Ao longo do tempo, os X-Men se notabilizaram como uma das principais criações da Marvel Comics, sendo ainda um dos maiores sucessos que a Casa das Ideias já cunhou. Com suas analogias à perseguição do diferente, os mutantes também possuem uma importância histórica por seu conteúdo e as metáforas de realidade que sugere nas associações com racismo e preconceito, em tópicos como diferenças étnicas ou diversidade sexual.
Para aqueles que querem conhecer mais a fundo esse fenômeno nas HQs, esta postagem inicia uma série de 4 Posts Especiais nos quais o HQRock traz a história dos X-Men nos quadrinhos possibilitando a apreciação da equipe em profundidade em sua mídia de origem, desbravando sua confusa cronologia e, para aqueles que já conhecem, relembrarem seus melhores momentos.

Ainda é importante lembrar que este post foi originado na época da estreia do filme X-Men – Primeira Classe, em 2011, mas desde então, foi atualizado.
Àqueles não muito familiarizados com os X-Men nas HQs, vale a nota: a equipe surgiu em sua própria revista em 1963 nas mãos dos arquitetos maiores do Universo Marvel, Stan Lee e Jack Kirby, mas passou longe de ser a melhor obra da dupla. Os mutantes prosseguiram sendo publicados ao longo da década de 1960 sem muito sucesso e foram cancelados e sumiram das bancas em 1970. Foi somente a partir de 1975 que os X-Men foram totalmente reformulados por artistas como Len Wein, Dave Crockum, Chris Claremont e John Byrne, e foi nessa segunda leva que se tornaram os heróis que a maioria conhece, inclusive, adicionando membros como Wolverine e Tempestade.
Neste primeiro post, a Parte 1, vamos nos concentrar nessa primeira parte indo do início da publicação dos mutantes, em 1963, até o 200º número da revista Uncanny X-Men, em 1985, cobrindo as fases de Stan Lee e Jack Kirby, Roy Thomas e Neal Adams, o ressurgimento com Len Wein e Dave Crockum, o apogeu com Chris Claremont e John Byrne e a consolidação como o maior sucesso da Marvel com Claremont acompanhado de artistas como Paul Smith e John Romita Jr.

Na Parte 02 teremos a parte final da explosiva fase de Chris Claremont, entre 1986 e 1991, que mostra também a chegada do artista-sensação Jim Lee; na Parte 03 o período de maior sucesso comercial da franquia nos quadrinhos ao longo dos anos 1990 e também sua bancarrota pelos excessos da fama; e na Parte 04 o período (menos interessante, temos que dizer) do anos 2000 em diante.
Direitos Civis
Os anos 1960, nos Estados Unidos, foram marcados pela emergência dos movimentos pelos direitos civis. Os afrodescendentes sofriam uma situação social de marginalidade que era instituicionalizada e gerou uma reação ainda na década anterior. Ao confrontar a sociedade “padrão” dos brancos, os negros sofreram grande resistência e reagiram. Para se ter uma ideia, o ambiente dos EUA na passagem da década de 1950 para a seguinte não era tão diferente do Aparthaid da África do Sul nos anos 1980, por exemplo. Nos EUA, os negros do Sul não podiam sentar nos assentos dos ônibus ou, se pudessem, tinham que ceder lugar para um branco caso ele estivesse em pé. As escolas eram segregadas e os espaços públicos também.
Por isso, surgiram vários movimentos de resistência, alguns bem radicais. Havia uma ala mais “moderada” que pregava a convivência pacífica entre brancos e negros, liderada pelo pastor Martin Luther King Jr., que organizou a famosa Marcha pelos Direitos Civis em Washington, DC, em 1964; e, por outro lado, existia uma facção que pregava a violência e a supremacia dos negros perante os brancos, liderada por Malcoln X. Nenhum dos dois sobreviveu aos anos 1960, pois ambos foram assassinados.
Antes disso, porém, esse conflito de ideias influenciou os quadrinistas Stan Lee e Jack Kirby a escreverem sobre isso. Ambos vinham de famílias judias e entendiam de segregação. Como o tema era muito inflamado e os quadrinhos sofriam rigorosa fiscalização moral, a dupla criadora do Universo Marvel decidiu disfarçar um pouco a questão e criou o conceito de mutantes: seres humanos que nascem com habilidades especiais (superpoderes) que os diferem dos outros, normais. Isso leva a um ambiente de segregação e perseguição por parte da sociedade, nascendo a famosa frase de Lee: “heróis que são odiados pela humanidade que juraram defender”.
Assim, o Professor Charles Xavier encarna o ideal de convivência pacífica de Martin Luther King, e funda os X-Men para proteger a humanidade e os mutantes (inclusive deles próprios); por outro lado, há o terrorista conhecido como Magneto, que reúne a Irmandade de Mutantes, encarnando o ideal violento de supremacia de Malcoln X.
Lee e Kirby delinearam esse contexto complexo e de fundo político desde o primeiro número de The X-Men 01, lançada em setembro de 1963.

Os Patinhos Feios da Marvel
Como se incorporassem o conceito no qual estavam inseridos, a revista dos X-Men nunca “decolou”, nunca fez sucesso como suas irmãs que traziam o Quarteto Fantástico, Homem-Aranha, os Vingadores, Homem de Ferro, Hulk, Thor etc., também produzidas por Lee, Kirby e outros colaboradores. Apesar disso, Lee – que também era o Editor-Chefe da Marvel – insistiu o máximo que pôde para que a revista ganhasse mais leitores, produzindo histórias muito interessantes.
Os primeiros números de X-Men traziam justamente confrontos dos X-Men com a Irmandade de Mutantes de Magneto, procurando delinear bem as personalidades de cada um de seus membros e os ideias que perseguiam.

A equipe original dos X-Men era formada por: Ciclope (Scott Summers), o líder de campo e capaz de disparar rajadas ópticas de força (não de calor) de grande intensidade; Garota Marvel (Jean Grey), uma telecinética, ou seja, podia mover objetos com o poder da mente; Fera (Hank McCoy), um jovem brilhante que tem aparência meio animalesca (pés e mãos muito grandes, corpo arqueado) e força, velocidade e agilidade muito acima dos níveis normais, também o mais velho do grupo; Homem de Gelo (Bobby Drake), capaz de recobrir o corpo com uma rígida camada de gelo e manipular a umidade para formar peças de gelo como pontes, estacas e bolas, além de ser o caçula da equipe; e Anjo (Warren Worthington III), um jovem milionário dotado de asas que lhe permitiam voar. Todos eram adolescentes, na faixa dos 14 aos 17 anos liderados por Charles Xavier (também chamado Professor X), um cientista, educador e herdeiro de grande fortuna.
Lee e Kirby definiram que Xavier era não somente um telepata, mas “a mente mais poderosa do planeta” e financiava os X-Men com sua fortuna, transformando sua mansão na Escola para Jovens Superdotados do Professor Charles Xavier, uma fachada para treinar mutantes no uso pacífico de seus poderes. Além disso, havia certo drama nele pelo fato de uma mente tão poderosa ser confinada em um corpo paralítico, de modo que usava uma cadeira de rodas. Sua calvície total lhe dava uma imagem idosa, mas os autores terminaram mostrando que ele era mais jovem do que aparentava e que a ausência de cabelos era consequência de seus vastos poderes telepáticos, de modo que era calvo desde a adolescência. Como a equipe era adolescente e Xavier um “adulto”, seu papel era paternal com todas as vantagens e desvantagens inclusas: podia ser chato e controlador muitas vezes.
Já a Irmandade de Mutantes era formada por Magneto (seu nome Erik Lehnsherr só seria revelado décadas depois), dotado de poderosos poderes magnéticos que o permitiam manipular qualquer substância metálica; os outros membros eram mais voláteis: o velocista Mércurio (Pietro Maximoff) e sua irmã Feiticeira Escarlate (Wanda Maximoff), capaz de manipular a realidade, eram mantidos na equipe quase como reféns, porque Magneto havia lhes salvado a vida e não concordavam inteiramente com os métodos do vilão.
Os outros membros da Irmandade eram meros coadjuvantes, como Groxo (dotado de agilidade), Mestre Mental (podia manipular mentes e criar ilusões) e Blob (um sujeito gordo que era invulnerável e impossível de ser removido de um lugar).
As tramas de Lee e Kirby investiam ainda na caracterização adolescente de seus protagonistas e seus problemas. Drake sofria por ser o caçula, “quase uma criança”, McCoy sofria por sua aparência; Worthington era arrogante e autoconfiante, “dando em cima” sem piedade da colega Jean Grey, que por sua vez, era apaixonada por Scott Summers que, entretanto, era muito tímido para declarar-se a ela. O líder, além da pressão de comandar os companheiros, também tinha que viver cercado de cuidados, porque suas rajadas ópticas eram incontroláveis, o que lhe obrigava a usar um óculos com lentes de quartzo de rubi vermelho que era a única substância conhecida capaz de contê-las. A vigilância tinha que ser constante, pois um simples tropeço que fizesse seus óculos caírem podiam causar uma tragédia ou matar alguém.

Plágio da DC?
Uma das primeiras polêmicas em torno dos X-Men se deu por questões editoriais e foi bem no início: criou-se a impressão de que os mutantes de Lee e Kirby eram um plágio da Patrulha do Destino, criada por Arnold Drake na revista My Greatest Adventure um mês antes da estreia da equipe de Xavier. Como a indústria de quadrinhos era pequena e praticamente todos se conheciam, não é impossível que Stan Lee tenha sabido da produção do novo grupo de Drake e tenha “copiado” algumas ideias. Ou o contrário…
O fato é que realmente existem algumas coincidências grandes demais entre as duas equipes, sendo a principal ambas terem como líder um senhor de maior idade, preso em uma cadeira de rodas e meio severo no tratamento aos seus pupilos. Também o fato dos membros serem párias dentro da sociedade. E, por fim, ambos os grupos combateram outro chamado Brotherhood of Evil (Irmandade do Mal), embora a da Marvel tenha adicionado “mutans” no final (ficando The Brotherhood of Evil Mutants, a Irmandade dos Mutantes Malignos; sempre chamada no Brasil apenas de Irmandade de Mutantes).
Outro elemento curioso relacionando os X-Men à DC Comics vem de uma teoria dos fãs: a de que Lee e Kirby tenham criado os poderes da equipe a partir do Superman. Daí, Ciclope disparar rajadas ópticas tais quais a visão de calor; o Fera ser super-forte; o Anjo voar; o Homem de Gelo corresponder ao sopro gélido; e a Garota Marvel usar a telecinese para criar campos de força, equivalentes à invulnerabilidade. Isso nunca foi confirmado pelos autores, mas faz algum sentido, embora um pouco mais fraco no caso de Jean Grey.
Outro ponto sobre a criação dos X-Men dizem respeito a personagens prévios da Marvel. Quando Stan Lee criou (ao lado de Kirby, Don Heck, Steve Ditko, Larry Lieber e alguns outros) o Universo Marvel moderno, se tornou prática trazer de volta alguns velhos personagens – notadamente, o Capitão América e Namor (criados em 1941 e 1939, respectivamente) – ou criando novas versões de velhos personagens, como é notável no caso do Tocha Humana (o original é de 1939, mas o jovem do Quarteto Fantástico é outro personagem totalmente diferente, apenas com a mesma aparência, poderes e nome).

Em 1939, a Marvel também tinha criado um personagem chamado Anjo, embora neste caso, não tivesse nenhuma outra relação com o membro dos X-Men para além do nome em si. Mas lançar um novo personagem com o nome era uma forma de manter o copyright. Além disso, o Homem de Gelo guarda bastante semelhanças com Jack Frost, um herói dos anos 1940, embora o nome Jack Frost terminou sendo usado em um vilão do Homem de Ferro (chamado no Brasil de Nevasca).

Desenvolvendo o Universo Mutante
Stan Lee falou bastante sobre a criação dos X-Men e sempre afirmou que ficou intrigado com a palavra “mutant” após lê-la em um livro – vale lembrar que essa não era uma palavra comum em 1963. A ideia de mutação genética lhe deu a impressão de seres humanos aprimorados, o que o escritor vinculou aos super-heróis. Daí, veio a ideia de super-seres que, ao invés de ganharem seus poderes em acidentes científicos – como Hulk, Homem-Aranha e tantos outros – existissem heróis que simplesmente já nascessem com tais poderes, por causa da mutação genética.
Na época, Lee era o editor-chefe da Marvel Comics (e o principal escritor), mas respondia ao publisher (e dono da empresa) Martin Goodman. Lee levou a ideia de uma nova série em quadrinhos chamada The Mutants, mas Goodman detestou o nome, que pensou que afastaria os leitores.
Apostando na própria ideia, Lee pensou em uma alternativa e chegou ao termo “x-men”, como seres humanos com habilidades extras e daí conseguiu o sinal verde de Goodman.

Nunca ficou claro, contudo, como se deu o desenvolvimento dos personagens para a revista. A despeito de Jack Kirby ter criado todos os visuais, também é dito por alguns estudiosos que foi ele quem realmente desenvolveu o núcleo principal, com os X-Men, Xavier e Magneto, inclusive, seus poderes. É possível.
Além disso, é importante dizer que, por acumular os cargos de editor-chefe e principal escritor, produzindo praticamente todas as revistas principais da Marvel, Stan Lee simplesmente não tinha tempo para dar conta de tudo, então, criou o “Método Marvel”, no qual ele passava uma breve sinopse ao desenhista, que “escrevia” a história através dos desenhos e Lee voltava para escrever os diálogos e os recordatórios (os quadros de narração). Com um nome como Kirby o esquema funcionou tão bem que chegou ao ponto ao qual nem era mais necessária a sinopse, pois o artista mesmo desenvolvia a trama.
Mutantes entre Nós
The X-Men 01 chegou às bancas em setembro de 1963, dois anos após a estreia do Quarteto Fantástico (que deu início à Era Moderna da Marvel) e dois meses após a estreia dos Vingadores. Era, portanto, o terceiro super-grupo de heróis da editora. Curiosamente, a revista se tornaria conhecida como Uncanny X-Men, mas este título só seria oficializado na edição 141, de 1981, ou seja, quase 20 anos depois!
Ao contrário dos demais títulos da Marvel, que sempre traziam adjetivos prévios – Fantastic Four, The Incredible Hulk, Amazing Spider-Man, The Mighty Thor – a revista X-Men não tinha nada disso, só o nome da equipe. Talvez, Stan Lee pensasse que extra já era um adjetivo, tendo apenas a chamada The Strangest Super-Heroes of All.
O grupo de mutantes estreou em sua própria revista – um luxo na Marvel naqueles tempos, pois ainda era uma editora pequena e tinha um limite de quantas revistas podia publicar por mês. Para se ter uma ideia, o Homem de Ferro não tinha revista própria e suas aventuras eram publicadas em Tales of Suspense, que seria mais tarde a casa do Capitão América também. Thor era publicado em Journey Into Mystery (revista que mudaria o título para The Mighty Thor em 1967). Tales to Astonish publicava histórias do Homem-Formiga e Vespa e depois abrigou as aventuras de Hulk e Namor; o Doutor Estranho saia em Strange Tales.
X-Men 01 trouxe o ponto de partida do universo mutante, com texto de Stan Lee e arte de Jack Kirby, numa trama que mostrava a equipe mutante enviada pelo professor Charles Xavier para deter o mutante terrorista Magneto de tomar o controle de uma base de mísseis. Contudo, quando se inicia algo, não se tem noção do que aquilo será. Lee e Kirby jamais imaginaram que aquela estranha revista que estavam criando se tornaria o maior fenômeno da indústria de HQs 20 anos depois.

Isso ajuda a entender as várias inconsistências que a revista traz. Por exemplo, Xavier diz que aquela é a primeira missão dos X-Men, algo que será contradito por lançamentos futuros. Curiosamente, a história começa com Jean Grey ingressando na Escola para Jovens Super-Dotados do Professor Xavier e ela logo se torna uma x-man e sai com o grupo em batalha, o que é uma falha, pois sequer teve tempo de treinar e se integrar aos colegas. Outra coisa curiosa é que é dito na trama que aquela é a primeira vez que Jean e Xavier se encontram pessoalmente após terem se correspondido por algum tempo, algo que também será contradito por revistas futuras.
A trama estabelece que a Escola de Xavier (localizada em Westchester, em Salem Center, no Estado de Nova York) é a fachada para os X-Men e que o professor os treina para combaterem mutantes malignos, o que dá um caráter paramilitar ao time, embora esse aspecto nunca tenha sido bem explorado. Ao mesmo tempo, é dito que a Escola oferece mesmo um programa regular, embora nunca fique claro qual é esse currículo e Xavier parece ser o único professor residente. Todos estão estabelecidos na Mansão de Xavier, mas nunca vemos criados ou o staff próprio da casa, embora edições futuras façam menção a um cozinheiro, que nunca aparece.
Outro ponto interessante é que Xavier diz, na revista, que perdeu o uso das pernas em um acidente quando era criança, uma informação que será contradita muito em breve nas tramas seguintes.

Xavier também diz que ele é o primeiro mutante, o que dá ao fenômeno da mutação uma temporalidade bastante recente, mas esse elemento também será contradito nas histórias posteriores. Xavier também diz que seus pais eram cientistas (no futuro eles serão batizados de Brian e Sharon Xavier) que trabalharam no programa da bomba atômica e que a radiação poderia ser a responsável por seus poderes. Em contrapartida, fica subtendido que Magneto também é um líder mutante, pois é ele quem primeiro pronuncia o termo homo superior para designar os mutantes.
Os X-Men vão a campo, sem Xavier, para impedir Magneto de roubar os mísseis de Cabo Canaveral (a principal base dos EUA, local onde seriam realizados os lançamentos de veículos espaciais no futuro – porém, na revista, Lee e Kirby optaram por usar um nome ficcional, Cape Citadel, o que será abandonado nas referências futuras a essa aventura) e, apesar da batalha ser acirrada, o grupo vence o vilão com certa facilidade na revista. Xavier celebra a prova de fogo do time.
X-Men 02 chegou às bancas em novembro de 1963 (as revista da Marvel em sua maioria eram bimestrais no início para que a editora pudesse pôr mais revistas nas bancas) e traz uma trama um pouco mais movimentada. Nela, um novo terrorista mutante chamado Vanisher (com poderes de teletransporte) aparece e ameaça roubar planos de defesa no Pentágono, nos EUA. A aventura dá um pouco mais de contexto ao mundo da equipe, colocando em ação o agente do FBI Fred Ducan e o tenente-general Fredericks, que já havia aparecido brevemente numa revista do Quarteto Fantástico e que seria um personagem recorrente nas revistas dos X-Men no início. A edição também introduz a Sala de Perigo como um amplo ginásio modificado cheio de maquinaria embutida no chão e nas paredes criada por Xavier para treinar as habilidades mutantes de seus alunos.

Na trama, Vanisher aparece no Pentágono anunciando que irá roubar planos secretos do governo e, depois, cumpre sua ameaça. Ele alicia alguns gangsteres para se unir à sua causa e tem a batalha contra os X-Men em frente os jardins da Casa Branca. Este último elemento é interessante, porque com a Mansão X localizada no estado de Nova York e a primeira aventura na Flórida e esta segunda em Washington-DC, dando bastante mobilidade aos X-Men, bem mais do que tradicionalmente nos heróis da Marvel, tão fincados na cidade de Nova York.
Na batalha final, os X-Men têm bastante dificuldade de derrotar Vanisher, então, pela primeira vez, o Professor X toma parte da batalha, elemento recorrente nos primeiros anos da revista. Neste caso, a ação de Xavier é impressionante, pois ele simplesmente apaga as memórias do vilão, que fica sem saber quem é e o que está fazendo ali. Este ato extremo não era condizente com a postura heroica que Xavier desenvolveria ao longo do tempo, e também serve como uma “saída fácil demais”. Afinal, se esse é o nível de poder do telepata, porque ele simplesmente não faz isso toda a vez? Por que não faz isso em Magneto?
Ou seja, a ação de Xavier torna os próprios X-Men irrelevantes e redundantes. Lee e Kirby parecem ter percebido isso imediatamente e a postura do personagem – e seu nível de poder – já muda na edição seguinte.
X-Men 03 traz outra trama ainda mais movimentada, embora menos relevante, mas compensando isso com maior desenvolvimento dos personagens. Esta edição desenvolve claramente as personalidades de cada um dos membros da equipe: Ciclope aparece como um líder relutante e trazendo a típica (para Stan Lee e os tempos iniciais da Marvel) sensação de maldição por ter seus poderes; a Garota Marvel aparece como alguém forte (ela é chamada de a membro mais poderosa da equipe), mas incomodada com o assédio dos outros membros do grupo pelo fato dela ser a única mulher; Fera é mostrado como alguém intelectualizado e pouco afeito à violência; o Homem de Gelo como um menino marrento e encrenqueiro, cabeça quente, (ocupando o mesmo lugar do Tocha Humana no Quarteto Fantástico) descrito como o mais jovem de todos; e o Anjo como um playboy rico, arrogante e cheio de si.
À exceção de Jean Grey, as características dos personagens irão se manter dali em diante na longa história de publicação dos X-Men.

A trama da revista envolve, como na anterior, Xavier sondando a região em busca de mutantes e encontra Blob, um homem gordo cuja pele é impenetrável e não pode ser removido de um lugar uma vez que esteja com os pés bem fincados no chão. Ele também tem uma atitude antipática e é um bullyier. Os X-Men vão a um circo onde Blob se apresenta e tentam convencê-lo a se unir ao time. De início ele aceita, mas ao treinar com os X-Men na Sala de Perigo, percebe que é mais poderoso do que todos eles e decide ir embora trilhar o próprio caminho. De volta ao circo termina se associando ao companheiros e decidem atacar a Mansão X.
A revista lida de novo com o elemento de apagar a mente do vilão. Porém, como que para “corrigir” o número anterior, nesta edição, Xavier não é capaz disso e precisa criar uma máquina que reforce seus poderes e faça isso não apenas com Blob, mas com seus comparsas. No fim, o plano dá certo e eles vão embora sem lembrarem de nada.
Um grande problema dessa edição, para historiadores e críticos, é que na trama Xavier revela ter sentimentos por Jean Grey, dizendo amá-la, o que cria um grande dilema ético por ela ser sua aluna e muito mais nova. De qualquer modo, esse tópico seria esquecido imediatamente e não voltaria a ser citado por escritores até os anos 1990, como um ponto importante da trama da megassaga Massacre.

X-Men 04, de março de 1964, abre um novo capítulo nas aventuras da equipe, trazendo a estreia da Irmandade de Mutantes de Magneto, como sua grande opositora. Aqui, o grupo tem Magneto como líder e a estreia de Feiticeira Escarlate, Mercúrio, Mestre Mental e Groxo como membros. Na trama, de início, Xavier entrega um bolo de presente aos seus alunos celebrando o primeiro aniversário das aulas da Escola. Não fica claro o que essa data significa, já que na edição 01 o time já está formado e conta com o ingresso de Jean Grey. O aniversário pode ser tanto dos primeiros alunos quanto contar a partir de Jean. Neste último seria curioso, pois era apenas a 4ª edição da revista e nos quadrinhos o tempo passa bem devagar para que os personagens não envelheçam.

Em seguida, retomando o aspecto geográfico mais amplo da revista, a Irmandade de Mutantes invade a república fictícia de São Marcos e tentam tomar o poder. Os X-Men vão impedir e entram em confronto. Enquanto Magneto é descrito como um déspota, a história deixa claro que Feiticeira Escarlate e Mercúrio não concordam com suas atitudes, mas não rompem por ele por algum tipo de dívida. Durante a trama, Xavier se mostra preocupado que os pupilos não possam derrotar a ameaça e vai ajudá-los, mas termina ferido em uma explosão e fica abalado, aparentemente, tendo perdido os poderes telepáticos.
No fim, a Irmandade foge, mas era apenas o início de uma trama mais longa na qual os X-Men combatem Magneto e seu grupo por cinco edições seguidas.
Em X-Men 05, vemos pela primeira vez os pais de Jean Grey, que resolvem fazer uma visita à Escola para conhecê-la. Fingindo se tratar de uma instituição normal, Scott e Hank fazem um tour pela casa, escondendo que Xavier está ferido por causa da explosão. Sem suspeitar de nada, eles vão embora satisfeitos. No começo da cena, Hank ouve o carro deles chegar antes de todos, deixando implícito que, além da força e da agilidade também tem sentidos mais aguçados.
No campo da ação, é revelado que a base de Magneto é o Asteroide M e de lá ele tenta prosseguir com seus planos de domínio. Os X-Men terminam conseguindo uma nave e vão ao espaço invadir o covil do vilão e derrotá-lo. No fim, o Asteroide M é destruído e cai na Terra. De volta à Mansão X, a equipe é comunicada por Xavier que sua “perda de poderes” foi um embuste e era um tipo de Exame Final para ver se eles conseguiam derrotar sozinhos a Irmandade. Eles passaram!

Enquanto a edição 06 chegava às bancas, os X-Men apareciam pela primeira vez com convidados em outra revista, estrelando em Fantastic Four 28, de julho de 1964. A revista, também produzida por Stan Lee e Jack Kirby, traz o primeiro encontro dos dois grupos numa luta contra o Mestre dos Bonecos e o Pensador Louco, dois oponentes tradicionais do Quarteto Fantástico.
A luta contra a Irmandade prossegue em X-Men 06, agora, com Magneto tentando recrutar Namor, o príncipe submarino para sua causa.
Surgido na primeiríssima revista da Marvel, Marvel Comics 01, de 1939 – estreando ao lado do Tocha Humana original e do Anjo original – Namor era um atlante, os seres humanos adaptados a viver debaixo d’água. Na trama, ele é um filho mestiço de um humano com a rainha atlante, portanto, o herdeiro do trono. Crescendo entre os humanos, ele depois encontrou seu povo e o liderou. Criado por Bill Everett, Namor já tinha um quê de anti-herói desde o início e foi o responsável pelo primeiro crossover dos quadrinhos ao lutar contra o Tocha Humana. Um personagem muito popular nos anos 1940, depois da II Guerra suas vendas caíram e terminou saindo de circulação. Foi resgatado por Stan Lee e Jack Kirby como um oponente do Quarteto Fantástico em Fantastic Four 03, de 1962. Na história, saindo do Quarteto após uma briga, Johnny Storm – o novo Tocha Humana – busca um abrigo e encontra um sujeito com amnésia, mas dotado de super-força. Após descobrir que ele é Namor, o lança no Rio Hudson e a memória retorna, mas ao regressar a Atlântida, o príncipe submarino descobre que ela foi destruída por um teste de uma bomba nuclear e decide se voltar contra a humanidade, lutando contra o Quarteto e regressando outras vezes.
Quando da publicação de X-Men 06, Namor já tinha sido chamado de “o primeiro mutante” em Fantastic Four Annual 01, de 1963, e tinha acabado de enfrentar os Vingadores em Avengers 03 e 04, de 1964.
Sendo um declarado inimigo da humanidade – e um mutante – Namor era uma lógica aliança para Magneto e a edição 06 mostra justamente o mestre do magnetismo tentando recrutar o submarino para a Irmandade, agora, alocada em uma nova base, em uma ilha remota. Os X-Men conseguem interceptar o plano e vão à ilha, terminando por lutar contra Magneto, a Irmandade e Namor, mas este percebe Magneto como um assassino e decide não participar de tal plano e vai embora. Derrotada, a Irmandade foge de novo e os X-Men regressam para casa em uma nave dos vilões. A história mais uma vez reforça como Feiticeira Escarlate e Mercúrio discordam das ações de Magneto.
Uma curiosidade de X-Men 06 é que a Garota Marvel ganha um novo modelo de máscara, com abas se destacando em seu rosto, diferenciando do capuz também usado por Ciclope, Anjo e Fera. Foi uma boa mudança, mas não duraria muito.
X-Men 07 prossegue a trama, trazendo a volta de Blob, agora, também sendo recrutado pela Irmandade de Mutantes. O vilão recobra suas memórias do confronto anterior e se alia a Magneto para ir contra os mutantes, mas no fim, percebe que está de novo lutando uma luta que não é sua e vai embora. A edição, contudo, é mais importante por outros elementos: em primeiro lugar, traz a estreia de Cérebro, a fabulosa máquina criada por Xavier para identificar outros mutantes. A segunda questão é que a revista deixa claro que Ciclope é o novo líder dos X-Men.
Na trama, Xavier aclama que o time está graduado – o que nos EUA equivale a terminar o Ensino Médio – e declara que Scott Summers é o seu novo líder; enquanto o Professor X sai de cena, dizendo que precisa resolver algumas questões pessoais, apresentando o Cérebro para que possam continuar a sua missão. A liderança de Ciclope já vinha sendo desenvolvida desde a edição 01 e ganhou força na edição 03, quando inclusive, Xavier diz que ele é o mais poderoso dos X-Men, mas o número 07 oficializa tudo. Quanto ao fim da escolaridade, é uma curiosidade, já que Bobby Drake é claramente retratado como mais jovem que os demais e, ainda assim, todos terminam juntos.
X-Men 08 é outra edição na qual o desenvolvimento dos personagens é bem melhor do que a trama em si, ainda que o drama do vilão remeta a elementos da Mitologia Grega. Na história, Fera está insatisfeito com os X-Men e decide largar o time e vai trabalhar com luta livre usando a acunha de Fera e lá conhece Unus, outro mutante que repele qualquer um que tente tocá-lo com um tipo de campo de força. A habilidade parece uma derivação de Blob, assim como a ambientação (luta livre versus circo) e até a trama (a Irmandade tenta recrutá-lo).
Como sua prova de fogo, Unus vai atacar a Mansão X e se sai muito bem contra os X-Men até que o Fera volta e cria um aparelho para aumentar os poderes do vilão. Com isso, ele não consegue fazer nada de útil, pois repele tudo. Após fugir, Unus tenta comer e não consegue, porque repele o alimento, o que traz um paralelo ao mito do rei Midas, aquele que transforma tudo o que toca em ouro, mas depois percebe que não pode tocar a esposa ou a filha e mesmo a comida que toca.
O melhor desenvolvimento de X-Men 08 é na relação entre Scott Summers e Jean Grey. Desde sua primeira aparição, a Garota Marvel é cortejada por Fera e Anjo, às vezes, até agressivamente. Mas também é mostrado que Ciclope nutre sentimentos por ela, embora não demonstre por sua personalidade tímida e retraída. Nesta edição, assoberbado de trabalho na ausência de Xavier, Scott é interpelado por Jean que tenta ajudá-lo e a cena mostra claramente que ela também nutre sentimentos por ele.
O envolvimento de Scott e Jean será um ponto central das histórias dos X-Men nas duas décadas seguintes, embora neste primeiro momento, no típico cenário dos anos 1960, o desenvolvimento será muito lento.
Outro ponto fundamental de X-Men 08 é que mostra pela primeira vez que os mutantes não são bem vistos pela população. Numa cena, o Fera impede um assalto, mas é atacado pela população. O sentimento anti-mutante é o ponto crucial do universo dos X-Men e mesmo que tenha sido sutilmente colocado nas edições anteriores, é nesta a primeira vez que tal fato é explícito e vai continuar a se desenvolver nos próximos números.
Por fim, vale anotar que, na edição 08, a Garota Marvel volta a usar sua máscara original, sem as abas, sem nenhuma explicação. E, por fim, e não menos importante, é somente nesta edição que o Homem de Gelo ganha seu visual mais conhecido, deixando de parecer um desajeitado boneco de neve para ficar com a aparência transparente e lisa de uma pista de gelo. O personagem passaria a ser representado dessa nova forma praticamente sem nenhuma alteração – ele ainda manteve as botas por um tempo até deixá-las definitivamente – pelos próximos 20 anos, quando nos anos 1990 os artistas começaram a incrementar mais sua aparência.
X-Men 09, publicada em janeiro de 1965, traz um momento importante, com uma alardeado primeiro encontro entre os Vingadores e os X-Men, embora, ao contrário de outras artimanhas de Lee e Kirby essa foi decepcionante, pois o encontro é rápido e sem propósito.
Na trama, Xavier está nos balcãs numa missão solitária para encontrar um homem chamado Lúcifer, que é revelado como o responsável pelo acidente que o fez perder o uso das pernas e ficar em uma cadeira de rodas. (A informação contradiz algo dito na edição 01). Sozinho, Xavier usa uma fabulosa cadeira-tanque cheia de truques (que não irá usar de novo) para conseguir chegar à caverna em que Lúcifer está escondido, mas descobre que não pode derrotar o vilão, porque ele tem uma bomba atômica acoplada aos batimentos cardíacos. Chamando seus X-Men para ajudá-lo, a equipe vai de navio até lá e quando se preparam para encontrar seu mentor próximo a uma vila interiorana, os mutantes são interceptados pelos Vingadores, aqui, em sua famosa segunda formação, com Capitão América, Thor, Homem de Ferro, Gigante e Vespa.

Os maiores heróis da Terra chegam até lá com Thor interceptando as ondas da bomba com seu martelo e, no típico estilo Marvel, quando os dois grupos se encontram saem na porrada. Infelizmente, a briga é breve, e logo Xavier se comunica telepaticamente com o deus do trovão, que sente a verdade dele e convence o grupo a ir embora.
Unido aos X-Men, Xavier consegue coordenar a ação para que desarmem a bomba – Ciclope usa um feixe de energia fino como um fio de cabelo para desabilitar o fusível – e Lúcifer foge. Nesta edição, como na anterior, a Garota Marvel usa sua máscara original.
A X-Men 10 traz a estreia de um novo personagem que teria bastante história na Marvel: Ka-Zar, o lorde da Terra Selvagem. O personagem havia surgido nas revistas pulp dos anos 1930 (como um “concorrente” de Tarzan) e já tinha tido outras versões em quadrinhos, mas agora, era introduzido no Universo Marvel. Na trama, um grupo de cientistas em uma expedição na Antártica é salvo por um homem semi-nu. O evento extraordinário ganha as manchetes e os X-Men pensam se ele é um mutante e vão à Antártica.
Ao chegarem ao local do inusitado encontro, os X-Men seguem uma trilha de pegadas, encontram uma caverna escondida e chegam – estupefatos – à Terra Selvagem: um território tropical escondido na Antártica, em que dinossauros e outros animais pré-históricos vivem normalmente com tribos humanas. Lá entram conflito com uma das tribos, quase viram comida dos animais e são auxiliados por Ka-Zar e seu tigre dentes de sabre chamado Zabu.

Após esse interlúdio, a saga da Irmandade de Mutantes encerra seu primeiro ciclo em X-Men 11, na qual os X-Men são surpreendidos pelo surgimento do Estranho, em Nova York, e pensando se ele é um mutante, vão interceptá-lo, que se mostra extremamente poderoso, inclusive transformando o Mestre Mental em um tipo de estátua. Magneto decide tentar convocá-lo para a Irmandade e uma batalha se desenvolve entre todos, indo terminar em uma floresta. No fim, Feiticeira Escarlate e Mercúrio decidem romper com o grupo e são convidados a ingressar nos X-Men, mas recusaram e vão embora.
A Irmandade termina desfeita, com o Estranho se revelando um ser extraterrestre e indo embora do planeta levando consigo Magneto e Groxo como reféns.

Pela trama que se desenvolvia desde X-Men 04, parecia que Lee e Kirby queriam desenvolver os irmãos Maximoff como membros dos X-Men, mas por algum motivo, a dupla de criadores preferiu não mexer no status quo do grupo mutante e fez os vilões relutantes simplesmente irem embora. Na verdade, a dupla ingressaria logo depois em outro grupo da Marvel: os Vingadores. Feiticeira Escarlate e Mercúrio se transformariam rapidamente em dois dos mais importantes e frequentes membros dos maiores heróis da Terra. A dupla ingressa em Avengers 16, quando Homem de Ferro, Thor, Gigante e Vespa decidem sair do grupo e o Capitão América monta um novo time com os irmãos mais o Gavião Arqueiro.
Daqui em diante, os irmãos Maximoff muito raramente aparecerão na revista X-Men.
A edição anterior terminou com um gancho de Ciclope e Xavier percebendo – via Cérebro – que um ataque à Mansão X é iminente e X-Men 12, de julho de 1965, dá início à mais importante fase das histórias dos mutantes por Lee e Kirby: a estreia do vilão Fanático (Juggernaut no original). Em inglês a palavra Juggernaut denomina uma prática ritual da Índia, descrita por um missionário francês no século XIV, na qual se construía um grande veículo com rodas gigantescas (como um compressor) em honra a Vishnu e alguns fieis se jogavam deliberadamente embaixo da roda para se sacrificar ao deus. O termo vem do hindu Jagganath e virou uma denominação comum a veículos massivos (como uma locomotiva ou um compressor) e também sinônimo de uma força irrefreável. Assim, a tradução adotada no Brasil como “Fanático”, uma força fanática, irrefreável, faz até algum sentido.
O tema do vilão que não pode ser parado remete – de novo – ao Blob, mas dessa vez, o Fanático ganha um visual e uma caracterização mais digna. Também é importante ressaltar que, nesta edição, Jack Kirby começa a dividir as tarefas artísticas, cabendo aqui a ajuda de Alex Toth, um famoso cartunista que começou a carreira na Era de Ouro dos quadrinhos, nos anos 1940, desenhando histórias de terror e de guerra, e ficou famoso com seu trabalho como design no estúdio de animação de Hanna & Barbera.

A história se chama A Origem do Professor X e, por incrível que pareça, esta é a primeira edição em que seu primeiro nome, Charles, aparece. Na trama, enquanto os X-Men criam uma barreira de proteção em torno da Mansão X (com trincheira, bombas, cerca elétrica e uma barreira de gelo) para impedir a chegada do misterioso vilão que os ataca, Xavier conta a eles sua origem e sua relação com seu irmão. Toda a história se alterna entre o conto de Xavier e o suspense do misterioso vilão avançando sobre todo e qualquer obstáculo.
A história de Xavier é a seguinte: seu pai, o cientista Brian Xavier, morreu em um acidente nuclear em Alamogordo, e seu companheiro de trabalho, Kurt Marko se aproxima da viúva, Sharon Xavier, terminando por casar com ela. No fim das contas, Kurt termina se tornando um padastro abusivo à mulher e ao enteado. Fica claro que Marko só queria o dinheiro e as propriedades da família Xavier. Mais tarde, quando o filho de Kurt de um outro casamento, Cain Marko, foi expulso de uma escola, foi morar na Mansão X e se revelou um abusador e bullyier terrível.

Certa vez, Xavier flagrou uma discussão entre Kurt e Cain, onde este acusa o próprio pai de forjar a morte de Brian. O jovem Charles irrompe na conversa e na discussão que se segue, Cain termina derrubando uns frascos de produtos químicos que causam uma explosão e um incêndio. Kurt termina salvando a vida dos filhos, mas fica muito machucado com o incidente e, à beira da morte, jura para Charles que não teve nada a ver com a morte de Brian, que foi mesmo um acidente. Depois disso, os poderes telepáticos de Xavier começaram a se desenvolver e ele ficou calvo ainda no fim da adolescência.
Xavier e Cain continuaram a morar juntos, mas com muitas brigas. Numa ocasião, os dois saem em confronto físico, mas Xavier ganha a luta por causa de seus poderes telepáticos. Noutro dia, quando estavam em uma viagem de carro, Cain começou a provocar Charles e terminou causando um acidente, com o veículo despencando de um desfiladeiro: Cain conseguiu saltar antes, mas Xavier não e ficou muito ferido. Por fim, os dois terminaram como soldados na Guerra da Coreia (em 1953, 12 anos antes da publicação da revista). Marko foge de um confronto para se abrigar numa caverna e termina descobrindo um antigo templo de Cytorrak – uma referência mística já citada nas histórias do Doutor Estranho. Ao pegar um cristal, Cain é transformado, mas a caverna desaba em cima dele por causa de um bombardeio e Xavier escapa. Agora, Marko quer se vingar do meio-irmão.

No fim, o vilão vence todas as barreiras e aparece diante dos X-Men e de Xavier usando uma armadura mística e é chamado pelo irmão como uma “força Fanática”.
A trama continua em X-Men 13, na qual vemos a feroz batalha entre os mutantes e o Fanático, que se mostra praticamente indestrutível. Os X-Men vão ficando bastante machucados em meio à batalha e Xavier busca desesperadamente por ajuda, conseguindo chamar o Tocha Humana do Quarteto Fantástico, numa participação descabida tal qual a dos Vingadores alguns números antes. Na luta, Xavier usa o Tocha para cegar temporariamente o Fanático, dando ao Anjo o tempo necessário para arrancar o elmo do vilão. Sem a proteção do capacete, Cain Marko é facilmente derrotado por seu meio irmão por meio de uma rajada mental. Em seguida, Xavier manda o Tocha embora e apaga da mente dele a aventura, para preservar o segredo dos X-Men.
Esta edição contou com outro desenhista ajudando Jack Kirby: agora Werner Roth, um desenhista que trabalhava na Marvel desde os anos 1950, especialmente em aventuras de faroeste, mas como trabalhava também para a DC Comics, usou o pseudônimo de Jay Gavin.
X-Men 14, de novembro de 1965, traz de novo a trinca de Stan Lee (texto), Jack Kirby (layouts) e Werner Roth (arte) e é um marco por ser a primeira vez que a revista é publicada de modo mensal desde seu lançamento dois anos antes. A trama traz a estreia dos Sentinelas, o robôs caçadores de mutantes.
Na história, como prêmio pela derrota do Fanático na edição anterior, Xavier dá férias aos X-Men, e eles saem para viver um pouco de normalidade em suas identidades civis: Scott parte sozinho, Bobby e Hank vão ao Café A Go Go (que já tinha aparecido desde a edição 03), Warren volta à mansão de seus pais (que são mostrados pela primeira vez), e Jean pega um trem para ir visitar seus pais. Mas ao mesmo tempo, o antropólogo Bolivar Trask aparece na TV discursando contra os mutantes e a ameaça que representam. Os jornais do dia seguinte são inundados pelas “previsões” do cientista de que os mutantes irão dominar a raça humana e dá início a uma histeria anti-mutante.

Preocupado, Xavier consegue arranjar um debate televisivo com Trask e no meio do programa o cientista apresenta a sua solução para os mutantes: robôs gigantes (com uma altura estimada em uns 5 metros) que identificam e imobilizam os mutantes. Mas para sua surpresa, o Sentinela 1 se volta contra seu criador e toma o estúdio de TV como reféns, chamados à ação por Xavier, Fera e Homem de Gelo vão ao estúdio ajudar e começam a lutar contra o robô. Ciclope está próximo e pega um táxi, mas um descuido faz seus óculos caírem e suas rajadas destroem o teto do veículo, deixando o motorista enlouquecido.
Xavier, Ciclope, Fera e Homem de Gelo conseguem derrubar um dos Sentinelas, mas outro captura Trask e vai embora. É interceptado pelo Anjo em pleno ar, mas este é derrotado. Ainda assim, Xavier consegue extrair do robô a localização da base secreta dos Sentinelas, onde Trask confronta suas máquinas e é informado de que os robôs chegaram à conclusão de que só podem salvar a raça humana se dominá-la.
X-Men 15 dá prosseguimento à trama, com Xavier e os X-Men em busca da base dos Sentinelas. Lá, descobrem que os robôs são reproduzidos e comandados por um Sentinela ainda maior, chamado Molde Mestre, e na luta que se segue, o Fera é capturado. O Molde Mestre lê sua mente, para obter informações contra os X-Men e descobrimos uma pequena origem de Hank McCoy, mostrando-o como um brilhante jovem que se destacou no futebol americano por causa de sua força e agilidade e virou uma estrela, sendo convidado por Xavier à Escola. Os X-Men são derrotados.
Em X-Men 16, os mutantes estão prisioneiros dos Sentinelas em celas transparentes, enquanto Xavier volta ao estúdio de TV onde jaz o Sentinela caído para descobrir sua fraqueza e percebe que um enorme cristal de propaganda no topo de um edifício vizinho é a causa de uma interferência na transmissão daquela unidade. E decide usar isso contra o Molde Mestre. Enquanto Ciclope consegue libertar seus companheiros quando os Sentinelas colocam o Fera dentro das celas, a luta recomeça ao mesmo tempo em que Bolivar Trask é ordenado a construir novos Sentinelas, ao contrário, o Molde Mestre irá destruir uma cidade próxima. O cientista cede, mas ao perceber a luta dos X-Men contra suas criações, Trask se volta contra os robôs e destrói a maquinaria, causando uma destruição. Sua ação combinada a de Xavier e dos X-Men resulta na destruição do Molde Mestre e dos Sentinelas.
A Trilogia dos Sentinelas foi a principal história dos X-Men criada por Lee e Kirby e o ponto alto da revista até então. Na verdade, demoraria muitos anos para que as aventuras voltassem a esse nível, o que se refletia na vendagem decrescente da revista.
X-Men 17, de fevereiro de 1966, ainda com Lee, Kirby e Roth, traz a volta do general Fredricks, e os X-Men recebendo tratamento médico do Exército como agradecimento por sua ação contra os Sentinelas, o Homem de Gelo é o mais grave, em coma. O Anjo tem um problema mais mundano: seus pais estão preocupados e, mesmo com Xavier dizendo que eles estavam em uma viagem de campo para uma pesquisa, os Worthingtons insistem em passar para dar uma visita rápida. O Anjo, então, volta à Mansão X, mas é atacado por uma figura misteriosa. Isso alerta Xavier e os outros membros retornam a missão e são derrotados por esse atacante misterioso, que apaga as luzes para não ser identificado, e lança os X-Men à alta atmosfera para morrerem. Quando os Worthingtons chegam à mansão, se revela que o vilão é Magneto!
X-Men 18 traz a primeira edição da revista que não é desenhada por Jack Kirby, com arte integral de Werner Roth (ainda usando o pseudônimo Jay Gavin, o nome de seus filhos). Apesar de ter seu próprio traço, Roth optou por mimetizar a arte de Kirby para não causar “estranheza” ao leitor. A trama da revista mostra os X-Men lutando para sobreviver à armadilha de Magneto (presos em um balão em alta altitude) e o Homem de Gelo indo enfrentar sozinho o vilão. Xavier lê na mente de Magneto como ele escapou do planeta do Estranho usando seus poderes magnéticos para comandar uma nave espacial, enquanto o mestre do magnetismo usa os pais do Anjo (Warren Worthington Jr. e Kathryn) para gerar um exército de clones mutantes, mas equipe consegue se salvar e derrotá-lo, terminando com Magneto fugindo com o Estranho em seu encalço.
Postos em Segundo Plano
Nunca foi realmente explicado porque Stan Lee e Jack Kirby deixaram a revista dos X-Men, mas o apontamento lógico é que não valia à pena investir em uma revista que era aquela que vendia menos dentre os títulos da Marvel. Em 1966, Lee ainda escrevia a maioria dos heróis da editora (o que inclui Homem-Aranha, Quarteto Fantástico, Vingadores, Homem de Ferro, Thor, Hulk, Doutor Estranho); e Kirby era o principal artista da Casa das Ideias, fazia a maior parte das capas e desenhava as histórias do Quarteto Fantástico, Thor e do Capitão América.
Lee e Kirby devem ter pensando em construir as bases da revista e deixar para outros menos ocupados prosseguirem e foi isso o que fizeram.

X-Men 19, publicada em abril de 1966, foi a última edição em que Lee e Kirby trabalharam juntos nos mutantes. Kirby, novamente, fez apenas os layouts, enquanto Werner Roth fez a arte em si e permaneceria como o artista principal do título. Na trama, Enquanto Bobby e Hank têm um encontro duplo com as garotas Zelda e Vera – oficialmente membras coadjuvantes da revista a partir daqui – conhecem Calvin Rankin, um garoto que tem o poder de mimetizar os poderes de quem está próximo a ele e ao se aproximar dos X-Men se torna o Mímico.
Mas o Mímico não age como uma boa pessoa e serve como um vilão nessa história, inclusive, também tomando de empréstimo o poder de Blob e de Unus. No fim, os X-Men descobrem que Calvin não é um mutante, mas ganhou seus poderes em um acidente científico causado por seu pai. Os heróis se envolvem em uma batalha final e Calvin parece perder suas habilidades.

Foi o passo final para Lee e Kirby: X-Men 20, de maio de 1966, traz um novo roteirista: Roy Thomas. Ele tinha apenas 25 anos (Lee tinha 45 e Kirby quase 49) e estava em seu início da carreira na Marvel. Nascido em Jackson, no Missouri, Thomas tinha se graduado em Sociologia e História na Southeast Missouri State University e trabalhava como professor no Ensino Médio, mas era um grande fã de quadrinhos e parte importante do nascente fandom, a comunidade organizada de fãs que começava a publicar fanzines e organizar convenções. Foi desse grupo de fãs que saíram nomes fundamentais da passagem da Era de Prata para a Era de Bronze.
No futuro, Thomas seria o principal braço direito de Lee, um grande escritor de quadrinhos e editor-chefe da Marvel. Mas estava apenas começando. Ele chegou a Nova York em junho de 1965, abandonando uma bolsa de estudos para estudar Relações Estrangeiras na George Washington University, após ser convidado para trabalhar na DC Comics por Mort Weinsinger, o editor dos títulos do Superman. Mas Weisinger era um conhecido abusador e, após duas semanas, se demitiu e foi contratado por Stan Lee para trabalhar como editor assistente na Marvel Comics.
Thomas iniciou sua carreira revisando os textos de Lee e ajustando referências cronológicas – coisa que continuou a fazer por muitos anos – mas logo começou a escrever roteiros tapa-buraco em títulos diversos da Marvel, desde Millie, a Modelo a Doutor Estranho. Por fim, seu primeiro trabalho fixo como roteirista foi nas histórias de II Guerra de Sgt. Fury and His Howling Commandos; e os X-Men foram seu segundo título.
Thomas admitiu em entrevistas posteriores que não entendeu o potencial dos X-Men, julgando-os uma “imitação barata do Quarteto Fantástico”, não lhes dando a devida atenção, de modo que sua primeira passagem na equipe não foi nada marcante. O escritor estava assumindo o posto de editor assistente de Stan Lee e assumindo algumas de suas revistas, como Vingadores e Demolidor, além dos X-Men.
Dito isso, é preciso salientar que, apesar de sua primeira fase com os mutantes não ter se tornado clássica como o período prévio de Lee e Kirby, Thomas era um escritor muito habilidoso e, talvez por sua juventude, tinha uma conexão muito maior com os anos 1960 e sua turbulência política e revolução cultural, levando isso para as histórias.
Além disso, enquanto Lee e Kirby haviam concentrado as tramas em contos curtos de uma ou duas edições – a Trilogia dos Sentinelas foi a exceção – Thomas era particularmente habilidoso em lançar pequenos sub-plots ao longo de uma edição, apresentando pedaços de um quebra-cabeças que iriam montar no futuro, o que beneficiou as tramas com mais fluxo, amarrando cada edição em um arco de histórias maior, tal qual é o padrão dos dias de hoje.

A primeira edição de Thomas, X-Men 20, mantendo a arte de Werner Roth, resolveu logo um dos grandes “mistérios” levantados até ali, mostrando finalmente como Xavier acabou numa cadeira de rodas. A história traz a volta de Lúcifer, agora, esclarecido como um alienígena que faz parte de um plano de dominação da Terra. Em meio a um novo combate, a dupla de opositores relembra seu primeiro encontro, muitos anos antes, no Tibet, quando um jovem Xavier descobre Lúcifer governando uma cidade perdida com mão de ferro a consegue mobilizar os cidadão em uma revolta contra seu líder opressor, com Thomas trazendo uma história real de revolução logo em sua primeira edição.
Outro elemento importante na edição 20 é que a Garota Marvel usa o Cérebro na ausência do professor Xavier para ajudar a localizá-lo, sendo a primeira evidência de que Jean Grey também tem poderes telepáticos – algo que seria explorado nos anos seguintes.

A batalha com Lúcifer conclui na edição 21, e os números 22 e 23 trazem um confronto com o Conde Nefária, um vilão que havia surgido em Avengers 13 e era o líder de uma organização criminosa chamada Maggia, uma espécie de versão Marvel da máfia. Mas depois daquilo, ele criou um grupo de superseres – os Homens-Animais – com poderes de animais, mais ou menos como versões evoluídas deles em forma humanoide – tal qual fazia outro vilão da Marvel, o Alto Evolucionário.
Estas duas edições terminariam se mostrando bastante importantes por causa de outro confronto com Nefária no futuro distante.

Em seguida, veio um pequeno ciclo de aventuras menos importantes, que se inicia em X-Men 24, na qual combatem o vilão Lacust, mas essa edição é importante por outro motivo: os pais de Jean Grey decidem tirá-la da Escola para Jovens Superdotados do Professor Xavier e ela ingressa no Metro College de Nova York, a mesma faculdade em que estudava Johnny Storm, o Tocha Humana. Lá, ela conhece Ted Roberts, um jovem estudante que servirá como um rival para Scott pelo amor dela pelas edições seguintes.

Nas edições 25 e 26, o grupo foi a San Rico combater El Tigre, e nessa último número, Jean encontra Calvin Rankin, que não tem mais os seus poderes de Mímico, mas claro, isso muda rapidamente. Em X-Men 27, de dezembro de 1966, enquanto enfrentam o Mestre dos Bonecos (que tinham lutado contra ao lado do Quarteto Fantástico em Fantastic Four 28), Mímico é oficialmente aceito como membro da equipe, se tornando o primeiro herói a ingressar na fileira de membros dos X-Men após o quinteto original.
Na edição, os heróis também conversam com Feiticeira Escarlate e Mercúrio – numa rara aparição – que são mais uma vez convidados ao time e recusam por “lealdade aos Vingadores”.
Outro ponto importante é que nesta revista Jean Grey redesenha os uniformes dos X-Men. Na verdade, as mudanças são mínimas: basicamente a blusa amarela dos uniformes se torna um tipo de faixa central, o que sem dúvida dá mais elegância ao time. A Garota Marvel finalmente incorpora definitivamente a máscara com abas criadas por Kirby e abandonadas depois. Mas foi uma oportunidade perdida, já que Roy Thomas e Werner Roth podiam ter aproveitado a chance e mudarem de verdade os uniformes e dar a cada membro um toque individual, algo que só ocorreriam um pouco mais tarde.
Após essa primeira rodada, parece que finalmente Roy Thomas se apropriou da revista propriamente dita, pois X-Men 28, de janeiro de 1967, dá início a um arco maior de histórias interligadas com uma trama de fundo se desenvolvendo aos poucos: A Saga do Fator 3, uma organização terrorista com planos de dominação mundial. Essa edição também é importante porque traz a estreia de Banshee, o irlandês Sean Cassady, um personagem que seria duradouro no universo dos X-Men e um futuro membro.
Na trama, Banshee e o Ogro combatem os X-Men, que descobrem ser tudo parte dos planos do misterioso Fator 3. Xavier percebe que o Banshee está sendo dominado por um artefato eletrônico em sua cabeça. Ao ser liberto ele foge. A ameaça do Fator 3 seria um sub-plot constante nas edições seguintes.
Em X-Men 29 os X-Men enfrentam o Superadaptoide, um vilão que já havia combatido o Capitão América e os Vingadores. Ele é um avançadíssimo androide que absorve as capacidades de quem está próximo, de modo semelhante ao Mímico, enquanto este tem a limitação de que precisa estar próximo da fonte para manter as habilidades. Na trama, frustrado por estar vendo Jean se aproximar de Ted Roberts, Scott dispara suas rajadas ópticas em uma montanha próxima à Escola e termina por libertar acidentalmente o Superadaptoide. No confronto que se segue, claro, o robô e Mímico medem suas capacidades, mas terminam anulando os poderes um do outro. Sem seus poderes, Calvin Rankin deixa os X-Men, pedindo desculpas por ter sido um idiota tantas vezes.

Após uma edição “tampa-buraco” em X-Men 30, na qual combatem Warlock – com desenhos de Jack Sparling cobrindo as férias de Werner Roth – vem X-Men 31 com a luta contra Cobalt-Man, que é Ralph Roberts, irmão de Ted, que começa a suspeitar que Jean e Scott são Garota Marvel e Ciclope. A edição também traz a estreia de Candy Southern, que seria a longeva namorada de Warren.
X-Men 32 traz um grande desenvolvimento de personagens, mostrando a equipe celebrando o 18º aniversário de Bobby Drake – o que indica que as aventuras do time começaram há dois anos – no Café A Go Go, com Zelda, Vera e Candy; o que permite a Jean e Scott terem um momento só seu. O quase-casal dança junto e deixam a entender que sentem mesmo alguma coisa um pelo outro.

A ação fica com o retorno do Fanático, com a trama mostrando que Xavier mantém seu meio-irmão aprisionado e em animação suspensa desde o confronto nas edições 12 e 13, enquanto pensa numa maneira de desabilitar seus poderes místicos, mas numa trama que envolve a ação de bastidores do Fator 3, Cain Marko se liberta.

A luta como sempre é feroz, mas o Fanático fica sabendo do Fator 3 e acha mais interessante se unir ao grupo e vai atrás de uma base militar para roubar um jato, iniciando uma trilha de destruição. Na edição 33, Xavier planeja voltar ao Templo de Cyttorak na Coreia onde seu irmão ganhou os poderes e os X-Men recebem a ajuda do Doutor Estranho, que garante que Ciclope e Garota Marvel ingressem dentro do Cristal de Cytorrak para tirar os poderes de Marko, mas precisarão combater o guardião Xorak, o exilado, que vive lá dentro. É uma oportunidade do quase-casal ter uma aventura juntos, só os dois, e eles se saem muito bem.
A edição termina, contudo, com um gancho, com Xavier sendo sequestrado pelo Fator 3. Mas X-Men 34 é outra tapa-buraco, com o time combatendo o Topeira (outro vilão clássico do Quarteto Fantástico) com texto de Thomas, mas arte do substituto Dan Adkins, que tinha atuado como arte-finalista por muito tempo na revista. Na edição 35 os X-Men entram em choque com o Homem-Aranha e chegam a convidá-lo para o grupo, mas o teioso recusa, claro. Mas a trama se desenvolve com o time conseguindo a ajuda de Banshee com informações sobre o Fator 3. Esta seria a última edição em que Warner Roth faria a arte da história principal.

Nas edições 36 e 37, enquanto Roy Thomas continua nos roteiros, a arte é assumida por Ross Andru, um desenhista da DC Comics mais conhecido por seu trabalho na Mulher-Maravilha, mas que teria um grande futuro na Marvel, desenhando o Homem-Aranha. Nas duas revistas em questão, os X-Men lutam contra Mekano, prosseguindo o plot do Fator 3. No primeiro número vemos nos bastidores o verdadeiro líder do grupo terrorista, o Mestre dos Mutantes; enquanto no segundo conhecemos seu principal operador, o Changeling, um personagem que desempenharia um papel importante nos próximos meses.

Após as duas edições com Andru, X-Men 38 traz a estreia de Don Heck como novo desenhista oficial da revista. Heck havia sido um dos grandes arquitetos do Universo Marvel, tendo sido cocriador do Homem de Ferro e desenhado as aventuras dele e dos Vingadores, com uma arte clássica e enérgica. Nessa função, ajudou a criar personagens importantes, como a Viúva Negra e o Gavião Arqueiro.

X-Men 38 e 39, terminando em dezembro de 1967, trazem os capítulos finais da Saga do Fator 3, com a batalha final dos mutantes contra o grupo que vinha movimentando as tramas desde a edição 28 ao longo de todo aquele ano. Sem dúvidas, esse par de números é o melhor momento dessa fase de Roy Thomas. Na primeira edição, enquanto Xavier está refém do Fator 3 em sua base na Europa Oriental, consegue comunicar seus pupilos do grande plano: causar a III Guerra Mundial entre os Estados Unidos e a União Soviética invadindo bases dos dois países e fazendo cada um disparar mísseis nucleares, uma premissa que seria usada no filme X-Men – Primeira Classe.
Na HQ, Ciclope lidera os X-Men numa divisão de tarefas: Garota Marvel, Fera e Anjo vão à Rússia impedir Blob e Vanisher, enquanto o próprio Ciclope e Homem de Gelo vão a uma base militar nos EUA e confrontam o Mestre Mental e Unus. Com percalços as duas equipes vencem e se reúnem na base na Europa Oriental e confrontam o Mestre dos Mutantes, mas recebem uma ajuda do Changeling, que se revela um transmorfo e assume a identidade de Xavier, tentando convencer os aliados do vilão de que uma hecatombe nuclear será ruim para os mutantes também. Isso gera dúvidas nos vilões e, com uma ajuda de Banshee, que também estava cativo, terminam destruindo a armadura do Mestre dos Mutantes e revelando que ele é um alienígena com planos de dominação da Terra. Revoltados, os mutantes malignos também se voltam contra o “mestre”.

Ao final, entendendo a importância do feito do grupo ter vencido a árdua trama do Fator 3, Xavier e Jean providenciam novos uniformes para os X-Men: pela primeira vez o grupo ganhava identificações visuais próprias. Ciclope tinha o visual mais simples de todos, com destaque à sunga, luvas e botas amarelas, um peitoral azul sem nenhum detalhe e seu visor mais estreito; a Garota Marvel com um vestido verde e minissaia, com botas e luvas amarelas e a máscara de abas na mesma cor; o Fera com basicamente seu uniforme anterior, mas agora nas cores azul e vermelho; o Homem de Gelo permanecendo igual; e o Anjo com um estranho e espalhafatoso uniforme nas cores amarelo e vermelho, simplesmente horroroso! O design dos novos uniformes coube a Don Heck, que já tinha cumprindo o papel de criar inúmeros visuais na editora. À exceção do Anjo, esse visual da equipe seria absolutamente duradouro e passaria a compor a identidade desses personagens.
Um evento paralelo às as venturas do Fator 3 foi que entre X-Men 38 e 42, a revista publicou, além da história principal, uma história secundária, também escrita por Roy Thomas, e trazendo a volta de Werner Roth à arte, com tramas trazendo as origens dos X-Men. O primeiro capítulo mostrou Xavier indo ao FBI e contactando Fred Dukes para ajudá-lo a identificar mutantes bons em meio ao início de uma histeria anti-mutante, o que os leva ao caso de Scott Summers, que se desenvolve nas edições 39 a 42, em que o jovem sai do orfanato e é perseguido por uma urbe anti-mutante e termina caindo nas mãos de um criminoso mutante chamado Jack O’Diamonds e sendo usado por ele, com Xavier ajudando e o recrutando como o primeiro dos X-Men. Essa pequena historieta de Thomas aprofunda bastante a ambientação da formação do time.
De volta à trama principal, há um pequeno interlúdio na edição 40, na qual Roy Thomas dá vazão à sua paixão pelos monstros – ele seria o editor de várias revistas de terror da Marvel nos anos 1970 – e trouxe uma aventura com o Monstro de Frankstein. Mas a trama traz um pequeno elemento importante, deixando claro que Jean e o professor Xavier têm um plano secreto e misterioso em andamento. Warren a questiona sobre isso e ela diz que “sim e que não”.

X-Men 41 e 42, publicadas em fevereiro e março de 1968, trazem um pequeno arco no qual os X-Men descobrem a existência de uma raça monstruosa vivendo no subterrâneo de Nova York, os Gortokians, e combatendo um deles, Grotesk. Na batalha, o monstro termina ativando uma máquina que pode afetar o núcleo da Terra e gerar grandes terremotos e quando o maquinário explode o monstro morre, mas Xavier fica terrivelmente ferido. Nos braços de seus alunos, o Professor X diz que estava sofrendo de uma doença fatal há algum tempo e não tinha dito, e termina por não resistir aos ferimentos e morre, na edição 42. Há um funeral e os X-Men estão por conta própria agora. Para mostrar a importância do momento, a capa de X-Men 42 traz a arte de John Buscema, o desenhista dos Vingadores e um dos maiores artistas da história da Marvel.
Outro ponto importante é que, ao final da história, os X-Men se reúnem na Mansão X, para ouvir uma gravação de despedida de Xavier, na qual revela que vinha treinando as habilidades telepáticas de Jean, o que meio que oficialmente transforma a Garota Marvel em telepata, adicionando uma habilidade que, a partir de então, será indissociável da personagem. Também é lido o testamento deixando a fortuna para um fundo beneficente administrado por Scott.
Claro que não era verdade e Xavier retornaria dentro de dois anos, mas isso é assunto para daqui há pouco. A ideia de uma raça vivendo no subterrâneo – ainda que ecoe o Toupeira – seria renovada nas revistas dos X-Men duas décadas no futuro, com os Morlocks, mas isso também é assunto para depois.
Até então, Roy Thomas tinha evitado usar o maior vilão dos X-Men, Magneto, em vez disso, investindo em uma ameaça mais original, com o Fator 3, mas as vendas de X-Men não ajudavam. Naquele ponto, a revista dos mutantes era o título menos vendido da Marvel e era preciso sacudir as coisas. Então, Thomas usou o “golpe baixo” da editora: usou o mais famoso inimigo do grupo e ainda os colocou ao lado de um dos maiores sucessos da casa, os Vingadores.

Assim, X-Men 43 a 45, terminando em junho de 1968, trazem um novo confronto com Magneto, conectando sua trama com outra decorrendo paralelamente em Avengers 49 a 53, a revista dos Vingadores, também escrita por Roy Thomas, e desenhada por John Buscema. Falando nisso, aquelas edições dos mutantes trouxeram uma troca significativa da equipe criativa. A edição 43 teve Thomas criando a trama, mas o roteiro foi desenvolvido por outro jovem escritor em ascensão na Marvel, Gary Friedrich e a arte passou temporariamente para George Tuska (que ficaria mais famoso por seu trabalho no Homem de Ferro), arranjo que se manteve no número 44; mas no 45, Friedrich assumiu inteiramente o texto e a arte passou à combinação de dois velhos conhecidos, Werner Roth e Don Heck. Roth era considerado um desenhista muito bom, mas tinha dificuldades com as cenas de ação, sendo melhor em desenvolver personagens, então, Heck (mais experiente em ação, tendo desenhado o Homem de Ferro e os Vingadores) dava um reforço nesse aspecto.
Na trama, Magneto está de volta e reúne sua velha Irmandade de Mutantes, embora dessa vez, apenas com Feiticeira Escarlate, Mercúrio e Groxo. O Mestre Mental ficou de fora, pois havia deixado o mestre do magnetismo e se unido à trama recém-mostrada do Fator 3. Claro, os irmãos Maximoff agora eram membros dos Vingadores, mas se mostravam irritados com a humanidade por causa do constante sentimento anti-mutante. Mais enérgico, Pietro aderiu novamente à causa de Magneto e a mais relutante Wanda o seguiu, embora estivesse sem os seus poderes, algo que ela escondeu do vilão.
O vilão está de novo na ilha do Atlântico como base e seus planos de dominação, os X-Men vão combatê-los e são derrotados e aprisionados, com apenas o Anjo escapando e indo atrás dos Vingadores em busca de ajuda.

A edição 44 traz um estranho interlúdio no qual em meio a sua viagem pelo Atlântico, o Anjo encontra uma ilha artificial com uma raça de homens-alados e o Red Raven (Corvo Vermelho), um herói dos tempos da II Guerra Mundial. Este pequeno conto não é mencionado quando o x-man chega ao outro lado e encontra os Vingadores na revista do grupo. Visto em retrospecto, parece que foi uma história apenas para “ganhar tempo” enquanto X-Men se ajustava à publicação de Avengers ou o contrário.

X-Men 45 traz um confronto entre Ciclope e Mercúrio, enquanto os eventos da edição anterior transcorrem, mas de modo inusual para os anos 1960 (mas algo recorrente 30 anos depois, como veremos), a trama conclui apenas em Avengers 53 (por Thomas e Buscema), na qual os Vingadores chegam à ilha de Magneto, que usa um maquinário para dominar a mente dos X-Men e pô-los em confronto com os Vingadores, exceto o Anjo, que ajuda a desarticular o plano. No típico final Marvel, a ilha explode, dando a entender que Magneto morreu. Feiticeira Escarlate, Mercúrio e Groxo fogem, e a dupla de irmãos acertaria seu caminho com os Vingadores alguns meses depois.
Mas se um leitor acompanhasse apenas a revista dos mutantes seria surpreendido por uma trama sem final! Considerando que Thomas escreveu parte da trama, podemos considerar que seu primeiro ciclo com os X-Men se encerra aqui. Ele continuaria a ser o editor da revista, mas os roteiros passariam às mãos de outros antes dele voltar no futuro próximo.

X-Men 46, de julho de 1968, dá início a um pequeno ciclo intermediário nas tramas dos mutantes. Em busca de inovação, Gary Freidrich traz uma história em que o Fanático é trazido de volta à Terra (saindo de seu confinamento extra-dimensional de Cyttorak) por uma das máquinas de Xavier e o grupo entrando em confronto com ele, com Cain Marko descobrindo que seu irmão morreu e ficando sem o propósito da vingança, mas a mesma máquina que lhe trouxe de volta lhe leva de novo à sua prisão dimensional. No fim, o agente do FBI Fred Dukan apresenta aos X-Men uma intimação da agência federal: o grupo é uma atração aos mutantes malignos (vide os casos da Irmandade de Mutantes e do Fator 3) e deve se separar para evitar mais problemas. Embora aturdidos pela questão, Scott decide que o FBI está certo e dissolve o time.

Separados, em X-Men 47, Homem de Gelo e Fera vão para San Francisco e terminam precisando lutar contra Maha Yogi, o Warlock, numa edição em que Gary Friedrich assina ao lado de seu substituto, Arnold Drake. Drake assume os roteiros na edição 48, enquanto a arte continua com a dupla Roth e Heck, numa trama em que (finalmente) Scott e Jean estão juntos como um casal, e vão atrás de novos empregos, ela trabalhando como modelo (algo muito anos 1960) e ele se transformando em um bem-sucedido locutor de rádio; mas claro, as ameaças espreitam, e Ciclope e Garota Marvel agem para derrotar Computo e seus robôs.
Arnold Drake iniciaria uma curta, mas importante passagem pelos X-Men. Ele era o escritor que criou a Patrulha do Destino (sim, aquela que guarda muitas “coincidências” com os mutantes, na concorrente DC Comics), mas chegava à Marvel para desenvolver alguns trabalhos. Na casa das ideias, ele criou também a primeira versão dos Guardiões da Galáxia, que não é o time que ficou famoso no cinema.
Também é importante anotar que as histórias secundárias que começaram a ser publicadas na edição 38 permaneceram aparecendo e após o conto de origem de Ciclope se encerrar no número 43; passou-se ao Homem de Gelo, que teve sua origem detalhada entre X-Men 44 a 47, começando com texto de Gary Friedrich e arte de Don Heck e Werner Roth, com George Tuska assumindo os desenhos num episódio e concluindo com Arnold Drake e Werner Roth. A partir de X-Men 48, mostra-se a origem do Fera.
Uma Pequena Fase Áurea
Após o período clássico de Stan Lee & Jack Kirby e o intermediário de Roy Thomas, os X-Men entram em uma fase realmente áurea a partir daqui, com os escritos de Arnold Drake, contando com desenhistas ilustres como Jim Steranko e Barry Windsor-Smith, e, principalmente, o retorno de Roy Thomas, agora com desenhos do espetacular Neal Adams. Apesar das vendas não terem melhorado, pelo menos, a revista X-Men ganhou uma grande fase, que marcou definitivamente sua história e cronologia.

Nas histórias principais, a fase de Arnold Drake começa para valer em X-Men 49, de outubro de 1968, ainda com arte de Don Heck e Werner Roth, mas já trazendo uma capa chamativa de Jim Steranko, artista sensação da época, famoso por criar grandes quadros de ação ou de arte expressiva.
Na trama, Bobby e Hank estão em San Francisco e terminam descobrindo um plano de um vilão chamado Mesmero que está hipnotizando uma legião de mutantes para reuni-los em um exército. O Homem de Gelo consegue salvar uma bela garota de cabelos verdes, Lorna Dane, e os demais membros dos X-Men chegam para encarar essa nova ameaça.
A mudança para San Francisco era uma jogada da Marvel para descentralizar seu universo de Nova York e contemplar a Costa Oeste dos EUA, cuja cultura – em pleno auge do movimento hippie e do rock – era bastante atraente para os jovens escritores que iam tomando conta da Marvel (mas curiosamente não era o caso de Drake que tinha 44 anos). O Demolidor seria outro personagem que também iria se mudar para San Francisco, junto com a Viúva Negra.
A fase de Drake trouxe grandes mudanças aos X-Men e elevou o nível das histórias, com fatos que teriam bastante impacto na cronologia dos mutantes.

X-Men 50 traz uma novo logo para a revista que será usado pelos próximos 20 anos de forma praticamente inalterada. Foi criado por Jim Steranko, que também assumiu a arte também das histórias por duas edições seguidas. Sua arte era ousada, e embora guardasse semelhanças com Jack Kirby, garantia fluidez e movimento e gostava de criar quadros de página inteira com desenhos em sequência que revolucionaram as HQs nos anos 1960. Seu trabalho mais notável foi em Nick Fury, Agent of SHIELD, mas também produziu uma curta e famosa fase no Capitão América. Steranko escrevia as próprias histórias e o fato de desenhar um roteiro de Drake foi algo incomum, e é possível que ele tenha trabalhado sob o Método Marvel liderando a trama e com Drake cuidando dos diálogos.
Na trama, na edição 50, Mesmero usa uma máquina para despertar os poderes latentes de Lorna Dane, de controle do magnetismo, a transformando em Polaris, a rainha dos mutantes e filha de Magneto. O próprio mestre do magnetismo se mostra vivo e o cérebro por trás das ações do mutante hipnotizador. A descoberta da paternidade, faz Lorna relutantemente se aliar aos vilões e os X-Men precisam bolar um plano para vencer: em X-Men 51, Ciclope cria o disfarce de um novo “vilão” chamado Erik Escarlate (Erik the Red, no original), usando uma armadura que possibilita que dispare suas rajadas pelas luvas.

O poder de Erik Escarlate consegue intimidar Magneto, Polaris e Mesmero e o fazem hesitar tempo o suficiente para que os X-Men façam um novo ataque à base dos vilões no deserto, conseguindo a vitória na edição 52, infelizmente, sem a arte de Steranko (que de novo fez só a capa) e com a dupla Werner e Heck de volta uma última vez. Bobby Drake, já num tipo de namoro com Lorna, descobre a verdade sobre os pais dela (ela foi adotada pelos irmãos de seus pais após estes morrerem), e que ela ser filha de Magneto era uma mentira, e ela acompanha o time.
Não seria a última vez que uma filha seria atribuída à Magneto. Aguarde o futuro…

Na edição 53 há um pequeno interlúdio, com os X-Men lutando contra Blaastar, um inimigo do Quarteto Fantástico, que contou com a arte também fantástica do britânico Barry Windsor-Smith, que também desenharia algumas das próximas capas.

Porém, a grande virada para os X-Men se deu com um outro novo desenhista: Neal Adams, que se tornou em um dos mais celebrados artistas da Era de Bronze dos quadrinhos. Adams é o homem que devolveu Batman às histórias sombrias, que deu a aparência moderna do Superman, criou as ousadas aventuras do Lanterna Verde e Arqueiro Verde e desenhou clássicas aventuras dos Vingadores. Sim, mais famoso por seu trabalho na concorrente DC Comics, Adams teve sua jornada mais longa na Marvel justamente nos X-Men, onde desenhou 10 edições, que ficaram para história das HQs e dos mutantes.
Sua arte realística e estilo fotográfico já era bela por si, mas ele incrementava tudo com um visual estonteante, criando grandes quadros e passagens deslumbrantes em suas histórias. Tendo começado no mercado da propaganda, conseguiu trabalhos em editoras pequenas, como Charlton Comics antes de ganhar espaço na DC Comics com sua visão adulta, séria e sombria do Batman e virar o principal capista da editora, fazendo grandes ilustrações do Superman.
Mas Adams era um artista completo e ficou sabendo que na Marvel se usava uma técnica de criação de histórias na qual era o desenhista quem desenvolvia a trama e o roteirista preenchia os diálogos depois, o “Método Marvel”. Adams queria experimentar isso e foi trabalhar como freelancer na Marvel. O artista queria experimentar.
Stan Lee – ainda o editor-chefe da Marvel – lhe disse que podia pegar uma revista de menor vendagem e experimentar por duas edições e, se desse certo, pegaria alguma das maiores. Adams topou e pediu a revista com menor vendagem: e eram os X-Men! O artista fez seu trabalho deslumbrante e não deu outra: logo em seguida estava substituindo Jack Kirby em Thor e assumiu as histórias dos Vingadores, antes de retornar à DC.
Nos X-Men, Roy Thomas estava de volta ao título por obrigação – quando Arnold Drake saiu no meio de uma história – e não estava bem certo do que fazer com a revista. Thomas não era mais um escritor iniciante em 1969: era o segundo principal roteirista da casa (atrás apenas de Lee) e ainda estava confuso quanto ao potencial dos mutantes. Então, Adams pediu para trabalhar no “Método Marvel” – coisa que Thomas não fazia, pois era um roteirista tradicional, que escrevia roteiros completos para o desenhista criar a partir daí – e o escritor topou a experiência. Adams pegou o plot iniciado por Drake e deu um giro total – até criando contradições – mas produzindo uma história muito boa. Thomas gostou do resultado, percebendo pela primeira vez que os X-Men estavam indo além, e não demorou para a dupla se reencontrar nos Vingadores.

Tudo começa com o arco O Monólito Vivo, a partir de X-Men 54, de março de 1969, ainda com Arnold Drake e Don Heck, mas edição 55 traz a volta de Roy Thomas como roteirista (ainda com Heck), para enfim, Thomas e Adams se unirem a partir do número 56.

Na trama, Scott Summers apresenta seu irmão caçula Alex Summers aos seus colegas de equipe, quando ele se forma na faculdade, mas os X-Men precisam combater um novo vilão chamado Faraó Vivo, que parece mesmo ser um ressuscitado faraó do Egito Antigo. O vilão captura Alex e o leva para o Egito e os mutantes o seguem.



Quando a revista passa para Thomas e Adams, o Faraó, de repente, é revelado como Ahmet Abdol, um renomado professor egípcio, que descobre que tem um tipo de sintonia com Alex, já que ambos têm seus poderes alimentados pela radiação solar, mas os poderes de um anulam o do outro. Ao aprisionar Alex numa capsula isolante, os poderes Abdol explodem e ele cresce de tamanho e se transforma no Monólito Vivo, um poderoso gigante rochoso. Ao interromperem os poderes do vilão, os poderes de Alex explodem, com ele disparando poderosas rajadas de energia, mas em vez dos olhos, como o irmão, a partir do corpo inteiro e também sem controle.

Em seguida, vem o arco Crepúsculo dos Mutantes, no qual os Sentinelas estão de volta, começando em X-Men 57, de junho de 1969, e seguindo até a edição 59. Mal voltam para casa, a equipe mutante é surpreendida pelo retorno dos robôs gigantes caçadores de mutantes, que são retratados de modo mais assustador e mais altos do que a versão original de Jack Kirby, embora tenha mantido o design completamente.
Na trama, uma nova onda anti-mutante é capitaneada pelo Juiz Robert Chalmers, ao mesmo tempo em que ganha apoio de Larry Trask, o filho de Bolivar Trask. Culpando os mutantes pela morte de seu pai (lá atrás em X-Men 16), o jovem é ainda mais enérgico e fanático do que seu pai. Enquanto os Sentinelas aparecem de surpresa e saem capturando cada um dos mutantes conhecidos (o que inclui vilões como Groxo e Mesmero; os vingadores Mercúrio e Feiticeira Escarlate).

No decorrer dos eventos, o Juiz Chalmers começa a achar Larry Trask radical demais e termina revelando um grande segredo: o jovem Trask usa um colar dado por sua mãe que inibe os poderes mutantes que ele possui, que são de prever o futuro. Numa discussão sobre a desumanização das ações de Trask, Chalmers termina arrancando o cordão e o ex-líder dos Sentinelas é atacado por eles logo depois da ordem final de eliminar todos os mutantes.
A ideia do filho do grande inimigo dos mutantes ser ironicamente um mutante foi adaptada ao cinema em X-Men 2, de 2004, mudando a situação para o general William Stryker e seu filho, Jason, tendo poderes.

Thomas e Adams também prosseguem com o plot do arco anterior, mostrando que Alex Summers tem grandes poderes. Por isso, Larry Trask o veste com uma roupa especial preta que contém os seus poderes e tem uma gema na testa com a qual Trask pode controlá-lo, nascendo assim, o Destrutor (ou Havok, no original).
Com a roupa canalizando seus poderes, Destrutor pode disparar suas rajadas pelas mãos ou pelo peitoral e num bonito efeito para a época, Neal Adams opta por representar essa energia em círculos contínuos e crescentes, totalmente distintos das rajadas sólidas (e vermelhas) de seu irmão mais velho.
No fim, todos os X-Men são capturados pelos Sentinelas, mas Ciclope tem o plano genial de fazer com que ele, Garota Marvel e Fera troquem de uniformes com Mercúrio, Feiticeira Escarlate e Groxo, o que confunde os robôs, que são programados para reagir especificamente aos poderes dos seus alvos.

Isso dá uma vantagem aos mutantes. No fim, Ciclope é o último de pé numa luta suicida com os Sentinelas, e vence os robôs não com força bruta, mas com inteligência: ao perceber que os Sentinelas insistem que suas ações são baseadas na lógica, o líder dos X-Men debate com eles que não conseguirão vencer os mutantes se não combaterem a origem da mutação em si.
Intrigado com o argumento, o Nº 2 (o líder dos Sentinelas) chega à conclusão que, então, sua missão é se voltar contra a origem das mutações: a radiação solar! Então, num gesto de pura lógica fria, os Sentinelas partem da Terra e vão ao Sol, onde são desintegrados.
Um grande clássico das mãos de Adams e Thomas.

O arco seguinte é Estranhos na Terra Selvagem, publicada entre X-Men 60 e 63, esta última em dezembro de 1969. Na trama, os X-Men levam o letalmente ferido Alex Summers para ser consultado pelo Dr. Karl Lykos, um médico renomado e velho amigo de Xavier, que sabe de seu envolvimento com os mutantes, mas Lykos se revela um tipo de vampiro vital, que suga a energia de seus pacientes.
Com o grande poder de Destrutor, Lykos é sobrecarregado de energia e se transforma em um poderoso pterodátilo humanoide com poderes hipnóticos chamado Sauron. A luta com ele termina, claro, na Terra Selvagem (a floresta tropical povoada de dinossauros no meio da Antártica liderada por Ka-Zar, que o grupo visitou lá atrás na edição 10).
Outro detalhe é que num espaço de apenas algumas edições Neal Adams criou dois uniformes diferentes para o Anjo. Ninguém estava satisfeito com o visual criado por Don Heck dois anos antes, com as cores amarelo e vermelho e aquelas linhas finas no peito, então, Adams simplificou o visual, criando uma faixa peitoral (igual a do Fera) e o símbolo de uma aréola no peito, mantendo o esquema de cores vermelho, preto e azul, um visual digno para o herói, mas o artista ainda não estava satisfeito e logo criaria outro dentro da trama.
Na história, uma vez que os X-Men chegam à Terra Selvagem, a ameaça não é mais apenas Sauron, mas também um homem chamado O Criador, que gerou toda uma nova raça de mutantes híbridos (os Metamorfos da Terra Selvagem) evoluídos a partir de animais, que lidera na disputa de poder pela Terra Selvagem.
O Criador se mostra primeiramente como um aliado – e salva a vida do Anjo após este cair do céu numa luta com Sauron e até desenvolve um novo uniforme para o Anjo (de novo): agora, um uniforme realmente bonito, criado por Adams, mais limpo e nas cores branco e azul, mantendo a faixa no peito e a aréola, mas com a máscara aberta no rosto, distinta da do Fera.
Mas pouco depois disso, gradativamente, o time vai descobrindo seus planos nefastos por trás do tal Criador.

Como se isso não fosse o bastante, os X-Men terminam descobrindo que o Criador é ninguém menos do que Magneto! Só então os leitores se dão conta de que nunca haviam visto o rosto do vilão, que fora finalmente revelado por Neal Adams.

Este detalhe criou um pequeno problema cronológico, porque com todo o envolvimento pretérito entre Xavier e Magneto, fica difícil entender que o velho mentor nunca tenha mostrado uma fotografia sequer de seu inimigo. Mas ignorando esse detalhe – que seria esquecido dali em diante pelo bem da cronologia dos mutantes (ainda mais quando nos anos 1980 iria-se aprofundar a relação de amizade que viraria inimizade entre Xavier e Magneto) – ainda é uma grande história. E a arte de Neal Adams atinge o seu ápice.
Infelizmente, este arco praticamente encerra a fase de Roy Thomas e Neal Adams, que não se desenvolve de modo integral após este último número.

X-Men 64 é um pequeno interlúdio, na qual Thomas permanece no roteiro, mas a arte passa às mãos de novo de Don Heck, anunciado na página de créditos como um substituto de Adams por uma edição, o que mostra o protagonismo do artista naquele momento, que ainda fez a capa e é provável que tenha criado o deslumbrante e pouco usual visual do novo mutante introduzido na edição: o japonês Shiro Yashida, o Solaris, que tem poderes de voar e disparar rajadas de energia, que explica ter tido origem na sua mutação a partir dos bombardeiros de Hiroshima e Nagasaki.
Yashida é apresentado como um jovem esquentado e vingativo, que quer um tipo de revanche contra os EUA pelo sofrimento pretérito de seu país na guerra. Menos um vilão e mais um herói trágico, Solaris confronta os X-Men, mas sua ação descerebrada termina por resultar na morte de seu tio, para seu desespero, nesta ótima história de Thomas.
Solaris teria um futuro com os X-Men (seria membro) e sua família mais ainda, conforme veremos adiante.

Em X-Men 65, de fevereiro de 1970, Neal Adams retorna para sua edição derradeira no título, mas o roteiro, em vez de Roy Thomas, tem como convidado especial Dennis O’Neil, então, um dos principais roteiristas da DC Comics. O número traz a última grande história dessa etapa dos mutantes. E uma grande virada!
A trama revela que o professor Charles Xavier não morreu na edição 42: quem pereceu foi Changeling (sim, aquele do Fator 3), que se redimiu de seus crimes e decidiu ajudar o Professor X em sua missão, mas terminou morrendo nas mãos de Grotesk e da explosão no subterrâneo. E mais: Changeling estava mesmo sofrendo de uma doença terminal como disse no leito de morte.
Xavier tinha bolado a substituição para se preparar para combater a invasão dos alienígenas de Z’Nox. E a Garota Marvel sabia disso, mas jurou não contar aos colegas! A história não é essa coisa toda e os X-Men vencem os aliens, ao preço da quase-morte (de novo!) de Xavier.

Uma coisa curiosidade nessa edição é que oficializa a nova formação dos X-Men com Ciclope, Garota Marvel, Fera, Homem de Gelo, Anjo, Destrutor e Polaris, porém, apesar de Alex Summers atuar realmente ao lado do grupo, Lorna Dane cumpre uma missão paralela.

O ciclo se encerra totalmente com X-Men 66, de março de 1970, com a volta (derradeira) de Roy Thomas e tendo Sal Buscema (irmão caçula de John) na arte. Na trama, os mutantes vão atrás do Hulk, pois Bruce Banner tem um artefato especial que pode salvar Xavier, o que leva, claro, a um confronto com o gigante verde. Mas conseguem salvar seu mentor. De novo, a formação do grupo é o septeto, mas eles não agem em conjunto, pois Homem de Gelo, Destrutor e Polaris ficam para trás para vigiar Xavier. A revista desenvolve o triângulo entre esses três personagens, mas ele não se resolve.
Heróis sem Revista
Contudo, sucesso e qualidade não andam sempre juntos e X-Men continuava a vender pouco e teve que ser cancelada. Vale lembrar que, na hierarquia editorial, o cancelamento de revistas não cabe ao editor-chefe, mas ao seu superior, o publisher, que naquele momento era Chip Goodman, o filho do fundador da Marvel, ainda que a companhia tivesse sido vendida para um conglomerado empresarial. A pressão por resultados era maior e a contabilidade não autorizava investir num título que não dava resultados satisfatórios nas bancas.
Ou seja, não havia nada que Stan Lee (o editor-chefe) pudesse fazer.
A Marvel apostava que arte de Neal Adams aumentaria as vendas de X-Men, mas isso não aconteceu: mesmo com as boas histórias, o título continuou a ser o menos vendido da editora.
Na verdade, a revista X-Men continuou sendo publicada, só que trazendo apenas republicações de histórias antigas, no longo período de 1970 a 1975. Este elemento é curioso, não bastasse os X-Men serem os personagens menos populares da Marvel nos anos 1960, mantinham uma revista própria numa época em que personagens de sucesso como Capitão América, Homem de Ferro ou Hulk tinham que ser publicados em revistas “mix”, combinando pares de personagens – situação que só mudou em 1968! E como se isso não bastasse, a revista permaneceu em publicação (com reprises) enquanto outras eram canceladas definitivamente. Por que disso tudo? Não sabemos…
O fato é que X-Men seria publicada de modo bimestral do número 67 (dezembro de 1970) até o número 93 (abril de 1975) com reprises de aventuras da equipe, começando com o primeiro confronto com o Fanático (por Lee e Kirby) até o crossover com os Vingadores contra Magneto (por Thomas, Heck e Adams).
Enquanto isso, no longo período de cinco anos antes dos X-Men voltarem a ser publicados de modo regular, os personagens continuaram a aparecer nas outras revistas da Marvel com uma boa frequência, mantendo – por incrível que pareça – uma linha narrativa mais ou menos coerente, iniciativa capitaneada por escritores que eram fãs dos personagens, em particular, Steve Englehart, que rapidamente ascendia como o principal roteirista da editora.

Ainda assim, demorou algum tempo para os mutantes regressarem… Apenas o vilão Magneto aparece em Fantastic Four 102 a 104, começando em setembro de 1970, arco de histórias que marca a tumultuada saída da editora do desenhista Jack Kirby, e sua substituição temporária por John Romita, com Stan Lee se mantendo no texto.
Os X-Men propriamente ditos só apareceriam, representados unicamente pelo Homem de Gelo, com uma participação algo despropositada na revista Amazing Spider-Man 92, do Homem-Aranha, por Stan Lee e Gil Kane, em janeiro de 1971, quase um ano depois da última revista inédita da equipe.

Daí, vem um movimento mais substancial: mais de um ano depois, Steve Englehart estreia como roteirista da Marvel na revista Amazing Adventures 11, de março de 1972, na qual se dá início a uma sequência de aventuras solo de Hank McCoy, o Fera. Na trama, McCoy se afasta oficialmente dos X-Men para participar de um trabalho de investigação genética na Corporação Brand, um empresa que as aventuras futuras revelarão ser uma subsidiária da Roxxon, e uma companhia vilanesca.

A história explora o dilema de McCoy como um sujeito genial preso em um corpo meio simiesco. E tudo piora: quando precisa entrar em ação, ele usa um soro experimental para causar mutações temporárias em seres humanos comuns, e é transformado, assumindo uma aparência mais monstruosa, coberto de pelos cinzas, garras, presas e a cara de uma fera de verdade. E ao contrário do esperado, a mutação não é temporária, mas definitiva: este seria o visual pelo o qual o personagem seria conhecido dali em diante! As tramas do Fera trazem de volta sua namorada dos anos 1960, Vera Cantor, e tentam criar um novo elenco coadjuvante para ele, com outros funcionários da Brand, o que inclui a personagem Patsy Walker, que era publicada nas revistas da Marvel (em histórias juvenis) desde os anos 1940 no bloco de revistas femininas para adolescentes.

Um mês depois dessa estreia, dois outros x-men retornaram às bancas: The Incredible Hulk 150, de março de 1972, por Archie Goodwyn e Herb Trimpe, Destrutor e Polaris enfrentam o golias verde (de novo, pois a última aparição desses mutantes, em sua revista própria, já dois anos antes, foi justamente ao lado do gigante de jade). Na trama, descobrimos que Alex Summers se afastou dos X-Men porque seus poderes estavam sem controle e se isolou no deserto, daí, a Polaris – que é chamada apenas de Lorna Dane nas chamadas – vai atrás dele, o que em certo sentido firma que ambos têm um relacionamento e Bobby Drake está fora de jogo.
Um elemento importante é que, ao fim da história, Lorna e Alex pegam a estrada de volta à Mansão X, mas as histórias futuras mostrarão que eles não chegam lá… Aguarde!
Pouco depois, em setembro de 1972, o restante do time – Ciclope, Garota Marvel, Anjo e Homem de Gelo – aparece em Marvel Team Up 04, uma nova revista do Homem-Aranha apenas para participações especiais. A história termina revelando que os mutantes estão meio inativos, embora sem um motivo para isso.

Em março de 1973 é publicada a última edição de Amazing Adventures, o número 17, com as histórias solo do Fera, e como forma de lhe dar um destino, o herói já aparece em The Incredible Hulk 161, também escrita por Englehart, com arte de Trimpe, no qual Hank e Vera vão ao Canadá ajudar o Mímico, que está com seus poderes descontrolados. O caminho deles se cruza com o gigante verde, claro, e no confronto que se segue, o Mímico percebe que vai destruir o mundo e absorve os poderes do Hulk como um ato de suicídio, morrendo pelo efeito da radiação gama. É o fim do Mímico, que, apesar de ter sido o primeiro x-men adicionado aos membros originais, será praticamente esquecido e ignorado por escritores e editores dali em diante e citado raríssimas vezes depois disso.

No mês seguinte, Englehart já colocou os mutantes no jogo de novo, agora em grande estilo: Avengers 110 (com arte de Don Heck e John Buscema e capa de Gil Kane) traz o retorno triunfal de Magneto, que ataca a Mansão X e derrota os X-Men, com os Vingadores vindo no encalço do vilão que também derrota o grupo (inclusive, usando alguns dinossauros que trouxe lá da Terra Selvagem, controlados por um de seus Metamorfos, o Flautista) e sequestra alguns de seus membros. A revanche dos heróis vem na edição 111, na qual o mestre do magnetismo estreia um novo poder: controlar a mente dos oponentes (Ciclope, Garota Marvel, Homem de Gelo, Capitão América, Feiticeira Escarlate e Homem de Ferro) a partir do volume de ferro no sangue deles! Mas ainda assim os heróis vencem.
Uma curiosidade dessa aparição é que a equipe (Ciclope, Garota Marvel, Homem de Gelo e Anjo) são retratados com seus uniformes originais (a fardinha azul e amarela), provavelmente para “casar” seu visual com as republicações da revista X-Men, que era a então a principal referência que o público leitor tinha deles. E detalhe: ao final da história, os mutantes percebem que o Anjo simplesmente sumiu no meio desses eventos. O que aconteceu? Descobriríamos no futuro próximo…
Demorou quase um ano, mas os mutantes apareceram de novo em The Incredible Hulk 172, de fevereiro de 1974, com os roteiros de Steve Englehart, Roy Thomas e Tony Isabella e arte de Herb Trimpe, na qual o Fanático se livra de sua prisão extradimensional outra vez e termina cruzando o caminho com o Hulk e, coincidentemente, encontrando Prof. X, Ciclope e Garota Marvel (de novo nas fardinhas). No final, com o vilão de novo exilado, descobrimos que o trio de mutantes está em busca de Destrutor e Polaris que depois daquela outra aventura com o golias verde (22 meses antes!) partiram para casa, mas nunca chegaram à Mansão X.
Ou seja, além de Warren, Alex e Lorna também estavam desaparecidos! O que houve?

A resposta para esse mistério veio na saga O Império Secreto, na revista do Capitão América, na qual o sentinela da liberdade (mais Pantera Negra e Falcão) combatem uma maligna conspiração que se infiltrou nos altos escalões do Governo dos EUA. Os X-Men (Professor X, Ciclope e Garota Marvel) aparecem em Captain America & The Falcon 172 a 175, de abril a julho de 1974, no qual (auxiliados também por Banshee) ajudam a descobrir que os terroristas sequestraram uma série de mutantes (incluindo também Feiticeira Escarlate, Mercúrio, Blob, Unus, Mestre Mental e outros) para “sugar” seus poderes e confeccionar uma poderosa arma.
Os heróis vencem e Anjo, Destrutor e Polaris voltam à equipe.
Marvel Team-Up 23, de julho de 1974, por Len Wein e Gil Kane, mostra uma explosiva e despropositada batalha entre o Homem de Gelo e o Tocha Humana do Quarteto Fantástico (heróis com poderes opostos) e, no fim, vemos que Xavier manda seus X-Men para uma missão secreta. Qual? Vamos já saber…

Magneto apareceria outra vez, agora na revista dos Defensores, um grupo informal reunindo Doutor Estranho, Hulk e Namor, o príncipe submarino, mais a Valquíria e um ou outro membro ocasional, neste caso, Águia Noturna. The Defenders 15 e 16, começando em setembro de 1974, por Len Wein e Sal Buscema. Na trama, Xavier pede a ajuda dos Defensores para deter o novo plano do mestre do magnetismo, porque os X-Men partiram em uma missão secreta (de novo: qual?).
Após os heróis serem derrotados no primeiro round, Magneto cria artificialmente um ser poderoso chamado Alfa, o Mutante Máximo, que continua a evoluir continuamente adquirindo cada vez mais poder. A Irmandade de Mutantes (aqui com Blob, Unus, Mestre Mental, Lorelei e Alfa) ataca a Organização das Nações Unidas (ONU), fazendo o prédio levitar (pelos poderes de Alfa), trazendo outra acirrada batalha.
Mas Alfa evolui tanto que deixa de ser um mutante e se julga superior à humanidade, decidindo julgar aqueles em batalha para ver quem era mais digno. Decidindo pelos Defensores, Alfa reverte toda a Irmandade, inclusive, Magneto, à idade de crianças bebês, e vai embora para o espaço.
Este elemento da reversão à infância teria significativas implicações para o futuro de Magneto. Aguarde…

É importante mencionar que Wolverine, hoje o membro mais famoso dos X-Men, fez sua estreia nos quadrinhos em The Incredible Hulk 180, de agosto de 1974, com roteiro de Len Wein e arte de Herb Trimpe, embora o personagem tenha sido criado por Roy Thomas e Wein e o visual por John Romita, o diretor de arte da Marvel. Na trama, que se espalha pelas edições 181 e 182, até outubro, o Hulk invade as terras do Canadá, confronta o monstro mítico Wendigo e o Governo canadense manda seu maior agente secreto, Wolverine, a Arma X, para deter ambos.
Com temperamento raivoso, desbocado e armado de mortíferas garras de adamantium (o metal mais duro do Universo Marvel, virtualmente inquebrável), Wolverine quase vence o golias verde, mas a batalha fica inconclusiva. Exceto o fato de que é mencionado de cara que a Arma X é um mutante, não havia nenhuma vinculação do novo personagem – o primeiro super-herói canadense! – com os X-Men. Mas isso mudaria em breve…

Por fim, a revista especial Giant-Size Fantastic Four 04, publicada em fevereiro de 1974, com roteiro de Len Wein e um jovem escritor chamado Chris Claremont, e arte do veterano John Buscema, vemos o Quarteto Fantástico enfrentar um vilão que cria uma cópia funcional de si mesmo quando é atingido: Jaime Madrox, o Homem-Múltiplo, e como ele é um mutante, contam com a ajuda de Charles Xavier, que mais uma vez diz que os X-Men estão em uma missão especial secreta.
No fim, Xavier descobre que Madrox não é mal, apenas está louco por causa do processo de produzir cópias e pede para levá-lo consigo e curá-lo, no que o Quarteto concorda.

E o Fera? Após ter finalizado suas aventuras solo e aparecido em outras revistas, Hank McCoy, agora em seu visual bestial, ficou um tempo desaparecido das bancas, mas parece que Steve Englehart realmente gostava do personagem. Então, em Avengers 137, de julho de 1975, com arte de George Tuska, após a saída de alguns membros, os Vingadores convocam um chamado às suas fileiras e um dos que se apresenta e é aceito como membro em teste é justamente o Fera.
Dali em diante, o Fera seria um membro importante dos Vingadores ao longo de toda a segunda metade da década de 1970, permanecendo naquela equipe até 1981, ou seja, seis anos à frente. Nos maiores heróis da Terra, McCoy cumpriria uma função meio de “alívio cômico”, como alguém cheio de tiradas sarcásticas e geniosas e traria consigo parte do elenco de suas aventuras individuais, como Patsy Walker, que viraria a heroína Felina (Hellcat) em algum tempo.
Mas considerando que o Fera já não era oficialmente um membro dos X-Men há um bom tempo, então, a última aparição da equipe mutante (ou melhor, de elementos ligados a eles) antes do retorno integral da equipe de mutantes ocorreram naquelas aventuras anteriores. Já estávamos em 1975, haviam passado cinco anos desde que a revista da equipe parara de publicar histórias novas e investia apenas em reprises, enquanto seus personagens apareciam picotados nos outros títulos da Marvel.
Mas isso agora iria mudar e os X-Men iriam iniciar um novo (e glorioso) capítulo em sua história… Uma nova gênesis!
Recriando os X-Men
Os X-Men foram trazidos de volta como uma iniciativa editorial pensada e calculada, fruto de um longo processo de desenvolvimento. Vamos ver como isso se desenvolveu no campo editorial…

Lembremos: as histórias dos mutantes foram interrompidas em 1970, quando estavam nas mãos de Roy Thomas. Então, em 1972, Stan Lee foi promovido a Publisher da Marvel e seu cargo de Editor-Chefe foi passado justamente para seu “braço-direito”: Thomas. Tendo escrito a equipe por anos, o novo editor acreditava no potencial dos mutantes e como uma maneira de que aqueles personagens não se “perdessem” no cancelamento, comissionou os escritores da redação que agora liderava a criarem participações especiais com eles, e encontrou, como vimos, uma voz ativa em Steve Englehart, que não apenas lançou as histórias solo do Fera, como colocou vários outros personagens em histórias do Hulk ou do Capitão América.
Porém, após ver sucessivas aparições dos mutantes pelas revistas, Thomas pensou num plano para trazer os X-Men de forma integral: reformular a equipe e transformá-la num time internacional. A ideia lhe veio porque seu chefe, Stan Lee, lhe cobrou um conjunto de iniciativas para “acariciar o ego” dos leitores internacionais da Marvel, quando Lee se deu conta da crescente audiência da editora em outros países, iniciativa que levou à criação da Marvel UK (uma subdivisão para o Reino Unido) e personagens específicos, como o Capitão Britânia. Os mutantes poderiam ser incluídos na empreitada.

Como tinha que comandar a redação da Marvel, Thomas não tinha tempo para cuidar desse tipo de criação, então, escolheu o escritor Len Wein para a missão de criar um novo time internacional de mutantes. Por onde começar? Pelo mais fácil: por volta do início do ano de 1974, Thomas pediu que ele criasse um super-herói canadense com o nome de Wolverine (um animal típico daquelas terras geladas), e que fosse mutante, no que Wein pediu ao diretor de arte John Romita que criasse o visual e o esquentadinho Arma X estreou na revista do Hulk, uma das que Wein escrevia, como já vimos.

A redação da Marvel foi inundada de cartas positivas sobre o novo personagem e Thomas e Wein viram que estavam no caminho certo. Era hora de criar uma equipe nova! A dupla comissionou o desenhista Dave Cockrum para criar uma dúzia de novos heróis e com isso ir preenchendo o novo time. Fizeram isso porque Cockrum – que estava desenhando histórias dos Vingadores na época – vinha da DC Comics, onde criara vários membros da Legião dos Super-Heróis. Portanto, era alguém com experiência no trabalho com equipes de personagens.

Nascido no Oregon, em 1943, filho de um militar da força aérea, Cockrum se apaixonou por HQs desde a infância e ambicionava ser um criador na área, embora ao fim do ensino médio tenha se alistado nos Fuzileiros Navais e até lutou na Guerra do Vietnã. Sua carreira profissional como desenhista iniciou durante seu período de seis anos de serviço militar, com material publicado na Warren Publishing e na Continuity Associates, antes de ingressar como assistente na DC Comics, em 1972. Rapidamente, Cockrum assumiu a arte das histórias secundárias da revista Superboy, que traziam aventuras da Legião dos Super-Heróis, e sua arte dinâmica e a mudança no visual dos personagens que promoveu, ajudaram à equipe se tornar cada vez mais popular, ao ponto do time se transformar na atração principal da revista, a partir de 1974. Mas pouco depois disso, Cockrum se desentendeu com o corpo editorial e se demitiu, indo trabalhar na Marvel.

Designado para criar o visual dos novos X-Men, Cockrum apresentou uma dúzia de personagens novos para Thomas e Wein e foram selecionados os mais interessantes para compor a equipe. (Alguns dos que sobraram seriam reaproveitados na Guarda Imperial S’hiar e nos Piratas Espaciais – conforme veremos daqui há pouco…). O trio também decidiu reutilizar três personagens que já existiam: Wolverine (claro, já criado com a iniciativa em mente), Banshee (que Thomas criara lá atrás nos anos 1960) e Solaris (criado por Neal Adams). Cockrum não gostou do visual de Wolverine e propôs um novo, baseado nas cores marrom e preto (similares ao do animal que lhe dá nome), mas Wein e Thomas preferiram não mudar. Para manter a identidade dos X-Men e um vínculo com o passado, ficou decidido que Ciclope permaneceria como o líder dos novos personagens, e Xavier ficaria apenas por um período de transição antes de cair fora.
Com a nova equipe formada – falaremos dela a seguir – começou a produção da nova história. Anos antes, o antigo publisher da Marvel, Chip Goodman, tinha extinguido as revistas especiais anuais, mas naquele ponto, Stan Lee propôs uma nova iniciativa: revistas de maior tamanho e número de páginas lançadas de modo trimestral, como se faziam nos anos 1940. Chamadas Giant-Size, essas revistas traziam edições de Vingadores, Homem-Aranha e etc. e decidiram fazer uma dessas para os mutantes. O plano era lançar umas quatro Giant-Size X-Men (o que cobriria um ano) e analisar as vendas. Se fossem positivas, a equipe ganharia uma nova revista mensal.
Sob a supervisão de Thomas, Wein e Cockrum produziram a primeira edição, introduzindo a nova equipe, que foi aprovada e lançada à venda na primavera de 1975, enquanto a segunda edição era produzida. A vantagem das revistas trimestrais é que ficavam mais tempo em banca, e portanto, tinham potencial de vender mais. E Giant-Size X-Men 01 foi um sucesso explosivo e imediato.
O resultado das vendas foi tão bom que Stan Lee pediu que, em vez de publicar a segunda edição no formato Giant-Size, adaptassem a história que estava sendo criada para a revista regular do time, que seria publicada primeiramente de forma bimestral até se provar “digna” nas vendas e voltar a ser mensal. É importante mencionar que, por causa das reprises que continuavam a ser publicadas, a revista X-Men tinha chegado ao número 93 em abril de 1975, quando foi interrompida para dar lugar a Giant-Size X-Men 01. Portanto, havia saído 27 números de reprises naqueles cinco anos!
O plano, porém, teve uma importantíssima mudança de rumos: no processo de produção da segunda edição Giant-Size, Roy Thomas decidiu deixar o cargo de editor-chefe para voltar apenas a escrever, cansado da guerra de egos com os grandes artistas da casa. Stan Lee escolheu justamente Len Wein para ser o novo editor chefe, e com o comando da redação da Marvel nas mãos, Wein não tinha mais tempo para escrever uma revista bimestral de personagens (até então) secundários, preferindo manter seu foco em personagens mais importantes, como Homem-Aranha e Hulk.

Então, Wein escolheu Chris Claremont para lhe substituir no comando criativo dos novos X-Men, já que ele era um escritor novato e, além de ter gostado bastante dos novos personagens, não iria se incomodar de assumir um título famoso por ter vendas baixas. Nascido em Londres, na Inglaterra, em uma família parcialmente judia e tendo até vivido um curto período em Israel, quando criança, Claremont terminou migrando e crescendo nos Estados Unidos e se apaixonou pelos quadrinhos na infância, mas perseguiu uma carreira como ator.
Nascido em 1950 (portanto, com 25 anos de idade, em 1975), ele ingressou no Bard College, no Estado de Nova York, para estudar atuação e teoria política (outra de suas paixões), mas precisava trabalhar para se manter, por isso, em 1969, aos 19 anos, ingressou como office boy na Marvel Comics. Ele se formou em 1972 e tentou a carreira de ator, mas não foi bem sucedido, então, manteve seu trabalho na editora. Gradativamente, Claremont foi se tornando um editor assistente (então, um cargo informal) e já que sabiam que ele gostava de escrever romances (até então, não publicados), lhe davam histórias “tapa-buracos” para escrever sempre que preciso – começando em Daredevil 92, de 1973 – até que o já editor-chefe Len Wein lhe comissionou sua primeira revista fixa: Iron Fist, a revista do Punho de Ferro, um herói de artes marciais, onde estreou a partir do número 23. E duas edições depois, se somou a ele um desenhista também novato chamado John Byrne.
A revista Iron Fist de Claremont e Byrne não foi um sucesso de vendas, mas Wein ficou impressionado com sua qualidade e Claremont foi assumindo mais tarefas – inclusive, Marvel Team-Up, a revista secundária do Homem-Aranha! – até que X-Men caiu em seu colo.
A revista X-Men 94 chegou às bancas em agosto de 1975, dando início à nova série de aventuras próprias dos mutantes em seu próprio título oficial (ainda bimestral), com os créditos de roteiro divididos entre Wein e Claremont (que adaptou a história inicialmente criada para uma edição Giant-Size para uma padrão de 22 páginas). Claremont ficaria nada menos do que 16 anos (!) na liderança criativa dos mutantes e se tornou não somente no maior escritor dos X-Men em todo o sempre, mas também em um dos maiores criadores dos quadrinhos em todos os tempos. O resto é história…
Portanto, vamos voltar ao material das revistas propriamente dito e detalhar o que houve com os X-Men nesse retorno triunfal e em meio à rápida transição de Len Wein para Chris Claremont.
Os Novos X-Men
Os Novos X-Men estrearam em Giant-Size X-Men 01, de março de 1975. Na trama de Len Wein e Dave Cockum, vemos o professor Charles Xavier recrutando uma série de novos mutantes para uma missão especial: na Alemanha, Kurt Wagner, o Noturno, que tem uma aparência demoníaca, embora seja um homem gentil, e tenha habilidades acrobáticas e capacidade de teletransporte; no Canadá, Wolverine, a Arma X do Governo, cujas habilidades não são claras, mas possui garras metálicas de adamantium; o irlandês Sean Cassady, o Banshee, que já fora aliado dos X-Men em outras ocasiões, que dispara poderosas rajadas sônicas como um tipo de grito, que lhe permitem até voar, além de destroçar objetos; no Quênia, na África, Ororo, a Tempestade, que tem poderes de comandar o clima (criar ventos, chuva ou raios), o que a faz ser tratada como uma deusa pelos nativos; em Osaka, no Japão, Shiro Yoshida, o Solaris, aquele que combateu os X-Men numa ocasião, mas não é um vilão, apenas um jovem raivoso e vingativo; na União Soviética (mais precisamente, na Sibéria, na Rússia [sim, estávamos nos anos 1970 nos tempos da Guerra Fria], Piotr Rasputin, o Colossos, que podia revestir o corpo com aço orgânico (o que o tornava praticamente invulnerável) e tinha super-força; no Arizona, nos EUA, John Proudstar, o Pássaro Trovejante, um indígena apache com habilidades físicas (força, velocidade, resistência).

Esses sete mutantes são reunidos na Mansão X e Xavier os apresenta a Scott Summers, o Ciclope, que detalha o motivo pelos quais estão ali: os X-Men originais foram capturados por um poderoso inimigo misterioso na Ilha de Krakoa, no sul do Pacífico, e apenas Ciclope conseguiu escapar (mesmo sem lembrar como). Suas rajadas ópticas se tornaram ainda mais poderosas depois do episódio e, por isso, ele ostenta um visor ligeiramente diferente (Cockrum criou um design mais bonito, mais largo e com formas arredondadas e anatômicas).

O grupo aceita a missão (ainda que alguns relutantemente) e partem no jato dos X-Men rumo ao Pacífico dotados de uniformes especiais que Xavier criou usando a tecnologia de trajes de moléculas instáveis desenvolvida por Reed Richards do Quarteto Fantástico, o que permite que as roupas se adaptem aos poderes e habilidades de cada um deles. Lá em Krakoa, os mutantes enfrentam uma série de ataques por plantas e animais até descobrirem que o inimigo que combatem é a própria ilha (!): testes de explosões nucleares alteraram a vida daquele ecossistema, criando um tipo de mente coletiva capaz de absorver energia. Quando os X-Men originais chegaram lá, Krakoa absorveu a energia deles e se tornou ainda mais poderosa, e enviou Ciclope de volta justamente para que ele trouxesse mais mutantes.
Por isso, ao ser liberto, o Anjo critica Ciclope, dizendo que ele veio para uma armadilha. Mas a ação coordenada dos novos mutantes, com Tempestade usando seus raios atmosféricos para turbinar os poderes magnéticos de Polaris e Ciclope e Destrutor combinando suas rajadas de energia contra a ilha em si, terminam por afetar o inimigo. Polaris consegue disparar uma forte energia magnética rumo ao centro da Terra, que elimina temporariamente a gravidade na Ilha Viva, que é, então, lançada ao espaço!

Os heróis são salvos pelo Homem de Gelo, que cria uma bolha de gelo para protegê-los do turbilhão do oceano preenchendo o vazio que a ilha deixou e, depois, os 13 mutantes ingressam na nave e retornam para casa, felizes com a missão cumprida.
Cabe ao Anjo a pergunta crucial: “o que vamos fazer com 13 X-Men?”.
Um detalhe cronológico interessante é que essa aventura dá a entender que, até então, a formação dos X-Men era: Ciclope, Garota Marvel, Homem de Gelo, Anjo, Destrutor e Polaris, lembrando que o Fera tinha se “desligado” do time (como é dito de passagem em um momento). Porém, como pudemos observar, na verdade, nunca os X-Men agiram de verdade como um time com os 5 originais somados à dupla Alex Summers e Lorna Dane (o que foi um desperdício da época) e, embora para fins cronológicos isso tenha sido estabelecido no futuro, como a segunda formação “oficial” dos X-Men (a passagem do Mímico nos anos 1960 é constantemente ignorada), os leitores nunca viram tal segunda formação em ação.
Os Novos X-Men que estrearam neste título explosivo eram, portanto, a “terceira” formação do time, mas foram chamados de “novos” por causa da mudança substancial do time, como veremos.
Para “lembrar” aos leitores da época, Giant-Size X-Men trazia três curtas histórias extras, com republicações daqueles contos secundários de 8 anos antes que focavam nas origens dos personagens. Nesta edição, saíram os contos de Ciclope, Garota Marvel e Homem de Gelo.
Por fim, é interessante dizer que como a trama da segunda edição Giant-Size foi transferida para a revista bimestral dos mutantes, que foi retomada em seguida, a série trimestral teve apenas mais um número: Giant-Size X-Men 02 seria lançada em dezembro de 1975, mas trazendo a republicação da sensacional aventura da equipe contra os Sentinelas nas mãos de Roy Thomas e Neal Adams, que saíra seis anos antes.
A Fase Claremont e Crockum
Portanto, a trama salta de Giant-Size X-Men para X-Men 94, com data de agosto de 1975, (que ganha a chamada All-New, All-Diferent, mas continua a ser um raro título da Marvel sem um adjetivo) e tem início uma das mais profícuas fases dos mutantes. A história mostra o professor Charles Xavier parabenizando pela missão em Krakoa e convidando todos a permanecer unidos como uma equipe, mas Banshee reluta, se achando muito velho para o time, sendo convencido a ficar, enquanto Solaris diz que não irá se comprometer e vai embora.

A surpresa vem com os membros originais decidindo partir e viver suas vidas pela primeira vez em anos, e apenas Ciclope permanece para liderar a nova equipe, triste e decepcionado pela partida da amada Jean Grey. Os novos X-Men encaram uma série de dias de treinamentos na Sala do Perigo e a trama de Wein e Claremont aproveita para delimitar as personalidades desses novos personagens, com a arrogância de Wolverine e Pássaro Trovejante, mas com o agravante deste ser também impulsivo e imprudente, ao passo que Tempestade, Colossos e Noturno manifestam dúvidas em prosseguir nesse “novo mundo” e o último apresentado como alguém ponderado e de bom coração.

A ação vem representada pela ameaça do Conde Nefária, um vilão que o grupo tinha enfrentado lá atrás nas edições 22 e 23, que reuniu uma nova geração de Ani-Men (Homens-Animais) e toma de assalto uma base do NORAD (o centro de ataques nucleares dos EUA) nas Montanhas Cheyenne, no Colorado. Vemos o Fera fazendo uma vídeochamada dizendo que os Vingadores estão em outra missão e pedindo aos X-Men que assumam a missão, sendo a ocasião oficial em que a integração de Hank McCoy ao outro time é oficializada dentro da revista mutante. Em campo, também vemos o general Fredricks, o que talvez fosse uma piscadela aos antigos leitores da revista.
Mas a missão mal inicia e o jato dos X-Men é desintegrado em pleno ar, com os mutantes largados no céu para a morte certa, no que é a passagem para a edição 95, de novo por Wein, Claremont e Cockrum, no qual após se salvarem da morte certa, os mutantes conseguem ingressar na base, confrontar militares hipnotizados e os Homens-Animais de Nefária e desativar o mecanismo de aniquilação total que o vilão havia programado para destruir o país (e possivelmente o mundo).


Porém, quando Nefária escapa em um jato, Banshee e Pássaro Trovejante tentam interceptá-lo, com o mutante apache pulando no lado de fora do cockpit e tentando abri-lo até que o avião explode, levando à morte tanto do vilão quanto do herói. Conectado ao pupilo telepaticamente, Xavier sente a morte de John Proudstar (uma forma de mostrar que ela ocorreu de verdade) e Ciclope tenta consolar os companheiros, alertando aos riscos da atividade heroica.
Sem dúvidas foi um choque aos leitores ver a morte de um dos Novos X-Men já em sua terceira aventura, além da saída dos velhos membros e na deserção de Solaris. Essas duas aventuras da revista regular dos mutantes pareciam mostrar que tudo era possível na nova saga dos X-Men e os leitores perceberam isso. Foi um grande sucesso entre quem leu e o “boca a boca” seguiu aumentando a fama da revista e chamando à atenção para o jovem Claremont, que levou os créditos da empreitada. Já desde este primeiríssimo momento, a revista mutante – e Claremont – viraram algo cult entre os leitores de HQs, ainda que o sucesso de massa da publicação ainda demorasse um pouco mais, já que permanecia com periodicidade bimestral por um bom período.

A edição 96 trouxe Claremont dividindo os créditos de roteirista com o mais experiente Bill Mantlo (um importante autor da Marvel naqueles tempos) e uma aventura menor, na qual dois demônios – um deles N’Garai – atacam a Mansão X. Esta é a estreia da formação com Ciclope, Tempestade, Wolverine, Noturno, Colossos e Banshee, que será o time oficial de X-Men por um bom tempo, após a morte e as deserções. O número é mais importante por introduzir Moira MacTaggert, a mais destacada das personagens coadjuvantes do universo mutante, aqui curiosamente apresentada como uma “governanta” para a mansão, e o fato dela ser uma cientista ganhadora do Prêmio Nobel seria um retcon do futuro breve.
O número também introduz o fato de Tempestade sofrer de uma grave claustrofobia, por causa de um trauma de infância, na qual foi soterrada no Cairo ao lado dos pais. Outro elemento importante da edição é mostrar Wolverine se desentendendo com Noturno ficando descontrolado quase ao ponto de matá-lo com suas afiadas garras de adamantium, um tipo de comportamento muito raro naqueles tempos, mas que refletia o conteúdo mais ousado da revista dentro do panorama da Era de Bronze dos quadrinhos.
Ah, e como é a partir desta edição que Claremont está sob o controle da revista – ainda que ainda dividindo os créditos – se inicia uma das maiores características do escritor: o desenvolvimento de subplots misteriosos que se desenrolam por muitas e muitas edições antes do público realmente entender o que está acontecendo. O uso de subplots que vão pipocando nas tramas a cada número não era em si uma novidade, mas um recurso que Stan Lee também utilizava em suas principais obras (em especial no Homem-Aranha e no Quarteto Fantástico, ao lado de Steve Ditko e Jack Kirby, respectivamente), e uma prática que Roy Thomas evoluiu à perfeição em sua obra, em particular, com os Vingadores. No entanto, Claremont levaria este elemento para outro patamar, chegando ao ponto de desenrolar os plots tão lentamente que levava anos para que determinadas tramas se resolvessem.
O caso em questão mostra um general envolvido em algum projeto secreto encarregado por um cientista chamado Stephen Lang – um vilão importante daqui em diante – que é apresentado como alguém com um ódio mortal aos mutantes. Impressionado com a conduta de Lang, o militar diz que vai cancelar o projeto, mas no fim da HQ morre em um acidente de avião, enquanto vemos Lang ao lado de um robô Sentinela!

Claremont assume a revista sozinho pela primeira vez em X-Men 97, com data de capa de fevereiro de 1976, mantendo a arte de Cockrum e dando início a outro de seus subplots de lento desenvolvimento: Xavier é despertado todas as noites com o mesmo sonho com uma guerra espacial e um alienígena tentando entrar em contato com ele (o que é a introdução informal dos S’hiar, que falaremos mais adiante) e desabafando sobre isso com Moira ao ponto de decidir partir de férias, com medo de estar ficando louco. (Note que Claremont usa o recurso de afastar o professor X na primeira oportunidade que lhe foi dada).
Quando Xavier parte num avião no Aeroporto JFK de Nova York, os X-Men (e Jean Grey, que foi se despedir também) são atacados por Destrutor e Polaris (esta é a edição em que Lorna Dane usa oficialmente esse nome pela primeira vez!) que estão com a mente dominada por um novo Eric Escarlate (lembrando que a primeira versão desse “vilão” tinha sido um disfarce de Ciclope para se infiltrar no grupo de Mesmero e Magneto lá naquela história de 1968…), o que gera uma batalha acirrada nas imediações do aeroporto e a fuga dos vilões, o que gera a primeira discórdia séria entre Ciclope e Wolverine, com este acusando o líder de covarde por não os ter impedido (com medo de machucar o irmão e a amiga). Também vemos duas pessoas observando o time: Stephen Lang e outra figura misteriosa.
Anjo e Homem de Gelo
A saída dos demais membros originais da equipe não significou de modo algum a aposentadoria dos personagens. Pelo menos dos mais antigos. Como veremos, a Garota Marvel apareceria nos números seguintes de X-Men a partir do número 97, enquanto Destrutor e Polaris apareceriam vez por outra no título. Mas Anjo e Homem de Gelo embarcaria em seguida em uma nova aventura.
Em outubro de 1975, (ou seja, pouco depois de X-Men 94) estreou a revista The Champions 01, trazendo o novo grupo de heróis chamado Os Campeões, criados por Tony Isabella e Don Heck, trazendo um improvável time formado por Viúva Negra, Hércules, Motoqueiro Fantasma, Homem de Gelo e Anjo. A empreitada era uma maneira de aproveitar personagens que não tinham emplacado aventuras solo ou estavam disponíveis sem uso, provavelmente, inspirados no sucesso dos Defensores, um grupo criado quatro anos antes, reunindo outra equipe improvável, com Doutor Estranho, Hulk, Namor, Valquíria e outros mais circulantes.

A edição 4 dessa revista teve a ocasional colaboração de Chris Claremont nos roteiros, e a arte migrou para George Tuska no número 06; texto e arte passaram a Bill Mantlo e Bob Hall na edição 08, a arte passando a John Byrne no número 11 e os dois últimos números por Bob Hall e Don Heck, encerrando na edição 17.
The Champions terminou sendo um veículo interessante particularmente para o Anjo, que teve algum desenvolvimento no título: na edição 01, ele revelou publicamente que era o herdeiro milionário Warren Washington III, acabando com sua identidade secreta. Ele iniciou a revista usando um novo uniforme, nas cores laranja e amarelo, por que Isabella achou que já havia muitas cores azul escuro na revista, com os uniformes do Motoqueiro Fantasma e Viúva Negra, e a partir da edição 10 adotou um uniforme igual ao anterior (criado por Neal Adams), mas agora com outro esquema de cores, com a parte central branca (igual antes), o restante vermelho e luvas e botas amarelas.

O encerramento do título foi abrupto, motivado por vendas baixas e, por isso, a revista The Spectacular Spider-Man 17 e 18, também escrita por Bill Mantlo, se encarregou de narrar o fim do grupo e suas consequências imediatas.
Introduzindo a Fênix
Nota-se que Chris Claremont se apropriou mesmo do título a partir de X-Men 98, de abril de 1976, que dá início à primeira das grandes histórias do autor: a introdução da Fênix. Na trama, os mutantes estão no centro de Nova York comemorando a noite de Natal e se divertindo, com Scott e Jean indo comer um restaurante chique e Kurt e Peter conhecendo duas garotas (que serão suas namoradas dali em diante, Amanda Sefton e Betsy Wilford) – exceto Wolverine (seu rosto, aliás, é mostrado pela primeira vez nesta edição! Em sua sexta aparição!!!!), que prefere ficar sozinho – quando são atacados por novos Sentinelas. Uma luta esganiçada é iniciada, mas os Novos X-Men não têm experiência contra oponentes formidáveis deste tipo e Jean Grey, Wolverine e Banshee são capturados, assim como Xavier, que descansa em um iate pertencente ao seu amigo, o Dr. Peter Corbeau (um cientista que aparecia nas HQs do Hulk), enquanto continua assombrado por suas visões alienígenas.

A história mostra, ainda, uma aproximação entre Sean e Moira, e Wolverine claramente flertando com Jean e sacanamente rasgando muito curto o vestido de noite dela quando precisam confrontar os Sentinelas. Vemos os sequestrados sob a custódia do Projeto Armagedon liderado por Stephen Lang e sendo estudados até Wolverine conseguir se soltar usando suas garras (é a primeira vez que vemos Logan usando as garras sem as luvas, o que mostra que as lâminas fazem parte de seu corpo e não do uniforme) após ver Lang bater em Jean e o trio lutar contra os Sentinelas até tentar escapar e descobrirem que estão em uma estação espacial. Na Terra, Ciclope usa o Cérebro para tentar localizar os amigos e não consegue até que Corbeau chega para comunicar que descobriu que os Sentinelas partiram ao espaço sideral!
Passamos à edição 99 na qual Corbeau consegue levar os X-Men ao espaço em uma nave do projeto StarCore sob a desculpa de investigar uma iminente tempestade solar e são confrontados pelos Sentinelas, obrigando-os a colidir a nave na estação de Lang e tentar resgatar os companheiros. No fim, Ciclope surra Lang, quase matando-o até ser derrubado por um atacante por trás e quando Tempestade, Colossos e Noturno chegam para resgatar Wolverine e Banshee, são surpreendentemente atacados pelo Professor X e os X-Men originais (Ciclope, Garota Marvel, Fera, Homem de Gelo e Anjo)!

Claro, a supercomemorativa X-Men 100, de agosto de 1976, revelava que era um embuste: Lang produzira os X-Sentinelas, robôs que imitam a equipe original, inclusive, Destrutor e Polaris, que aparecem nesta edição ao contrário do que é mostrado no último quadro da edição anterior e na capa desta. A batalha é acirrada entre as duas gerações de mutantes, porém, os Novos X-Men percebem algo estranho até Wolverine usar seus “sentidos especiais” (primeira referência aos seus sentidos aguçados) e, simplesmente, dilacerar o ventre da Garota Marvel para revelá-la como um robô. Sem precisar se conter para machucar os “amigos”, o time vence os X-Sentinelas, enquanto Ciclope se liberta e solta Jean, Xavier e Corbeau e atacam Lang, que tenta escapar em uma nave, mas a telecinese de Jean faz o veículo se chocar contra uma tela, levando a uma explosão e à morte do cientista.

Os X-Men vencem, mas estão abandonados em uma estação especial, com um veículo danificado e há minutos de serem incinerados pela maior tempestade solar já registrada pelos cientistas. Corbeau percebe que a nave que os trouxe até poderia, naquelas condições, hipoteticamente, levá-los de volta e existia uma célula isolada na traseira que os protegeria dos raios cósmicos, porém, o piloto automático foi inutilizado na colisão e era preciso alguém pilotar manualmente o veículo… e morrer incinerado pela tempestade solar.
Jean Grey se voluntaria para a missão, acreditando que sua telecinese pode “segurar” os raios cósmicos e usa sua telepatia para absorver o conhecimento de Corbeau sobre como pilotar a aeronave e, mesmo sob os protestos de Ciclope (que é nocauteado por ela) e de Tempestade e Wolverine, a Garota Marvel segue firme. O plano é executado e a edição termina com a nave em direção à Terra, mas a radiação sendo forte demais para os poderes de Jean, que aparentemente é incinerada enquanto grita o nome de Scott.

Em X-Men 101, a nave aterrissa duramente e em chamas no aeroporto JFK e termina nas águas da Baía da Jamaica, afundando, mas os X-Men e Corbeau emergem sãs e salvos… assim como Jean Grey, que dispara das águas com um novo (e bonito) uniforme (cortesia de Dave Cockrum) dizendo que a garota que conheceram está morta e que ela é o poder do fogo encarnado… a Fênix! E desmaia em seguida.

É apenas o início de um longuíssimo arco envolvendo a transformação de Jean na Fênix, que levará à mais famosa e aclamada aventura da equipe daqui há algum tempo. (Aguarde!).
O restante da edição mostra o Professor X impondo férias aos X-Men e Banshee convidando os colegas para ir com ele à Irlanda, onde acabou de herdar a Mansão Ancestral de Cassady (um evento que foi mostrado num dos misteriosos subplots de Claremont na edição 99) para onde Tempestade, Colossos, Wolverine, Noturno e Banshee (a primeira vez que apenas os novos membros agem na revista, sem nenhum dos originais) são atraídos a uma armadilha nas mãos de Black Tom Cassidy (o primo malvado de Sean, que apareceu brevemente no número 99) e seu amigo, o Fanático!
Mas antes de prosseguir… Os eventos de X-Men 98 a 101 tiveram grandes consequências não somente às futuras aventuras mutantes (como veremos, tenha paciência), mas de modo mais imediato também em outras revistas da Marvel. Avengers 167 revela que a base de Stephen Lang era uma instalação da SHIELD e The Champions 17 (por sinal, o último número desta revista), de janeiro de 1978, por Bill Mantlo e George Tuska, revela que o vilão Vanisher (lembra dele? De X-Men 02 de 1963?) estava como um dos cativos naquela base, mas sobreviveu e trouxe o Tri-Sentinela (a junção de três robôs) para combater os Campeões.
E pouco depois, The Incredible Hulk Annual 07, de outubro de 1978, por Roger Stern e John Byrne, mostrava uma aventura na qual o Hulk encontra Anjo e Homem de Gelo e o trio combate o Molde Mestre dos Sentinelas de Stephen Lang.

De volta aos novos X-Men, X-Men 102 prossegue a trama com a equipe tentando lutar contra a dupla Black Tom Cassady e Fanático, apenas para serem derrotados, e a maior parte da edição serve para aprofundar a personalidade de Tempestade, que tem outro surto de claustrofobia ao ser presa em uma masmorra, e vemos sua origem: seu pai era americano e sua mãe do Quênia, ela nasceu mesmo em Nova York, mas terminou indo para o Cairo, onde seus pais morreram em um bombardeiro durante a Guerra do Canal de Suez (que ocorreu em 1954) e ela, ainda criança, ficou soterrada viva. Ororo sobreviveu e viveu sozinha nas ruas da capital do Egito até os 12 anos, quando decidiu ir à terra de sua mãe, onde seus poderes mutantes se manifestaram.
A agonia dela é sentida por Xavier do outro lado do mundo e ele pede a Ciclope para ir à Irlanda ajudá-los, mas Scott se nega, querendo ficar ao lado de Jean, que ocupa um quarto ao lado de Misty Knight, uma personagem coadjuvante das aventuras do Punho de Ferro e Luke Cage.
Na 103, a batalha prossegue e os X-Men são auxiliados por um grupo de Leprechauns, lendários duendes pequenos (de uns 20 cm de altura), um dos quais revela (pela primeira vez!!!!) que o nome de Wolverine é Logan. O grupo finalmente vence a dupla de vilões, que revela que foram contratados por Eric Escarlate, e vemos este vilão no fim relatando a um misterioso chefe que colocará Magneto contra eles!

E é exatamente o que acontece em X-Men 104, de abril de 1977, quando Ciclope manda os X-Men saírem da Irlanda e irem para a Ilha Muir, na Escócia (que aparece pela primeira vez), e é revelada como o lar e laboratório de Moira MacTaggert, o que leva o grupo a descobrir que ela não é apenas uma governanta.
Os mutantes sofrem um poderoso ataque de Eric Escarlate, que invade uma cela na qual Magneto está mantido como um bebê – desde aquela aventura da revista dos Defensores, lembram? – e o reverte à idade adulta. Embora se negue a obedecer às ordens do Escarlate, o mestre do magnetismo diz que irá matar os X-Men com prazer e há outra grande batalha – que demonstra os devastadores efeitos dos poderes do vilão sobre Wolverine (por suas garras de adamantium) e Colossos (com seu corpo de aço orgânico) – e vendo que o time ainda não está pronto para vencer Magneto, Ciclope ordena uma retirada, o que o leva a ser chamado de covarde de novo por Wolverine.
Ciclope também intui que Eric Escarlate é um alienígena, em vista da tecnologia avançada que usa, e que seu alvo deve ser Xavier, que está tendo visões com alienígenas. E vemos Xavier finalmente vendo o rosto do alien que lhe procura em seus sonhos: o rosto de uma mulher, que descobriremos ser Lilandra. E no fim, somos apresentados aos Piratas Espaciais (Starjammers, no original), grupo liderado por um homem chamado Corsário, que estão fugindo do Império S’hiar, que também faz sua estreia.
A Saga S’hiar
Até aquele momento, Claremont andava sob os calçados já pré-estabelecidos dos X-Men, os colocando contra Eric Escarlate, Sentinelas, Magneto, Fanático… mas sua primeira incursão totalmente original foi justamente A Saga S’hiar, colocando os X-Men pela primeira vez no espaço sideral.

Na edição 105, Eric Escarlate convence o ex-arauto de Galactus, o Senhor do Fogo, para atacar os X-Men, o que obriga Jean a se transformar na Fênix na frente de seus pais (sendo a primeira vez que ela usa realmente seus poderes), e Escarlate escapa em um portal, mas Fênix usa seus vastos poderes para reabrir o portal e os X-Men desaparecem, deixando John e Elaine Grey, Xavier e Misty Knight para trás. O número 106 é uma edição fill-in, ou seja, um número “reserva” para ganhar tempo enquanto Claremont e Cockrum ajustavam o cronograma de produção-publicação, e trazia um longo flashback de Xavier enfrentando uma ameaça, e produzida por Bill Mantlo e o desenhista Bob Brown, que já havia falecido quando a revista foi publicada.

Chega então ao ponto mais alto da profícua fase de Claremont e Cockrum: X-Men 107, de outubro de 1977, mostra os mutantes no outro lado da galáxia em meio ao Império S’hiar, tendo que enfrentar a loucura do imperador D’Ken, irmão de Lilandra, que foi pedir auxilio a Xavier, por meio de um vínculo telepático criado entre eles por causa da ação do Professor X contra os Z’Nox (lá atrás em 1970). Eric Escarlate é revelado como Davan, um oficial graduado S’hiar que serve diretamente a D’Ken, que quer se apossar do poderosíssimo Cristal M’Kraan, que pode alterar a realidade, o que coloca os X-Men contra a Guarda Imperial, um supertime repleto de superseres, incluindo o Gladiador (que mimetiza mais ou menos os mesmos poderes do Superman), enquanto os mutantes se aliam aos Piratas Espaciais que havia aparecido brevemente duas edições antes.

Cockrum criou a Guarda Imperial descaradamente baseada na Legião dos Super-Heróis e incluiu o uniforme que pensara para Wolverine no personagem Fang, de aparência feral, e ainda transformou isso numa piada na trama: na batalha Wolverine tem seu uniforme destruído – um elemento que será repetido à exaustão no futuro – e rouba a roupa do rival.
Esta foi a última edição desta fase desenhada por Cockrum, que partiu para desenvolver outros projetos e terminaria trabalhando como free-lancer para Marvel e DC, mas se manteria fazendo as capas da revista por um tempo.

A Saga S’hiar se encerra em X-Men 108, de dezembro de 1977, que traz a estreia de John Byrne como o desenhista do título. Na trama, mutantes, S’hiar, Guarda Imperial e Piratas Espaciais terminam dentro do Cristal M’Kraan, que começa a se romper e ameaça criar um maciço universo que engoliria toda a realidade. No meio da ação, Jean percebe os pensamentos do Corsário (líder dos Piratas Espaciais) e percebe que ele é Christopher Summers, o pai de Ciclope, e diz isso para o pirata, que chega a abraçar Scott, que infelizmente, está desmaiado e não percebe o desenrolar desses eventos. Pelo ponto de vista do Corsário, também somos introduzidos à origem de Scott Summers: ainda crianças, Scott, Alex e seus pais voavam em um avião particular quando foram atacados por uma nave S’hiar. Possuindo um único paraquedas na aeronave, Christopher amarra os dois irmãos no artefato e os lança no ar.
Scott e Alex veem o avião explodir e pensam que os pais estão mortos e, na queda, Scott bate a cabeça e fica em coma, o que irá proporcionar o fato de Alex ser adotado por uma família e Scott não, que crescerá sozinho em um orfanato – o que se conecta à parte da origem contada nas velhas revistas dos anos 1960 mostrando como ele saiu do orfanato e conheceu Xavier. Já Christopher e a esposa são abduzidos pelos S’hiar e ela é morta por eles, o que fará o homem adotar a identidade de Corsário e se unir aos Piratas Espaciais como um grupo dissidente e opositor ao Império S’hiar.
Christopher pede a Jean que ela não revele esse segredo a Scott e Tempestade flagra o momento, também conhecendo a verdade.
Por fim, em seguida, a Fênix usa a extensão de seus poderes para reparar o cristal, o que gera a morte de D’Ken, e Jean teletransporta os X-Men de volta à Terra. Lá, Lilandra aparece diante deles para explicar que agora ela é a nova imperatriz S’hiar.
A Melhor Fase de Todas: Claremont e Byrne
Quando Crockum decidiu sair da revista, seu substituto óbvio seria John Byrne.
Nascido em Walsall, em Staffordshire, na Inglaterra, em 1950, John Byrne se encantou pelos super-heróis aos 6 anos de idade, lendo as republicações britânicas do material da DC Comics, mas quando tinha 8 anos, sua família emigrou para o Canadá, onde teve contato com o material direto dos EUA e conheceu a Marvel Comics, virando um grande fã. Hábil como escritor e desenhista, Byrne largou a universidade do Alberta College of Arts and Design no começo dos anos 1970, enquanto publicava em fanzines de quadrinhos, o que o levou à Charlton Comics, em 1975.

Quando Chris Claremont perdeu o desenhista das histórias de Iron Fist (Punho de Ferro), chamou Byrne para assumir a arte e a dupla produziu a metade final da publicação, que mesmo sendo encerrada por vendas baixas, em 1976, chamou à atenção dos editores com as histórias dinâmicas e arte bonita, ágil, cheia de graça e movimento de Byrne. Seu talento fez não lhe faltarem trabalho: desenhou alguns números de The Champions (Os Campeões), entre 1977 e 78, e ganhou sua primeira grande oportunidade ao se tornar o desenhista de Marvel Team-Up, revista que sempre trazia o Homem-Aranha ao lado de um convidado especial, na qual começou na edição 53, ao lado do escritor Bill Mantlo.
Quando chegou a Marvel Team-Up, seu amigo Claremont já estava agitando X-Men, e por uma incrível coincidência, o primeiro quadro de Byrne na edição 53 mostrava o Homem-Aranha ao lado dos X-Men voltando da aventura do número anterior. Quando Mantlo teve que sair da revista para assumir outra publicação aracnídea – The Spectacular Spider-Man – os editores acharam por bem reunir Byrne com Claremont na edição 57 e a dupla produziu alguns bons números de MTU, no que foi um dos melhores momentos daquela revista, incluindo as edições 69 e 70, que trouxeram a participação de Destrutor (e do Thor) no combate ao Monólito Vivo.
Neste ponto, Claremont e Byrne já estavam reunidos de novo em X-Men e Byrne continuou realizando outros trabalhos paralelos na arte, como em Avengers (Vingadores) e em Fantastic Four (Quarteto Fantástico).
O ingresso de Byrne em X-Men trouxe grande impacto e uma série de mudanças. Em primeiro lugar, ele também era escritor e passou logo em breve a dividir os créditos de roteiro com Claremont, ainda que este fosse o escritor oficial da revista; e em segundo, como era canadense, coube a Byrne redirecionar o papel de Wolverine dentro da equipe. Tendo crescido no Canadá, Byrne virou um defensor de primeira hora do personagem, que era um elemento que nem Claremont nem Cockrum gostavam e até pensavam em tirar da revista para dar espaço a outros. Mas Byrne mudou isso, lançou os holofotes em cima do carcaju e bem rapidamente o tornou um dos protagonistas do título, após ter sido um mero adereço até então.

Sintomaticamente, a segunda história de John Byrne na revista, mas a primeira após finalizar o arco que estava em andamento (A Saga S’hiar), em X-Men 109, de fevereiro de 1978, foi justamente um conto que colocava Wolverine como protagonista pela primeira vez desde o início dos Novos X-Men. Na trama, após um início tenso – no qual Ororo tenta convencer Jean a contar a verdade sobre Corsário a Scott (o que ela recusa, pois prometera não contar ao pirata espacial) e Scott pensar que Jean se tornou uma pessoa totalmente diferente depois de sua “morte e ressurreição” – e de uma indicação que essa trama se passa após Iron Fist 15 (na qual os mutantes fazem uma participação especial), Xavier convoca um dia de folga e a maioria decide ir tomar banho em um lago próximo à Mansão X (onde Moira diz que ela e Charles iam quando namoraram na juventude – primeira vez que ficamos sabendo que ambos tiveram um relacionamento no passado), mas o descanso é interrompido quando Wolverine é atacado pela Arma Alfa!

A trama revela que ele é James MacDonald Hudson, um alto funcionário do governo canadense que tem um histórico pessoal com Logan e que é encarregado pelo Departamento H de levar a Arma X de volta aos seus ex-patrões do governo. Hudson usa um uniforme especial cheio de recursos tecnológicos e é um desafio forte para Wolverine, mas a interferência de Banshee e Tempestade (que estavam no lago) desequilibra as coisas e a Arma Alfa vai embora, embora sua ação machucou sem querer Moira, para fúria de Sean.
Estranhamente, a edição 110 traz Dave Crockum de volta à arte, o que parece sinalizar que o envolvimento de Byrne seria temporário, mas o canadense retornaria na seguinte, se firmando como artista fixo da revista. Neste número, um mercenário chamado Warhawk ataca a Mansão (a mando do Clube do Inferno, conforme será revelado mais à frente), o que faz Jean Grey decidir ficar com os X-Men, depois de ter pensado em partir, pois percebia – e isso era uma revelação importante para os desenvolvimentos posteriores – que usar seus vastos poderes servia como um opioide, que ela parecia gostar cada vez mais. Contudo, concluiu que Xavier poderia ajudá-la e permanece, ingressando oficialmente nos X-Men depois de sua saída dezesseis números antes.

X-Men 111 dá início a um longo arco no qual os X-Men são tirados de casa e giram o mundo, começando do jeito mais estranho: o Fera (de volta à revista pela primeira vez) está em busca dos X-Men que desapareceram e chega a Dallas, no Texas, onde os encontra como apresentações de um circo de aberrações, até descobrir que eles estão sob o efeito hipnótico de Mesmero, mas após um confronto, tanto McCoy quanto o vilão são nocauteados por Magneto no fim, o que serve de passagem para a edição 112, de agosto de 1978 (o momento em que a publicação volta a ser mensal depois de oito anos como bimestral, o que era um indicativo do sucesso crescente do título), na qual os X-Men são levados prisioneiros até uma base embaixo de um vulcão na Antártida e são aprisionados em poltronas modificadas que anulam seus poderes e os deixam desabilitados a falar.

É a vingança de Magneto pelo fato de ter sido regredido à infância (ainda que isso tenha ocorrido nas histórias dos Defensores e não dos X-Men) ficando sob os cuidados da robô Babá (Nanny, no original), o que a oportunidade para revelar de modo mais detalhado as origens de Ororo, na qual ela viveu como ladra nas ruas do Cairo após a morte dos pais e, por isso, tinha uma bolsa grampos e chaves-mestras escondidas em sua tiara, com as quais consegue se libertar e aos demais, já na passagem para o número 113, no qual, enquanto vemos Xavier e Lilandra de férias na Grécia, há uma batalha esganiçada dos X-Men contra Magneto, mas dessa vez, a Fênix conecta todos telepaticamente e, sob as ordens diretas de Ciclope, o grupo realiza uma estratégia que derrota o mestre do magnetismo.

A ação leva ao comprometimento da estrutura da base, que será inundada por lava, e desaba. Magneto escapa bastante machucado e os mutantes também escapam, mas divididos em dois grupos: de um lado, Fênix e Fera terminam na superfície, com ela desmaiada e ele caminhando penosamente em uma tempestade de neve, e de outro, o restante do time seguindo um túnel subterrâneo que os leva à Terra Selvagem, cada qual pensando que a outra facção morreu.
Precisamos lembrar que estávamos no fim dos anos 1970, uma era em que não existia internet nem mensagens instantâneas, e mesmo a comunicação por telefone era precária, com chamadas interurbanas e internacionais sendo difíceis e muito caras. Desse modo, era possível que cada qual desses dois times pensassem que o outro estivesse morto caso não pudessem se comunicar, que é o que a história promove, como veremos. O único detalhe é que os dois maiores telepatas da Terra – Xavier e Jean – poderia ter facilmente perceber isso, mas Claremont preferiu ignorar esse elemento em prol da história.
Outro detalhe curioso é que o número 113 foi a primeira vez que John Byrne desenhou a capa da revista (até então ainda encarregada por Cockrum) e dá início a um pequeno ciclo no qual apresenta gravuras bonitas e impactantes. E que esta capa é a primeira vez, desde o número 94, em que todos os membros da equipe aparecem na gravura, que normalmente exibia apenas três ou quatro dos membros.

No número seguinte, 114, um elemento editorial interessante acontece: a revista aparece com o título Uncanny X-Men pela primeira vez, que a partir de então se torna o nome oficial da revista. Como já mencionamos antes, a publicação dos mutantes era uma das poucas que não tinha um adjetivo acompanhando o título e a adesão de uncanny (algo como fabulosos) era uma maneira de celebrar o sucesso da revista que se tornara mensal. Dali em diante, a despeito de ter demorado 15 anos para incorporar tal elemento, Uncanny X-Men é o nome pelo qual a revista passou a ser conhecida desde sempre.

Na edição em questão, assim como na sequência no número 115, o grupo está na Terra Selvagem sob a ameaça de um culto liderado pela feiticeira Zaladane que traz à vida o deus sol Garokk, reencontrando o Dr. Karl Lykos, que ao absorver os poderes de Tempestade se transforma de novo em Sauron e enfrenta o grupo até serem interrompidos por Ka-Zar e Zabu que dizem que Lykos é seu amigo no enfrentamento àquela ameaça. Essas edições também mostram que, enquanto Ciclope, Wolverine, Tempestade, Colossos, Noturno e Banshee estão ali, Fera e Fênix conseguiram regressar aos EUA e estão todos arrasados, pensando que os X-Men morreram no confronto com Magneto. O arco conclui no número 116, no qual Wolverine mata (ainda que off-panel) de modo calculado pela primeira vez e é revelado (também pela primeira vez) que ele tem um fator de cura rápida e ossos inquebráveis (o que torna implícito o fato de que seu esqueleto é de adamantium, não somente suas garras). Os historiadores dos quadrinhos costumam pontuar que é a partir deste ponto que Byrne passa a efetivamente atuar como um corroteirista da revista e não apenas um desenhista que “dava pitacos” nas tramas ou sugeria plots.
Na edição 117, infelizmente, Dave Cockrum volta a fazer as capas (ele é um ótimo artista, mas as imagens de Byrne eram mais bonitas e dinâmicas, contudo, por algum motivo, a Marvel preferiu Cockrum para a missão) e enquanto os X-Men cruzam num barco o sul do Oceano Pacífico para chegar ao Japão em meio a uma intensa tempestade e são resgatados por um cargueiro japonês, temos basicamente uma aventura solo do Professor X. Enquanto rumina a “morte” de seus pupilos, Xavier conta uma aventura de sua juventude para Lilandra: Charles e Moira (ainda chamada Kincross) namoravam, mas ele partiu para a guerra (da Coreia, segundo as HQs dos anos 1960), mas terminou ferido no confronto e passando um longo período no hospital, onde recebeu uma carta de Moira dizendo que iria se casar com outra pessoa. Ele partiu então rumo a uma vida boêmia e terminou no Egito, onde encontrou Amahl Farouk, o Rei das Sombras, um poderosíssimo telepata que o desafia em um duelo no qual Xavier vence e resulta na morte do vilão.
Este foi o episódio que fez Charles decidir dedicar sua vida a combater mutantes malignos e lutar por uma convivência pacífica entre humanos e mutantes, mas diz que, pouco depois disso, terminou em uma cadeira de rodas pela ação de Lúcifer, como as histórias antigas mostravam. Em vista da depressão do amado, Lilandra convida Xavier para ir com ela para o espaço. A edição também mostra que, em luto pela “morte” de Scott, Jean decide tirar férias na Grécia e encontra sua ex-companheira de quarto, Misty Knight no Aeroporto JFK, com a amiga partido ao Japão.

Uncanny X-Men 118, de fevereiro de 1979, mostra os X-Men finalmente chegando no Japão em meio a um terremoto artificial causado pelo vilão Moses Magnum, que quer tomar controle do país. Os mutantes terminam numa reunião de Shiro Yashida, o Solaris, como o primeiro ministro japonês e as agentes especiais Misty Knight e sua amiga Colleen Wing (que de cara acha Scott um gato!) e são convidados pelo governante a ajudar naquela crise, algo que Solaris discorda, mas acaba tendo que acatar.
A edição também introduz uma prima de Solaris chamada Mariko Yashida, com a qual Wolverine flerta abertamente e ficamos sabendo que ele não somente sabe falar japonês fluentemente, como também conhece profundamente a cultura do país, um envolvimento cultural que será essencial ao personagem dali em diante. Também vemos Scott e Sean tentando ligar para a Mansão X (para falarem com Jean e Moira) e não conseguirem porque não tem ninguém lá. Xavier partiu para o espaço com Lilandra para acompanhar sua coroação como imperatriz S’hiar. Curiosamente, Misty Knight não comenta nada sobre ter encontrado Jean no aeroporto, outro gesto deliberado de Claremont para manter o plot.

O grande confronto com Moses Magnum acontece na edição 119, na qual como último recurso para impedir que o vilão destrua o Japão, Banshee usa a potência máxima de seu poder sônico para destruir uma ilha inteira, pretensamente, matando o vilão. Mas isso tem o custo de deixar os X-Men desacordados (que só são resgatados no dia seguinte) e Sean ficar hospitalizado por 10 dias, alguns deles em coma. Quando ele sai, já é Natal e os mutantes fazem uma festa no Lar Ancestral dos Yashida, no qual Logan e Mariko têm um date. Mas a lesão faz Sean perder seus poderes e ele ficará uma década inteira “aposentado” da vida de herói.
Mas também vemos que Jean, Alex Summers, Lorna Dane, Moira e Jaime Madrox estão na Escócia juntos, celebrando as festas natalinas, enquanto um misterioso Mutante X escapa de uma cela na Ilha Muir e mata o dono de um barco.

Vale destacar ainda que, apesar de criarem histórias eletrizantes, o relacionamento de trabalho entre Claremont e Byrne não era isento de tensões. Ao contrário! Esta edição tem um famoso episódio, talvez, o primeiro grande problema entre eles, no qual Byrne se empenhou em criar o fabuloso quadro da explosão da ilha e comunicou o parceiro, que era oficialmente o roteirista, a não usar uma onomatopeia e deixar o desenho fazer o trabalho, mas no fim das contas, Claremont pediu ao tinteiro Terry Austin a inserir o som “ka-boom” por cima, algo que enfureceu o artista. A crítica de Bryne era que Claremont (talvez por ter sido romancista) colocava texto demais nas histórias – o que é verdade – e explicava demais elementos e cenas que os desenhos já deixavam claro – o que temos que concordar, é o maior defeito do escritor – e com isso, subestimar a inteligência do leitor e desvalorizar a capacidade narrativa do desenhista.
Outra coisa importante da edição 119 é que ela trazia a chamada na capa de que o título tinha sido premiado pela segunda vez consecutiva como “HQ do ano” do Eagle Awards da Grã-Bretanha.

X-Men 120, de abril de 1979, mostra os mutantes indo de avião para os EUA, mas sofrendo uma tempestade (de novo?) e o voo sendo desviado do Alasca, onde estavam, para Calgary, no Canadá, e Tempestade percebendo que a tormenta não é natural, e ao chegarem lá, serem atacados pela Tropa Alfa, o grupo de super-heróis canadenses liderado por James Hudson, agora sob o codinome Vindix (Vindicator, no original), com Shaman, Estrela Polar, Aurora, Pássaro da Neve e Sasquatch, todos criados por Byrne.
A trama também serve para mostrar que, basicamente, Scott e Colleen Wing estão namorando (eles até dormem abraçados no voo!) e vemos James Hudson mencionar Hearther (que depois será revelada como sua esposa). Atacados de surpresa, os X-Men se separam depois de Wolverine explicar que ele e Hudson tinham a missão de reunir um grupo secreto canadense, quando ele partiu, mas depois, Ciclope percebe que o movimento enfraqueceu os mutantes, e o eles se reagrupam para um confronto aberto contra a Tropa Alfa na edição 121, no qual Hudson recorda de encontrar um Wolverine em estado feral e o acolher, um elemento importante da biografia de Logan dali em diante.

No fim, após uma luta muito acirrada, Vindix diz que se os X-Men se renderem e entregarem Wolverine, podem ir embora em paz, e o grupo recusa, mas Logan aceita e se rende, sendo levado sob custódia. Os mutantes são escoltados pela força aérea canadense até a fronteira com os EUA, e quando a cruzam, Ciclope vai à cabine pedir ao piloto para voltar e resgatarem o companheiro, mas Wolverine está lá, no assento de copiloto, tendo escapado sorrateiramente.
Após toda essa aventura pelo mundo, no que provavelmente gerou várias semanas longe de casa (talverz uns dois meses), os X-Men estão de volta à Mansão X na edição 122, sem entender o que aconteceu, e sem saberem onde está Xavier e pensando ainda que Jean e Hank morreram. Apesar da história iniciar com um treino (focado em Colossos), a trama se dedica a mostrar os mutantes de folga, com Scott e Colleen Wing tendo um encontro (pretensamente, comemorando o Dia de São Valentim) e ela indo para casa e dando de presente para ele a chave de seu apartamento, para ele ir visitá-la.
Vemos Wolverine indo atrás de Mariko em Nova York, onde ela visita a Embaixada do Japão, e Ororo indo visitar o Harlem, o lugar onde nasceu (essa informação é revelada aqui pela primeira vez) e triste em ver o local transformado em uma favela e o prédio onde morou num cortiço onde jovens consomem drogas. Ao ser atacada pelos viciados e usar seus poderes, ela é interceptada por Misty Knight e seu amigo, Luke Cage, o que informa que essa aventura se passa depois de Power-Man & Iron Fist 57, na qual os X-Men fazem uma participação especial e confrontam o Monólito Vivo. No fim, vemos a dupla Black Tom Cassady e Fanático contratar um assassino para cuidar dos seus inimigos: Arcade.
Mas o evento mais importante da edição é uma cena na qual Jean está de novo ao lado de Moira e seus amigos na Escócia, embarcando rumo à Ilha Muir, quando conhece um elegante homem chamado Jason Wyngarde, que chama à sua atenção e ele fica vidrado nela, dizendo que vai fazê-la se apaixonar por ele. Era o primeiro passo decisivo rumo à maior saga dos mutantes que viria logo mais…
X-Men 123 mostra de novo os mutantes em uma série de encontros amorosos pela cidade de Nova York: Kurt e Peter estão num encontro duplo com Amanda Sefton e Betsy Wilford (as duas garotas que conheceram na edição 98), enquanto Logan está com Mariko, e Scott com Colleen e todos são sequestrados pelos homens do Arcade. O Homem-Aranha chega a ver este último casal e reconhece o barulho do veículo usado pelo vilão. O Arcade havia sido criado pela dupla Claremont e Byrne em Marvel Team-Up 65, numa aventura do Homem-Aranha ao lado do Capitão Britânia.

Arcade transporta os X-Men e suas namoradas para um complexo que ele chama de Murderworld, que parece um parque temático dedicado a realizar jogos mortais com seus usuários, o que gera um desafio bastante grande aos mutantes, que passa à edição 124, quando conseguem escapar, mas não derrotar o vilão. Depois dessa aventura, não veríamos mais na revista nem Betsy Wildfor e Colleen Wing. Podemos supor que a primeira, traumatizada por esses eventos. A segunda, já coadjuvante das aventuras de Luke Cage e Punho de Ferro e acostumada à ação, simplesmente para abrir espaço à narrativa que iria focar em Jean Grey dali em diante.
O sucesso dos mutantes parecia estar consolidado ao ponto deles ganharem uma revista anual especial, publicada no verão dos EUA: X-Men King-Size Annual 03 (incorporando a numeração da antiga Giant-Size) trouxe uma aventura genérica da equipe contra Arkron, um oponente dos Vingadores, escrita por Claremont, mas desenhada por George Perez (artista dos Vingadores) e com uma capa de Frank Miller (uma estrela em ascensão).

Em Uncanny X-Men 125, de setembro de 1979, a equipe está treinando duro na Sala do Perigo e Ciclope está insatisfeito com a performance do time, que julga não ser afinada como a da equipe original, e desabafa com Ororo sobre como o primeiro time treinou desde a adolescência e eles já são adultos e individualizados demais para conseguir agir como uma equipe de verdade.
Mas eis o mais importante: é apenas nesta edição que finalmente os X-Men descobrem que Fênix e Fera não estão mortos e vice-versa! Após onze edições!!! E tudo poderia ter se resolvido numa mensagem instantânea de aplicativo nos dias de hoje…, mas estávamos no fim dos anos 1970. Na trama, o Fera visita a Mansão X, que devia estar abandonada, e se surpreende ao ver os X-Men lá! Esclarecida a situação, ele comunica que Jean também sobreviveu e Scott se apressa para telefonar para a Ilha Muir, onde ela está, mas a chamada é interrompida porque o laboratório de Moira MacTaggert está sob o ataque do misterioso e poderoso Mutante X.

Ah, não podemos esquecer: antes disso acontecer, Jean tem um tipo de transe ao lembrar de Jason Wyngarde e, depois, se vê transportada para um cenário que parece vir da Era Vitoriana na qual está com Jason antes de voltar ao normal. E vemos que essas intervenções do vilão começam a causar efeitos em Jean, que começa a gostar dessas fantasias “sujas”, gostar de seus poderes e a exibi-los de modo desnecessário, como na sucessiva troca de roupas que performa diante de Lorna, enquanto as duas conversam sobre viver longe dos X-Men e Jean diz que não que isso, porque gosta dos seus poderes e do que eles são capazes de fazer.

Também vemos Moira estudar os poderes da Fênix e perceber que Jean é muito mais poderosa do que ela pensava e que não conseguirá manter o controle sobre todo esse poder, mesma conclusão a que chega Xavier ao estudar a ação dos X-Men com os S’hiar por meio de hologramas de arquivo lá na corte de Lilandra. Jean se tornou uma deusa! Ele decide retornar à Terra imediatamente.
A edição 125 ainda traz um outro elemento curioso e importante: vemos uma curta cena de Magneto em seu Asteroide M revolvendo arquivos em seu computador e se deparar com uma foto de sua ex-esposa Magda, que nunca havia sido revelada até ali. O mestre do magnetismo relembra como sua filha Anya foi morta pelos habitantes de sua vila na Europa Oriental (mais tarde, a Polônia) assustados com os poderes dele, e como ele matou esses homens e Magda fugiu dele assustada por seus poderes e sede de sangue. Atordoado pela lembrança, Magneto deleta o arquivo para não sofrer mais.
Esta grande inclusão à história do vilão, cujas origens jamais foram exploradas até ali, era uma piscadela forte ao leitor atento do Universo Marvel, pois no mês anterior àquela revista fora publicada Avengers 186, com roteiro de David Micheline e arte de John Byrne, no qual os ex-membros da Irmandade de Mutantes e atuais Vingadores, Feiticeira Escarlate e Mercúrio descobrem que eram filhos de uma mulher chamada Magda, que os abandonou na base do vilão Alto Evolucionário na Trânsia (um país fictício da Europa Oriental), porque fugia do marido que manifestou poderes e um senso de dominação. Ficava claro, assim, que Magneto era o pai de Wanda e Pietro Maximoff, embora essa informação só fosse confirmada explicitamente dali há uns quatro anos.

Na edição 126, os X-Men pousam na Ilha Muir, se reencontram com Fênix e combatem o Mutante X, que é revelado como o filho de Moira, que tem poderes de absorção de energia, usando o corpo de hospedeiros que são sugados até virarem uma casca, e cada vez que isso acontece, ele ganha maiores capacidades de alterar a realidade. Os mutantes são derrotados pelo jovem vilão e Moira confronta o filho com uma arma – pois metal é a única coisa que pode machucá-lo, mas ele escapa, indo atrás de seu pai, Joe MacTaggert, na edição 127, quando descobrimos que o ex-marido de Moira é um abusador que nunca cuidou bem do filho e se recusa a assinar o divórcio com ela. Moira tenta avisá-lo, mas ele ignora, e o Mutante X mata o próprio pai, usando seu corpo como hospedeiro e mudando seu nome para Proteus.
Enquanto isso, Jean tem outra visão, dela e Jason Wyngarde caçando no século XVIII até perceber que estão caçando humanos para sua própria diversão!
Um evento interessante durante essa batalha é que os X-Men ficam muito abatidos e aturdidos com os poderes de Proteus, particularmente Wolverine, que depende de seus sentidos aguçados para “ler” o mundo. Notando o moral baixo da equipe, Ciclope tem a brilhante estratégia de provocar Logan e terminar causando um tipo de briga entre eles, envolvendo Tempestade e Noturno, também, como forma de dar uma “acordada” na equipe. É um belo momento para ver não apenas sua capacidade de líder e estrategista, mas sua incrível habilidade de combate, conseguindo vencer cada um de seus colegas de time.

No número 128, Proteus vai se tornando cada vez mais poderoso e começa a dobrar a realidade ao redor de si, e os X-Men não conseguem vencê-lo, até que Colossos tem a ideia de lançar seu corpo de aço orgânico contra ele, descobrindo que o rapaz é um ser de pura energia e que, em contato com seu metal mutante, se desintegra, morrendo. A perda do filho do ex-marido abala Moira fortemente, e Banshee (que já está sem poderes há um tempo) decide abandonar a equipe para ficar cuidando dela.
A Saga da Fênix Negra
O passo seguinte foi Claremont e Byrne iniciarem a Saga da Fênix Negra, um longo arco de histórias centrado na escalada de poder de Jean Grey que vai fazê-la cada vez mais perder o controle e se tornar alguém maligna e a maior ameaça que os X-Men já enfrentaram… Assim como a sua mais importante, aclamada e lembrada história!

Claro, especialmente desde a edição 122, os eventos que culminam na Saga da Fênix Negra já vinham se desenvolvendo de forma direta nos subplots lentos de Claremont (e Byrne), mas para efeitos práticos, o arco inicia oficialmente em Uncanny X-Men 129, de janeiro de 1980, quando a equipe deixa a Ilha Muir (onde ficam Moira, Sean, Jaime e presumivelmente, Alex e Lorna) e voltam para a Mansão X, onde Charles Xavier os espera. A Fênix percebe que seu velho mentor voltou pela preocupação com seus poderes, mas parece não se importar muito com isso.
Em paralelo, Scott e Jean têm uma conversa franca sobre o relacionamento deles, e Jean lhe diz que não pôde evitar captar os pensamentos dos outros sobre Colleen Wing. Scott lhe explica, francamente, que só se envolveu com a garota porque pensou que ela estivesse morta e que Colleen era apenas uma amiga. Ela compreende e os dois trocam juras de amor.

De volta à rotina, o Cérebro capta dois novos mutantes e Xavier divide o grupo para interceptá-los. Ao mesmo tempo, somos apresentados ao Círculo Interno do Clube do Inferno, os grandes vilões do primeiro ciclo da Saga da Fênix Negra. O Clube do Inferno é um daqueles clubes sociais de ricaços que existia em grandes cidades como Nova York, mas o Círculo Interno era uma organização secreta de milionários poderosos, a maioria mutantes, que tinham grandes planos de dominação. Neste momento, a maior parte deles está sob as sombras, mas vemos que Jason Wyngarde é um deles, e conhecemos a fria e maligna Emma Frost, a Rainha Branca (o que revela que eles se organizam tal qual um tabuleiro de xadrez).
Por meio de Wyngarde ficamos sabendo que o Clube do Inferno está investigando os X-Men e que aquele mercenário Warhawk (da edição 110) fora contratado por eles e que sua (bem-sucedida) missão foi plantar escutas e gravadores na Mansão X e na Sala do Perigo, o que lhes deu vasto conhecimento sobre o time. Por isso, também ficam sabendo dos dois novos mutantes e também mandam duas equipes para interceptar os X-Men.

Em Chicago, conhecemos a adorável Katherine “Kitty” Pryde, uma menina de 13 anos e meio, de cabelos castanhos que ao chegar em casa da escola recebe a visita da professora Emma Frost, que vem convidá-la para sua escola exclusiva, a Massachusetts Academy. Kitty não gosta dela e pensa que se seus pais estão pensando em mandá-la para uma escolar particular, é porque querem se divorciar, o que a deixa muito triste. Depois que Frost vai embora, é a vez da visita do professor Charles Xavier, acompanhado de Ororo e Peter, para a sua Escola para Jovens Superdotados, de Salem Center. Kitty gosta deles e, enquanto seus pais conversam com Charles, Ororo vai dar uma volta com ela, mas elas são atacadas pelos homens do Clube do Inferno, inclusive, usando armaduras designadas especialmente para os poderes de cada um deles, os Cavaleiros.

Os X-Men são derrotados e sequestrados, levados às Indústrias Frost de Chicago, onde são aprisionados e torturados pela Rainha Branca, que se mostra uma poderosa telepata. Kitty Pryde, que tem poderes de atravessar paredes e objetos sólidos, consegue escapar, mas persegue os vilões e se infiltra na base e Ororo lhe fornece um número para telefonar.

Na edição 130, vemos o outro grupo indo a uma boate decadente em Nova York, com Scott, Jean e Kurt. Jean fica encantada ao perceber os pensamentos sórdidos das pessoas que estão na boate – provavelmente pensando em sexo e outras diversões sujas – e como isso a faz se sentir divertida e ela termina encontrando Jason Wyngarde, que lhe dá um beijo, ao mesmo tempo em que ela se imagina no passado também com ele, e ela se transformando na Rainha Negra. A própria Jean não sabe o que está acontecendo… antes, ela pensava que as alucinações eram fruto dos poderes de manipulação de Proteus, mas como ele morreu e as visões continuaram, a heroína começa a pensar que tais pensamentos são manifestações ou de legítimas viagens no tempo ou de um tipo de conexão com vidas passadas entre ela e Wyngarde frutos dos ainda incompreensíveis poderes da Fênix.

De volta à realidade, Jean e Scott e ficam aturdidos, mas são atacados pelos homens do Clube do Inferno e recebem a ajuda inesperada da cantora que tinha iniciado um estonteante show de luzes: Cristal (Dazzler, no original) – Alison Blair é o nome dela – que é a mutante que eles vieram encontrar: capaz de transformar o som em luzes e até usá-la como arma.

A batalha migra para rua, onde Kurt recebe uma ligação no carro de Kitty pedindo socorro, e após uma luta acirrada, na qual Ciclope tem a ideia de trocar de oponentes e neutralizar os efeitos das armaduras dos Cavaleiros especializadas para cada um deles. Vencidos os inimigos, Ciclope explica para Cristal que ela é uma mutante e que os X-Men podem ajudá-la a controlar seus poderes. Como precisam seguir para Chicago auxiliar o restante do time, convida cantora para ir com eles, e a ela aceita.
Aqui vale um parênteses editorial: Claremont e Byrne não criaram a Cristal, que fez sua estreia nesta edição. A cantora mutante fora criada por Tom DeFalco, Roger Stern e o desenhista John Romita Jr. (que fez a capa da edição) para uma ousada empreitada multimídia que a Marvel estava programando: lançar um filme sobre uma cantora-heroína que renderia um disco e uma HQ para narrar suas aventuras. Dos três produtos, apenas os quadrinhos vingaram, mas a Marvel decidiu prosseguir com os planos e o editor-chefe Jim Shooter solicitou que Claremont e Byrne a colocassem na revista mutante porque, naquele ponto, Uncanny X-Men havia se tornado a publicação de maior vendagem da Marvel, ultrapassando a Amazing Spider-Man do Homem-Aranha, e isso era uma maneira de dar grande visibilidade à personagem antes da estreia de seu título próprio.
Esse argumento parece ter tido outro efeito na revista: não parece ser coincidência que, após este número, John Byrne voltou a fazer as capas de Uncanny X-Men. Ora, se a revista era o maior sucesso da editora, porque ele não estava fazendo as capas, já que os leitores e os críticos gostavam tanto de sua arte?

Por fim, uma última nota sobre a edição 130: ao partirem rumo a Chicago, Scott vê Jason Wyngarde do lado de fora e sua sombra se projeta de um modo diferente de seu corpo (entregando ao leitor que aquele é o Mestre Mental da velha Irmandade de Mutantes), mas atribulado com a sequência de eventos, ele não percebe isso ainda.

No número 131, a outra parte dos X-Men ataca as Frost Industries e a Fênix tem uma batalha psiônica com a Rainha Branca, vencendo-a e fazendo as instalações explodirem e a vilã pretensamente morrer. A cena da batalha mostra como Jean está arrogante sobre a potência de seus poderes e como os usa de um modo cruel contra a vilã, inclusive, em certo sentido, fazendo o mesmo tipo de tortura que Frost tinha usado contra Tempestade. Se é assim, o que distingue a Fênix da vilã?

Quando voltam à casa dos Pryde, os pais de Kitty estão desesperados e raivosos com Xavier pelo sumiço de sua filha e, sem paciência, Jean manipula a mente deles para que esqueçam o que aconteceu. Essa ação faz Scott e Ororo conversarem preocupados sobre o modo displicente e corriqueiro com que Jean vem usando seus novos e vastos poderes.
Tendo em vista que Ciclope percebeu que o Clube do Inferno sabe muito sobre os X-Men, na edição 132, ele decide levar a equipe para a casa de Warren Worthington III, o Anjo, nas isoladas montanhas do Colorado, onde vive com a namorada, Candy Southern; algo que irrita Xavier, que queria voltar para casa. Lá, Scott cria um plano para atacar o Clube do Inferno e descobrem que o próprio Warren é sócio da versão pública do clube, e que pode colocá-los para dentro. Dias depois, em meio a uma festa de gala, os X-Men se infiltram na sede do clube, que fica na 5ª Avenida, bastante próxima à Mansão dos Vingadores. Wolverine e Noturno vão pelo esgoto e os outros pela festa, mas os vilões sabem que eles estão lá.

Conhecemos, então, os outros membros do Círculo Interno do Clube do Inferno: o líder, Sebastian Shaw, é o Rei Negro e tem o poder de absorver energia e força direcionadas contra ele e transformá-las em superforça e invulnerabilidade; acompanhado por Jason Wyngarde e suas ilusões; Donald Pierce tem um braço biônico e Harry Leland tem a capacidade de manipular a massa dos corpos. Uma curiosidade é que Byrne criou o visual do quarteto baseado em atores da vida real, com Shaw representado como o ator Robert Shaw (de Moscou Contra 007 e Tubarão, mas também, o Anakin Skywalker em O Retorno de Jedi), Wyngarde baseado em Peter Wyngarde, Pierce em Donald Sutherland e Leland em Orson Wells, cada qual incorporando um sobrenome de um dos papeis que realizaram (exceto Wyngarde que é o real).

Há uma grande luta com os X-Men, mas os vilões são formidáveis e conseguem capturar Ciclope e os outros e mandar Wolverine de volta para o esgoto. E no fim, influenciada pelas manipulações de Wyngard, a Fênix abraça o seu lado sombrio e se torna a Rainha Negra.

Na edição 133, cabe a Wolverine, saindo de novo dos esgotos, iniciar um ofensiva contra o Clube e tentar virar o jogo. Estão os outros cativos, mas Ciclope percebe que ainda têm o vínculo telepático com Jean e tenta convencê-la a ajudá-los, mas Wyngarde intervém e o trio é transportado para um passado no qual o Mestre Mental desafia Ciclope a um duelo de espada, alertando-o que quem morrer no plano astral, morre também na realidade. O duelo é feito, mas Scott termina golpeado no peito e cai ao chão. Mas ele não morre e a intervenção de Wolverine possibilita que os demais se libertem e reiniciem a batalha.


Na edição 134, Ciclope consegue tirar Jean de seu transe por alguns instantes e ela se volta furiosamente contra o Mestre Mental, descobrindo que ele usa um artefato eletrônico desenvolvido pela Rainha Branca que o permitia acessar a mente da Fênix, já que o vilão não é um telepata, mas “apenas” capaz de projetar ilusões. Como punição, Jean funde sua mente ao cosmos, o que o deixa completamente louco. Wolverine fatia Leland, Colossos destroça o braço mecânico de Pierce e Tempestade bota Shaw para correr, mas embora vençam os vilões, nenhum foi capturado e os X-Men estão no covil deles, assim, fogem para o Central Park ali perto, mas naquele ponto, a corrupção moral de Jean já era irreversível, então, a Fênix vira a Fênix Negra e destrói o jato.

Uncanny X-Men 135 mostra a polícia e as autoridades atendendo à ocorrência no Clube do Inferno e, claro, manipulados por Shaw, considerando que os X-Men atacaram o clube. Enquanto Leland e Wyngarde são levados ao hospital, Shaw conversa com o Senador Robert Kelly (personagem que estreia aqui), o alertando como os mutantes são uma ameaça e que ele precisa usar sua influência em Washington para reativar o programa dos Sentinelas.

Enquanto isso, a Fênix Negra se volta contra os X-Men no Central Park, e há uma acirrada batalha, mas o time não tem a menor chance contra os poderes quase infinitos dela. A única vantagem que conseguem é quando Ciclope conversa com ela e, por um instante, consegue ter influência sobre seus pensamentos, mas o efeito passa e a Fênix simplesmente os deixa lá.

Faminta por poder, a ex-heroína parte ao espaço, em busca do Cristal M’Kraan para ampliá-los mais ainda, porém não o encontra, então, se alimenta da estrela do Sistema D’Bari, o que a leva a se transformar em uma supernova e dizimar o planeta habitado que a orbitava, matando bilhões de vida. Assim como o cristal, o sistema fica dentro do território do Império S’hiar e uma nave tenta interceptá-la, apenas para ser destruída pela Fênix. A Majestrix Lilandra fica sabendo desses eventos e horrorizada pela extensão dos poderes da antiga aliada, pensa que ela é a maior ameaça do universo e deve ser eliminada.
A viagem ao espaço deu tempo para os X-Men voltarem à Mansão X e se preparar para o confronto com a Fênix Negra. Com o auxílio do Fera e do Anjo (que reingressa no time), Xavier produz um construto que pode bloquear a mente de Jean na esperança de fazer sua boa consciência emergir. A ex-heroína volta à Terra, mas vai à casa dos seus pais, em Annadale-on-Hudson, no Estado de Nova York, mas lá é rejeitada por seu pai, o que a leva diretamente a um novo confronto com os X-Men. O construto funciona por um tempo e lhes dá uma pequena vantagem, mas ela destrói o artefato, o que obriga Xavier a uma confrontação psiônica direta com sua estudante. O professor X ativa uma série de bloqueios mentais e consegue fazer a mente de Jean emergir das profundezas sombrias da Fênix Negra.

O grupo celebra a vitória e, na euforia, Scott pensa que deveria propor Jean em casamento, ela “ouve” seus pensamentos… e aceita!
Naquele ponto, o sucesso dos mutantes era tão grande e os leitores estavam tão eletrizados que o capítulo final veio em Uncanny X-Men 137, de setembro de 1980, numa edição dupla, com o dobro de páginas! Claremont e Byrne entregam o seu melhor momento! Os X-Men são abruptamente teletransportados para o centro do Império S’hiar, na qual Lilandra os avisa que a Fênix deve morrer. Os mutantes ficam um pouco chocados, mas a Majestrix lhes informa do crime genocida da Fênix. Como último recurso, Xavier solicita que seja realizado um duelo de honra entre os X-Men e a Guarda Imperial para decidir a querela, e Lilandra concorda.

A ameaça da Fênix é tão grande que os impérios Skrull e Kree enviam emissários para acompanhar a disputa.
Após uma noite de descanso – no qual os outros membros dos X-Men refletem sobre o crime de Jean e se é correto ou não defendê-la – a batalha é levada para a Área Azul da nossa Lua, onde os Kree construíram uma cidadela muito tempo atrás e serviu de morada aos Inumanos por um tempo, sendo também onde está localizada a base do Vigia Uatu. Jean escolhe usar um uniforme da Garota Marvel, como forma de mostrar que não é mais a Fênix e, por muitas e muitas páginas, os mutantes têm uma acirradíssima disputa com a poderosa Guarda Imperial.

Contra todas as adversidades, Ciclope e Jean decidem encarar a batalha final, porém, a tensão da batalha faz com que os poderes da Fênix reapareçam e ela precisa ser combatida. Quando Colossos desfere um poderoso soco na entidade, Jean retoma a consciência por um instante e aproveita aquele momento em que está enfraquecida e longe de atingir todo o potencial de seus poderes cósmicos para disparar em si mesma um poderoso canhão de íons dos Kree, morrendo desintegrada. Percebendo que iria sucumbir sob a personalidade da Fênix Jean optou pelo suicídio.
A história termina Ciclope lamentando a escolha e a perda de sua amada.
A Saga da Fênix Negra tem seu epílogo na Uncanny X-Men 138 na qual há o funeral e elogia a Jean Grey. É uma edição tocante, focada no discurso de Scott durante o enterro, no qual relembra toda a história da garota, o que é uma primorosa oportunidade para Claremont e Byrne recontarem toda a história dos X-Men até aquele momento, ainda que ignorem – por motivos óbvios – o período “sem revista”. Ao fim, Scott comunica a Xavier que está se afastando da equipe, o que o mentor entende e o abençoa.

Todavia, apesar do imenso sucesso e da entrega da melhor história dos X-Men em todos os tempos, a produção gerou fortes desentendimentos entre Claremont e Byrne e ainda teve um fim atribulado. Byrne e o editor assistente Jim Saliscup começaram a achar que os poderes da Fênix, seguindo o texto de Claremont, tinham se tornado grandes demais, o que prejudicava a lógica das histórias. Assim, o desenhista fez lobby para que Jean Grey perdesse os poderes. Chris Claremont aceitou e ele e Bryne produziram a edição 137 com o encerramento da saga na qual Jean Grey perderia seus poderes de Fênix e voltava a ser a Garota Marvel.

Entretanto, ao ler a história pronta, o então Editor-Chefe da Marvel, Jim Shooter achou que seria moralmente inaceitável deixar Jean Grey impune após ter matado bilhões de seres vivos do Sistema D’Bari e exigiu uma mudança nos roteiros, de modo que Claremont e Byrne foram obrigados a reescrever e redesenhar o final matando Jean Grey. A mudança criou rusgas e mágoas de todos os envolvidos e uma cisão crescente entre Chris Claremont e John Byrne, pois eles tinham visões opostas sobre a Fênix e o que deveria ser feito, de modo que a gloriosa parceria começou a se desintegrar rapidamente.
Ademais, é importante ressaltar o impacto histórico da trama. A Saga da Fênix Negra era uma trama de caráter adulto, sério e profundo, tocado por dois artistas brilhantes no auge da sua forma. O texto meticuloso de Claremont e as ideias e a arte estupenda de Byrne possibilitaram uma aventura que transcende o gênero das HQs e poderia ser classificada como alta literatura de aventura. O subtexto da corrupção moral de Jean Grey é poderoso, ainda que, aos olhos de hoje, se destacam os elementos da sexualidade – em vários momentos fica parecendo que a “libertinagem” que Jean aflora é simplesmente o desejo de uma mulher ser livre sexualmente (o flerte com Jason Wyngarde, a cena da boate) -, o que dá um componente moralista desnecessário à trama (ainda mais pelo fato de Scott ter se envolvido “sem problemas” com Colleen Wing no meio disso).

O leitor contemporâneo pode, todavia, focar no fato de que havia o aspecto da maldade e da crueldade ali também (como na cena da caçada humana ou na destruição inconsequente de D’Bari), mas não pareciam ser esses os termos mais ressaltados no texto.
Mas descontados alguns tropeços, o drama de uma garota atormentada por seus pensamentos e desejos aflorando ao ponto do descontrole em sua busca de si e o modo como, na impossibilidade de manter esse controle, ela opta pelo suicídio, com certeza absoluta, ressoa em muitas outras mulheres, especialmente em tempos nos quais modelos conservadores de comportamento ganham força na repressão às mulheres.
Ter uma das heroínas mais queridas dos fãs e a mais importante dentro do universo específico dos X-Men cometendo suicídio em uma história foi também muito impactante, e um evento que – há época – soava tão forte quanto à coragem de matar a namorada do Homem-Aranha sete anos antes. A morte da Fênix demarcou a Era de Bronze como uma era na qual coisas muito fortes e sombrias podiam acontecer e foi um grande momento da Marvel Comics como um todo.
Infelizmente, esse impacto seria parcialmente diluído em alguns poucos anos com a volta de Jean Grey dos mortos, mas isso é assunto para depois…
Dias de Um Futuro Esquecido e o Fim da Parceria Claremont-Byrne
Após o apogeu do fim d’A Saga da Fênix Negra, Claremont e Byrne fizeram duas edições menores em seguida, quase como um “descanso” para os fãs, assim como saiu uma nova edição anual: X-Men King-Size Special 04, com roteiro de Claremont e arte de John Romita Jr., no qual os mutantes combatem uma ameaça demoníaca com o auxílio do Doutor Estranho, numa trama que revela que Amanda Sefton, a garota com quem Kurt Wagner estava saindo desde a edição 98, é uma poderosa maga.

As duas edições de Claremont e Byrne foram focadas em duas tramas paralelas e concomitantes: de um lado, a introdução de Kitty Pryde como membro em treinamento dos X-Men (o que é anunciado na capa de Uncanny X-Men 139 com a chamada “Bem-vinda aos X-Men, Kitty Pryde, esperamos que sobreviva à experiência”) na qual a menina chega à Escola para Jovens Superdotados do Professor Xavier e ganha o codinome Ninfa (Sprite, no original) e um uniforme idêntico ao original da Garota Marvel, a fardinha azul e amarela do início com abertura para os cabelos na nuca; e de outro, uma aventura no Canadá entre Wolverine e Noturno.
Vemos Ororo continuar a desenvolver uma relação meio maternal com Kitty, enquanto Xavier a designa para levar a garota para ter aulas de ballet (como forma de aperfeiçoar suas habilidades físicas) com uma professora na cidadezinha de Salem Center onde fica a Mansão: Stephannie “Stevie” Hunter é uma bailarina que teve a carreira interrompida por um acidente e se transformou em professora de dança. Kitty informa que a viu dançar em Chicago antes do acidente e que é fã e Stevie e Ororo também desenvolvem uma boa amizade.

Stevie Hunter passará a ser uma importante coadjuvante das histórias dos X-Men dali em diante, um dos elementos “humanos” que tentavam colocar as histórias um pouco mais no chão, de modo um pouco mais efetivo do que outra personagem como Moira MacTaggert. Com Stevie sendo outra mulher afrodescendente e Kitty tratada explicitamente como judia, era uma forma de Claremont e Byrne aumentarem ainda mais a diversidade étnica na revista.
Na edição 139, Kitty assiste a um treinamento na Sala do Perigo, o que a deixa bastante assustada, e descobrimos que Wolverine adotou um novo uniforme: mais sombrio e de linhas mais simples, mantendo os contornos do original (com as abas nas botas e a máscara projetada para fora do rosto), porém, nas cores marrom e bronze. O visual foi uma ideia de John Byrne, que achava que um uniforme mais escuro e enxuto seria mais adequado ao caráter furtivo do personagem. Na trama, fica implícito que a mudança está associada à morte de Jean Grey, como um tipo de luto.
Wolverine decide ir ao Canadá para resolver definitivamente seus problemas com o Governo do Canadá, ainda pendentes, e Noturno o acompanha. Logan visita a casa de James Hudson e conhecemos sua esposa, Heather. Essa abordagem torna o reencontro bem mais amigável do que os dois anteriores, e no fim, os dois mutantes se unem à Tropa Alfa em uma aventura contra o Wendigo, o mesmo monstro que Wolverine enfrentou em sua primeira aparição nos quadrinhos lá na revista do Hulk, e que se estende ao número 140. Essa história também mostra Heather chamando Wolverine de Logan e percebemos que somente então Kurt descobre que este é o nome dele, o que implica que até então, nenhum dos X-Men sabia o nome próprio de Wolverine.

A trama também coloca Xavier destacando Tempestade como a líder interina de campo dos X-Men, na ausência de Ciclope, que se licenciou para lidar com seu luto. E há a cena entre Xavier e Anjo, no qual Warren Worthington III avalia os novos membros do time e demonstra sua preocupação com a “máquina de matar” que é Wolverine. Falando nisso, é interessante perceber que o Anjo foi reintroduzido no final da Saga do Fênix como uma exigência de John Byrne para que os X-Men mantivessem pelo menos um membro original entre suas fileiras.
A despeito da crescente cisão entre Claremont e Byrne, conseguiram criar um último clássico dos X-Men, o arco de duas histórias Dias de um Futuro Esquecido, publicados em Uncanny X-Men 141 e 142, começando em janeiro de 1981.
Em Dias de um Futuro Esquecido vemos um futuro desolador próximo (30 anos a frente) onde os Sentinelas controlam os Estados Unidos e estão prestes a sofrer um ataque nuclear da coalisão de forças dos países europeus para impedir que os robôs espalhem seu domínio para o resto do mundo. A maior parte dos mutantes foi exterminada e os poucos sobreviventes vivem em Campos de Concentração, ao mesmo tempo em que a maioria dos super-heróis também foi morta.
Entre os poucos sobreviventes, estão versões velhas de Tempestade e Colossus, que estão juntos com Kitty Pryde (chamada de Kate por eles), Franklin Richards (o filho de Reed Richards e Susan Storm), sua namorada Rachel Summers e o velho Magneto (ironicamente, confinado em uma cadeira de rodas). Esse time de X-Men vive em um campo de concentração com Colares Inibidores que anulam seus poderes mutantes. No início da história, vemos que Wolverine é o único que conseguiu evitar ser aprisionado e entrega a “Kate” um artefato especial que pode eliminar os inibidores.
Libertos, o grupo organiza um ataque ao comando central dos Sentinelas, mas Wolverine e Tempestade são mortos. Como medida desesperada de reverter o quadro, colocam em prática um arriscado plano em que Rachel irá usar seus vastos poderes telepáticos e combiná-los aos poderes de Franklin para enviar a consciência de Pryde à sua contraparte jovem nos dias atuais. Eles escolhem como ponto exato o momento que identificam como aquele que causou a onda de eventos que levou ao mundo em que vivem: o assassinato do Senador Robert Kelly pela nova Irmandade de Mutantes.
Lembrem, o senador Kelly havia aparecido durante A Saga da Fênix Negra sendo aliciado por Robert Shaw para criar um novo programa de Sentinelas, e despontava, a partir daqui, como a principal voz “anti-mutante” no cenário político dos EUA.
A mente da jovem Kitty, então, é dominada pela velha Kitty do futuro e ela consegue convencer os X-Men a ir a Washington-DC para impedir tal morte. O convencimento é rápido, porque tanto Xavier pode ler a mente dela, quanto Wolverine percebe por seus instintos que ela está falando a verdade. Em Washington, os X-Men enfrentam a nova Irmandade de Mutantes, liderada pela transmorfa Mística e trazendo como membros Sina, Pyro, Avalanche e Blob, único membro da velha equipe (Byrne usou de novo o recurso do membro original).

Essa nova encarnação da Irmandade de Mutantes, embora praticamente sem nenhuma associação à equipe original, se tornaria um elemento muito importante não somente das revistas dos X-Men, mas do Universo Marvel como um todo, além de aparecerem no cinema mais tarde. A líder Mística era Raven Darkhölme e podia mudar de forma e assumir a identidade de outras pessoas, sendo mortal no combate corpo a corpo e no uso de armas, e fora criada por Chris Claremont e Dave Crockum como uma vilã nas aventuras de Miss Marvel, em Ms. Marvel 16 (de 1978); mas os demais personagens (exceto Blob, claro, criado por Lee e Kirby) eram criações originais de Claremont e Byrne para a ocasião: Sina era Irene Adler e podia prever o futuro (de modo inexato, necessitando de interpretação) e, nas aparições futuras, seria retratada como uma senhora idosa; Pyro era St. John Allerdyce e podia manipular o fogo, mas não criá-lo, por isso, usava um lança-chamas como arma, pela qual criava construtos de chamas; Avalanche era Dominic Petros e podia causar pequenos tremores de terra e também manipular o solo a seu favor; além do velho Blob, Fred Dukes, era superforte, invulnerável e não podia ser removido do lugar por nenhuma força lançada contra ele.
Por muito pouco, os X-Men conseguem salvar a vida do Senador Kelly, mesmo ele sendo um ferreneo inimigo dos mutantes, pois propõe uma Lei de Registro de Mutantes no Congresso. Os mais atentos vão notar que parte dessa trama (sem os elementos da viagem no tempo) serviram justamente de base ao primeiro filme dos X-Men nos cinemas, em 2001, enquanto a parte da viagem no tempo e dos Sentinelas serviram de mote para o longa homônimo de 2014.
Outro detalhe relacionado à sétima arte: a trama de Dias de um Futuro Esquecido é muito similar a do filme O Exterminador do Futuro de James Cameron. Mas a revista é de 1981 e o filme foi lançado em 1984. Cameron também é um conhecido fã de quadrinhos que, durante anos, tentou levar uma versão do Homem-Aranha aos cinemas.
Contudo, apesar de Dias de um Futuro Esquecido ser outro dos maiores clássicos mutantes, foi o momento de ruptura entre Claremont e Byrne. O pomo da discórdia foi um pequeno detalhe: ao discordarem da resolução da cena na qual os X-Men do futuro invadem o covil dos Sentinelas, Claremont mandou o arte-finalista Terry Austin apagar a arte original de Byrne e fazer um novo quadro com a cena tal qual imaginou. Ao ver o resultado, o canadense resolveu abandonar a revista.

Mas quando isso aconteceu, ele já tinha desenhado Uncanny X-Men 143, de março de 1981, na qual os X-Men saem para aproveitar o Natal – inclusive, Wolverine com Mariko – e Kitty Pryde fica sozinha na Mansão X e sofre um ataque de um demônio N’Garai (lá da edição 96, lembram?), atravessando a casa e a Sala de Perigo com o monstro implacável atrás dela até conseguir incinerá-lo na turbina do jato Blackbird do time. Quando os mutantes retornam, acompanhados dos pais de Kitty, ela está tranquila assistindo TV como se nada tivesse acontecido.
A história também traz Scott Summers procurando emprego em um barco e descobrindo que o capitão Lee Forrester é, na verdade, uma bonita garota. Ele também telefona a mansão e conversa com Kitty antes do ataque.
É o fim da linha para John Byrne. Uma pena, pois sua arte belíssima e dinâmica (além de seus roteiros) fizeram falta para sempre aos X-Men. O artista continuaria, contudo, sua trajetória de sucesso. Na época dessa última edição, estava comandando o Quarteto Fantástico e tinha realizado uma temporada aclamadíssima no Capitão América (ao lado de Roger Stern), enquanto trabalharia com Vingadores, lançaria uma revista solo da Tropa Alfa e produziria uma fase clássica do Hulk, antes de ir para a DC Comics revolucionar o Superman.
Chris Claremont continuaria no comando dos X-Men por mais uma década inteira.
Por fim, vale à pena mencionar que a introdução de Kitty Pryde fazia parte de um plano de Claremont e Byrne em criar uma nova equipe de mutantes em treinamento para serem coadjuvantes nas aventuras dos X-Men e, de vez em quando, atuarem junto ao time. Com a saída de Byrne, o conceito foi deixado de lado por um tempo, mas Claremont o retomou depois.
Uma Fase Intermediária
A saída de John Byrne do título foi abrupta e Chris Claremont sentiu o baque, de modo que, logo em seguida, veio uma pequena fase em que o escritor parecia meio perdido, sem saber para onde ir, até se reencontrar e dar origem a um novo e importante capítulo nas aventuras mutantes.

Sem Byrne, a arte passou temporariamente a Brent Anderson, que se tornou uma espécie de artista reserva para os X-Men nos meses seguintes. É dele a arte em Uncanny X-Men 144, de abril de 1981, que desenvolve uma trama que Claremont criara (ao lado de Byrne) algum tempo antes para Marvel Team-Up 68, uma história do Homem-Aranha com participação do Homem-Coisa (a versão Marvel do Monstro do Pântano) contra um vilão chamado D’Spayre, e que teve um desdobramento em Doctor Strange 37.
Aqui, o foco é em Ciclope auxiliando a capitã Lee Forrester a encontrar seu pai desaparecido nos pântanos da Flórida e descobrir que Jock Forrester foi possuído (e morto) por D’Spayre. Temos, também, uma retomada das origens de Ciclope por meios das visões causadas pelo vilão.

Dave Cockrum retorna de modo triunfal como desenhista em Uncanny X-Men 145, mas numa estranha trama na qual o Doutor Destino (vilão do Quarteto Fantástico – cujas histórias, naquele momento, eram escritas e desenhadas por John Byrne… que coisa…) se une ao Arcade e armam uma armadilha aos mutantes, o que obriga Xavier a convocar Destrutor, Polaris, Homem de Gelo e Banshee como reforço ao time para enfrentar a dupla ameaça. Como Sean Cassidy tinha perdido seus poderes, ele usa um uniforme preto dos tempos de Interpol e usa armas de fogo, história que prossegue na edição 146 com parte da equipe de novo no Murderworld de Arcade e no número 147, na qual Tempestade cria uma conexão tão forte com a natureza que a trama dá a entender que ela se transformará em uma nova Fênix! Algo que não ocorre… ainda bem. Também vemos Destino se interessar sexualmente por Ororo e um clima entre os dois, tópico que jamais será retomado no futuro.

Os subplots lentos de Claremont permanecem: na edição 145, a capitã Lee Forrester convoca Scott Summers para um trabalho no Caribe, mas o barco naufraga em uma tempestade no número 146, para a dupla conseguir sobreviver e nadar até uma ilha deserta no número 148, no qual encontram uma grande e estranhada estrutura… como um palácio metálico.

O número 148 traz um crossover múltiplo com Cristal e Mulher-Aranha se unindo a Tempestade e Ninfa contra um mutante chamado Caliban, de aparência assustadora e pele muito branca, que tem o poder de detectar outros mutantes e sequestra Kitty para ser sua noiva e lhe fazer companhia. Estranhamente, essa trama era uma sequência de Spider-Woman 38, uma revista que Claremont também escrevia (com arte de Dick Giordano) na qual o Fanático e Black Tom Cassidy se unem mais uma vez, agora, cruzando o caminho de Jessica Drew. Mas a história dava destaque a uma garota adolescente chamada Syrin, manipulada à vilania pela dupla e que tem o poder de disparar rajadas sônicas… como o Banshee.
Terminamos descobrindo que a garota é Theresa Cassidy, filha de Sean, só que ele não sabia que tinha essa filha (fruto de um caso furtivo do passado), mas seu primo maligno Tom descobriu e quis usar contra ele. A história também dá destaque à pequena Illyanna Rasputina, a irmã de Peter (retratada como tendo uns 6 anos de idade), que passa a morar com o irmão na Mansão X. No fim, as heroínas vencem ambas as ameaças e Sean conhece sua filha. Depois de Kitty, mais jovens mutantes aparecendo… parecia que Claremont tinha um plano, não é mesmo?
O número 148 ainda traz outro elemento importante: bem no começo da edição, vemos o Anjo discutindo com Xavier e alguns outros sobre Wolverine e o modo como ele acha Logan um psicopata perigoso. Como Xavier insiste que ele é vital à equipe e que precisam ajudar o canadense a ser um homem melhor e usar melhor seus dons mutantes, Warren decide largar o grupo. Com sua saída, pela primeira vez desde 1963 e a retomada em 1975, os X-Men se tornam uma equipe sem nenhum dos membros originais. Tendo em vista que o reingresso do Anjo foi uma iniciativa de Byrne (que insistia em manter a equipe legitimada pelos membros originais), Claremont se livrou dele na primeira oportunidade.
A edição 149 mostra os X-Men recebendo a visita de Carol Danvers (vamos explicar) e embarcando numa missão até a Antártica para verificar como está a base de Magneto, terminando por confrontar Garokk de novo e este informando o time de que o mestre do magnetismo está vivo e que lhe incumbiu da missão de cuidar daquelas instalações. E no Caribe, Lee Forrester beija Scott Summers, mas ele se esquiva, dizendo que não está pronto para novos relacionamentos, o que magoa a moça. No fim, ela o perdoa por isso, mas em vista que ele perdeu seu visor no naufrágio, um descuido termina por revelar a ela que ele é Ciclope dos X-Men, o que a capitã até aceita bem.
Mas no fim, investigando a tal citadela metálica na ilha em que estão presos, descobrem que ela pertence a… Magneto!
Carol Danvers e Vampira
Aqui temos que abrir um parênteses para nos distanciarmos ligeiramente dos mutantes e apresentar outra personagem, porque isso terá enormes implicações na história dos X-Men e no desenvolvimento daquela se tornará uma das personagens mais importantes do universo da equipe: Vampira.
No ponto em que estamos, Chris Claremont já era um dos principais escritores da Marvel e não era exclusivo dos mutantes, escrevendo alguns outros títulos. Famoso por escrever bem personagens femininas, ele escreveu a revista Spider-Woman (Mulher-Aranha) e Ms. Marvel (Miss Marvel – Carol Danvers, a heroína que hoje chamamos de Capitã Marvel), além das aventuras do Homem-Aranha em Marvel Team-Up.

Carol Danvers foi criada por Roy Thomas e Gene Colan e estreou em Marvel Super-Heroes 13, de janeiro de 1968, na segunda aventura do Capitão Marvel, um herói alienígena da raça Kree, chamado Mar-Vell. Danvers era uma coadjuvante diferenciada, pois mais do que um interesse amoroso, era uma mulher durona, apresentada como uma major da força aérea, chefe de segurança de uma base de lançamento de mísseis em plena Guerra Fria.

Carol continuou como coadjuvante das aventuras de Mar-Vell até Captain Marvel 18, de novembro de 1970, quando é atingida pela explosão do Psycomagnitron e fica em coma. Depois disso, ela apareceu apenas esporadicamente, mas no fim dos anos 1970, Stan Lee (ainda o publisher da Marvel) comissionou os artistas para criarem mais heroínas em resposta à força do movimento feminista e, por isso, Carol foi transformada na Miss Marvel, estreando em Ms. Marvel 01, de janeiro de 1977, nas mãos de Gerry Conway, John Romita e John Buscema, na qual descobre que tem poderes de superforça, voo e é quase invulnerável (os mesmos poderes de Mar-Vell) porque aquela explosão fundiu seu DNA terráqueo ao DNA Kree.

Mas a saída de Conway da Marvel fez com que Chris Claremont tenha assumido o roteiro da revista Ms. Marvel já na edição 03, prosseguindo até o cancelamento da revista no número 23, de abril de 1979, e trabalhando com vários desenhistas, como Sal Buscema, Jim Mooney, Keith Pollard e Dave Crockum, que criou o segundo (e mais bonito) uniforme da Miss Marvel, no tom azul escuro. Foi nessa revista que Claremont criou a vilã Deathbird (Rapina, no Brasil), na edição 09, e Mística, na edição 16.
A despeito do bom trabalho de Claremont, Ms. Marvel nunca foi um grande sucesso e a Marvel tentou incrementar as vendas envolvendo a heroína com os Vingadores, o que ocorreu pela primeira vez em Avengers 171, mas no fim das contas, as baixas vendas terminaram por fazer a revista ser cancelada no número 23, de abril de 1979. Por causa disso, Carol Danvers foi imediatamente incorporada aos Vingadores, em Avengers 185, mas agora sob o comando de Jim Shooter, David Micheline e John Byrne.

A Miss Marvel permaneceu naquela equipe até o infame número 200, de outubro de 1980, com a polêmica trama na qual Carol descobre uma gravidez misteriosa e uma gestação que se completa em apenas três dias (!), com o bebê virando um homem adulto em algumas horas, que passa a construir um enorme artefato no subsolo da Mansão dos Vingadores. Os heróis reagem, claro, e descobrem que o rapaz é (pretensamente) bem intencionado e se chama Marcus, sendo filho do vilão Immortus, o senhor do Limbo, uma dimensão onde o tempo não existe. No fim, Marcus retorna ao Limbo e Carol diz que se sente atraída por ele e decide ir junto.
Essa revista deixou os leitores perplexos e gerou uma reação inflamada de vários outros criadores da Marvel. Chris Claremont foi o mais ativo desses, em vista de ter sido, até ali, o principal criador da Miss Marvel. Furioso, ele argumentou (com razão), que a história mostrava Carol ser estrupada e ter um relacionamento incestuoso com o próprio filho! Isso era inadmissível. Porém, diferente de um par de anos antes, agora, Claremont era o escritor da revista de maior sucesso da editora (Uncanny X-Men) e o fato do editor-chefe Jim Shooter ser um dos autores da trama (ao lado de David Michelinie e George Perez) só tornava tudo pior.

Por causa disso, Claremont ganhou um “direito de resposta” que foi publicado em Avengers Annual 10, no verão de 1981, com arte de Michael Golden. E é este o ponto que realmente nos interessa! Nessa revista, a Mulher-Aranha resgata uma misteriosa mulher que cai da Ponte do Brooklyn e está em coma. Como Jessica Drew também é detetive, termina ajudando o hospital a identificar que a moça é Carol Danvers, uma ex-militar (sua identidade ainda era secreta naqueles tempos) e ela contacta dos Vingadores, que são atacados pela Irmandade de Mutantes de Mística, que agora tem uma nova membra: Vampira (Rogue, no original), uma garota que tem o poder de absorver as habilidades (e memórias) de quem toca.

Vampira absorveu os poderes da Miss Marvel (superforça, voo e invulnerabilidade) e usa isso para derrotar os Vingadores, dando uma surra no Capitão América, no Thor e no Visão (!), mas no fim, os heróis são vitoriosos e os vilões fogem. Carol desperta e está recuperada, mas perdeu seus poderes, e está magoada com seus amigos, porque diz que teve sua mente dominada por Marcus e os Vingadores simplesmente a deixaram ir embora para outra dimensão com um pretenso vilão que tinha acabado de conhecer!
Por causa disso, ela deixa os Vingadores para trás e é acolhida pelos X-Men, com Claremont estabelecendo um retcon no qual ela tem uma amizade prévia com Wolverine, pois ambos teriam sido agentes secretos no passado, e também, porque Charles Xavier poderia usar seus poderes telepáticos para ajudá-la a reorganizar suas lembranças roubadas por Vampira. É por isso que Danvers aparece como convidada da Mansão X em Uncanny X-Men 149. E sobre Vampira, falaremos mais um pouco adiante, mas essa conexão com Carol Danvers será uma parte essencial de sua história.
A Virada de Magneto
Ainda na esteira da “depressão pós-Byrne”, Chris Claremont procurou movimentar as coisas mirando naquilo que era certo e trouxe de volta as ameaças de Magneto e do Clube do Inferno.

A celebrativa Uncanny X-Men 150, de outubro de 1981, mantinha a arte de Dave Cockrum e era um número com o dobro de páginas trazendo um feroz combate com Magneto. Na trama, de sua base no Caribe (e mantendo Scott e Lee como reféns), Magneto dava um ultimato ao mundo: ou lhe era entregue o controle de tudo ou ele iria fazê-los se arrependerem. As grandes potências, claro, não receberam isso bem e a União Soviética envia o submarino Leningrado para bombardear a ilha com mísseis nucleares.
Naquele que se tornará o seu ato mais vil, o seu assassinato a sangue frio mais terrível, Magneto simplesmente submergiu a embarcação, matando toda a sua tripulação, e se apossou das armas. Como represália, ele ainda usou um dispositivo eletrônico para ativar um vulcão que destruiu a cidade de Varykino, na Sibéria, embora sem vítimas.
Os X-Men acorrem à ilha para enfrentá-lo, mas o vilão produziu uma tecnologia de inibição de poderes mutantes ao redor de sua cidadela, o que torna as coisas bem mais difíceis. Confiando que não precisa respirar na sua forma metálica, por exemplo, Colossos saltou do jato Blackbird no mar e quase morreu afogado. No fim, Ninfa (usando um novo uniforme colorido) consegue destruir os computadores da base e inutilizar o inibidor. Com os poderes reativados, os X-Men se unem a Ciclope e atacam o vilão, mas Magneto dispara sua fúria contra Ninfa, fazendo todos pensarem que ela foi morta!
Vendo que ela é apenas uma menina, Magneto fica chocado e vemos um longo flashback de sua origem, a primeira vez em que temos a história do homem que se chamava Magnus (anos mais tarde, escritores subsequentes alterariam seu nome para Eric Lehnsher, algo mais realista) se transformar no mestre do magnetismo: nascendo na Polônia, sobrevivendo ao Campo de Concentração de Aschwitz, casando com uma mulher chamada Magda e tendo uma filha chamada Anya (a segunda vez que essa informação era dada aos leitores), a vida camponesa em uma pequena vila, a população o perseguindo por seus poderes mutantes e ele matando a vila inteira após Anya ser morta em um incêndio causado pelos perseguidores, e Magda indo embora ao presenciar isso.
Magnus cai em si e percebe que se tornou exatamente aquilo que odiava – um assassino autoritário como os nazistas – e se arrepende, dizendo isso aos X-Men, pedindo o fim das hostilidades e indo embora.
Os mutantes ficam aturdidos, mas essa mudança de postura de Magneto não se encerraria aqui e teriam grandes desdobramentos em breve.

X-Men King-Size 05 foi lançada naquele mesmo verão trazendo uma aventura dos X-Men com o Quarteto Fantástico (um acordo com Byrne?) contra os alienígenas Badoon, por Chris Claremont e Brent Anderson, e na revista mensal tivemos dois números desenhados por Bob McLeod, Uncanny X-Men 151 e 152, na qual os pais de Kitty Pyrde decidem tirá-la da Escola para Jovens Superdotados do Professor Xavier e enviá-la à Academia Massachusetts, que é dirigida por Emma Frost (sim, ela estava viva, não sabia?), o que leva a um novo confronto com o Clube do Inferno, no qual ocorre o bizarro momento em que a Rainha Branca usa seus poderes para trocar de corpo com Tempestade como maneira de se infiltrar nos X-Men e derrotá-los, seguindo uma batalha com Sebastian Shaw e Harold Leland.
Cockrum retorna à arte na edição 153, que parece um “número de férias”: toda a trama é simplesmente Kitty Pryde contando uma história de ninar para Illyanna Rasputina, no qual transforma um mix de aventuras dos X-Men em um conto de fadas.
A Saga da Ninhada
Tomada numa perspectiva crítica, o período imediato pós-Byrne foi calcado em histórias irregulares e na repetição de ameaças, o que em retrospecto parece que Chris Claremont meio não sabia para onde ir com a revista. Contudo, após um tempo, o escritor encontrou o fio da meada e devolveu os mutantes ao brilho e qualidade que tiveram antes com A Saga da Ninhada, um longo arco que durou praticamente um ano inteiro e que, se não é tão célebre ou icônico quanto A Saga da Fênix Negra, pelo menos consistia no melhor momento dos X-Men desde a saída do artista britânico-canadense. A partir daquele momento, Claremont colocou a revista nos trilhos e fez jus à fama e sucesso que os mutantes tinham galgado até ali.

Tudo começa em Uncanny X-Men 154, de fevereiro de 1982, com Claremont e Cockrum, no qual os X-Men recebem um ataque de um conjunto de monstros que parecem baratas místicas-alienígenas, chamadas Caçadores Sidrianos, e recebem o auxílio dos Piratas Especiais liderados por Corsário, ocasião em que Christopher Summers revela a Ciclope que é o seu pai, algo que Tempestade confirma. Ainda que chocado com a informação e chateado pelo fato de Ororo ter guardado o segredo, a felicidade de reencontrar o pai que pensava estar morto desde que era adolescente se sobressaiu.
O confronto com os Sidrianos é acirrado e culmina na destruição da Mansão X! No final, os X-Men descobrem, já passando para a edição 155, que o ataque foi encomendado pela irmã de Lilandra, que aplicou um golpe e tomou o trono do Império S’hiar, irmã essa que é Cal’syee, mais conhecida como Deathbird (Rapina, no Brasil) – isso mesmo, aquela vilã que surgira nas aventuras da Miss Marvel (ela havia sido banida do Império S’hiar, segundo este retcon). E os Sidrianos não são os únicos monstros usados por Rapina: ela está aliada à Ninhada, alienígenas que parecem insetos monstruosos.
Um detalhe editorial: até a edição anterior, a capa de Uncanny X-Men trazia, naquele quadrinho da esquerda ao lado da logomarca, os rostos dos heróis ainda retratados por John Byrne, mas no número 155, o quadro mudou para uma imagem da equipe em ação na arte de Dave Cockrum.

Na edição 156, os X-Men vão ao espaço com os Piratas Espaciais e a agora refugiada Lilandra e têm uma batalha acirrada contra a frota de Rapina e Ninhada e, ao mesmo tempo, temos uma recapitulação das origens de Ciclope e Corsário, mostrando como Christopher Summers se tornou um mercenário opositor ao Império S’hiar após a esposa ser assassinada. A revista dos mutantes já havia apresentado uma “homenagem” ao filme Alien – O Oitavo Passageiro, como vimos, e Claremont decidiu proporcionar outra: este número revela que a Ninhada é capaz de infectar um hospedeiro usando o ferrão de sua cauda, inoculando um embrião que irá transformar o hospedeiro em um novo membro da Ninhada, obedecendo fielmente à Rainha-Mãe.
E no final da edição, ficamos sabendo (mas os X-Men não) que Lilandra e Xavier foram infectados, o que faz o Professor X entrar em coma.
No número 157, os X-Men e os Piratas atacam o Império S’hiar em represália e conseguem alguma vantagem quando Kitty Pryde usa a tecnologia alienígena para se fazer passar pela Fênix Negra até o embuste ser descoberto e descobrirmos que existem, agora, duas facções da Guarda Imperial: uma que se manteve fiel a Lilandra, liderada pelo poderosíssimo Guardião; e outra que segue às ordens de Rapina.
A união dos X-Men com os Piratas e a Guarda possibilita a vitória e Lilandra é restituída como a Majestrix do Império S’hiar.

De volta à Terra, na edição 158, de outubro de 1982, com a Mansão X destruída, os X-Men ocupam a base de Magneto na Ilha do Caribe e vemos Carol Danvers treinar com os membros dos Piratas, enquanto são monitorados pelo cientista Peter Corbeau, que está analisando a situação médica de seu amigo Charles Xavier, ainda em coma. Assistindo TV, os mutantes veem a participação do Senador Robert Kelly em um programa, conclamando uma campanha anti-mutante e a retomada do programa dos Sentinelas, o que faz Moira MacTaggert refletir que, no passado (nas aventuras dos anos 1960), Xavier trabalhava em parceria com o FBI (o agente Fred Dukes) e que podem existir arquivos detalhados sobre os mutantes nos registros do Governo e que, numa virada anti-mutante, tais informações podem se virar contra eles.
Por causa disso, Wolverine e Tempestade conclamam que eles devem invadir o prédio do Pentágono em Washington e roubar tais arquivos, no que Ciclope é contra, mas é voto vencido. Por causa disso, Ciclope decide se afastar dos X-Men e pergunta a Corsário se pode ir com ele ao espaço, no que seu pai concorda, mas antes disso, eles vão ao Novo México visitar Alex Summers (o Destrutor), onde o caçula é apresentado formalmente ao seu pai.
Como Carol Danvers foi uma agente secreta no passado, sabe onde procurar os arquivos do Pentágono e vai junta com Tempestade e Wolverine na missão, e lá, terminam atacados por Mística e Vampira (no que é a primeira aparição dela na revista mutante). Vampira ainda detém os poderes da Miss Marvel e é um pairo duro, mas os heróis vencem e destroem os arquivos.

O número 159 é um tipo de intervalo fora da curva e mostra uma aventura da equipe contra o Conde Drácula! Vale lembrar que desde o início dos anos 1970, a Marvel era proprietária dos direitos de adaptação aos quadrinhos do universo ficcional do escritor Bram Stroker e Drácula era um vilão recorrente nas aventuras e teve um título próprio de bastante sucesso voltado ao público adulto. Na trama, ele enfeitiça Tempestade, que quase é transformada em uma vampira. O maior diferencial dessa edição foi a arte de Bill Sienkiewicz, um artista especializado na arte mais sombria e mística da Marvel, por ter trabalhado na revista do Cavaleiro da Lua.
O número 160 traz outra aventura mística, agora com arte de Brent Anderson, na qual um demônio chamado Belasco sequestra Illyanna Rasputina até o Limbo e os X-Men vão em seu resgate, confrontando o lacaio S’ym. Como consequência dessa viagem a uma dimensão onde o tempo não existe, quando os X-Men voltam para casa, Illyanna não é mais uma garotinha de 6 anos, mas uma menina de 13 anos! (Outra adolescente… faça as contas!).
Dave Cockrum retorna para seu ciclo final na revista na edição 161 cujo foco é a mente atormentada do ainda comatoso Charles Xavier. É a oportunidade para termos acesso a mais um conto de origem do Professor X, quando após o fim da Guerra na Coreia e do encontro com o Mestre das Sombras (ou seja, por volta de 1955), Xavier vai a Israel encontrar Gabe Heller (com quem tem um caso) e ela o apresenta a Magnus… sim, ele mesmo, o futuro Magneto! Magnus era um tipo de caçador de nazistas e o trio termina no encalço de um grande líder nazista: o Barão Wolfgan Von Strucker, o personagem que foi o fundador da HIDRA e o principal vilão das aventuras de Nick Fury nos anos 1960, mas que também confrontou o Capitão América.
Naquele passado, Strucker está responsável por um enorme montante de ouro que os nazistas roubaram na II Guerra, enquanto Xavier e Magnus conversam sobre as teorias de Charles acerca dos mutantes, que naqueles tempos eram um fenômeno desconhecido, mas o confronto contra Strucker termina por revelar que tanto um quanto o outro são mutantes. Eles vencem, Strucker aparentemente morre numa explosão (claro que não, ele voltaria no futuro para fundar a HIDRA) e Xavier e Magnus têm uma discussão sobre a visão de ambos acerca da questão humanos x mutantes, no que o futuro Magneto decide pelo confronto e vai embora levando todo o ouro nazista, que é o que vai financiar suas ações no futuro.
Após relembrar tudo isso, Xavier acorda e os X-Men têm um pequeno momento de regozijo antes de Lilandra desmaiar (ninguém sabe ainda, mas ela e Xavier foram infectados por um embrião da Ninhada) e eles sofrerem um novo ataque de Rapina e da Ninhada.

No número 162, Wolverine acorda no planeta da Ninhada e precisa enfrentar sozinho os monstros, onde termina descobrindo sobre a relação da Rainha-Mãe com os embriões e modo como funcionam. O próprio Logan é infectado, mas consegue se livrar com seu fator de cura, e no 163, ele vai resgatar os X-Men, mas descobrem que Carol Danvers foi manipulada pela Ninhada, intrigados com sua mistura de DNA terráqueo e Kree. Logan a fareja com seus sentidos aguçados e diz que ela não é mais humana!

A resposta vem em Uncanny X-Men 164, de dezembro de 1982, na qual enquanto os X-Men e os S’hiar aliados de Lilandra combatem uma frota da Ninhada, Carol Danvers se transforma na Binária: agora, ela tem poderes cósmicos e pode singrar o espaço, absorver e disparar energia, o que garante uma boa vantagem ao time. No meio da batalha, Tempestade termina destruindo uma nave da Ninhada, matando todos os seus ocupantes, o que a deixa em choque: ela havia jurado nunca matar! Esse era o primeiro gesto de uma mudança de atitude da rainha do clima que Claremont iria perpetrar.
Wolverine também revela aos colegas que eles foram infectados pela Ninhada e que podem se transformar nos monstros a qualquer momento e acompanhamos seus pensamentos, nos quais considera a possibilidade de matar seus amigos.
O número 164 foi o último desenhado por Dave Cockrum, que encerra seu envolvimento com o time após sete anos entre idas e vindas, e a arte é assumida pelo ótimo Paul Smith (com um traço mais quadrado, porém, bonito e dinâmico) a partir da edição 165, na qual, na Terra, Xavier e Moira conversam sobre os X-Men, aos quais não têm notícias desde que partiram ao espaço e consideram que eles podem estar todos mortos.
Daí, é importante mencionar que, em Marvel Team-Up 100, publicada um bom tempo antes (em setembro de 1980) trouxe uma aventura escrita por Claremont e desenhada por Frank Miller, na qual o Homem-Aranha e o Quarteto Fantástico enfrentam uma garota vietnamita chamada Xuân Cao Manh, capaz de disparar rajadas psiônicas e que adotava o nome Karma. A menina voltava à tona em Uncanny X-Men 164, quando Moira a relembra a Charles e os dois cogitam que, na possibilidade dos X-Men estarem mortos, seria prudente Xavier prosseguir sua missão de treinar jovens mutantes em suas habilidades e, portanto, reunir um grupo de jovens mutantes para tal. Xavier decide telefonar para Reed Richards para saber sobre Karma e essa é a deixa para o surgimento dos Novos Mutantes, sobre o qual iremos falar em breve.
No espaço, Tempestade percebe que o embrião da Ninhada dentro de si está eclodindo e ela se conecta à energia do cosmos para vencê-lo o que a conecta também com os Acanti, uma raça de antiquíssimos seres cósmicos (parecidos com peixes gigantes que singravam pelo universo) que foram escravizados pela Ninhada. Também vemos a cena de Kitty invadindo o quarto de Peter e lhe roubando um beijo. Até então, sempre houve um clima de paquera entre os dois, mas este gesto parece firmar um namoro entre os dois. Peter questiona o fato de Kitty ser muito jovem (ele teria algo como 14 anos e ele devia ter 18 ou 19), mas ela destaca que eles podem morrer nas mãos da Ninhada, então, ainda valem as convenções sociais?

No fim, Lilandra, Wolverine e Ciclope decidem regressar ao planeta da Ninhada e atacar os aliens de frente, quando passamos a Uncanny X-Men 166, de fevereiro de 1983, outra edição de tamanho duplo, na qual os S’hiar, os Piratas e os X-Men têm uma acirradíssima batalha contra a Ninhada, mas Wolverine percebe que o embrião de Ciclope já eclodiu e que, na verdade, sua mente já está dominada pela criatura, o que gera um desafio. Ninfa recebe a ajuda de um dragãozinho, mas ele some. No fim, Tempestade usa as habilidades psíquicas dos Acanti para eliminar os embriões da Ninhada e Wolverine mata a Rainha-Mãe, que morre despreocupada, pois diz que ainda há um embrião na Terra, que possibilitará aos monstros dominar o planeta e o universo.
Os heróis percebem que o último embrião só pode estar em Xavier!
A Saga da Ninhada tem, então, seu epílogo na edição 167, na qual os X-Men retornam à reconstruída Mansão X depois de uma longa ausência e encontram os Novos Mutantes lá, a equipe de jovens em treinamento criada por Xavier no intervalo, o que gera um confronto, claro, mas tudo é esclarecido e o Professor X é levado para a nave de Lilandra, onde descobrem que não conseguem eliminar o embrião da Ninhada, e portanto, optam por clonar o corpo de Xavier para uma versão mais jovem e saudável. Isso é feito e Charles fica curado e mais novo e, pretensamente, com a habilidade de andar, embora não consiga, pois sinta muita dor.

Com tudo reestabelecido, Xavier diz que Kitty Pryde deve deixar os X-Men e ingressar nos Novos Mutantes, o que deixa a garota furiosa.
Wolverine Solo
Em 1982 já pareciam distantes aqueles tempos em que Wolverine era um personagem meramente decorativo dos Novos X-Men, tão desimportante que Chris Claremont e Dave Cockrum estavam decididos a tirá-lo do grupo. O imput de John Byrne em tornar Logan um personagem mais atrativo, com toda aquela arrogância transmutada na ideia de que ele era “o melhor no que fazia… mas o que fazia não era nada agradável” gerou grandes frutos e o baixinho se tornou um dos principais membros da equipe, junto com Ciclope, Tempestade e Jean Grey.

Em 1982, também, a Marvel celebrava um momento totalmente novo, com a recuperação após muitos anos de crise. O investimento em franquias (como Star Wars) e boas parcerias de licenciamento (como Transformers e G.I. Joe com a Hasbro) injetaram dinheiro e aumentaram as vendas, ao mesmo tempo em que a Marvel deu espaço para bons criadores criarem produtos realmente diferenciados na história dos quadrinhos, como o Quarteto Fantástico de John Byrne, o Homem-Aranha de Roger Stern e John Romita Jr., o Demolidor de Frank Miller, e claro, os X-Men, de Claremont.

Uma das estratégias de diversificação que a Marvel investiu foi nas minisséries, que se não eram um formato novo, pelo menos eram algo ainda raro no mercado. A editora lançou uma série de minis com quatro capítulos que focavam em personagens secundários, como forma de lhes dar os holofotes e, caso fossem muito bem nas vendas, quem sabe, poderia galgar voos maiores, como ter uma revista mensal própria? Assim, naqueles tempos, várias minisséries foram lançadas, focadas no Falcão, Feiticeira Escarlate & Visão, Gavião Arqueiro, Vingadores da Costa Oeste…, mas sem sombra de dúvidas, o maior e mais importante resultado disso foi a minissérie de Wolverine.
Com a popularidade de Logan entre os leitores dos X-Men, que tinham uma das revistas mais vendidas da Marvel, disputando as vendas a tapas com Homem-Aranha e Demolidor, focar no misterioso canadense era um gesto mesmo acertado. E mais acertada ainda foi a ideia de unir Chris Claremont com Frank Miller, um escritor-desenhista em ascensão e uma das grandes estrelas da Marvel naqueles tempos.

Miller era um desenhista novato no fim dos anos 1970 quando teve a sorte de desenhar duas histórias do Homem-Aranha e receber uma resposta tão boa dos leitores que o editor Dennis O’Neil achou que seria uma boa ideia colocá-lo na revista do Demolidor, como uma forma de impulsionar as vendas do homem sem medo, que decaiam ao ponto da Marvel começar a pensar num cancelamento. A temporada ao lado do roteirista Roger McKensie gerou boas histórias, mas as vendas não cresceram, então, Miller pediu uma última chance: ele assumir também os roteiros. Mal começou sua temporada, em 1981, Miller deixou os leitores boquiabertos e transformou Daredevil num dos títulos mais quentes da editora: sua ambientação noir, tramas sombrias e a arte dinâmica e cinematográfica de Miller criaram um dos mais importantes capítulos das HQs modernas.
Claremont e Miller tinham em comum a admiração pela cultura japonesa e toda aquela onda de artes marciais que tinha ganhado espaço na cultura geek dos anos 1970 (através dos filmes de Bruce Lee) e decidiram tomar isso como mote para Wolverine, como foi chamada a minissérie em quatro partes iniciada em setembro de 1982, e portanto, publicada concomitantemente ao último ciclo da Saga da Ninhada.

Depois batizada de Código de Honra e, hoje em dia, mais conhecida pelo título Eu, Wolverine, a trama explosiva mostra Wolverine de férias no Canadá, mas termina indo ao Japão disposto a casar com Mariko Yashida, mas precisando lidar com o pai dela, o poderoso Shigen Yashida, que é, na verdade, o líder máximo do crime organizado do país! E claro, como alguém rico e influente, já escolheu um marido “perfeito” (que bate em Mariko) para a filha.

Profundo conhecedor da cultura japonesa e fluente em japonês, Wolverine ainda é visto como indigno por Shigen e tenta se provar, mas é derrotado por ele em um duelo com espadas de madeira. Porém, tendo em vista que que o velho quer matar Logan (colocando o Tentáculo, a misteriosa ordem de ninjas que apareceu nas revistas do Demolidor, para fazer isso) e lançar uma ofensiva criminosa, cabe a Wolverine confrontá-lo de verdade e detê-lo… mesmo que isso custe o amor de sua vida!
Com o apoio de Yukio – uma ronin, uma ninja sem mestre – Wolverine parte para cima do Tentáculo e Shigen e mata o velho criminoso em outro duelo mortal, agora com espadas de verdade… e garras de adamantium!
O roteiro inteligente de Claremont e as grandes sequências de luta de Miller (muitas delas narradas sem palavras, só com a coreografia dos desenhos maravilhosos) fizeram com que Wolverine fosse um sucesso absoluto e seja, até hoje, não apenas a melhor história do personagem, mas um dos maiores clássicos dos X-Men e uma das grandes HQs dos anos 1980.

Depois da minissérie, Wolverine não era mais um dos destaques da revista dos X-Men, mas seu verdadeiro protagonista!
Os Novos Mutantes
Como já dissemos, Chris Claremont e John Byrne tiveram a ideia de criar uma equipe de mutantes adolescentes para atuarem como “reservas” dos X-Men e darem de volta o sentido de uma Escola, pois o time dos Novos X-Men era de adultos. Kitty Pryde foi criada para essa iniciativa, mas a saída de Byrne de Uncanny X-Men mudou os planos.

Ainda assim, algum tempo depois, Claremont retomou a iniciativa e seus planos eram fazer o desenvolvimento como parte da trama de Uncanny X-Men, porém, com o enorme sucesso da revista, o editor-chefe Jim Shooter solicitou à editora Louise Jones Simonson e a Claremont que criassem uma nova revista mensal baseada nesses jovens mutantes. Nem Claremont nem Simonson queriam fazer isso, mas Shooter lhes comunicou que, se não o fizessem, ele daria a tarefa para outra pessoa.
Protetor de “suas” criações, Claremont decidiu assumir a empreitada e criou Os Novos Mutantes. Para dar mais pompa e circunstância à estreia, Shooter decidiu alocá-la na nova série regular de graphics novels que a Marvel vinha publicando. Por isso, com arte de Bob McLeod, The New Mutants estrou como o número 04 de Marvel’s Graphic Novels, em novembro de 1982.

A trama era simples: enquanto os X-Men estão no espaço em meio à Saga da Ninhada, e não se sabe se estão vivos ou mortos, Xavier e Moira discutem como realizar a abordagem a novos mutantes até descobrirem os planos de Donald Pierce, o membro do Clube do Inferno com braço biônico que odeia mutantes, de exterminar uma série de jovens que estão despertando seus poderes. Utilizando a jovem Xuân Cao Mahn (aquela de Marvel Team-Up 100) e o Cérebro, eles encontram alguns desses adolescentes que formam a nova turma de aprendizes de Xavier.
Seguindo a tendência lançada pelos Novos X-Men, os Novos Mutantes são um time com alguma diversidade étnica: a vietnamita Xuân Cao Mahn (Karma) é a líder e pode dominar a mente das pessoas e lançar rajadas psiônicas; o colíder era Sam Guthrie (Míssil), vindo do Kentucky, podia gerar um campo de força em volta de si e voar (habilidade que podia usar para gerar impactos e golpes); a indígena Cheyenne Daniella Moonstar (originalmente chamada Psyche, mas logo mudada para Mirage, Miragem no Brasil) podia projetar imagens mentais com os maiores medos das pessoas; o brasileiro mestiço Roberto da Costa (Sunspot/ Mancha Solar) era um jogador de futebol que absorvia energia solar para ganhar superforça; e a escocesa ruiva Rahne Sinclair (Wolfbane/ Lupina) se transformava em um tipo de Lobisomem, uma garota abusada por um tutor violento, moradora da Ilha Muir.
Após a estreia em Marvel’s Graphic Novel 04, os Novos Mutantes ganharam sua revista própria mensal com New Mutants 01, de março de 1983, continuando com Claremont e McLeod. Já que não queria conduzir esse título, Claremont o aproveitou como um tipo de experimento, resolvendo lidar com o drama adolescente de um modo completamente novo: maduro, sombrio, violento e com situações extremas, no que foi inteiramente bem-sucedido e tornou a revista um grande sucesso.
Bob McLeod não conseguiu dar conta do trabalho de desenhar e fazer o nanquim de uma revista mensal e, a partir da edição 03, passou a contar com a ajuda do veterano Sal Buscema (famoso por seu trabalho com Vingadores, Hulk e Homem-Aranha) até que este assumiu a arte inteiramente na edição 08. Como não foi planejado com muita antecedência, Claremont foi ajustando o título aos poucos, por isso, matou Karma na edição 07 para que Míssil se tornasse o novo líder e Miragem a colíder, e foi incluindo novos membros: na edição 08 surgiu Magma, que vivia em uma sociedade de estilo romano escondida em plena Floresta Amazônica (!) e cobria o corpo e disparava rajadas de plasma. No número 13 veio Cifra, capaz de decifrar qualquer linguagem.

Depois da minissérie Magik: Illyanna & Storm (que contou os anos “perdidos” da irmã de Colossos no Limbo até virar uma adolescente de 13 anos), Illyanna Rasputina assumiu a identidade de Magia (Magik) e ingressou nos Novos Mutantes na edição 14, de abril de 1984. O time original fechou suas fileiras com o ingresso do alienígena Warlock, um ser tecnorgânico, filho de um vilão, que ajuda o grupo e passa a fazer parte dele, estreando na edição 18, de agosto de 1984, que trouxe também a estreia do desenhista Bill Sienkiewicz inaugurando um novo tipo de traço, mais abstrato, surrealista e espetacular, que representava Warlock como um ser de formato indefinido.
Vale destacar que o lançamento praticamente concomitante de Wolverine e New Mutants tornou os X-Men uma franquia. Até então, afora uma ou outra participação especial, todo o universo dos mutantes se desenvolvia na revista Uncanny X-Men, mas a partir deste momento, o Universo Mutante começa a se tornar um cantinho específico do Universo Marvel, com suas próprias revistas, eventos e spin-offs. E ainda iria crescer mais no futuro próximo.
Conflito de uma Raça
1982 foi um ano muito movimentado para os X-Men e ainda teve um último capítulo de destaque: a graphic novel God Loves, Man Kills (Conflito de uma raça, no Brasil, mas atualmente já chamado Deus ama, o homem mata como no original). A proposta da linha de novelas gráficas da Marvel era mesclar o universo tradicional da editora com iniciativas mais autorais e experimentais e, antes mesmo da ideia de lançar os Novos Mutantes na linha, o editor-chefe Jim Shooter tinha pensado em uma obra focada nos X-Men.

O mote de Shooter era uma história de tom mais realístico e sem o peso da continuidade e ele chamou para desenvolvê-la ninguém menos do que Neal Adams, o superclássico desenhista que tinha trabalhado com os mutantes no fim da década de 1970. Adams esboçou uma sinopse – pautada na perseguição dos mutantes por meio de uma campanha difamatória de um pastor – e fez algumas páginas de teste e enviou para a Marvel, mas não fechou contrato porque exigiu mais do que a editora estava disposta a ceder.
Shooter, então, passou o material para Chris Claremont, que o desenvolveu a partir daí, e escolheu Brent Anderson – que tinha desenhado alguns números de Uncanny X-Men – para fazer a arte. Por conta da necessidade de pouca bagagem cronológica – para atingir o grande público – a história tem tom didático, apresenta cada um dos membros do time e traz uma trama que, à princípio não era canônica.

Publicada em Marvel’s Graphic Novel 05, em dezembro de 1982, Deus ama, o homem mata mostra uma campanha anti-mutante liderada pelo reverendo William Stryker, que secretamente armou um grupo paramilitar para matar crianças mutantes, o que o torna um alvo de Magneto – apresentado pela primeira vez com um novo uniforme, mais simples e sem o elmo -, mas em vista de uma ofensiva contra os próprios X-Men, a equipe não tem outra escolha senão se aliar ao seu velho inimigo.
Apesar de não contradizer em nada a cronologia corrente do time e nem deixar nenhuma grande consequência que não pudesse ser absorvida pelas tramas seguintes, a bela graphic novel foi considerada não-canônica por 20 anos, só mudando seu status quando sua trama se tornou o mote do filme X-Men 2, em 2003, mas isso é assunto para o futuro.
De qualquer modo, é uma das grandes HQs dos X-Men, mesmo que Claremont preferiu ignorá-la durante todo o seu longo período restante com os mutantes.
Dois Casamentos
Antes de voltar à revista mensal, é preciso mencionar, ainda, que X-Men King-Size 06 foi lançada no verão de 1982 trazendo um novo confronto com Drácula dentro do contexto intermediário da Saga da Ninhada.
Bom, voltamos à revista mensal com Uncanny X-Men 168, de abril de 1983, seguindo com Chris Claremont e Paul Smith nas consequências da Saga da Ninhada. Wolverine decide tirar um período de férias (que é o mote para ele viver a aventura da minissérie que estava terminando de ser publicada naquele momento), o que tiraria Logan da revista durante alguns números. E Ciclope decide partir, também: ele pede a seu pai, Christopher Summers, o Corsário, para embarcar com os Piratas Especiais e deixar a Terra, no que Corsário concorda, mas pede que eles vão visitar os avôs de Scott, que ainda estão vivos e moram no Alasca.

Kitty Pryde continua furiosa porque, lembrem, Xavier a designou para se unir aos Novos Mutantes na edição anterior, mas no fim, ela e Colossos encontram uma ninhada de Caçadores Sidrianos escondidos nas tubulações subterrâneas da Mansão X e precisam enfrentá-los. No fim, são bem-sucedidos e Xavier muda de ideia, deixando Kitty permanecer nos X-Men. Ah, e nessa batalha, Kitty também descobre que o dragãozinho que ela viu lá no planeta da Ninhada, de algum modo, a seguiu e a ajuda. Ela decide adotá-lo como um pet e o batiza de Lockheed (que é a marca da nave dos X-Men). Do tamanho de um gato, Lockheed tem uma aparência assustadora, mas apesar de ranzinza, é bonzinho e amoroso com Kitty.

Então, vemos Scott ir à Flórida visitar a capitã Lee Forrester, o que serve como uma despedida ao quase-casal, e ele vai ao Alasca, com Christopher e Alex. Os avós Summers possuem uma pequena companhia de táxi aéreo e quando embarcam no avião para ir ao Alasca são todos surpreendidos com a piloto do jatinho: Madelyne Pryor é uma ruiva simplesmente idêntica a Jean Grey! (E uma personagem bastante controversa que renderia muita discussão futura…).

A partir da edição 169, a revista mutante está dividida nada menos do que em três linhas narrativas paralelas. Em primeiro plano, claro, as aventuras dos X-Men propriamente ditos, desfalcados de Wolverine e Ciclope, com apenas Tempestade, Colossos, Noturno e Ariel (o novo nome de Kitty); em segundo plano, as desventuras de Scott no Alasca. A terceira linha apareceria depois de algumas edições, focada em Wolverine. Aguarde!

A ação fica por conta do time descobrir que Warren Worthington III, o Anjo, ter sido sequestrado de sua cobertura em Manhattan e ao seguirem os raptores pelos túneis do metrô descobrem os Morlocks, um grupo de mutantes deformados e rejeitados que vivem secretamente nos subterrâneos da cidade e dentre os membros conhecemos Sunder, Praga, Masque e a líder Calisto. A intenção de Calisto é tomar Warren como seu consorte, mas no número 170, Caliban (aquele que sequestrou Kitty um tempo atrás) também é revelado como um dos Morlocks e termina ajudando os X-Men.

Tempestade desafia Calisto para um duelo e uma luta mortal se dá entre elas, com Ororo vencendo após esfaquear Calisto no coração, que só não morre porque é salva pelo Curandeiro. Por causa disso, Ororo se torna a líder formal dos Morlocks.
Em paralelo, vemos os subplots típicos de Claremont: no Clube do Inferno, a nova Rainha Negra, Selene, e o Rei Negro, Sebastian Shaw, estão preocupados porque a Rainha Branca (Emma Frost) está em coma após o ataque do que só pode ser um poderoso telepata. Quem? Também vemos Scott e Madelyne Pryor rapidamente engatarem um namoro e ao retirar o óculos dele para se proteger do sol, Scott ter que revelar que é Ciclope dos X-Men, o que a garota até leva de boa.
Outro subplot importante da edição 170 é vermos Mística sentir um ataque telepático poderoso e Sina perceber que uma grande ameaça está no horizonte. As duas descem as escadas de sua casa e percebem que a “filha adotiva” delas sumiu: Vampira! Um elemento não tão discreto assim que a cena deixou marcada na história dos quadrinhos é que fica implícito que Mística e Sina são casadas (isso mesmo, duas mulheres) e criavam uma filha juntas. Personagens homossexuais ou queers ainda eram muito raros nos quadrinhos e mais raros ainda como heróis ou vilões (no caso) de destaque.
Esse é o gancho para Uncanny X-Men 171, de julho de 1983, que conta com a arte pontual de Walt Simonson (o marido da editora Louise Jones Simonson) na qual Vampira bate na porta da Mansão X para pedir ajuda ao Professor Xavier: ela tem o poder de absorver memórias e habilidades (mutantes ou não) das pessoas que toca, mas o efeito é temporário, porém, com Carol Danvers (que vimos no Avengers Annual 10) o efeito foi permanente. Assim, a garota mantém as memórias, um traço da personalidade e os poderes da antiga Miss Marvel (superforça, voo e invulnerabilidade) e isso a está deixando louca.

Os X-Men se dividem entre ajudá-la ou não, mas Xavier insiste que eles devem ajudar todos os mutantes e aceita tratar da garota. Quem não aceita bem a informação é Carol Danvers: (embora não saibamos como ela soube) Binária aparece e ataca Vampira, com as duas tendo uma batalha rápida. Mas o Professor X consegue pôr um fim ao conflito e mantém sua posição, no que Carol vai embora para o espaço furiosa. Aceitar Vampira é o gesto de ruptura entre Carol e os X-Men. Após ter sido coadjuvante da revista por nada menos do que 23 edições, ela desaparece depois disso.
Outras duas coisas acontecem na edição: primeiro, vemos Illyanna Rasputina (agora como uma garota de 13 anos, lembram?) simplesmente se teleportar (através do Limbo) e materializar uma espada, a Espada da Alma, uma arma mística. Este é o mote para a minissérie Magik: Illyanna & Storm, que será publicada em seguida e culminará com a irmã de Colossos ingressando nos Novos Mutantes em New Mutants 14, no futuro próximo.
A segunda coisa é que vemos Madelyne Pryor aterrorizada com um pesadelo que, na verdade, é uma lembrança: como piloto, ela foi a única sobrevivente de um acidente com um avião 747, que pousou em chamas. Scott conversa com ela sobre isso fica aturdido pela informação: aconteceu em 1º de setembro de 1980, a mesma data da morte de Jean Grey!
As coisas esquentam a partir de Uncanny X-Men 172, quando os X-Men chegam ao Japão para participar do casamento de Wolverine com Mariko Yashida, em consequência dos eventos da minissérie de Logan. De cara, o baixinho não está feliz porque Tempestade e companhia trouxeram consigo Vampira, que está em “treinamento” e reabilitação, de modo que esta é a estreia da ex-vilã como membro da equipe!

E vamos direto à ação, quando descobrimos que Kenuichio Harada, o Samurai de Prata (um vilão tradicional da Marvel) é meio-irmão de Mariko e reivindica o controle do império criminoso do falecido Shigen Yashida, e está aliado à mortífera Víbora (antigamente conhecida como Madame Hidra, uma vilã conhecida). A dupla envenena o chá dos X-Men, que vão para o hospital à beira da morte, o que leva à retaliação de Wolverine e em Tempestade lutando sozinha para sobreviver e receber a ajuda de Yukio, a amiga maluquinha de Logan. A personalidade livre e inconsequente de Yukio tem um efeito enorme em Ororo!
Em paralelo, vemos Scott no Alasca procurando informações sobre Madelyne Pryor nos arquivos da empresa de seus avós e sendo flagrado por seu irmão Alex, que pergunta o que ele está fazendo. Mas Ciclope está atormentado pela ideia de que Madelyne pode ser a reencarnação da Fênix!!!

Na edição 173, Wolverine é obrigado a se unir a Vampira (cujas as habilidades da Miss Marvel lhes permitiram se recuperar rapidamente do envenenamento) para combater o Samurai de Prata e Víbora, numa batalha no qual Vampira se joga na frente de uma poderosa arma da Víbora, quase morrendo no processo. O gesto prova definitivamente a lealdade de Vampira e Wolverine passa a respeitá-la por isso. (Toda a trama das quatro edições última aponta para o fato de que Vampira – cujo nome verdadeiro não será revelado em décadas – não era má, apenas mal orientada por ter sido criada por Mística e Sina, e que o ataque a Carol Danvers lhe deu um choque de realidade que a fez querer mudar de vida e se aliar aos X-Men).

Para que Vampira não morra, Wolverine faz com que ela lhe toque e absorva seu fator de cura, o que funciona. No fim, Logan vence a batalha, mas Mariko lhe pede que não mate Harada, pois ele é seu irmão, o que ele cede a contragosto.
Em paralelo, Tempestade e Yukio tentam chegar à casa de Mariko e são atacadas por uma gangue e Ororo percebe gostar daquela violência e de infligir dor aos oponentes, mostrando que se transformou em uma mulher diferente do que era (em acúmulo às consequências da Saga da Ninhada e da influência de Yukio).
Com tudo resolvido, chega o dia do casamento de Logan e Mariko, e Tempestade choca todo mundo, mas especialmente Kitty, ao aparecer com um visual totalmente diferente: trajando roupas de couro e um penteado moicano, como aquele dos punks, uma forma de expressar sua nova personalidade. Ademais, vemos ninguém menos do que o Mestre Mental chegar perto da noiva e… na hora do altar, numa cerimônia tradicional japonesa, Mariko diz que não irá se casar porque Logan não é digno dela. Ao baixinho só cabe sair humilhado e triste.
Na edição 174, os Piratas Espaciais estão próximos de partir e Corsário pergunta se Ciclope vai com eles, mas agora, Scott tem dúvidas, por causa de Madelyne. Ao mesmo tempo, vemos Lilandra ajudando Xavier a tentar voltar a andar, pois há uma dúvida se a falta de movimento de suas pernas é um problema físico ou psíquico, em vista de que seu corpo foi clonado, mas ele sente muita dor sempre que tenta andar. Lilandra precisa retornar ao Império S’hiar, pois sua irmã Rapina está tramando um novo golpe e pede que Charles vá com ela, mas o Professor X não pode ir, agora que é responsável pelos Novos Mutantes.

Se despedindo do Japão, Logan devolve para Mariko a Espada Ancestral dos Yashida, que tinha herdado pela vitória contra Shigen, e pede que a entregue a Harada, o que ela faz relutantemente. Além da influência do Mestre Mental, Mariko tem dúvidas sobre sua relação com Logan porque, agora, ela é obrigatoriamente a chefe da maior organização criminosa do Japão. Algo que não quer, mas realiza por honra ao nome da família.
Na Mansão X, Kitty invade o quarto de Peter e rouba um beijo dele, fazendo-o levitar até entrarem sem querer no loft de Ororo, que os flagra e Kitty percebe que ela se livrou de todas as plantinhas que decoravam o lugar!
Scott toma um avião de volta ao Alasca para reencontrar Madelyne e, durante o voo, um padre apanha sua carteira que caiu e se impressiona ao saber que as duas fotos que carrega, de Jean e Madelyne, não são a mesma mulher. O padre, claro, é o Mestre Mental. Lá, Scott pede a mão dela em casamento e ela hesita, mas ele termina perguntando se ela é a Fênix, no que Pryor dá um poderoso soco em Scott. Quando ele se recobra, a garota se transformou na Fênix Negra!
Chegamos, então, à bombástica Uncanny X-Men 175, de novembro de 1983, outra daquelas edições duplas, com o dobro de páginas, no qual os X-Men veem o pássaro de fogo da Fênix no céu e Ciclope cair de dentro dele para a morte até ser salvo. A equipe se prepara para enfrentar a Fênix e quando Xavier vai usar o Cérebro, recebe uma grande onda de choque e fica incapacitado. A Fênix desperta de dentro do corpo de Ciclope e começa uma perseguição por dentro da missão.

Ao tentarem chamar a ajuda dos Vingadores, veem o Fera ser desintegrado pela tela e os noticiários mostrarem que a ilha de Manhattan foi simplesmente vaporizada pela Fênix! E que os Piratas Espaciais e o Império S’hiar também foram destruídos!

Então, vemos as coisas pelo olhar de Ciclope, que percebe que eles estão sendo atacados pelo Mestre Mental, que armou com truques de ilusões todos esses ataques e fez com que os seus companheiros pensem que ele, Scott, é a Fênix. Assim, fugindo do resto do time, ele ingressa na Sala de Perigo e usa a incrível tecnologia do lugar para ganhar vantagem até conseguir que um ataque desesperado de Tempestade dentro da Mansão atinja o próprio Mestre Mental, que ainda consegue acertar Ciclope com um disparo de pistola. Mas ele sobrevive.
No fim, Scott visita o túmulo de Jean Grey na St. Stephen Chapel, no Bard College, no estado de Nova York, antes da cerimônia que celebra seu casamento com Madelyne Pryor.

Esta grande edição celebrava (com dois meses de atraso) o aniversário de 20 anos dos X-Men e as últimas páginas – referentes ao casório – traziam já o novo artista que iria desenhar a revista dali em diante: John Romita Jr., filho do lendário John Romita (sim, aquele que criou o visual de Wolverine), e um jovem artista que tinha galgado uma carreira de sucesso até ali desenhando Homem de Ferro e Homem-Aranha. O “romitinha” chegava à revista justamente no momento em que começava a experimentar em seu próprio traço, se afastando progressivamente da escola clássica de seu pai e em busca de uma arte de linhas mais retas e design mais expressionista, o que resulta em uma grande arte.
Até hoje, a introdução de Madelyne Pryor e seu casamento com Ciclope são dois dos tópicos mais controversos da histórias dos X-Men. Claremont insistiu em entrevistas posteriores que sua ideia original era dar a Scott Summers um tipo de “final feliz” que os personagens de quadrinhos nunca têm, por viverem a vida inteira em batalha. O (então ex) líder dos X-Men voltaria para eventos especiais, mas viveria uma vida tranquila com sua esposa (e filhos!) no interior remoto. Porém, além desse recurso já ter sido usado pelo escritor com outros personagens – em particular efetividade com o irmão de Ciclope, Alex Summers (Destrutor) e sua esposa (Polaris) -, dele ter negado o mesmo destino na cara dura a Wolverine, ainda tem o mais complicado: por que fazer isso com uma mulher que é uma cópia de Jean Grey?
Ao tomar essa decisão, Claremont criou uma situação não apenas bizarra, mas de caráter duvidoso de uma personagem tão importante e central como Ciclope, e ainda, extremamente injusta com a personagem Madelyne, então, escrita como uma garota legal. O escritor insistiu, de novo, que todo o plot da vinculação de Pryor com a Fênix era apenas fruto da ação do Mestre Mental… MAS não é isso o que as histórias (dele próprio, Claremont) irão mostrar, pois continuam as referências ao acidente de avião na data da morte de Jean e outras coisas mais que iremos apresentar.
E no futuro não tão distante (mas já na Parte 2 deste especial, aguarde…) iria tomar caminhos ainda mais controversos.

Tempestade Perde Seus Poderes
Scott Summers e Madelyne Pryor partem para sua lua de mel em Uncanny X-Men 176, de dezembro de 1983, e como não poderia deixar de ser, se metem em encrenca: o avião em que voam, pilotado por Madelyne, tem uma pane e eles pousam no Pacífico (onde iriam passar um tempo em uma ilha paradisíaca) e são atacados por um polvo gigante… o que se era despropositado (era) pelo menos rendeu uma capa muito legal por John Romita Jr. A edição ainda mostra Logan e Mariko tendo uma conversa para por os pingos nos “is” e ela assume que desistiu do casamento por causa da ação do Mestre Mestal, mas que não pode ficar com ele por causa de ser a herdeira do império criminoso do pai e que, embora deseje se unir a ele, só fará isso quando “limpar” o clã Yashida.

E não menos importante… a edição introduz a agente governamental Valerie Cooper, alguém que terá bastante importância de bastidores nas tramas dos anos seguintes. Cooper é parte do Comitê Especial de Atividades Super-Humanas, um órgão governamental que aparecia com frequência nas histórias dos Vingadores e do Capitão América, cujo membro mais notável é o irascível Henry Peter Gyrich, alguém que tem uma postura antipática aos heróis da Marvel. Cooper é a responsável pelo crescente fenômeno mutante…
Na trama, Cooper está seriamente preocupada com o avanço da ameaça mutante e ela e Gyrich discutem a recente ameaça de Magneto ao mundo que não se concretizou por motivos desconhecidos (para eles) e a crescente preocupação de uma retaliação soviética pelo afundamento do Leningrado. Ela propõe uma ação energética de controle dos mutantes, algo que o nem sempre cordato Gyrich recusa, com medo das consequências (guerra, perseguição) e de terminarem provando que o ponto de vista de Magneto está correto: que os mutantes serão perseguidos e escravizados pela humanidade.

Na edição 177, Corsário, os Piratas Espaciais e Lilandra finalmente parte para o espaço, deixando um Xavier de coração partido, mas resoluto com sua nova responsabilidade com os Novos Mutantes, enquanto os X-Men sofrem um ataque da Irmandade de Mutantes de Mística, Sina, Blob, Pyro e Avalanche, no que resulta em Colossos ser atingido por nitrogênio líquido e virar uma estátua congelada e no eminente risco de morte, no número 178. No meio disso, os Morlocks também atacam, querendo fazer Kitty Pryde cumprir a promessa que fez a Caliban, quando ele ajudou os X-Men tempos atrás, de que faria o que ele quisesse… E ele queria casar com Kitty! Mas na edição 179, ele percebe que ela está infeliz com o arranjo e a livra da promessa, ao mesmo tempo em que o Curandeiro cura Peter de sua condição.

No número 180, vemos o amiguinho de Kitty, Doug Ramsey (que é um mutante com a habilidade de decifrar qualquer linguagem e virará membro dos Novos Mutantes em New Mutants 13) ser convocado para a Academia de Emma Frost, a Rainha Branca, e vemos ela e Kitty novamente frente a frente.
Na edição 181, os X-Men vão de novo ao Japão e precisam enfrentar um enorme dragão, que na verdade, é uma fêmea que quer acasalar com Lockheed, mas após atacar Tóquio (o que mobiliza os heróis e Solaris) é rejeitada pela dragãozinho e termina cometendo suicídio! Mas a destruição foi grande e Wolverine resgata uma criança pequena cuja mãe foi morta por destroços. Ele promete à moça que irá cuidar da criança, e Amiko vira a filha adotiva de Logan dali em diante, aos cuidados (vejam só!) de Yukio!
Outro evento importante da revista é que neste número, em um pronunciamento na TV, o Senador Robert Kelly propõe ao Congresso dos EUA a criação do Mutants Registration Act, a Lei de Registro de Mutantes, um instrumento que pode virar uma arma fascista do governo contra a população mutante. O Registro será um tema muito importante nos anos seguintes na revista e foi um tema que daria origem à ideia do controle governamental sobre os superseres, algo que a Marvel retomaria 22 anos depois no arco Guerra Civil dos Vingadores (e que viraria filme, também).

Na edição 182, a Vampira precisa salvar a vida do Coronel Michael Rossi, um aliado de Xavier dentro da SHIELD, mas o militar a rejeita pelo o que ela fez com Carol Danvers. Vampira argumenta que, em muitos aspectos, ELA É Carol Danvers, pois retém as memórias e os sentimentos da heroína, mas para Rossi (e com razão, convenhamos) isso foi um roubo, uma apropriação indevida dela. A trama mostra que o Clube do Inferno infiltrou um espião na SHIELD e termina fazendo com que Vampira e os X-Men ganhem a taxa de vilões e causadores do ataque, o que começa um movimento do Governo dos EUA de considerarem oficialmente os X-Men como uma ameaça e um ponto que tem bastante impacto na imprensa, o que aumenta a crescente histeria anti-mutante que começa a tomar o país.
Uncanny X-Men 183 traz Peter decidindo terminar o seu namoro com Kitty, tanto por seu ciúmes e dúvidas ao ver a amizade crescente entre a garota e Doug Ramsey (alguém mais na faixa de idade dela e que, realmente, as tramas sugeriam uma faísca) quanto ao velho debate dele ser mais velho do que ela. O modo abrupto e meio “sem jeito” com que esse fim ocorreu parece mais uma intervenção editorial, e é bem possível que tenha sido outro dos gestos mandatório do editor-chefe Jim Shooter, para resolver essa polêmica. À esta altura, também, a editoria da revista saía das mãos de Louise Jones Simonson para Ann Nocenti.

E a edição ainda traz outros dois eventos. Primeiro, Logan e Kurt levam Peter para beber num bar para conversar sobre o término do namoro e lá encontram ninguém menos do que o Fanático, mas em trajes civis como Cain Marko, se divertindo com uma garota lasciva, mas claro, os dois cruzam os caminhos e tem uma “briga de bar” na qual Peter é derrotado. Ao fim, Marko pergunta a Logan se ele quer continuar a briga, e Logan diz que não, que ele não fez nada de errado e deixa o vilão ir embora, pensando que a surra é uma lição para Colossos. A mulher que acompanhava Cain era Selene, uma vilã que é parte do Clube do Inferno, mas eles não sabiam disso.

E por fim, vemos Mística usando seu nome verdadeiro, Raven, disfarçada como uma assistente de Valerie Cooper (ou seja, espionando o Comitê de Atividades Super-Humanas e de olho em suas ações para com os mutantes) indo visitar um mutante chamado Forge, de origem indígena, mas com o poder de criar artefatos tecnológicos. Ele perdeu uma perna e uma mão na Guerra do Vietnã e, portanto, usa próteses ciborgues que ele mesmo criou e vemos que renega sua origem indígena, pois vemos o xamã Nazé reclamando dele não assumir seu destino, o que coloca Forge como um homem que trilhou o caminho místico e o renegou em prol da ciência.
O motivo da visita é revelado na edição 184, na qual vemos que ele criou um protótipo de uma arma neural que é capaz de eliminar os poderes de um superhumano. O artefato não foi testado ainda, mas Cooper pede permissão para encaminhar a arma ao Comitê para avaliação, no que Forge concorda, desde que ela não seja usada. A arma foi baseada naquela de Rom, o Cavaleiro Espacial, um herói publicado pela Marvel na época, que, tal qual Cristal (e Transformers e Comandos em Ação ou Star Wars) era uma daquelas parcerias com uma fábrica de brinquedos. Isso terá consequências em breve…

Outro elemento daquela edição era a chegada de Rachel Summers, a filha de Scott e Jean Grey vinda do futuro de Dias de um Futuro Esquecido, que chegou ao nosso tempo presente em New Mutants 18, do mês anterior. Na trama, em vista dos X-Men serem todos mortos pelos Sentinelas, a versão adulta de Kitty Pryde lançou mão de uma “programação telepática” que fez com que Rachel fosse lançada ao nosso presente. Mas ela começa a estranhar que o nosso mundo não parece com o passado dela e começa a suspeitar que veio parar em outra linha temporal que não a sua! Afinal, Tempestade é totalmente diferente (pelo visual) e sua mãe está morta! Ela encontra o time após ser salva do ataque de Selene, que é um tipo de vampira que suga a energia vital das pessoas, mas desmaia ao perceber que está no tempo errado…

O drama de Rachel prossegue pela importante Uncanny X-Men 185, de setembro de 1984, na qual ela está na Mansão X e investiga mais informações sobre o nosso presente. Desesperada, ela liga para seu pai, mas cai em lágrimas ao ouvir sua voz e não diz nada, com ele desligando sem saber o que aconteceu. Rachel ouve a voz de Madelyne e, nas edições seguintes, revela que a voz é igual a de sua mãe… Outra das estranhas coincidências entre Madelyne e Jean que Claremont insistia em dizer que eram apenas fruto do ataque do Mestre Mental… Como era possível?

Enquanto isso, Henry Peter Gyrich decide mobilizar as forças armadas numa caça aos X-Men e em particular a Vampira pelo “ataque” à SHIELD, e o próprio Gyrich vai à frente empunhando a arma neutralizadora de Forge! O inventor descobre e vai tentar impedir, pois o artefato não foi testado ainda, e na batalha que se segue, quando Gyrich dispara a arma contra Vampira, Tempestade se entrepõe no caminho e é atingida!!!!

Forge tenta salvá-la, mas é tarde demais…

O número seguinte, 186, é excepcionalmente desenhado pelo artista britânico Barry Windsor-Smith (lembram dele? Ele desenhou alguns números da revista lá nos anos 1960, mas agora, como um veterano, trazia um traço mais maduro e exuberante, sensacional). Mais afeito aos trabalhos mais artísticos dos álbuns europeus de quadrinhos, Windsor-Smith era uma adesão de luxo aos X-Men e uma mostra da força da franquia nesses tempos de tanto sucesso. Este número marca o início de uma parceria pontual do artista com Claremont, que faria com que Windsor-Smith desenhasse uma edição mais ou menos a cada ano, em ocasiões especiais, sempre abrilhantando a revista com sua arte cada vez mais impactante, e da parte de Claremont, para tornar mais interessante, geralmente eram histórias mais poéticas ou sensíveis, como é o caso desta, que explora a tecnologia surreal da casa de Forge e o clima erótico entre eles.

Na trama, Forge leva Ororo para sua casa – uma construção empoleirada em um espigão de pedra dentro de uma reserva indígena do meio-oeste e chamado de Ninho da Águia – para ajudar em sua recuperação. Ororo está deprimida, porque perdeu seus poderes mutantes, e com isso, sua razão de viver, mas cresce um clima erótico muito forte entre ela e Forge, até ela descobrir que foi ele quem criou a arma neutralizadora, e querer se vingar dele.
Mas a edição 187 mostra que os Dire Wraits (Espectros, no Brasil), os monstros alienígenas que matam e sugam aparência e memória de seres humanos e são combatidos por Rom, o Cavaleiro Espacial, querem se apossar da arma que Forge criou e o atacam, o que leva a um confronto com Vampira, que precisa salvar a vida de Val Cooper. Na 188, Ororo é obrigada a se aliar a Forge e ao amigo dele, o xamã Nazé, contra os Espectros, enquanto ganham o reforço de Colossos e Vampira na luta.
Em Uncanny X-Men 188, Nazé consegue uma vantagem usando artifícios místicos, mas – sem os outros saberem – o xamã termina morrendo na ação e é substituído por uma entidade maligna chamada Adversário, e no fim, os mutantes precisam do reforço da namorada de Noturno, Amanda Sefton e de Illyanna Rasputin, a Magia, para combater o caos místico e os Espectros. Ororo parte, mas diz a Forge que irá se vingar e que irá matá-lo, e esse é a sua nova finalidade na vida.

No fim, os X-Men têm uma reunião na Mansão X para discutir a proposta da Lei de Registro Mutante, mas a conversa termina interrompida pela necessidade de apresentação de Rachel Summers aos demais, quando ela conta sua origem e sua suspeita de que o seu futuro não é vinculado ao nosso presente. Mas saber dos eventos do futuro tem um grande impacto no time e Xavier vai às lágrimas ao ver que tudo pelo o qual lutou foi em vão. Em consequência dos aspectos complexos relacionados à origem da garota, os X-Men decidem não contar nada disso a Ciclope.
Ah, e vemos um breve retorno da capitã Lee Forrester, que salva em alto mar um homem de ser atacado por tubarões… e ele é ninguém menos do que Magnus, o Magneto! Ele se lembra dela e daquela aventura já de quase 30 edições antes e diz que lhe deve a sua vida.

O potencial de Rachel Summers é mostrado na edição 189, na qual age ao lado de Magma (dos Novos Mutantes) contra Selene, numa trama conectada à história Dazzler: The Movie, estrelada por Cristal que havia saído pouco antes em Marvel Graphic Novel 12.

Naquela época, também saiu a minissérie Kitty Pryde & Wolverine, em seis partes, começando em novembro de 1984, escrita por Chris Claremont e com arte de Al Migrom. Na trama, o pai de Kitty tem ligações com a máfia japonesa e ela é sequestrada, o que leva Logan ao seu resgate, obrigando-o a confrontar Ogun, o homem que foi o seu mestre nas artes marciais, mas que tinha se corrompido. Em consequência dessa aventura, Kitty recebe um treinamento ninja e se torna uma grande lutadora, amadurecendo bastante e adotando uma personalidade mais sombria e menos juvenil, o que se reflete nela deixando de lado o codinome Ariel e adotando o de Lince Negra (Shadowcat, no original), e um uniforme de acordo, com uma jaqueta de couro preta (influência de Tempestade?) e uma máscara.

Na Uncanny X-Men 190, o grupo confronta Kullan Gath e na 191 vemos a chegada de Nimrod, o mais avançado dos Sentinelas, que veio do mesmo futuro de Rachel e se passa por humano enquanto mantém a missão de matar os mutantes. Na edição 192, de abril de 1985, Magus, o pai do alien Warlock que anda com os Novos Mutantes, chega à Terra querendo vingança pela “deturpação” de seu filho; ao mesmo tempo em que Xavier está dando aulas na Universidade de Columbia e termina sofrendo um ataque de estudantes anti-mutantes (na cronologia de então, a identidade de Xavier como Professor X e líder dos X-Men não era de conhecimento público, mas como cientista ele era conhecido por apoiar a causa mutante), e o telepata terminar com um grave ferimento na cabeça e em coma.
No número 193, vemos James Proudstar, o irmão mais novo de John Proudstar, o Pássaro Trovejante (o x-man que morreu cem números antes!), e que agora está com os Hellions (os Infernais, a versão dos Novos Mutantes liderada pela Rainha Branca, que tinham aparecido em New Mutants 17), querer vingança contra a morte de John e lutar contra a equipe, antes de ser convencido de que não foi bem assim.

Na 194, vemos Nimrod atacar Cain Marko, o Fanático, ao encontrá-lo em um banco e haver uma grande luta, que os X-Men intervém, percebendo como Nimrod é poderoso, mas no fim, é temporariamente derrotado e, de novo, os X-Men deixam Marko ir embora, o que é flagrado pela imprensa e aumenta ainda mais a cobertura negativa dos X-Men como inimigos públicos!
Enquanto isso, Ororo está no Cairo em busca de suas origens e de se reconectar com a natureza, o que a leva a encontrar os Fenris, os irmãos gêmeos Andrea e Andreas Strucker, filhos do falecido nazista e fundador da HIDRA, Barão Von Strucker (lembram dele?). Ororo frusta os planos da dupla, que tem poderes mutantes quando unem as mãos, e vai ao Quênia.
A edição 195 é quase um interlúdio, uma aventura que dá espaço ao Power Pack (chamado de Quarteto Futuro no Brasil da época), um grupo de super-heróis formado por crianças de 4 a 6 anos de idade (sério, isso mesmo!), que fora criado pela ex-editora dos x-títulos Louise Simonson, e no qual as criancinhas interagem com Wolverine.
O número 196 traz Magneto aparecendo para Xavier, incialmente, disposto a se vingar dos jovens que atacaram Charles, mas depois, fazendo um pacto de paz com seu antigo amigo; enquanto vemos Tempestade no Quênia ser baleada por Andrea e Andreas Strucker e deixada para morrer no meio da savana. Na 197, Lince Negra e Colossos precisam enfrentar o Arcade e seu Murderworld e Ororo desperta, ainda viva, e decide que irá lutar para sobreviver.

Uncanny X-Men 198 é outro daqueles números poéticos, ilustrado por Barry Windsor-Smith no qual vemos Ororo lutar pela vida e contra a savana africana, encontrando as desventuras de uma tribo isolada no meio do caminho. Mas ela sobrevive!
Guerras Secretas
Como parte de uma ação de marketing em parceria com uma fábrica de brinquedos, o editor-chefe da Marvel, Jim Shooter escreveu uma megaevento – o primeiro de verdade desse tipo na história da editora – através de uma maxissérie em 12 capítulos chamada Secret Wars (Guerras Secretas), na qual um ser absolutamente poderoso (no nível de deus, algo assim) sequestra os maiores heróis e vilões do Universo Marvel para um planeta distante para lutarem entre si, enquanto são avaliados pela criatura chamada Beyonder.

Era uma mera desculpa para uma sequência interminável de batalhas e dramas, ainda que Shooter era um bom escritor e criou alguns bons momentos. A ideia é que o evento tivesse consequências nas revistas da Marvel (o que chamava à atenção para ele), com o Homem-Aranha assumindo o uniforme negro ou o Coisa deixando o Quarteto Fantástico para ser substituído pela Mulher-Hulk.
Os X-Men participaram do evento, com Xavier, Ciclope, Tempestade, Wolverine, Vampira, Noturno e Colossos entre os heróis… e Magneto, também. A ida e volta dos mutantes na saga não teve reais consequências – embora Shooter aproveitou para Peter se envolver com uma alienígena chamada Zsaji (que morre na aventura), como um tipo de “pá de cal” em seu relacionamento com Kitty.
O Julgamento de Magneto e a Saída de Ciclope
Uncanny X-Men 199 começa com uma gravura bombástica de John Romita Jr. com Ciclope treinando na Sala de Perigo? Como assim?
Terminada a sua lua de mel, Scott regressa à Mansão X porque foi informado por Moira MacTargert que Xavier não apenas está doente, mas na verdade, está morrendo. Rachel fica extremamente abalada em ver seu pai, ao ponto que não consegue falar, e termina por não falar nada, ao passo que Scott continuava a ignorar totalmente quem ela era. O tormento de Rachel se torna muito pior porque Madelyne está grávida, então, não apenas sua mãe está morta (algo que não aconteceu em seu futuro) como ela irá ganhar um irmão que jamais teve em sua linha temporal!
Em Washington, ainda disfarçada de Raven, a assistente de Valerie Cooper, Mística finalmente se revela propositadamente à chefa, após ver que a ideia de uma Lei de Registro de Mutantes começa a avançar no Congresso a partir da liderança do Senador Robert Kelly, da “ameaça pública” na qual os X-Men se tornaram e na histeria anti-mutante que só cresce no país.

Mística pede proteção do Governo para ela e sua Irmandade de Mutantes e propõe um plano ousado: que eles se transformem na Força Federal, um grupo de mutantes que faria qualquer coisa que o governo quisesse, qualquer missão. Mesmo tomada de surpresa, Val não titubeia e aceita a proposta, indicando como primeiro alvo: Magneto!

Abalada pelo encontro com o pai, Rachel Summers decide visitar a casa de seus avós, no interior do estado de Nova York, e lá, ela encontra a matriz holográfica com a qual Lilandra presenteara os Grey, que guardava a “essência” de Jean, e Rachel escolhe inserir sua própria presença no cristal, um gesto que termina por liberar todo o potencial de seu poder – em alguma medida similar, ainda que menor, do que o da Fênix. Em vista disso, Rachel resolve assumir essa herança e adota o codinome Fênix II para si.

Em vista ser de família judia, Kitty resolve participar das festividades em memória do holocausto, em Washington, e tendo sido ele próprio uma vítima dos nazistas e um prisioneiro de um campo de concentração, Magneto vai com ela, mas os dois são localizados na multidão e sofrem um ataque da nova Força Federal, que além de Mística, Sina, Blob, Pyro e Avalanche, traz também a mística Espiral, uma vilã de outra dimensão – a dimensão do maligno Mojo – que fora criada pela editora das revistas mutantes, Ann Nocenti (ao lado do artista Arthur Adams), na minissérie do herói que ela criou: Longshot, alguém que terá vinculação com o time no futuro próximo.
A batalha acirrada entre Magneto e aqueles que um dia herdaram o conceito de sua velha Irmandade dura o suficiente para que os X-Men cheguem para auxiliá-los, mas em vista da Força Federal se apresentar como uma representação oficial do governo, Magnus decide se entregar e encarar um julgamento pelos seus crimes do passado. Afinal, se era para se redimir, tinha que se submeter a lei!
Chega, então, a bombástica Uncanny X-Men 200, de dezembro de 1985, outra daquelas revistas com o dobro de páginas, na qual Magneto é levado a julgamento da Corte Internacional, em Paris, e é defendido por um time de advogados que conta com o auxílio de Charles Xavier e sua velha amiga Gabe Hellen. As cenas de julgamento trazem grandes reflexões sobre as ações do mestre do magnetismo e de seu desejo de mudar de postura e recompensar o mundo pelo o que fez, mas no fim, a corte é interrompida por uma ataque da dupla Fenris, com Andrea e Andreas Strucker querendo matar Magnus pelo o que ele fez ao pai deles.
No fim das contas, os vilões são derrotados, mas a ação deixa Xavier à beira da morte. Em meio aos escombros na margem do rio Sena, Charles e Magnus se despedem, e o Professor X pede que ele cuide dos X-Men, de seus pupilos e da Mansão, no que o ex-vilão promete que fará. Mas Xavier não morre… Lilandra e Corsário aparecem e o levam para o espaço, onde a tecnologia S’hiar poderia curá-lo.
Desde que assumira os heróis mutantes (mais de 10 anos antes), Chris Claremont diminuíra o papel de Xavier na revista e afastou o professor do time em todas as oportunidades que teve, mas este afastamento se tornou mais definitivo e duradouro da história do personagem. Depois dessa história, demoraria mais de cinco anos para que Charles reaparecesse nas revistas mutantes de novo!
A história ainda termina com Madelyne entrando em um trabalho de parto prematuro enquanto estava sozinha na Mansão X e Ciclope e os X-Men em Paris!
Uncanny X-Men 201, de janeiro de 1986, com a arte de Rick Leonardi, então, outra vez encerra uma era… Ao voltar aos EUA, Scott Summers descobre que é pai de um menino que batizam de Nathan Christopher Summers (numa homenagem ao avô e ao pai de Scott) e, obviamente, o líder oficial dos X-Men é colocado em uma situação bastante complexa… se manter na equipe, agora que precisam desesperadamente dele, com Xavier desaparecido, Magneto em seu lugar e Tempestade (a segunda em comando) sem poderes; ou se dar ao luxo de curtir sua nova família e seu filho?

Scott não tem uma resposta para a questão, então, Tempestade lhe propõe um duelo na Sala de Perigo: se ele vencer, fica no time; se ela vencer, ele sai do time e ela fica como a líder. Ciclope aceita, mas não consegue se concentrar ao longo de toda a partida, no que resulta ser derrotado (ela tira o seu visor) e ele deixa o time. Mesmo sem poderes, Tempestade era oficialmente a nova líder dos X-Men!
Tal qual Xavier, o afastamento de Ciclope da revista também seria definitivo e demoraria também mais de cinco anos para que o primeiro x-man retornasse ao time, embora, neste caso, isto não ocorreu por vontade de Claremont, mas por imposições editoriais que se desdobrariam nos meses seguintes e que trataremos na Parte 02 deste especial!
Sem Ciclope, os X-Men agora atuam apenas com Tempestade, Wolverine, Noturno, Colossos, Lince Negra, Fênix II e Vampira.
As saídas de Xavier e Ciclope mudavam as caras e os rumos dos mutantes, que entravam em uma era completamente nova. E o próximo arco de histórias dos X-Men mudaria por completo seu destino e o próprio estilo de se contar as histórias.
Veja na Parte 02!




































Inadmissível que muitas dessas histórias não tenham recebido uma publicação decente no Brasil – caso de Dias de um Futuro Esquecido (um divisor de águas em x-men).
Sempre vejo o pessoal pedindo para a Panini republicar material antigo. Acho que seria uma boa começar a fazer encadernados de x-men a partir da morte da Fênix. Esse material poderia sair ao preço de 15 reais e certamente venderia horrores. Comprovando o potencial de vendagem desses, poderiam também publicar encadernados dos Novos Mutantes, X-factor, Excalibur e Generation-X, que também não receberam tratamento digno em suas épocas.
Compro bastante quadrinhos e compraria esses com certeza, e conheço muita gente que fica juntando dinheiro para comprar as encadernações americanas por que não tem esperanças que a Panini publique – é um dinheiro que a empresa está deixando de arrecadar.
Sei lá, os fãs poderiam se mobilizar para pedir.
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poxa as cenas que ciclope provoca wolverine na historia do Proteus ,vieram incomplentas pro Brasil(ao menos em marvel saga 5 e a cena re rachel summer pegando o globo,creio ter sido desenhado por rick leonardi…
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Olá, Lucas!
Seja bem-vindo ao blog!
Obrigado pelo toque quanto ao desenho da Fênix II ser de autoria de Rick Leonardi. Vou dar uma conferida no post.
Um grande abraço e volte sempre!
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Gostei muito do post e lerei as continuações, mas há um pequeno erro, pelo menos no que me lembro da história dos X-men.
Não estou com os meus gibis antigos aqui em casa, pois deixei-os guardados na casa de meus pais, mas, se não me engano, Kitty Pride foi encontrada pelos X-men no início da saga da Fênix negra. Falo isso por que foi postado “Em seguida, a equipe encontra a jovem mutante Kitty Pryde…” mas na verdade a mesma ENTROU para a equipe após a saga da Fênix negra.
Pra ser mais exato, a primeira aparição de Kitty Pride é no número 129 de Uncanny X-men, ou seja, bem no início da saga da Fênix que durou até o número 137.
Não quero parecer chato, apenas sugerir que seja confirmada essa informação.
Parabéns pelo trabalho
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Você está correto, João, realmente, o texto dá a entender que Kitty Pryde entrou para o grupo um pouco depois do que realmente aconteceu, durante o arco do Clube do Inferno, dentro da Saga da Fênix Negra. Mas esse é o problema dos textos sintéticos. Vou consertar para ficar mais claro.
Valeu pela dica!
Um grande abraço!
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Muito interessante o post. Certamente ajudará pessoas que, como eu, entraram no mundo dos quadrinhos agora e não sabem por onde começar.
Parabéns!
Uma pergunta fora do assunto: Você tem algumas dicas de como “recuperar” os quadrinhos? Meu pai e tio compravam diversos comics quando crianças e muitos destes ficaram na casa da minha avó (muito mal guardados, por sinal). Agora, nas férias, quero dar “um trato” nesses quadrinhos e lê-los.
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Sara, infelizmente, o papel é uma mídia traiçoeira. Do mesmo modo que pode eternizar uma impressão, também se decopõe fácil. Você pode ter cuidados para manter as revistas em um estado de conservação razoável, mas não há muito o que se possa fazer com o papel já danificado. O que funciona é dar uma limpeza no papel – com um pano seco – para tirar fungos e poeira. Pode-se plastificar as páginas para conservá-las, mas isso é muito caro, daí que só é aplicável às capas e contracapas. Pode conservar as revistas dentro de um saco plástico, que às protegerá da luz e da umidade. Na hora de guardá-las, coloque vários pedaços de giz que, por algum motivo desconhecido, ajudam enormemente em tirar a umidade do papel e do ambiente e até impedem bichos como baratas se alojarem nelas.
Aplico esses cuidados às minhas revistas e funcionam maravilhosamente. Experimente!
Um grande abraço e benvinda ao HQRock!
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Obrigada pelas dicas!
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Perfeito. Só uma correção. A líder dos Morlocks se chama Callisto, e não Calipso. 😉
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Wanda nunca manipulou a realidade amigo mas sim as probabilidades
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Esta é uma questão ontológica, Caio.
Entendo que Wanda manipula as probabilidades quando faz uma metralhadora travar ou uma marquise desabar por causa do degaste do material.
Porém, quando a Wanda “gera” filhos com o Visão e cria uma nova realidade como a Dinastia M, isso para mim é alterar a realidade.
Mas honestamente, acho que nem os escritores entendem como os poderes dela funcionam. Essa é a verdade…
Um abraço!
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QUADRINHOS ANTIGOS?
SCAAAAAAAAAANNNNNNSSSSSSS!!!!!!!
AFINAL, GASTE SEU DINHEIRO INDO À PRAIA, SHOPPING CINEMA E ETC.
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Boa tarde!
Achei super interessante a publicação deste Blog e adorei passar algum tempo lendo, porém, vale uma Grandiosa Observação: o nome de um dos desenhista (criador da Nova Fase) dos Novos X-Men é Dave (David) Emmett Cockrum e não Crockum, como foi escrito durante toda esta publicação…
Não gosto do traço dele (prefiro o do John Byrne – Na Minha Opinião: O Melhor), porém, não poderia deixar de ler e não identificar o erro de escrita…
Forte abraço
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