Morreu na noite de ontem, quarta-feira, dia 18, o cantor, compositor e guitarrista David Crosby, famoso por integrar as bandas clássicas dos a os 1960, The Byrds, Crosby, Stills and Nash e sua derivação, Crosby, Stills, Nash & Young. A causa ainda não foi revelada.

A notícia foi divulgada pela revista Rollin’ Stone e confirmada nas redes sociais de seu principal parceiro Musical, Graham Nash.

David Crosby nasceu em Los Angeles, em 14 de agosto de 1941, filho de um aclamado diretor de fotografia que ganhou até um Oscar. Ele se envolveu com o rock e a folk music e começou a tocar no circuito folk do Oeste americano até se unir à dupla Jim McGuinn e Gene Clark e criarem um trio folk em 1963 que ao descobrir o som do rock britânico via Beatles, em 1964, se transformaram em uma banda de rock chamada The Byrds e inventaram o folk rock, a junção dos dois gêneros musicais favoritos deles.

The Byrds, com David Crosby (primeiro à esquerda).

A banda causou uma sensação no circuito musical e seu impacto foi tão grande que o maior nome da música folk da época, Bob Dylan, que também gostava dos Beatles, viu nos Byrds um caminho para também desenvolver o folk rock. Isso quando a banda sequer tinha gravado um disco ainda!

Contratados pela mesma Columbia de Dylan, os Byrds estrearam com o single Mr. tambourine man, lançado no início de 1965, uma canção folk de Dylan que eles transformaram em um folk rock embalado numa guitarra de 12 cordas e num belo arranjo vocal a três vozes, de McGuinn, Clark e Crosby, que viraram as marcas sonoras só grupo em sua primeira fase.

Os Byrds foram um enorme sucesso, lançaram o álbum de estreia também chamado Mr. Tambourine Man, e também apresentavam canções autorais dos três cantores. O impacto do grupo foi tão grande que acendeu o mercado interno de rock nos EUA, combalido desde o fim da década anterior e vivendo, então, basicamente dos artistas vindos da Inglaterra, como Beatles, Rolling Stones, Animals e The Hollies, que era a banda de Graham Nash. O sucesso dos Byrds deu origem à chamada Reação Americana à Invasão Britânica.

Após repetirem a fórmula com o álbum Turn! Turn! Turn! (1965), os Byrds perderam Gene Clark, então, o principal compositor do grupo, no início de 1966, mas isso terminou por dar mais espaço a McGuinn e Crosby e gradativamente, a banda passou a depender menos de covers e investir mais em suas próprias canções.

June 1967, Monterey, California, USA — Folk-rock singer David Crosby attends the Monterey Pop Festival of 1967. Crosby became well-known in the Byrds, then moved on to Crosby, Stills, and Nash. CSN collaborated with Neil Young occasionally, and racked up many hits in the sixties and seventies. In the eighties, Crosby spent time in jail for drug problems and eventually became a spokesman for sobriety. — Image by © Henry Diltz/CORBIS

Nos Byrds, Crosby escreveu ou foi coautor de canções como Wait and see, Eight miles high, Renaissance fair, Lady friend, Everybody’s been burnin’, Drafting morning e também cantou o cover Hey Joe, que inspirou Jimi Hendrix a gravar sua versão mais famosa. A banda rejeitou Triad (sobre sexo a três), que terminou gravada pelo Jefferson Airplane. Paralelamente, ele também tocou ocasionalmente com a banda Buffalo Springfield, ao lado de Stephen Stills e substituindo Neil Young, que deixara o grupo temporariamente, inclusive, no lendário Monterrey Pop Festival, em agosto de 1967, o primeiro dos grandes festivais de rock.

Mas o abuso de drogas e uma personalidade difícil terminaram por fazer Crosby ser expulso dos Byrds em 1967. Ele não ficou muito tempo parado e após se encontrar com Stephen Stills e o britânico Graham Nash em uma festa, o trio decidiu se reunir em um supergrupo, chamado Crosby, Stills and Nash, cujo primeiro álbum, homônimo, foi um imenso sucesso no início de 1969.

O primeiro disco do CSN tinha muitos clássicos, inclusive, Wooden ships e Guinevere, escritas por Crosby. O trio rapidamente ganhou a adesão de Neil Young e virou Crosby, Stills, Nash & Young, tocando no Festival de Woodstock para 500 mil pessoas em agosto de 1969 e lançando o álbum Déja Vú (1970), cuja faixa título era de autoria de Crosby, assim como Almost cut my hair e Long time gone.

Mas a superexposição do CSNY, que virou umas das bandas de maior sucesso no mundo, fez seus membros se voltarem para suas carreiras solo e Crosby lançou o aclamado If I Could Only Remember my Name (1971). Ele participou de uma reunião dos Byrds em 1973 – que rendeu seu clássico Laughlin‘ – e retomou as atividades do CSNY numa grande turnê em 1974. O plano era lançar um novo álbum em seguida, mas as brigas entre o quarteto levaram a sair discos de Crosby & Nash e The Stills and Young Band, separadamente.

Em 1977, o CSN retomou as atividades e lançou um álbum de sucesso, mas os anos 1980 e 90 não foram fáceis para Crosby, que enfrentou sérios problemas com drogas e até prisões, o que arranhou sua reputação e o deixou com a fama de gênio difícil.

Ainda assim, Crosby permaneceu como uma referência importante da música americana e do rock de uma maneira geral. Seu vocal forte e cristalino, especialmente, em duo com Nash, virou uma figura bastante requisitada. Inclusive, Crosby e Nash cantam no disco On a Island, de David Gilmour (ex-Pink Floyd), em 2006.

Crosby se manteve bastante ativo até a eclosão da pandemia e estava meio isolado nos últimos anos, rompido com seus velhos parceiros. Não foi divulgada a causa de sua morte, mas alguns sites falam de uma longa batalha contra uma doença.

Ele tinha 81 anos.

Conheça a vida e a obra dos The Byrds neste Dossiê especial do HQRock.