Hugh Jackman as Wolverine
Hugh Jackman como Wolverine quinze anos atrás.

Alguns personagens nascem para glória. Só que as vezes, a glória não vem logo, mas quando vem… É um estouro. É o caso de Wolverine, o mais popular dos heróis mutantes da editora Marvel Comics e também o mais conhecido dos membros dos X-Men. Um personagem tão popular que, individualmente, chega perto de rivalizar com o Homem-Aranha, outra das mais famosas criações da Casa das Ideias. E um sucesso que se deu também nos cinemas, desde o início da franquia dos X-Men pela 20th Century Fox, em 2000, com X-Men – O Filme, no qual Logan, o solitário candadense é vivido pelo australiano Hugh Jackman.

wolverine by leinil francis yu - baleado e fumegante
… e o original dos quadrinhos. Arte de Leinil Francis Yu.

Aproveitando o embalo do filme Wolverine – Imortal, que chega em breve aos cinemas, o HQRock traz um completíssimo dossiê sobre Wolverine.

Prepare suas garras…

(O HQRock já publicou um grande especial em quatro partes sobre os X-Men. Clique aqui para informações adicionais sobre a equipe).

A Antítese do Herói Clássico

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Wolverine está com o pé na cova.

A Marvel Comics ficou famosa nos anos 1960 ao apresentar um novo tipo de super-herói: um herói problemático. Os personagens da Marvel era dotados de uma personalidade que seus concorrentes – como aqueles famosos heróis da DC Comics, como Superman, Batman e Mulher-Maravilha – não tinham. Os heróis da DC eram todos perfeitos arquétipos da raça humana. Bonitos, infalíveis, de bom coração. Os da Marval estavam bem longe disso. Eram perturbados, raivosos, com falhas de caráter e cheios de defeitos.

Isso é um diferencial importante. Contudo, apesar da maior profundidade psicológica, os heróis da Marvel criados por Stan Lee eram em sua essência heróis clássicos.

Quando Lee passou o bastão para uma geração mais jovem de escritores nos anos 1970, começaram a surgir outros tipos de heróis que rompiam com o padrão do herói clássico. Não somente tinham personalidades complexas, como mandava a natureza da editora, mas agora, passavam a ter atitudes e noções de heroismo também questionáveis. Alguns até nem podiam ser chamados de heróis. Eram os anti-heróis.

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Wolverine com Motoqueiro Fantasma e Justiceiro: anti-heróis de sucesso.

Assim, Luke Cage cobrava dinheiro para usar seus superpoderes. O Justiceiro não tinha perdão: matava seus oponentes, numa guerra frenética e insana contra o crime, na qual prisioneiros não eram uma opção.

Nesse meio, ganharia destaque Wolverine, um dos membros dos X-Men. Wolverine tinha afiadas garras nas mãos e não hesitava em usá-las para matar. E matava. Além disso, bebia muito e fumava charutos fedorentos. E não tinham bons modos, sendo grosseiro, arrogante, de mal humor, por vezes, irascível  Quando tinha raiva, chegava a ficar irracional e quebrava tudo em sua frente.

Wolverine definitivamente não era um bom moço, como o Homem-Aranha ou o Capitão América, por exemplo.

E principalmente nos anos 1990, Wolverine se tornou o principal representante dessa vertente dos anti-heróis, que fizeram muito sucesso na época, como Justiceiro e Motoqueiro Fantasma, para citar apenas personagens da Marvel.

Vamos conhecer quem é Wolverine e como se tornou o que é.

Os X-Men

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Capa de Uncanny X-Men 01, de 1963, por Jack Kirby.

Antes de entender Wolverine propriamente, temos que falar um pouco dos X-Men.

Os X-Men eram os “patinhos feios” da Marvel em seus primeiros tempos. Dentre os títulos criados com destaque por Stan Lee e Jack Kirby, os X-Men foram um dos poucos que não emplacaram. Desde o início, em 1963, a equipe de heróis adolescentes e mutantes, comandada por Charles Xavier não criou grande empatia com os leitores. Por mais que Ciclope, Garota Marvel, Homem de Gelo, Fera e Anjo tivessem poderes e personalidades muito específicas, não causaram grandes impressões ao público.

Talvez por isso, Lee e Kirby só conduziram as 15 primeiras edições da revista Uncanny X-Men, partindo para tarefas mais importantes em 1965. A revista continuou nas mãos de outros escritores, como Arnold Drake e Roy Thomas, mas ainda assim não deu muito certo. Apesar de grandes desenhistas trabalharem nela, como Barry Windsor-Smith e Jim Steranko, nada fazia suas vendas levantarem.

Entre 1968 e 1970, os X-Men ainda tiveram outra fase clássica, nas mãos de Roy Thomas e do desenhista Neal Adams, com ótimas histórias, mas as vendas não corresponderam. Por fim, Uncanny X-Men foi cancelada em 1970.

Os personagens da equipe – e o vilão Magneto – continuaram a aparecer esporadicamente em outras revistas, como do Homem-Aranha e dos Vingadores, como maneira de não desaparecerem por completo.

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Os novos X-Men numa releitura do brasileiro Mike Deodato Jr.

Em 1972, Stan Lee foi promovido ao cargo de Publisher da Marvel e indicou Roy Thomas para sucedê-lo no cargo de Editor-Chefe. Thomas trabalhou duro para trazer os X-Men de volta e criou um novo conceito de uma equipe de heróis mais maduros e experientes, vindos de vários países do mundo. Encarregou o escritor Len Wein de tocar o projeto e este o fez, unindo-se ao desenhista Dave Crockum para criar uma nova série de heróis.

Foi Len Wein quem criou Wolverine, dentro do projeto de incluí-lo nos novos X-Men. Ele o desenhista John Romita criaram o herói canadense e o apresentaram antes de todos os outros, em uma história do Hulk.

Os novos X-Men, com Wolverine e Tempestade, Colossus, Noturno, Banshee, Pássaro Trovejante e Solaris estrearam na revista especial Giant-Size X-Men 01, em 1975. Foi um sucesso. Logo, a revista Uncanny X-Men voltou a ser publicada, trazendo a nova equipe e um único membro dos velhos X-Men, o líder Ciclope.

A criação de wolverine

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O Wolverine real.

Bem no início do projeto de criar os novos X-Men, o Editor-Chefe Roy Thomas pediu que Len Wein criasse um super-herói canadense, porque os heróis da Marvel eram um grande sucesso neste país. Thomas sugeriu até o nome Wolverine, um dos animais mais populares de lá, conhecido no Brasil como Carcaju ou Glutão.

Wein pesquisou sobre o bicho e descobriu ser um animal de pequeno porte, mas muito valente. Parecido com um urso em miniatura  o Glutão é muito feroz e luta com outros animais muito maiores do que ele. Há relatos de Glutões atacando matilhas de lobos e até ursos polares.

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Os esboços originais de John Romita para o visual de Wolverine...
Os esboços originais de John Romita para o visual de Wolverine…

Wein deu essa personalidade a Wolverine: alguém baixinho, esquentado, raivoso e impulsivo. Coube ao Diretor de Arte da Marvel, o desenhista John Romita (mais famoso por seu trabalho no Homem-Aranha) a tarefa de criar o visual de Wolverine, dotando-lhe de um uniforme amarelo e azul, com garras retraveis saindo das luvas e uma máscara estranha.

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A estreia de Wolverine em “Incredible Hulk 181”, de 1974. Arte de John Romita.

Satisfeitos com o resultado, decidiram introduzir Wolverine antes, como uma maneira de preparar terreno para os futuros X-Men. Assim, o novo herói fez sua estreia em The Incredible Hulk 180, de 1974, uma história do Hulk. Len Wein era o responsável pela revista na época e John Romita fez a capa, mas a arte da história propriamente dita ficou a cargo de Herb Trimpe, que foi o primeiro artista a colocar Wolverine em movimento.

Na trama de uma história que seguiu por três edições – os números 180, 181 e 182 – o Hulk cruza a fronteira com o Canadá e termina nas geladas florestas do país combatendo o Wendigo, um ser sobrenatural similar ao pé-grande. Preocupado com aqueles dois seres superpoderosos se digladiando em seu território, o Governo Canadense decide enviar um operativo especial, a Arma X, Wolverine, para detê-los. Wolverine se intromete na luta entre os dois, mostrando-se atrevido, raivoso e se gabando de suas garras de adamantium, um metal fictício do Universo Marvel que é inquebrável.

A resposta dos leitores foi boa e os preparativos para o relançamento dos X-Men, que incluiria Wolverine, acelerou seu passo.

Os Novos X-Men

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Capa de Giant-Size X-Men 01, por Gil Kane.

Com grande alarde, a Marvel lançou Giant-Size X-Men 01 no verão de 1975, com texto de Len Wein e arte de David Crockum, e a resposta dos fãs foi calorosa.

O formato Giant-Size fora criado pela Marvel um ano antes e substituía os antigos Anuais. Eram revistas especiais, destinada a atrair novos leitores, com um formato maior do que o normal (o chamado Magazine) e mais páginas. Heróis muito populares, como os Vingadores, por exemplo, chegaram a ter edições Giant-Size trimestrais. Não foi o caso dos X-Men, que não tiveram outra, mas a boa venda garantiu o relançamento de Uncanny X-Men, que voltou a ser publicada no terço final de 1975, retomando sua numeração a partir da edição 94.

A trama de Giant-Size X-Men era engenhosa: os antigos X-Men eram capturados em uma missão contra Krakoa, um tipo de ilha-viva. Somente Ciclope consegue escapar e ao retornar à Escola para Jovens Superdotados do Professor Charles Xavier, traça com este um plano de recrutar novos mutantes pelo mundo para resgatá-los. Assim, Tempestade (Quênia), Wolverine (Canadá), Colossus (União Soviética), Noturno (Alemanha), Banshee (Irlanda), Pássaro Trovejante (índio apache) e Solaris (Japão) aceitam o convite.

Além de Wolverine, Banshee e Solaris já haviam aparecido em histórias antigas dos X-Men. Os demais eram personagens totalmente novos, criados por Wein e Crockum.

Treinados por Ciclope rapidamente, os novos X-Men vão resgatar os velhos e são bem sucedidos.

Em Uncanny X-Men 94, Wein e Crockum continuam a saga da nova equipe. Tendo em vista a existência de 12 membros, os velhos X-Men decidem sair da equipe. Garota Marvel, Homem de Gelo, Anjo, Destrutor e Polaris resolvem ir embora. Ciclope fica para liderar a nova equipe. O irritadiço Solaris aproveita para partir, também. E o Pássaro Trovejante morreria logo na missão seguinte, em Uncanny X-Men 95, contra o vilão Conde Nefária.

Wolverine em Construção

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Compare os visuais de John Romita e Gil Kane para Wolverine.

Um detalhe importante na criação de Wolverine é que sua máscara foi modificada já em Giant-Size X-Men. Naquela época, as capas eram desenhadas antes da história. Além disso, apenas artistas tarimbados podiam fazê-las. Os dois principais capistas da Marvel eram o cocriador de Wolverine, John Romita, John Buscema e Gil Kane. Tendo em vista que Romita já estava muito ocupado, Len Wein encarregou Gil Kane de produzir a capa da história que introduziu os novos X-Men.

Descontente com a máscara criada por Romita para Wolverine, Gil Kane a modificou em seu desenho, ampliando bastante as duas hastes laterais, como que saindo dos olhos do herói. Era um visual bastante distinto naqueles tempos e virou uma das grandes marcas registradas do personagem. Encarregado de desenhar a história em si, Dave Crockum gostou da modificação de Kane e a adotou.

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As capas de Uncanny X-Men 94 e 95 não trazem Wolverine.

uncanny x-men 94 cover 1975Quando X-Men foi relançada, em 1975, Len Wein já era o novo Editor-Chefe da Marvel, sucedendo Roy Thomas, que voltou a ser somente escritor. Com pouco tempo por causa de suas novas atribuições, Wein teve que dividir a tarefa de desenvolver os novos X-Men com outro escritor: o relativamente novato Chris Claremont. Assim, em Uncanny X-Men 94 e 95, Wein apenas delineou os argumentos gerais da história, com Claremont criando os detalhes.

Wolverine não era o membro preferido da equipe por Claremont e Crockum, que gostavam muito mais de Colossus, Tempestade e Noturno. Este último era quase o protagonista da história. Estranhamente ao leitor atual, Wolverine era quase um coadjuvante, por vezes servindo como alívio cômico. Não deixa de ser indicativo que o herói sequer aparece nas capas de Uncanny X-Men 94 e 95, ao contrário de seus colegas.

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O rosto de Wolverine aparece pela primeira vez em X-Men 96.

Além disso, sua personalidade não estava definida. Len Wein criara Wolverine pensando-o como um jovem adulto impetuoso. Mas Claremont e Crockum preferiram retratá-lo como um homem maduro de temperamento irascível  Isso ficou muito claro na história de Uncanny X-Men 98, de 1976, quando o herói aparece sem máscara pela primeira vez, exibindo-se o rosto de um homem de meia idade com seus característicos cabelos espetados e meia barba. O nome Logan, contudo, só seria revelado depois. Seu temperamento é delineado quando diz que detesta o Natal. Em outro momento, Wolverine rasga a saia de Jean Grey de modo propositadamente curto.

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O primeiro flerte entre Wolverine e Jean Grey.

Nesta história também há duas informações importantes sobre ele. A trama lida com o cientista Stephen Lang comandando um novo programa de Sentinelas – os robôs caçadores de mutantes – e atacando os X-Men em plena noite de Natal. Nesta ação, é visto pela primeira vez que as garras de Wolverine saem mesmo de seus braços e não de suas luvas. Len Wein criou o personagem pensando no fato de que não apenas as garras, mas as luvas de Wolverine eram de adamantium. Mas as garras eram artificiais e faziam parte da luva, não de seu corpo.

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Os X-Men prisioneiros de Stephen Lang.

Esse elemento jamais foi explicitado nas histórias, mas estava subentendido.  Todavia, Claremont e Crockum desfizeram a dúvida, deixando claro que não somente as garras de adamantium saíam de suas mãos, como todo o seu esqueleto era recoberto por adamantium.

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Auxiliar de Stephen Lang questiona se Wolverine é um mutante.

Outra ideia é que Wolverine é capturado e, ao ser analisado pelos cientistas de Lang, é dito que sua natureza é diferente da dos outros e que ele pode não ser um mutante. Era o início de um plot em que Claremont pensava revelar que o herói não era um mutante mesmo, mas um verdadeiro wolverine (carcaju ou glutão) evoluído geneticamente pelo Alto Evolucionário, um velho vilão da Marvel criado nas histórias do Thor que transforma animais comuns em seres racionais.

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Wolverine e o leprechaun: glutões falantes e Logan.

Outra referência a esse plot aparece em Uncanny X-Men 103, quando a equipe vai a Irlanda e Wolverine encontra um Leprechaun, um pequeno duende. O herói diz: “eu não acredito em leprechauns” e o duende responde: “e eu não acredito em wolverines falantes”.

Contudo, essa ideia de Claremont foi abandonada em seguida (ainda bem).

Outro detalhe importante é que na mesma cena com o Leprechaun, o duende revela o nome de Wolverine pela primeira vez, chamando-o de “Sr. Logan“, no que o herói fica surpreso com como ele sabe disso.

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Wolverine mata deliberadamente pela primeira vez em X-Men 96.

Essas primeiras histórias também definiram Wolverine não apenas como esquentado, mas alguém que ficava literalmente louco de raiva, como se pode ver no ataque ao colega Noturno, em X-Men 96, e na mesma edição, quando mata um alien. Em seguida, lamenta o descontrole…

O papel de Wolverine continuava incerto na maioria das aventuras e sua importância era quase nenhuma. Os artistas, inclusive, pensavam seriamente em tirá-lo da equipe para dar mais espaço aos outros. Mas isso logo iria mudar. Dave Crockum resolveu deixar a revista dos X-Men para se dedicar a outros projetos (ele agora também era capista da Marvel e desenhava histórias dos Vingadores). Para substituí-lo, Claremont convidou o desenhista John Byrne, com quem trabalhava nas histórias do Punho de Ferro.

John Byrne era canadense e assumiu uma “campanha” a favor de Wolverine, mudando seu status quo dentro da revista e, na verdade, criando o Wolverine que todos conhecemos nos dias de hoje.

Wolverine de Verdade: John Byrne

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X-Men 109: primeira capa de destaque a Wolverine.

Não foi coincidência a primeira história dos X-Men desenhada por John Byrne, a edição 109, de 1977, ser praticamente uma aventura solo de Wolverine. Byrne também era escritor e passou a dividir os textos com Claremont. Assim, imediatamente, definiu vários elementos sobre Wolverine: o personagem é retratado como um baixinho peludo e carrancudo, bem diferente do magro esguio de Crockum. Sua personalidade também fica mais clara, com ele mostrando que sua selvageria tem limites: ele sai para caçar nos arredores da Mansão X, mas deixa claro que apenas se aproxima das presas, sem feri-las.

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A primeira medida de John Byrne no título foi mudar o status de Wolverine e transformá-lo naquele que conhecemos.

E Byrne ainda retoma um plot nunca explorado por Claremont. Lá atrás, em Giant-Size X-Men 01, quando Charles Xavier convida Wolverine para ingressar nos X-Men, o baixinho sai do Programa Arma X praticamente fugido. Em Uncanny X-Men 109 vem a consequência: um outro super-herói canadense, Vindix, a Arma Alfa, vem ao seu encalço para sequestrá-lo.

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A saída de Wolverine do Programa Arma X ganha uma consequência nas mãos de Byrne.

A partir de então, Wolverine passa a ter uma importância mais significativa dentro da revista.

Começa-se a ser explorado como Wolverine é um sujeito misterioso e com um senso de honra meio específico, além de ser raivoso em determinados momentos. A existência de uma “selvageria” interna e da luta dele contra esse instinto também passa a se fazer mais presente, um elemento fundamental para a essência do personagem dali em diante.

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Wolverine encontra Mariko Yashida pela primeira vez…

A partir de Uncanny X-Men 111, vê-se uma fase em que Wolverine passa, finalmente, a ser um dos principais membros da equipe, de certo modo, aproximando-se do líder Ciclope. Na trama, após uma batalha contra Magneto, Xavier, Fênix (Jean Grey) e o Fera pensam que todos os outros morreram. Enquanto isso, Ciclope, Wolverine, Tempestade, Colossus, Noturno e Banshee fazem uma longa jornada em busca de voltar para casa. Primeiramente, caem na Terra Selvagem. Depois, conseguem chegar ao Japão, onde combatem Moses Magnum.

Na edição 113, quando os X-Men estão na Terra Selvagem – uma região isolada da Antártica que abriga um mundo pré-histórico, com homens primitivos e dinossauros ainda vivos – temos a primeira referência explícita de que Wolverine tem um fator de cura. Essa característica estava subentendida desde o início, mas é aqui que o personagem fala sobre isso pela primeira vez.

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… e depois diz seu nome verdadeiro para ela.

A edição 119 é importante para Wolverine porque introduz a personagem Mariko Yashida, o futuro grande amor do herói. Na trama, ela é prima de Solaris. Também se revela que Wolverine fala japonês fluentemente, iniciando, assim, a vinculação dele com aquele país que seria fundamental no futuro.

Em Uncanny X-Men 120 temos outra edição fundamental para Wolverine. Primeiramente, enquanto se despede de Mariko – deixando claro seu interesse nela – o herói revela pela primeira vez para alguém que seu nome é Logan. Em seguida, na mesma edição, a equipe chega ao Canadá e precisa se defender da Tropa Alfa, que faz sua primeira aparição. É uma equipe de super-heróis canadenses, liderada por Vindix. Fica estabelecido, a partir daqui, que Logan era uma parte essencial do Departamento H dentro do projeto da Tropa Alfa (e de modo subentendido, que teria sido membro da equipe no passado). Mas com os ânimos acirrados, há uma grande batalha entre as duas equipes.

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A Tropa Alfa faz sua estreia. Arte de John Byrne.

O final da história é surpreendente, porque depois de uma luta violenta entre os X-Men e a Tropa Alfa, Wolverine decide se entregar. Logan é levado sob custódia em um furgão e depois aparece no Pássaro Negro dos X-Men, dizendo que simplesmente escapou do carro.

Satisfeita com o retorno dessa edição entre os leitores, a Marvel encomendou uma revista própria da Tropa Alfa, que seria escrita e desenhada por John Byrne em um futuro próximo.

Em seguida, a dupla Chris Claremont e John Byrne produziu a Saga da Fênix Negra, na qual Jean Grey, a namorada de Ciclope, começa a ser consumida pelo poder da

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Ciclope e Wolverine trocam sopapos por Chris Claremont e John Byrne.

Fênix, que absorvera em Uncanny X-Men 100. Nesse longo arco, têm-se as primeiras pistas de que Logan é apaixonado pela ruiva, algo que seria muito explorado nos anos seguintes.

Também ficou histórica a cena em que Ciclope provoca Wolverine para os dois saírem numa luta, numa maneira não-ortodoxa de mostrar que a equipe deveria estar pronta para tudo a qualquer hora. Está em Uncanny X-Men 127.

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A capa de Uncanny X-Men 133: outra edição importante para Wolverine. Arte de John Byrne.

Na trama da Saga da Fênix Negra, vemos a heroína ser manipulada mentalmente pelo Clube do Inferno, que trama para destruir os X-Men. Na edição 133, de 1980, a organização secreta – liderada por Sebastian Shaw e Emma Frost – faz um ataque fulminante à equipe. Os X-Men são capturados pelo Clube do Inferno e somente Wolverine consegue escapar. Em uma nova aventura solo, o baixinho sai no braço com o exército da organização e vence, liberando os colegas em seguida. É outra história a determinar o novo status de Wolverine e a consolidação de seu papel mais protagonista no título a partir de então.

Destaque para a capa de Uncanny X-Men 133, que traz Wolverine em uma grande batalha na arte de John Byrne, que finalmente passara a fazer as capas da revista (antes de responsabilidade de outros, como Gil Kane e Dave Crockum). Talentosíssimo, Byrne – que é um dos maiores nomes da história dos quadrinhos (tanto na arte quanto nos textos) – se especializaria em criar poses clássicas e icônicas para Wolverine.

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O Wolverine de Bryne já é o definitivo: baixo, atarracado e peludo.

A edição também destaca Logan em seu visual definitivo: baixinho, atarracado e peludo, como se pode ver no painel ao lado, quando o herói (nu – outra situação que se tornaria cada vez mais comum nas histórias) é encontrado por Kitty Pryde e atacado pelo Clube do Inferno.

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Wolverine assustador por Claremont e Byrne.

Em outra cena, já uniformizado, Claremont e Byrne definem Wolverine como alguém assustador, como quando ferido e diante de um oponente armado, amedronta seu pretenso carrasco.

Vale lembrar que esse era um tempo em que, apesar do fator de cura, Wolverine ainda podia ser gravemente ferido em batalha, embora fosse certo que se recuperaria depois.

Na época, John Byrne começou a achar, contudo, que o visual de Wolverine não tinha correspondência a esse aspecto ameaçador…

A Saga da Fênix Negra se encerra em Uncanny X-Men 137, com a morte de Jean Grey. Logo em seguida ao seu funeral, na edição seguinte, Ciclope abandona a equipe, arrasado pela morte da namorada de longa data.

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Os X-Men após a morte de Fênix e o novo uniforme de Wolverine.

Mas Wolverine era apaixonado por ela, lembram? Então, Byrne usou o “luto” do personagem como desculpa para dar um visual mais ameaçador ao personagem: Uncanny X-Men 139 traz a estreia do novo uniforme do herói, agora nas cores (mais sóbrias) de marrom e bronze. O artista foi hábil para manter as características principais do anterior (a máscara e as botas típicas), mas mudou o espectro de cores.

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Wolverine e Noturno vão ao Canadá e encontram Hearter Hudson.

Apesar de o uniforme amarelo-azul ser o mais clássico (por ser o primeiro), muitos fãs acham o marrom-bronze o melhor de todos os uniformes do herói, que o usaria pelos anos 1980 e início dos 1990.

A edição 139 também coloca a adolescente Kitty Pryde como membro-fixo da equipe – com o codinome de Ninfa (Sprite no original) – sendo a primeira aluna propriamente dita da Escola de Charles Xavier desde os X-Men originais. Em breve, seria criado um vínculo bem forte entre Kitty Pryde e Wolverine.

Mas antes disso, o arco de histórias que se desenvolve entre Uncanny X-Men 139 e 140 traz novamente a Tropa Alfa. Wolverine resolve voltar ao Canadá para resolver definitivamente suas pendências com o serviço secreto do país. Dessa vez, o encontro é mais amistoso e Claremont e Byrne revelam mais detalhes da equipe e do Departamento H, inclusive, trazendo a introdução de Heather Hudson, a esposa de James Hudson, o Vindix, agora chamado Guardião.

Note que o diálogo também mostra que só agora Noturno descobre que o nome de Wolverine é Logan.

Esse arco – desenvolvido fundamentalmente por Byrne – serviu como chamariz para o lançamento da revista própria da Tropa Alfa, pouco tempo depois, com textos e desenhos de Byrne.

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Wolverine e Kitty Pryde nos quadrinhos: papeis invertidos no cinema.

Mas tudo o que é bom um dia termina, não é? Por fim, esta fase clássica dos X-Men (e de Wolverine) se encerra com o arco Dias de um Futuro Esquecido, publicado em Uncanny X-Men 140 e 141, onde Claremont e Byrne contam uma história na qual a recém-ingressa na equipe, Kitty Pryde, é incorporada por uma versão adulta de si mesma, vinda de 30 anos no futuro.

A história mostra um futuro no qual os Sentinelas dominam os EUA e mantêm os mutantes em campos de concentração. A maioria dos X-Men está morta. Alguns sobreviventes estão capturados e somente Wolverine está solto.

A história também é interessante porque mostra a morte de Wolverine. No futuro, o canadense é desintegrado por um Sentinela, restando apenas seus ossos. Mas no presente, a equipe consegue mudar o curso da história ao impedir que o Senador Kelly seja assassinado.

A Origem Não-Publicada

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Punho de Ferro versus Dentes de Sabre: arte de John Byrne e texto de Chris Claremont.

John Byrne era um grande defensor de que a origem de Wolverine precisava ser mostrada. Pelo menos em parte. Até então, o passado de Logan era um grande mistério. As informações que se tinham sobre ele eram esparsas: ex-agente secreto canadense, falava japonês… Byrne e Claremont discutiram bastante o background de Wolverine e criaram uma origem, visando contá-la em breve.

Nessa versão, Wolverine era filho do vilão Dentes de Sabre, que fora criado pelos mesmos Claremont e Byrne nas aventuras do Punho de Ferro, que também escreveram, em 1977. Curiosamente, antes mesmo de desenhar os X-Men, Byrne decidiu criar um rosto para Wolverine, até que descobriu que Dave Crockum já tinha feito isso. Então, usou aquele rosto no Dentes de Sabre. Depois, teve a ideia de usar esse vínculo criativo nas histórias.

O fator de cura impediria tanto Wolverine quanto Dentes de Sabre de envelhecerem. Assim, Logan teria cerca de 60 anos de idade (tendo combatido na II Guerra Mundial, por exemplo), enquanto Dentes de Sabre teria 120 anos.

Na versão criada para sua origem, Logan descobria que seu fator de cura não funcionava em seus ossos. Assim, após um acidente, passou décadas em um hospital, quase chegando à loucura, até surgir o projeto Arma X, do Governo Canadense, que substituiu, um por vez, todos os ossos de Logan por adamantium, deixando as garras como brinde.

Essa versão, contudo, jamais foi publicada. Vários desentendimentos ocorreram entre Claremont e Byrne durante A Saga da Fênix Negra e chegaram a um ponto de ruptura em Dias de um Futuro Esquecido. Byrne saiu da revista e foi fazer outras coisas na Marvel – ele já escrevia e desenhava o Quarteto Fantástico, paralelamente, por exemplo, além de desenhar o Capitão América e algumas edições dos Vingadores.

Contudo, Claremont guardou consigo aquelas informações e, em sua cabeça pelo menos, essa era mais ou menos a origem de Logan, que curiosamente, não desenvolveu ao longo de sua longuíssima passagem nos X-Men. O passado de Wolverine, assim, continuou um mistério para o público.

Primeiros vôos solos

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Capa brasileira para Eu, Wolverine. Arte de Frank Miller.

Depois da saída de John Byrne do título, Chris Claremont decidiu manter o pique em cima de Wolverine, garantindo-lhe mais destaque. E o grande ponto disso veio em 1982 com a minissérie Wolverine, em quatro partes, escrita por ele e desenhada por Frank Miller.

Miller – assim como Byrne – era um desenhista-escritor que alçara grande sucesso recentemente. Seu trabalho na revista do Demolidor, entre 1981 e 1983 é um dos melhores já realizados no personagem. E o autor continuaria fazendo trabalhos magistrais no futuro, como A Queda de Murdock (também com o Demolidor), Ronin, Elektra Vive (com a assassina criada por ele), Batman: O Cavaleiro das Trevas, Batman: Ano Um, Sin City e Os 300 de Esparta.

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Wolverine versus Lorde Shingen na minissérie escrita por Claremont e desenhada por Frank Miller.

Na minissérie de Wolverine, que ficou conhecida como Dívida de Honra (e nos últimos anos é chamada também de Eu, Wolverine), Logan vai ao Japão em busca de se casar com Mariko Yashida. Mas lá descobre que o pai dela, Lorde Shingen, é o maior chefe do crime japonês e líder do Tentáculo (uma seita de ninjas que Miller criara nas histórias do Demolidor).

Shingen sequer cogita ver sua filha envolvida com um gaijin (um ocidental), e ainda pior, mutante. Esquentado, Logan tenta se mostrar digno lutando contra Shingen e leva uma surra de uma espada de madeira. Assim, enquanto arma o casamento de Mariko com um político poderoso, Shingen mobiliza o Tentáculo para eliminar Wolverine. O herói vai atrás de velhos aliados japoneses e termina conhecendo a ninja Yukio, uma menina meio louca e inconsequente, ora aliada, ora inimiga.

No fim da contas, Wolverine combate Shingen novamente, agora com espadas de verdade, e mata seu quase-sogro. Entretanto, ao fazer isso, torna Mariko herdeira do maior sindicato do crime oriental. Ela resolve honrar seus compromissos e ficar à frente da organização, o que impede Logan de casar com ela, indo embora.

É provavelmente, a melhor história de Wolverine e é a base do filme Wolverine – Imortal, que logo estreia.

O espirituoso convite de casamento de Logan e Mariko, na capa de "Uncanny X-Men 172".
O espirituoso convite de casamento de Logan e Mariko, na capa de “Uncanny X-Men 172”.

Tendo em vista o grande sucesso da história, é óbvio que ela teria consequências. E elas vieram num glorioso arco de histórias publicadas entre Uncanny X-Men 170 e 173, em 1983, com textos de Chris Claremont e desenhos de Paul Smith.

A trama mostra Wolverine retornando ao Japão, agora com Mariko livre de suas obrigações e determinada a se casar com ele. Mas o contexto em que os X-Men estão envolvidos é bem mais complexo. Charles Xavier acaba de admitir na equipe uma nova integrante: Vampira, uma ex-vilã membro da Irmandade de Mutantes, filha adotiva de Mística. Wolverine não aceita por causa do que Vampira fez à Carol Danvers.

(Carol Danvers era a heroína Miss Marvel, que Wolverine conhecia ainda dos tempos de agente secreto – ela também era – e que perdera todos os seus poderes quando estes foram absorvidos por Vampira num ataque da Irmandade de Mutantes aos Vingadores).

wolverine vs samurai de prata por paul smith
Wolverine vs. Samurai de Prata na arte de Paul Smith.

Além disso, Scott Summers, o Ciclope, está reconstruindo sua vida após a perda de Jean Grey. Mas enquanto trabalha como aviador na companhia dos avós no Alasca, termina conhecendo uma piloto chamada Madelyne Pryor que é muito parecida com sua falecida namorada. Para piorar, na medida em que se conhecem mais, Scott vai descobrindo uma série de elementos misteriosos em torno da moça, como o fato dela ser a única sobrevivente de um acidente de avião que ocorreu no exato momento em que a Fênix morreu na Lua.

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Wolverine é abandonado na beira do altar por Mariko.

Essas tramas se unem quando os X-Men vão ao Japão e têm que enfrentar um ataque da dupla Madame Hidra (aka Víbora) e Samurai de Prata, este, um primo de Mariko que quer o controle da organização de Shingen. Na confusão, Tempestade conhece Yukio, a amiga de Wolverine, e influenciada por ela, muda sua personalidade e visual, tornando-se um tipo de punk.

Por fim, quando voltam aos EUA para organizar a cerimônia de casamento entre Logan e Mariko, os X-Men descobrem que Madelyne Pryor é a nova encarnação da Fênix. Ou pelo menos assim pensam: na verdade, tudo é um truque do vilão Mestre Mental.

Contudo, uma das ações do vilão tem grande impacto: uma sugestão hipnótica para que Mariko recuse o casamento. Assim, mais uma vez, Logan se vê impedido de se conciliar com sua amada.

A ligação de Logan com o Japão prosseguiu quando, em 1984, o personagem ganhou sua segunda minissérie própria, chamada Wolverine & Kitty Pryde, com textos de Chris Claremont e arte de Al Milgron.

Na trama, Kitty Pryde é sequestrada e sofre uma lavagem cerebral de Ogun, o homem que fora o mestre ninja de Wolverine no passado e que o herói julgava morto. Logan consegue salvar Kitty e se encarrega de terminar seu treinamento. Essa história embasa o vínculo entre as duas personagens, com Pryde tornando-se, a partir de então, uma espécie de discípula de Wolverine. Dali em diante, Kitty se torna mais durona e até muda sua identidade para Lince Negra, refletindo as mudanças.

Universo Expandido

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Wolverine era um personagens constante nas histórias da Tropa Alfa por John Byrne.

alpha-flight-13Apesar de Chris Claremont escrever a revista dos X-Men, o universo ficcional em torno de Wolverine continuou crescendo nas mãos de outros escritores. John Byrne continuou lançando algumas pistas de seu passado e seu vínculo com a Tropa Alfa na revista Alpha Flight, inclusive, estabelecendo que Logan teria sido um dos membros originais da equipe, ao lado de Vindix e os outros.

Outra adesão curiosa veio por meio da vilã Lady Letal (Lady Deathstrike, no original), que cumpriu uma longa jornada até virar uma das principais oponentes do herói. Yuriko Oyama surgiu em uma aventura do Demolidor, escrita por Dennis O’Neil e desenhada por Larry Hama em Daredevil 197, de 1983. Na trama, ela é uma japonesa que busca ajuda para se vingar de seu pai, Kenji Oyama, mais conhecido como Lorde Vento Negro, o cientista que criou o processo de vincular adamantium aos ossos de uma pessoa (o mesmo procedimento, presumia-se, utilizado em Wolverine). O vilão utilizou o processo no Mercenário, o arquiinimigo do Demolidor, que havia ficado paralítico em uma história anterior (escrita e desenhada por Frank Miller).

Ao fim da história, contudo, o Lorde Vento Negro é morto e Yuriko termina extremamente abalada, voltando-se para o lado contrário e abraçando o legado do pai.

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Vinda da revista do DEmolidor, Lady Letal ataca Wolverine pela primeira vez. Arte de Sal Buscema.

Em seguida, a personagem apareceu de novo, já se chamando Lady Letal e usando um uniforme, em Alpha Flight 33 e 34, de 1986, escritas por Bill Mantlo e desenhadas por Sal Buscema. Nesta história, Yuriko ataca Wolverine com o interesse de dissecá-lo e arrancar seus ossos de adamantium, num combate no qual tem a ajuda da Tropa Alfa. Esta história é importante para Wolverine porque mostra pela primeira vez o momento exatamente posterior aquele quando Logan ganhou seu esqueleto e suas garras de adamantium.

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Wolverine vê suas garras de adamantium pela primeira vez em um flashback em Alpha Flight 33, por Bill Mantlo e Sla Buscema.

Na trama, Heather Hudson é a nova Vindix – seu marido, James, havia morrido em histórias anteriores – e vai atrás de Wolverine na Mansão X em busca de treinamento para ser a líder da Tropa Alfa. Os dois têm uma conversa e vemos em flashback que muito anos antes, James e Heather Hudson haviam acabado de se casar e estavam numa cabana isolada no meio das geladas florestas do noroeste Canadense quando foram atacados por um Logan nu e enlouquecido, que mais parecia um animal do que um homem. James o acertou com uma espingarda, mas ao perceber que era apenas um homem, decide levá-lo para cabana e cuidar dele. James sai em busca de ajuda e Heather passa dias cuidando de Logan, amarrado numa cama, febril e muito doente (porque tinha acabado de passar pelo procedimento de inserção do adamantium em seus ossos).

Certa noite, Logan despertou e se livrou das amarras, mas ao cair no chão viu suas garras de adamantium pela primeira vez, ficando em estado de choque. Heather o ajuda a se recuperar e ele já está quase restabelecido quando James volta com ajuda. Essa história, portanto, mostra o momento exato de transição entre a colocação do adamantium em seus ossos (ainda cercado de muito mistério e sem memórias sobre isso) e seu envolvimento com o Departamento H e o Projeto Arma X que o transformaria em Wolverine.

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A deslubrante arte de Berry Windsor-Smith na luta de Wolverine contra Lady Letal.

Essa aventura também conduz diretamente para Uncanny X-Men 205, de 1986, escrita por Chris Claremont e com a arte fantástica de Barry Windsor-Smith. Na trama, descobrimos que, desiludida e desesperada, Yuriko, a Lady Letal, é seduzida pela personagem mística Espiral, que a conduz ao mojoverso – uma dimensão paralela dominada pelo vilão Mojo – onde sofre um processo cirúrgico que a transforma em um tipo avançadíssimo de ciborgue. A nova Lady Letal agora tem garras afiadíssimas que se estendem de seus dedos por mais de um metro e é virtualmente imortal. Junto com ela, Espiral submete três ex-mercenários do Clube do Inferno, Cole, Macon e Reese, que foram mutilados por Wolverine (lá trás em X-Men 133), ao mesmo processo. O quarteto de ciborgues empreende, então, um sangrento confronto com o herói, nesta que é uma das mais deslumbrantes edições ilustradas da equipe e do personagem.

Num futuro breve, Lady Letal se tornaria uma das principais vilãs de Wolverine.

Protagonismo Total

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Capa de “X-Factor 01”, de 1986: a amada Jean Grey estava de volta.

Até então, Wolverine era um dos principais personagens do cada vez maior universo mutante da Marvel. Mas Uncanny X-Men 205 serve como um marco simbólico do momento em que Logan se torna, efetivamente, o principal membro dos X-Men. Sem concorrência. É notório que a personagem favorita de Chris Claremont era Tempestade – que o escritor fez líder dos X-Men mesmo no momento em que ela perdeu os poderes – mas Wolverine era o centro das atenções indiscutível.

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Icônica capa de John Romita Jr. ilustra Wolverine como protagonista dos X-Men.

Mas vale aqui ressaltar um detalhe que teria implicações importantes para a biografia do herói: a volta de Jean Grey dos mortos. Os Vingadores (por Roger Stern e John Buscema)  encontram um misterioso casulo no fundo da Baia Jamaica em Nova York e, em seguida,  o Quarteto Fantástico (escrito e desenhado por John Byrne) descobre que quem está dentro do casulo é Jean Grey, ali preservada desde a queda do ônibus espacial em Uncanny X-Men 98. Sua volta motiva a reunião dos X-Men originais (Jean Grey mais Ciclope, Fera, Homem de Gelo e Anjo), na época, todos afastados da equipe. Surge, assim, o X-Factor, que ganhou uma revista própria, primeiramente com textos de Bob Layton e desenhos de Jackson Guice e, depois, com roteiros de Louise Simonson e desenhos de seu marido Walt Simonson.

O quinteto original decide manter-se afastado dos X-Men porque esses agora andam com Magneto, que numa sequência eletrizante de aventuras por Chris Claremont e John Romita Jr. revisa sua carreira de crimes e decide mudar de lado, inclusive, tornando-se o responsável pela Escola, enquanto Xavier está no espaço com os S’hiar.

Um detalhe curioso é que John Romita Jr. é filho do criador visual de Wolverine.

Voltando ao protagonismo de Wolverine, é sintomático o arco de histórias Massacre de Mutantes, publicado entre Uncanny X-Men 210 e 213, em 1986, escrita por Chris Claremont e com desenhos de John Romita Jr., Rick Leonardi e Alan Davis. O arco também se estendeu a várias outras revistas da Marvel, como X-Factor, New Mutants e até Thor e Daredevil. Na trama, os mutantes Morlocks (mutantes deformados que vivem no subsolo de Nova York, em túneis não-usados do metrô) são atacados por um grupo chamado de Carrascos, formado por novos personagens como Caçador de Escalpos, Maré Selvagem, Embaralhador, Arrasaquarteirão e outros.

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Fantástica capa de Alan Davis para o segundo round de Wolverine contra Dentes de Sabre.

Enquanto investigam o ataque – que quase extermina os Morlocks e deixa Lince Negra, Noturno e Colossus à beira da morte – Wolverine descobre que seu inimigo Dentes de Sabre é um dos membros dos Carrascos. Apesar da história deixar clara que existe um longo passado entre os dois, esta é a primeira vez que os personagens se encontram nos quadrinhos, muito embora já fizesse muitos anos que Claremont e Byrne estabelecessem o vínculo dos personagens em suas cabeças.

Wolverine e Dentes de Sabre lutam pela primeira vez em Uncanny X-Men 212 (com desenhos de Rick Leonardi) nos túneis dos Morlocks. O vilão chama o herói de “nanico” e Logan, com uma frieza impressionante, diz que “faz um tempão” que não se encontram.

Contudo, o mais clássico dos confrontos entre os dois se dá na edição seguinte (com desenhos de Alan Davis), quando os X-Men atraem Dentes de Sabre para a Mansão X e, utilizando as habilidades telepáticas da nova membro  Psylocke, extraem da mente de Dentes de Sabre quem é o misterioso líder dos Carrascos, que em breve seria revelado como o Sr. Sinistro, um dos mais importantes vilões da equipe a partir de então. A grandiosa batalha entre Wolverine e Dentes de Sabre em Uncanny X-Men 213 ainda permanece como uma das melhores em termos gráficos do personagem.

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Recortes do segundo round de Wolverine contra Dentes de Sabre, agora com arte de Alan Davis.
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Wolverine e Tempestade na arte sombria de Marc Silvestri: novos tempos.

Em certo sentido, Massacre de Mutantes, com toda a sua violência, marca simbolicamente a entrada dos X-Men na Era Sombria, um período na qual os quadrinhos em geral se tornam cada vez mais sombrios. É quando os anti-heróis – como Wolverine – tornam-se os de maior sucesso na indústria. Na Marvel, por exemplo, em pouco tempo, personagens como Justiceiro e Motoqueiro Fantasma passariam a vender tanto quanto o Homem-Aranha. E Wolverine viraria o grande medalhão da editora, vendendo como água qualquer coisa que tocasse.

Na revista Uncanny X-Men, o novo desenhista Marc Silvestri captou isso muito bem, fazendo uma arte mais sombria e um Wolverine ainda mais ameaçador. Ele seria um dos principais ilustradores do personagem pelos próximos anos.

Na trama das revistas, após o Massacre, Tempestade se afasta dos X-Men para buscar Forge, o mutante responsável por ela perder os poderes. Enquanto isso, Wolverine – pela primeira vez (e de modo relutante) assume a liderança da equipe, para treinar os novos membros (Psylocke e Longshot) juntamente aos demais: Cristal, Destrutor e Vampira. Uma equipe bem diferente do que era há pouco tempo.

Tudo era um preparo para o arco seguinte: A Queda dos Mutantes, quando os X-Men precisam combater uma entidade mística chamada O Adversário, numa luta na qual são dados como mortos. A equipe decide deixar todos pensarem nisso enquanto se refugiam na Austrália para agir em segredo contra seus inimigos.

Outros vôos solo

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Wolverine versus Homem-Aranha na arte de Mark D. Bright…

Na medida em que a década de 1980 começava a rumar para o final, Wolverine começava a se tornar cada vez mais requisitado em outras revistas da Marvel. Dois exemplos marcaram época. Primeiramente, foi a edição especial Spider-Man vs. Wolverine, publicada em 1987, com textos de Jim Owsley e desenho de Mark D. Bright. Era um especial para comemorar os 25 anos da Marvel, reunindo seus dois personagens mais populares. Embora mais ambientada no universo do aracnídeo – e com grandes implicações para ele – é uma história muito interessante no todo.

Na trama, Peter Parker é escalado como fotógrafo numa reportagem especial do colega Ned Leeds para o Clarim Diário e vai para Berlin Ocidental (sim, ainda eram tempos da Guerra Fria) em busca de pistas de um lendário espião. Na Alemanha, seu caminho se cruza com Wolverine, que também está atrás do mesmo espião. Mas descobrimos que o tal “Charlie” é na verdade uma mulher com quem Logan tivera um relacionamento no passado e que agora busca “se limpar” de seus pecados. A batalha final entre Wolverine e o Homem-Aranha num cemitério é excelente.

O diálogo dos dois mostra por fim a diferença entre o herói clássico (Homem-Aranha) e o anti-herói tão em voga a partir de então (Wolverine), quando este diz que o aracnídeo poderia pará-lo se quebrasse seu pescoço, mas não tem coragem para isso, enquanto ele tem de enfiar uma garra no pescoço do herói.

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… e a diferença entre os dois no texto de Jim Owsley.
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Selvagem confronto entre Hulk e Wolverine por Todd McFarlane.

O outro caso é a clássica Incredible Hulk 340, de 1988, escrita por Peter David e desenhada por Todd McFarlane, desenhista em franca ascensão na época. A revista retoma a rivalidade de Wolverine com o Hulk após a já longínqua edição 180 na qual o herói canadense surgiu pela primeira vez. Passada no contexto de A Queda dos Mutantes, o encontro é especular, com Logan lutando para manter o controle enquanto o monstro cinzento só quer brigar. A arte também é ótima!

Ao mesmo tempo, Wolverine estrelava uma série quase ininterrupta de edições especiais, capitalizando em cima de sua popularidade. Alguns eram muito fracos, mas outros eram ótimos. Destaque para Nick Fury & Wolverine: the Scorpio Connection, graphic novel de 1989, escrita por Archie Goodwyn e desenhada por Howard Chaykin, que explora as relações entre o diretor da SHIELD e Logan.

Outro bom exemplo é Wolverine: Bloody Choices (Escolhas Malditas, no Brasil), de 1991, escrita por Tom DeFalco e desenhada por John Buscema, que também traz Nick Fury como coadjuvante. Na trama, Logan vai ao Havaí para descansar, mas termina sendo cooptado por Fury para ajudar a perseguir um grande traficante de drogas que também é pedófilo. De ambientação mais “humana” é uma história muito boa e constantemente citada como uma das melhores de Wolverine, embora seja pouco famosa.

Revista Própria

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Capa de Wolverine 01: revista solo e novo uniforme.

Tendo em vista o megassucesso de Wolverine, nada mais óbvio do que ele ganhar uma revista própria. Por isso, a Marvel fez um teste, publicando uma série de 10 histórias curtas do personagem na nova revista coletiva (e quinzenal) Marvel Comics Present, do número 01 ao 10, em 1988, com textos de Chris Claremont e desenhos de John Buscema. Na trama, em sequência à Queda dos Mutantes, Wolverine passa a dividir seu tempo entre a Austrália (onde estão os X-Men) e a cidade-estado fictícia Madripoor, na península da Malásia, uma megalópole que mistura elementos do mundo ocidental com o oriental e é tomada pelo crime. Ali, age em segredo – afinal todos pensam que Wolverine está morto – usando o codinome de caolho e usando um uniforme preto.

Essa rodada de histórias foi um grande sucesso e, logo em seguida, foi lançada Wolverine 01, em 1988, mantendo a mesma dupla Claremont e Buscema. A primeira fase da revista retrata sua ação em Madripoor, explorando as ligações do personagem com o lugar, que remeteriam ao passado longínquo.

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Em seu uniforme preto contra o Samurai de Prata. Arte de John Buscema.

Tendo sua própria revista – e protagonizando a dos X-Men também – dava mais espaço para Wolverine como personagem. Então, finalmente, Chris Claremont começou a explorar lentamente o passado de Logan. Como o leitor já pode notar até aqui, apesar de Claremont já escrevê-lo desde 1975, havia explorado muito pouco de seu passado e foram outros escritores – John Byrne, Bill Mantlo e até Jim Owsley – quem mais exploraram elementos desse passado misterioso.

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Capa de Wolverine 10: pistas do passado e da relação com Dentes de Sabre.

Curiosamente, Claremont parecia ainda desenvolver aquela ideia da origem de Wolverine que pensara com Byrne. Em Wolverine 10, de 1989, por exemplo, ainda desenhada por John Buscema, Logan relembra uma cena de um passado muito distante quando morava no Canadá (aparentemente isolado) e era casado com uma indígena chamada Raposa Prateada (Silverfox), que é morta por Dentes de Sabre. Claremont deixa claro que há algum tipo de relação muito próxima entre ambos e que Wolverine era incapaz de vencê-lo em um combate mano a mano.

Como já escrito, Claremont pensava no Dentes de Sabre como pai de Wolverine, mas não chegou a explicitar isso nem mesmo nessa história. (Embora seja importante ressaltar que, nos textos do autor, várias vezes o vilão se refere ao herói como “garoto”).

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Capa de Wolverine 23 por John Byrne.

Curiosamente, Claremont deixou a revista solo de Wolverine logo em seguida, embora continuasse a escrevê-lo em Uncanny X-Men.

Seguiram-se arcos mais genéricos do herói: o primeiro com textos de Peter David e ainda com John Buscema na arte por seis edições; seguindo-se um outro com textos de Archie Goodwyn e arte de John Byrne, entre as edições 17 e 23; em seguida, um curto retorno de Peter David; a partir daí uma sequência mais longa, escrita por Jo Duffy e com vários desenhistas distintos. Nesta última temporada, o desenhista Jim Lee, que ia assumindo o título dos X-Men no mesmo período, começou a fazer algumas capas da revista Wolverine.

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Famosa capa de Wolverine 27 por Jim Lee.

Uma nova fase da revista começaria na edição 31.

X-Men Dispersos

Após o arco A Queda de Mutantes, Chris Claremont e Marc Silvestri produziram uma das mais estranhas fases dos X-Men em todos os tempos. Isolados na Austrália e com o mundo pensando que estavam mortos, a equipe assume uma postura cada vez mais agressiva e sombria. Tempestade, Wolverine, Colossus, Vampira, Cristal e Destrutor vão se tornando cada vez mais esquisitos. Para piorar, Madelyne Pryor (a ex-esposa de Ciclope) está junto com eles e começa a se envolver com seu ex-cunhado, Alex Summers, o Destrutor.

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Capa de “Uncanny X-Men 242” com o primeiro encontro entre os X-Men e o X-Factor, na arte sombria de Marc Silvestri.

Neste ponto, começa o arco Inferno, no qual uma série de demônios invadem Nova York. Neste arco, Claremont e Silvestri revelam a verdade sobre Madelyne Pryor: ela é mesmo um clone de Jean Grey, criado pelo Sr. Sinistro (o líder dos Carrascos) e, pretensamente, retém algo do poder da Força Fênix. Rebatizada como a Rainha dos Duendes, Pryor usa as influências demoníacas para controlar a mente de Destrutor e sequestra o próprio filho com Ciclope – Nathan Christopher – para sacrificá-lo aos demônios e ganhar mais poder.

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O reencontro com Jean Grey: beijar à força vale?

O arco Inferno é importante porque marca o primeiro encontro entre os X-Men e o X-Factor. E claro que nesse contexto – com os X-Men protegendo Pryor sem saber da verdade – não é um encontro amistoso. De qualquer modo, Wolverine não hesita em beijar Jean Grey assim que a vê, o que causa repulsa em seus ex-colegas. Curiosamente, o texto de Claremont parece fazer uma autopiada séria ressaltando como os X-Men estão estranhos, violentos e sombrios; em contrapartida ao X-Factor, que parecessem os verdadeiros heróis.

Caçados impiedosamente por novos inimigos – como os ciborgues Carniceiros e a misteriosa Babá – os X-Men vão se dispersando cada vez mais até o ponto de deixarem de ser uma equipe. A entidade mística Roma – que vinha os ajudando desde a luta contra o Adversário – lhes dá a opção de atravessarem o Portal do Destino e ganharem uma nova vida sem memórias da atual, convite aceito por Colossus. Em pouco tempo, parece que Wolverine é o único X-Men.

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A histórica revista com Wolverine e Capitão América na arte de Jim Lee.

Ao mesmo tempo, uma trama paralela começa a se desenvolver, introduzindo novos personagens como Gambitt e Jubileu.

Por fim, quando o desenhista coreano Jim Lee (que se tornaria a maior sensação da Marvel nos próximos anos) assumiu os desenhos da revista Uncanny X-Men, Claremont já estava praticamente escrevendo novas histórias solo de Wolverine. Destaque para Uncanny X-Men 261, de 1990, quando a dupla mostra uma aventura de Logan nos tempos da II Guerra Mundial, ao lado do Capitão América; e outra na qual Psylocke é sequestrada pelo Tentáculo e passa a ostentar uma aparência oriental, arco que introduziu um importante vilão do período, o chefe do crime japonês Matsu’o Tsurayaba, novo líder do Tentáculo.

Auge do Sucesso

A entrada de Jim Lee no título dos X-Men marca o período de apogeu do sucesso da equipe mutante. Curiosamente, Claremont passou a dedicar menos tempo a Wolverine, dando espaço para outros personagens.  Ainda assim, as ilustrações arrojadas e cheias de traços de Jim Lee retratando Wolverine viraram a cabeça de muitos jovens e transformaram personagem e desenhista em fenômenos impressionantes.

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Capa de “Uncanny X-Men 275”, marco da fase de Claremont e Lee: Xavier volta do espaço e a equipe mutante se reagrupa.

O sucesso era tão grande que a Marvel decidiu criar uma nova revista para o desenhista brilhar. Assim, Claremont escreveu um arco curto que uniu os X-Men e o X-Factor numa batalha contra o Mestre das Sombras, de modo que, ao final, todos se unissem novamente. Assim, os X-Men se reorganizaram em duas equipes: a Equipe Azul, com Ciclope, Wolverine, Gambitt, Fera, Vampira, Psylocke e Jubileu; e a Equipe Dourada, com Tempestade, Jean Grey (novamente se chamando Fênix), Colossus, Homem de Gelo e Arcanjo.

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Capa tripla de “X-Men 01” por Claremont e Lee: recorde imbatível de vendas.

A equipe azul estrelou a nova revista X-Men 01, lançada em 1991, com textos de Claremont e desenhos de Lee. E foi o maior sucesso de todos os tempos. Até hoje a revista guarda o recorde de oito milhões de cópias vendidas. Entretanto, a Marvel subiu tanto a bola de Jim Lee que este passou a ser o principal criador da revista, relegando Chris Claremont a uma posição secundária. Insatisfeito com esse novo arranjo e motivado por outro descontentamento (que narraremos abaixo), o escritor decidiu deixar o universo mutante depois de 18 anos ininterruptos à frente dele.

A trama da revista lida com a volta de Magneto à condição de vilão após algum tempo como aliado dos X-Men. Um elemento importante para o futuro é que, em meio à luta, Wolverine ataca Magneto na intenção de matá-lo, rasgando seu peito com as garras. Esse gesto teria sérias consequências num futuro próximo.

Origem Contada

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Arma X na arte deslumbrante de Barry Windsor-Smith.

Lembram da revista Marvel Comics Present? Em 1991, ela continuava sendo publicada, quase sempre trazendo histórias curtas dos membros dos X-Men e, mais ainda, de Wolverine. Vários autores diferentes podiam, assim, dar seus pequenos lampejos na biografia do herói mutante mais popular de todos. Foi nesse intuito que o desenhista Barry Windsor-Smith – que havia desenhado a Uncanny X-Men 205 – apresentou uma proposta prontamente aceita de contar em uma história, pela primeira vez, como foi o procedimento de colocar o adamantium nos ossos de Wolverine.

E assim o fez. O arco Arma X foi publicado em 12 capítulos curtos entre Marvel Comics Presents 72 a 84, de 1991, com textos e desenhos de Barry Windor-Smith. A história é fantástica, carregada de tensão e embalada na arte maravilhosa do artista, mostrando todo o sofrimento e a agonia pelo qual Logan passou para se tornar o que é hoje.

Na trama, Logan vive perdido e isolado no Canadá, bebendo muito, arrasado por algo que aconteceu – e que não é revelado pelo autor (poderia ser a morte da Raposa Prateada? Poderia ter falhado em uma missão?). Mostra-se que ele tem grande habilidade com armas, dando a entender que era um policial ou agente secreto. Logan é sequestrado e levado para um laboratório, onde é imerso em um tubo cheio de líquido, entubado com dezenas de cateteres que vão injetando adamantium líquido em seus ossos, que se solidificam em seguida.

O processo, claro, é extremamente doloroso e angustiante. Ao mesmo tempo, é realizada uma severa lavagem cerebral para tornar Logan um autômato assassino teleguiado. Contudo, algo desperta lentamente a mente de Logan e ele consegue escapar (depois de matar todo mundo, claro). A história termina com ele perdido e desmemoriado. Aparentemente, no mesmo ponto mostrado naquela história de Bill Mantlo e Sal Buscema.

Claro que Arma X foi um grande sucesso e causou uma grande comoção nos fãs, sendo até hoje uma das melhores histórias do personagem. Entretanto, Chris Claremont ficou tremendamente infeliz. Aquela não era a origem que tinha pensado para Wolverine. Dizem que esta história foi a gota d’água para o roteirista abandonar as revistas dos X-Men.

Explorando as origens

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Contra Lady Letal na capa de Wolverine 35, por Marc Silvestri.

A exploração mais intensa do passado de Logan começou em sua própria revista solo. Wolverine 31, de 1990, dá início a uma nova fase do personagem à solo, agora escrito por Larry Hama e com desenhos de Marc Silvestri, que saltou de Uncanny X-Men para esta.

Larry Hama seria o principal escritor de Wolverine ao longo da maior parte dos anos 1990 e, após um início mais tradicional, logo se ocupou de estabelecer vilões típicos para o personagem e não para os X-Men. Além de uma versão robô do próprio Wolverine, o colocou em um confronto mortal com Lady Letal, estabelecendo esta como uma de suas principais oponentes. Além disso, a arte sombria de Marc Silvestri estava um pouco mais estilizada do que na revista dos X-Men, dando um impacto ainda maior às revistas.

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Capa de Wolverine 41: Dentes de Sabre seria o pai de Logan? A ideia é desmentida.

Em seguida, Hama e Silvestri trouxeram um grande confronto entre Wolverine e Dentes de Sabre, começando em Wolverine 41, de 1991. Nesta ocasião, Hama aproveitou para desfazer qualquer tipo de mal entendido existente na relação entre os personagens. Na trama, ao confrontar Logan, o vilão lhe revela que é seu pai. Embora, Wolverine renegue isso, no fundo, pensa que faz todo o sentido, tendo em vista a longa ligação que ambos guardam em tempos imemoriais. Entretanto, na edição seguinte, Nick Fury, da SHIELD, faz uma análise sanguínea que prova que não há nenhum tipo de parentesco entre os dois.

Mas porque Dentes de Sabre pensa que é o pai de Wolverine? Essa é a grande questão.

Larry Hama começaria, aqui, a desenvolver aquela que seria a sua maior marca neste período: a ideia de que Logan teria sofrido implantes de memória que lhe conferiram lembranças falsas. Com a publicação concomitante de Arma X, de Barry Windsor-Smith, ficou estabelecido que foi o Projeto Arma X quem fez o processo. E que ele não incluiu apenas Wolverine, mas Dentes de Sabre também.

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Wolverine 50: implantes de memórias falsas.

No arco, The Schiva Scenario, publicado entre Wolverine 47 e 50, de 1991, ainda com Hama e Silvestri, Logan descobre o processo dos implantes e parte em busca de pistas do seu passado. Para representar esse novo momento, Logan deixa de usar o uniforme marrom e bronze, voltando ao velho amarelo e azul.

Uma das primeiras “lembranças falsas” estabelecidas é aquela revelada em Wolverine 10 quanto à morte de Raposa Prateada pelas mãos de Dentes de Sabre.

Ao descobrir o QG da Arma X (que é revelada como uma operação da CIA em parceria com o governo canadense), Logan descobre um cenário com os lugares que acreditava ter vivido, inclusive a cabana e o bar retratados naquela história. Tudo era falso.

Enquanto isso, na revista dos X-Men… Com a saída de Claremont, outros escritores se apressaram em explorar mais o passado até então quase incólume de Wolverine. Primeiramente, na própria nova revista X-Men. De modo sintomático, exatamente o primeiro número após a saída de Claremont, X-Men 04, de 1992, é dada à largada de um arco de histórias explorando o passado de Logan.

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A Equipe X, com Logan, Creed e North: missões na Guerra Fria.

E de modo mais sintomático ainda, quem o escreve é o bom e velho John Byrne. Na reconfiguração das revistas dos X-Men pós-Claremont, o desenhista Jim Lee se tornou o coordenador das histórias, mas chamou Byrne para cuidar do roteiro. Na trama, Wolverine é perseguido por um homem misterioso chamado Maverick, que tem lembranças de um passado no qual Logan, ele e o Dentes de Sabre agiam juntos em uma missão claramente situada nos tempos da Guerra Fria, provavelmente, nos anos 1960.

Maverick, cujo o sobrenome é North, também fica relativamente decepcionado ao confirmar que Logan não lembra dele, deixando claro que àquela equipe é dos tempos anteriores ao experimento da Arma X que incluiu o adamantium nos ossos de Wolverine. De fato, nas lembranças de Maverick, Wolverine não usa suas garras, mas armas e uma armadura. A equipe é ocasionalmente chamada de Equipe X.

Além disso, o arco introduz um novo vilão, o Ômega Vermelho, um tipo de ciborgue que usa tentáculos venenosos. Ele é despertado de um sono de décadas pelo Tentáculo de Matsu’o Tsurayaba e ataca os X-Men. Wolverine se lembra do cheiro característico e tem vislumbres de seu passado com a Equipe X.

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O novo visual de Dentes de Sabre (esq.) por JIm Lee.

Por fim, o arco apresenta um novo visual para Dentes de Sabre, mais encorpado e musculoso e com um uniforme melhor do que aquele criado pelo próprio Byrne vários anos antes. Até então, o vilão era representado como alguém alto e esguio, mesmo que musculoso, mas o desenho de Jim Lee o transformou em alguém extremamente musculoso e parrudo, como a imagem que temos, nos dias de hoje, de um verdadeiro tigre dentes de sabre. A história também revela, pela primeira vez, o verdadeiro nome do vilão: Victor Creed.

A ideia da Equipe X continuaria a ser bastante explorada pelos roteiristas dos anos 1990, como as principais ações de Logan antes de ganhar suas garras de adamantium. A Equipe X também aparece no filme X-Men Origens – Wolverine, de 2009, incluindo esses e outros personagens depois acrescentados.

De volta à revista Wolverine, a “solução” encontrada por Larry Hama para as incongruências do passado de Wolverine – criadas por vários autores diferentes e por vezes contraditórias – terminou por virar outro grande problema. Isso porque Hama criou sua própria visão do passado de Wolverine e saiu, nas histórias seguintes, eliminando tudo o que julgava incoerente. Ele mexeu até em Arma X, dando a entender que nem tudo visto naquela história era verdadeiro. (Por exemplo, na obra de Barry Windsor-Smith fica subentendido que o coordenador do projeto, chamado apenas de professor, teria morrido com todos os outros, mas aparece vivo nas histórias de Hama).

Infelizmente, o uso dos tais “implantes de memória” foi excessivo até chegar ao ponto em que ninguém mais sabia o que era realidade ou não no passado de Wolverine.

De qualquer modo, as edições posteriores a Wolverine 50 continuaram a desenvolver o tempo e apresentaram a (pretensa ex-esposa) Raposa Prateada como uma nova vilã. Tendo em vista o plot dos implantes de memória, não fica inteiramente claro se ela era um agente da Arma X o tempo todo ou também sofreu o processo.

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A morte de Mariko Yashida por Larry Hama e Marc Silvestri.

Wolverine 55, de 1992, ainda com Hama e Silvestri, dá inicio a um arco de histórias nas quais Wolverine e Gambitt (os dois x-men mais populares da época) agem em conjunto, enfrentando o Tentáculo de Matsu’o Tsurayaba. Eles terminam no Japão, onde Logan termina reencontrando o clã Yashida, agora liderado pelo Samurai de Prata. Infelizmente, envenenada por ordem de Tsurayaba, Mariko morre nos braços de seu amado, em Wolverine 57.

Um fato curioso é que a morte de Mariko repete uma cena já usada anteriormente. Na trama de Larry Hama, o veneno não a mata, mas a deixa em grande agonia e dor e não tem cura. Ela, então, pede que Wolverine termine o serviço com suas garras, para que ele a liberte da dor. Embora triste e relutante, Logan o faz. Esse mesmo procedimento já havia sido usado pelo escritor Jim Owsley lá atrás em Spider-Man vs. Wolverine, quando Logan também mata sua ex-amada, Charlie, para ela não ser pegue pelos espiões inimigos. A diferença é que naquela história de 1987, Wolverine não consegue terminar o serviço porque o Homem-Aranha o impede. Contudo, no calor da batalha e no escuro da noite, é o próprio aracnídeo quem termina de matar Charlie ao acertá-la com um soco pensando ser Wolverine.

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Capa de Wolverine 62 na arte de Mark Texeira.

Nas edições seguintes, ainda escritas por Larry Hama, mas agora desenhadas por Mark Texeira (com um traço ainda mais sombrio do que o de Silvestri), continuou-se a se explorar os implantes de memória, trazendo Dentes de Sabre e Raposa Prateada de volta, bem como apresentando outros membros da Equipe X, como John Wraith.

Sem Adamantium

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Magneto arranca o adamantium de Wolverine na saga Atrações Fatais.

A partir de 1993, os X-Men entram em uma nova fase de sua carreira editorial. O comando da Marvel, nas mãos do Editor-Chefe Tom DeFalco, resolve investir nos chamados crossovers, os grandes arcos de histórias que se prolongam de uma revista para outra, contando a mesma história.

Dali em diante, durante todos os anos 1990, as histórias dos X-Men (e todos os outros títulos mutantes) passariam a girar em torno desses crossovers, o que  por um lado podia trazer grandes aventuras, mas por outro, tornava extremamente difícil desenvolver um personagem. (Leia mais sobre a Era dos Crossovers, clicando aqui).

Capa de Wolverine 75.
Capa de Wolverine 75.

E claro que sendo Wolverine o mais popular dos X-Men, sobre ele cairiam muitas das responsabilidades desse período. O marco inaugural desse período é o arco Atração Fatal, no qual Magneto – ainda mais fortalecido espiritualmente por causa de seus Acólitos – volta mais terrível do que nunca, numa ação tão devastadora que a única alternativa que resta a Charles Xavier é, simplesmente, apagar a mente de seu ex-amigo.

Porém, antes disso, Magneto resolve se vingar de Wolverine por ter tentado matá-lo – lá em X-Men 02, de 1991, lembram? – e usando seu poder de magnetismo para controlar metais, arranca o adamantium dos ossos de Logan. O mutante canadense por muito pouco não morre no processo e é socorrido às pressas por seus colegas. Wolverine se salva, mas com sequelas graves, tanto físicas quanto emocionais.

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Wolverine descobre que suas garras são de osso. Arte de Adam Kubert.

Em Wolverine 75, de 1993, Larry Hama e Adam Kubert, contudo, mostram uma reviravolta. Enquanto treina para reaprender a lutar sem suas garras, Logan termina descobrindo que suas garras ainda estão lá, só que formadas apenas por ossos comuns. É revelado, então, que as garras de Wolverine sempre existiram, e que apenas foram recobridas por adamantium no processo da Arma X, contradizendo o que se sabia até então.

A partir de então, Wolverine passa um período relativamente longo sem o adamantium de seus ossos e usando suas garras de osso. Ele se afasta dos X-Men um pouco, mas não tem uma fase muito memorável. De qualquer modo, Hama e Kubert estabelecem relações mais viscerais entre Logan e alguns de seus vilões até então menores, como Bloodscream e Cyber, que ganham considerável destaque a partir dali.

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A versão “cachorro falante” de Wolverine: bizarrices em meio ao sucesso.

Além disso, as histórias de Wolverine passaram a orbitar mais ainda em torno dos crossovers que amarravam todos os x-títulos, o que tornava difícil conduzir uma história concisa. De qualquer modo, durante o combate com o vilão Genesis – um homem vindo do futuro, filho de Cable, que também veio do futuro e é filho de Ciclope – é realizada uma tentativa de reinserir o adamantium nos ossos de Wolverine. Wolverine 100, de 1996, ainda por Hama e Kubert, mostra o experimento fracassar, deixando uma nefasta consequência: abalado física e emocionalmente pelo processo, Logan reverte sua aparência a de um animal, tornando-se praticamente um cachorro falante. A fase do “Logan de focinho” foi curta, mas traumatiza leitores até hoje!

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A arte de Leinil Francis Yu em Wolverine 114.

Logan volta ao normal em Wolverine 110, uma história especial escrita por Tom DeFalco e desenhada pelo brasileiro Joe Bennett. A temporada de Larry Hama à frente do título prosseguiu, entrando em sua última fase, com desenhos do filipino Leinil Francis Yu, que se tornaria um desenhista bastante vinculado a Wolverine. A maior parte dessa fase esteve relacionada ao arco Tolerância Zero, na qual os X-Men combatem Bastion. Por fim, Larry Hama se despede do título em Wolverine 118, de 1997. Foram sete anos à frente do personagem mais de 70 edições!

Wolverine nas telinhas

O desenho dos X-Men: sucesso e uma nova geração de fãs.
O desenho dos X-Men: sucesso e uma nova geração de fãs.

Vale destacar um pequeno parêntese: em meados dos anos 1990, Wolverine (e os X-Men) não apenas um fenômeno de vendas de revistas, mas também um grande sucesso na TV. Em 1992, estreou o desenho animado X-Men – The Animated Series, adaptando os heróis pela primeira vez para o mercado da animação.

O desenho fez muito sucesso, pautado especialmente na fase “Jim Lee” dos X-Men, mas adaptando várias das histórias clássicas da equipe (e de Wolverine) para esse novo contexto. Para toda uma nova geração de fãs, esse seria o primeiro contato com os personagens.

O desenho foi ao ar na Fox nos sábados de manhã, com produção de Avi Arad e teve 76 episódios exibidos ao longo de cinco temporadas, entre 1992 e 1997.

Arcos como A Saga da Fênix Negra, Dias de um Futuro Esquecido e Atração Fatal foram adaptados no programa. Também houve crossovers com outros desenhos animados da Marvel exibidos na Fox, como os do Homem-Aranha e do Surfista Prateado.

Fase de Transição

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Wolverine 121 com o arco Duro de Matar de Ellis e Yu.

O final dos anos 1990 não foi muito generoso para Wolverine em termos criativos. A maior exceção foi o arco Duro de Matar (Not Dead Yet), escrito pelo aclamado Warren Ellis e desenhado por Leinil Francis Yu entre Wolverine 119 e 122, de 1997 e 1998. Depois de mais duas edições escritas por Tom DeFalco, foi a vez de Chris Claremont retornar ao universo mutante, escrevendo novamente as histórias de Wolverine, ainda com Yu na arte, entre Wolverine 125 e 128. Mas os tempos eram outros e as histórias não eram nada demais.

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Chris Claremont volta brevemente. Aqui, Wolverine 127.

Outra fase, produzida por Erik Larsen nos textos e Jeff Matsuda na arte também não deixou nenhuma impressão duradoura.

A Volta do Adamantium

É claro que todos esperavam que, de algum modo, o adamantium fosse devolvido aos ossos de Wolverine em determinado momento. E isso ocorreu no arco Os Doze, publicado em 1999 e 2000. Wolverine é dado como morto em uma batalha ao mesmo tempo em que Apocalipse novamente ataca os mutantes, agora com um novo Cavaleiro da Morte. A minissérie Astonishing X-Men, escrita e desenhada por Alan Davis, mostra, claro, que Wolverine é a nova Morte de Apocalipse. E não somente isso: o vilão recolocou o adamantium nos ossos do herói.

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O adamantium de volta por Larsen e Yu.

Após algumas batalhas Logan se livra do domínio mental do vilão e volta a ser o mesmo de antes. O arco Os Doze transcorre várias das revistas dos X-Men e Wolverine entre os números 145 e 147, com textos de Erik Larsen e novamente desenhos de Leinil Francis Yu.

Vale destacar que Wolverine 145, publicada em 1999, comemora os 25 anos de publicação de Wolverine, sendo uma edição comemorativa.

Encerramos a primeira parte deste especial aqui.

Na Parte 2 teremos: a origem revelada, Wolverine nos cinemas, Grant Morrison, Vingadores e muito mais… Não perca!

Wolverine foi criado pelo roteirista Len Wein e o desenhista John Romita como coadjuvante de uma história do Hulk, em 1974. Um ano depois, foi incorporado (também por Wein) à novíssima formação dos X-Men, e desde então, é um dos principais membros da equipe. Nos anos 1980, começou a ter suas aventuras solo e mantém-se como um dos personagens mais populares da Marvel Comics. Atualmente, também é membros dos Vingadores.