Batwoman: Casamento lésbico não vai ocorrer e artistas pedem demissão do título

Alguns dias atrás – veja aqui – o HQRock noticiou que a editora norteamericana DC Comics poderia realizar o primeiro casamento lésbico dos quadrinhos: a heroína Batwoman havia pedido (na edição 18 de sua revista mensal) sua parceira, a capitã Maggie Swayer, em casamento, o que causou alguma movimentação na grande mídia. Contudo, era fogo de palha: ontem o roteirista e desenhista J.H. Williams III e o corroteirista W. Haden Blackman anunciaram oficialmente, via seus blogs pessoais, que estavam pedindo demissão da revista Batwoman. O motivo: a DC os proibiu de realizar o casamento das duas heroínas!

A nota dos autores foi a seguinte:

A DC solicitou que alteremos ou descartemos por completo várias tramas de longa data de maneiras que, a nosso ver, prejudicam a personagem e a série. Disseram para abandonar planos para a origem do Crocodilo; fomos forçados a alterar drasticamente a conclusão original do nosso arco atual, que teria definido um futuro heroico e ousado para a Batwoman; e, o mais massacrante, fomos proibidos de mostrar um casamento entre Kate e Maggie. Sempre entendemos que, por mais que adoremos a personagem, Batwoman pertence à DC. Contudo, o fato destas mudanças virem sempre na última hora nos deixa frustrados e furiosos, porque nos impedem de contar a melhor história possível.

Infelizmente, o caso é apenas o mais recente de uma longa série de artistas e escritores que vêm reclamando publicamente da grande interferência, falta de planejamento e mudanças de última hora por parte do corpo editorial da DC Comics, liderado pelo Chefe de Criação Geoff Johns, os publishers Dan DiDio e Jim Lee e o Editor-Chefe Bob Harras. Dentre os artistas descontentes têm-se nomes como George Perez, Roy Thomas, Paul Jenkins, Keith Kiffen, Kevin Maguire e muitos, mas muitos outros. (Veja por exemplo, a contundente reclamação de Paul Jenkins aqui no HQRock, clicando aqui).

J.H Williams III e W. Haden Blackman entregaram a edição 25 à DC e se desligaram do título. Batwoman 25 deve ser publicada em dezembro deste ano nos EUA. Williams III, um dos artistas mais celebrados da atualidade por causa de sua arte, continua ligado à DC, entretanto, produzindo o projeto The Sandman Overture, sobre o prestigiadíssimo personagem maior do Selo Vertigo da editora.

A Batwoman foi criada por Bob Kane, Edmond Hamilton e Shedon Moldoff em 1956, estreando em Detective Comics 233. Sob a identidade de Kathe Kane, ela foi introduzida nas histórias do Batman como um interesse amoroso do Batman. Após ser morta em uma história de 1979, a Batwoman foi ignorada na reformulação editorial de Crise nas Infinitas Terras, em 1985, porém, foi resgatada pelo escritor Grant Morrison e o desenhista/pintor Alex Ross na maxissérie 52, em 2006, sendo renomeada de Kate Kane e apresentada como lésbica e judia. Suas histórias próprias, publicadas desde 2009, são sempre elogiadas pelo alto nível de qualidade, comandadas por J.H. Williams III.