O MCU passa por uma reformulação após os impactos da pandemia e da greve de atores e roteiristas de Hollywood, ao mesmo tempo em que precisam lidar com a queda vertiginosa das bilheterias e do aumento das críticas negativas aos seus produtos mais recentes, tanto no cinema quanto na TV. Com o CEO da Disney (empresa-mãe da Marvel), Bob Iger, dizendo que a companhia vai investir mais em qualidade do que em quantidade, e que está empenhado pessoalmente em melhorar os resultados, o presidente do Marvel Studios, Kevin Feige mexe os seus pauzinhos para retomar os dias gloriosos do passado recente e isso envolve trazer de volta os X-Men às telonas.

Os mutantes da Marvel foram adaptados ao cinema pela concorrente 20th Century Fox nas duas primeiras décadas deste século, mas o estúdio terminou comprado pela Disney em 2019, o que resultou que, finalmente, Xavier, Magneto e Wolverine estão sob o mesmo teto dos Vingadores e podem interagir uns com os outros. Mas até hoje não aconteceu e a franquia está sendo, aparentemente, cuidadosamente pensada e preparada para retornar às telonas.
Os motivos da demora pode não ser somente criativos: rumores do passado diziam que a Disney não poderia usar os heróis mutantes antes de 2025, sob a pena de pagar multas rescisórias aos atores empregados pela Fox e de serem obrigados a empregar nomes como o diretor Bryan Singer e o produtor/roteirista/diretor Simon Kinberg ou ao menos pagá-los. Mas de qualquer modo, a roda está girando e, nos corredores do Marvel Studios, o filme já está em um processo de desenvolvimento.
Segundo o jornalista Daniel Richtman – que já trabalhou em veículos importantes como Variety e The Hollywood Reporter e hoje atua de modo autônomo – Kevin Feige convidou roteiristas e diretores a apresentarem seus pintchs (propostas) sob a orientação de um time majoritariamente feminino e tendo o Sr. Sinistro como vilão.
É um processo corriqueiro em Hollywood: os estúdios dão uma orientação e os artistas apresentam projetos com propostas de sinopse, direção de arte e temas a serem desenvolvidos que são discutidos com os executivos até se escolher pela melhor proposta.

Um time majoritariamente formado por mulheres ou mesmo exclusivamente feminino faz muito sentido, pois os X-Men têm um core muito bem representado neste quesito, em personagens como Jean Grey, Tempestade, Vampira, Kate Pryde, Psylocke, Cristal e muito mais. Ainda mais no período clássico do escritor Chris Claremont, em especial, no fim dos anos 1980.

É compreensível que Feige queira fazer seus X-Men serem diferentes daqueles da Fox, o que deve resultar em evitar usar alguns personagens, como o vilão Magneto, por exemplo e dar mais foco a outros que até apareciam, mas nunca tiveram o devido destaque, como o Fera, o líder Ciclope e – no contexto da Hollywood de hoje – sem sombra nenhuma de dúvidas, a Tempestade.

Daí, que a escolha do Senhor Sinistro como o vilão pode ser uma boa alternativa. O vilão é mais famoso por dois arcos de histórias – ambos do fim dos anos 1980 e escritos por Claremont – que podem render boas histórias no cinema. O primeiro foi O Massacre de Mutantes, na qual Sinistro reúne uma equipe de vilões – Os Carrascos – para eliminar uma população mutante que vivia escondida no subsolo de Nova York. A outra culminou no meio da saga Inferno – ainda que à parte do plot principal da história em si – que enfoca no uso da clonagem como estratégia de refinamento do gene mutante, o Fator X, responsável por dar as habilidades especiais àqueles que nascem com ele.
As tramas de Sinistro envolvem particularmente o casal Scott Summers e Jean Grey, Ciclope e Fênix, e isso pode significar que eles estarão presentes com algum protagonismo no vindouro filme. Mas com certeza, Tempestade será representada no módulo “fodástica” e talvez até como a principal personagem, como maneira de distinção do que a Fox já realizou, pois Grey foi o tema de filmes como X-Men – O Confronto Final e Fênix Negra, ao passo que Tempestade e Ciclope raramente passaram do status de coadjuvantes de Wolverine na maioria dos filmes.
Enquanto isso, alguns dos personagens da franquia da Fox já apareceram e aparecerão nos filmes correntes do MCU, que, afinal, lida em sua Fase 4 com o Multiverso. Doutor Estranho no Multiverso da Loucura apresentou uma Terra alternativa em que vimos o professor Charles Xavier (interpretado por Patrick Stewart, dos filmes dos anos 2000) e a cena pós-créditos de As Marvels trouxe o típico subsolo cromado da Mansão Xavier e Hank McCoy, o Fera, em CGI com a voz de Kelsey Grammer (que o interpretou nos filmes dos anos 2000).
O vindouro Deadpool 3 trará o retorno de Hugh Jackman como Wolverine e é prometida o retorno (pelo menos em participações especiais) de vários personagens da franquia dos X-Men, em especial o Magneto de Ian McKellen e o Ciclope de James Marsden. Mas tudo isso ainda reforça os rumores da cláusula de barreira do ano 2025.
O novo filme dos X-Men, que trará um elenco (provavelmente) totalmente novo não tem uma data de lançamento ainda e pode ser lançado apenas por volta de 2026 ou 2027.

Os X-Men foram criados nos quadrinhos por Stan Lee e Jack Kirby e estrearam em The X-Men 01, de 1963, mas não conseguiram se firmar no período clássico da editora, apesar dos esforços de criadores como Roy Thomas, Jim Steranko e Neal Adams. Foi apenas após uma grande reformulação liderada por Len Wein e Dave Crockum que os X-Men começaram a se tornar populares, após seu relançamento em Giant-Size X-Men 01, de 1975, como uma nova equipe que mantinha o líder Ciclope, mas incluía novos membros, como Tempestade, Wolverine, Colossos e Noturno. Com o escritor Chris Claremont assumindo os mutantes logo depois, os X-Men gradativamente se tornaram um fenômeno de vendas e tiveram seu auge criativo na parceria de Claremont com o desenhista John Byrne, que rendeu histórias como A Saga da Fênix Negra e Dias de Um Futuro Esquecido, entre 1977 e 1981.
Claremont permaneceu como líder do universo mutante por 16 anos e tornou os X-Men um dos pilares fundamentais do Universo Marvel, atingindo o apogeu de sucesso na virada dos anos 1980 para 90, em particular, no trabalho ao lado do desenhista Jim Lee.

