas maiores franquias de entretenimento do mundo atual, que são a Marvel e a LucasFilm, esta em particular, com Star Wars.

À frente da Disney na década passada, Iger foi o responsável pela Casa do Rato comprar a Marvel em 2009 e a LucasFilm em 2013, revolucionando o entretenimento e possibilitando o desenvolvimento do MCU e seu universo compartilhado e o retorno de Star Wars aos cinemas e à televisão.
Segundo o Deadline, o mercado sente, no entanto, que passado alguns anos, a estratégia saiu dos trilhos. Após o MCU viver um momento único e revolucionário no cinema, com 23 filmes lançados em 11 anos, nas três primeiras fases do MCU, que coletaram A Saga do Infinito no qual Thanos foi o principal oponente, com produtos que foram aclamados por público e crítica e vários deles tenham ultrapassado os 1 bilhão de dólares nas bilheterias; a atual Fase 4 não está exatamente empolgando público, crítica ou o mercado.

Não foi por falta de tentativa: segundo o CBM, a Fase 4 já reuniu 19 produtos, distribuídos entre filmes, séries e desenhos animados, porém, poucos deles foram realmente bem recebidos por público e crítica. Alguns foram tratados com frieza (como Os Eternos, Viúva Negra), outros realmente não empolgaram (Shang-Chi e a Lenda dos 10 Anéis) e outros foram realmente muito criticados (Thor – Amor e Trovão). No cinema, foram melhor sucedidos apenas com Homem-Aranha – Sem Volta para Casa e o recente Pantera Negra – Wakanda para Sempre. As séries de TV no Disney+ ainda causaram melhor impressão (pelo menos com Loki, WandaVision e Ms. Marvel), embora algumas dividiram o público (Falcão e o Soldado Invernal, Cavaleiro da Lua e Mulher-Hulk – Defensora de Heróis).

Com o universo de Star Wars foi tudo ainda pior: a Trilogia Sequência, com três filmes entre 2015 e 2019 serviu mais para dividir os fãs e enfurecer muitos e, sem dúvidas, desperdiçou um potencial enorme ao não saber exatamente o que fazer ou o que queria. Como resultado, os filmes da franquia foram todos “congelados” e a estratégia mudou para a TV , que rendeu o sucesso de The Mandalorian e outras obras mais divisivas, mas que apontaram caminhos suficientemente satisfatórios, como O Livro de Boba Fett e, especialmente, Obi-Wan Kenobi. Existem planos para outros filmes da franquia em desenvolvimento, mas realmente, nada foi oficialmente iniciado ou anunciado ainda. O que parece indicar uma indecisão da companhia sobre para onde ir e o que fazer.
Correndo por fora de Star Wars está outro produto da LucasFilm: Indiana Jones e o Chamado do Destino, nova tentativa de reavivar a franquia do arqueólogo que foi um fenômeno cultural nos anos 1980, mas cuja tentativa de um quarto filme na década passada resultou em um desastre de público e crítica. E de filme. O primeiro trailer foi liberado na corrente CCXP aqui no Brasil e parece bom, mas ainda é muito cedo para afirmar.

Segundo as fontes do Deadline, o retorno de Bob Iger pode indicar que a Disney irá tomar algumas atitudes “fortes” para colocar as coisas no eixo. É esperado pelo mercado, por exemplo, uma quantidade menor de lançamentos e um investimento mais em qualidade do que quantidade, especialmente no que diz respeito ao MCU. Dessa forma, o plano geral do Marvel Studios anunciado na San Diego Comic-Con para as Fases 5 e 6 podem sofrer mudanças drásticas. Dentro do que foi planejado até aqui, enquanto as três primeiras fases corresponderam à Saga do Infinito que culminou em Vingadores – Ultimato, em 2019; as Fases 4, 5 e 6 montarão A Saga do Multiverso, que culminará em Vingadores – Guerras Secretas, em 2025.
Mas os planos devem mudar.
Uma das questões apontadas pelo Deadline é que as séries do Disney+ são muito custosas e não rendem o retorno esperado. Um novo formato foi experimentado recentemente, com o especial do Warenwolf by the Night, estrelado por Gabriel Garcia Bernal, trazendo o personagem Lobisomem da Noite da Marvel Comics, que fez algum sucesso nos anos 1970 dentro da linha de terror da editora. A atração é muito mais um telefilme, o que é um produto mais barato e menos complexo do que as séries de 6 episódios e mais ou menos 6 horas de duração.

Assim, o “novo” formato, que vem sendo chamado de Especial de Apresentação pode (e deve) ser usado com mais frequência e muitas das futuras atrações planejadas para o Disney+ podem ser adaptadas para o novo formato, o que diminui os riscos do estúdio (via custos) caso alguns dos produtos não seja bem recebido.
De modo similar, recentemente, a série Armor Wars (A Guerra das Armaduras) foi transferida para um filme para o cinema (em vista do custo dos efeitos especiais e do potencial de um substituto para a franquia particular do Homem de Ferro). E isso pode ocorrer com outros projetos, diz o site.
Quanto a Star Wars a incerteza é maior e já há comentários sobre o risco da cabeça da presidente da LucasFilm, Kathleen Kennedy, sob críticas de indefinição ao futuro da franquia e decisões equivocadas, em particular, com a Trilogia Sequência, ainda mais em seu último episódio, que desagradou de verdade aos fãs e ao mercado.
De qualquer modo, o início do ano de 2023 – e talvez a San Diego Comic Con no verão daquele ano – deverão trazer uma série de anúncios surpreendentes com novos rumos para Marvel e Star Wars.

