Como o HQRock noticiou há alguns dias, o diretor James Gunn (Guardiões da Galáxia, Pacificador) e o produtor Peter Safran se tornaram os novos chefões da DC Comics nos cinemas, assumindo o comando do recém criado DC Studios (em substituição à DC Films) e sendo os nomes responsáveis por organizar o universo cinematográfico da editora, o DCU. Bastante ativo nas redes sociais, Gunn postou no Twitter (via Variety) que os fãs podem se preparar para a “maior história já contada” da DC no cinema e na TV e acrescentou que não descarta realizar os sonhos dos fãs com produtos específicos.

Este comentário diz respeito em particular a dois movimentos: as solicitações de resgate da cancelada série Legends of Tomorrow no The CW na TV americana; e a campanha pelo lançamento da Ayer’s Cut, a versão de diretor de Esquadrão Suicida, o filme de 2016 que não foi tão bem recebido por público e crítica.
Esse tipo de movimento já causou algum mal estar na companhia mãe da DC, a Warner Bros.: após a turbulenta produção de Liga da Justiça (filmado em 2016), o estúdio ficou infeliz com o resultado final e demitiu o diretor Zack Snyder, contratando Joss Whedon (de Os Vingadores) para refilmar e melhorar o filme. Entretanto, Whedon também não pôde apresentar sua visão do filme, pois por algum motivo obscuro, a Warner não alterou a data de lançamento de novembro de 2017 e Liga da Justiça (com Snyder creditado como diretor e Whedon como roteirista) simplesmente chegou aos cinemas inacabado e sem sentido. Foi o fiasco que demoliu o DCU ainda em sua primeira fase.

Já em 2018 os fãs começaram a fazer petições para que a Versão do Diretor de Liga da Justiça fosse lançada, mas o estúdio não queria nem pensar nisso, dado a publicidade negativa que o episódio rendeu (inclusive, com a rolagem das cabeças na DC Films e Warner Pictures!), mas quando veio a pandemia de Covid-19 em 2020 e o estúdio se viu sem material para fazer grandes lançamentos, terminou por ceder e deu alguns milhões de dólares para Snyder terminar o seu filme, que foi lançado como Liga da Justiça – Versão de Zack Snyder no streaming do HBO Max em 2021 como uma peça de 4 horas de duração. (Veja a resenha do HQRock).
Mas o mal estar em relação ao episódio e a Snyder permaneceu e a Warner queria se afastar daquilo.
Até que tudo mudou. Em 2022 o estúdio foi comprado pela Discovery e se tornou a Warner Bros. Discovery, com uma nova direção mais agressiva de David Zaslev, disposta a resgatar o potencial imenso da DC nos cinemas. Zaslev está disposto a mudar tudo e contratou Gunn e Safran para agirem como Kevin Feige faz no Marvel Studios, comandando (e controlando) o desenvolvimento do DCU.

O novo corpo diretivo da Warner Discovery não tem laços com o episódio nefasto de 2017-2018, portanto, parece se importar menos em retroceder a alguns daqueles projetos, ainda que queira dar uma “cara” ao DCU que seja totalmente distinta do chamado Snyderverse.

A fala de Gunn remete explicitamente ao Ayer’s Cut e a Legends of tomorrow. O primeiro, seria uma versão mais sombria (e pretensamente interessante) de Esquadrão Suicida, que apesar de um enorme potencial, falhou como um filme terrível quando lançado em 2016. Posteriormente, o diretor David Ayer afirmou que seu filme foi mutilado pelos executivos da Warner e o que vimos nos cinemas não é a obra que ele escreveu e dirigiu. Muitos fãs querem ver essa nova versão como viram a Snyder. Seria algo curioso, já que o próprio James Gunn dirigiu a “meia sequência, meio reboot” O Esquadrão Suicida, ano passado. Já quanto a Legends of Tomorrow, a série está sendo cancelada assim como praticamente todo o Arrowverse (as séries da DC no The CW), mas os fãs poderiam ser saciados com outros formatos de produção, como especiais ou telefilmes, por exemplo. Quem sabe?
Aparentemente – pelo menos até agora – os novos homens da DC não estão dispostos a esquecer os eventos do passado. Por isso, enquanto a velha administração criou um clima que expurgou Ben Affleck do papel de Batman e colocou Henry Cavill na geladeira por o considerar um desafeto (pois o ator foi bastante “vocal” com os problemas de Liga da Justiça); o novo comando de Zaslev, Gunn e Safran já agiu rápido: Affleck aparecerá em Aquaman e o Reino Perdido e Cavill está de volta em Adão Negro e já confirmado como Superman em novos projetos, que incluem um novo longa solo do personagem. Muito se falou em The Flash – que será lançado no ano que vem – como um tipo de despedida do Bataffleck, inclusive, com o personagem morrendo ou ficando perdido no nexus temporal; mas desde então, novos rumores circulam que ele será reabilitado como o Bruce Wayne oficial do DCU.

Claro, lembrando que existe outro Batman fora do DCU: aquele vivido por Robert Pattinson em The Batman. E outro dentro do próprio DCU, com a versão mais idosa de Michael Keaton (de Batman – O Filme, de 1989, e Batman – O Retorno, de 1992) que aparecerá em The Flash. O Batkeaton também apareceria no filme da Batgirl, mas este foi cancelado, apesar de já estar finalizado.
O que se diz é que, por meio de refilmagens que já teriam ocorrido, The Flash e Aquaman e o Reino Perdido irão reabilitar o Bataffleck, ainda que ele não terá filmes solo, pois já existem aqueles do Batpattinson (uma sequência está em produção). Mas o cavaleiro das trevas de Affleck tem muito espaço a explorar no DCU, participando de outros filmes e, principalmente, estrelando e liderando uma eventual nova aventura da Liga da Justiça.
E isso nos leva a um outro ponto.

Falando ao ET Canadá (via CBM) para divulgar seu novo filme, Slumberland, Jason Momoa mencionou rapidamente que a dobradinha Gunn-Safran irá realizar o projeto que é o grande sonho do ator. Mas qual? Ele não disse…
Bom, não deve ser um terceiro Aquaman, pois eles precisam lançar o segundo ainda… Então?
Muitos apontam para Liga da Justiça 2. Algo que a velha direção da Warner nem cogitava em mexer, mas que a nova não tem problemas em levar as aventuras da equipe para o patamar que merecem. De fato, mantendo Momoa como Aquaman e Gal Gadot como Mulher-Maravilha (um terceiro longa da amazona está em pré-produção) e trazendo de volta Affleck e Cavill, o cenário está montado para que o supergrupo da DC finalmente se reúna nas telonas com maior dignidade.

O retorno de Ray Fisher como Ciborgue é incerto – ele criticou demais os executivos do estúdio no episódio Snyder-Whedon, acusando este último de abuso nas filmagens e os produtores de serem permissivos – e Ezra Miller não deve continuar como Flash – seus problemas com a Justiça dos EUA podem ter encerrado sua carreira como o velocista escarlate: The Flash será lançado caso tudo prossiga bem, mas Miller deve ser substituído no papel por outro ator para os filmes seguintes.

Já houve rumores de que a DC pretendia adaptar Crise nas Infinitas Terras – a megassaga de 1985 que é a mais famosa da casa – e isso pode estar associada à linha narrativa que será iniciada em The Flash e pode prosseguir por outros filmes nos quatro anos de contrato da dupla Gunn-Safran, ou seja, até 2026. Isso pode incluir, por exemplo, dois filmes da Liga da Justiça ao estilo Marvel: um para criar a ambiência do risco e se relacionar com os outros filmes derivados e outro para dar um final ao arco.
Pode ser isso ao que Momoa se refere?

